A Garota e o Lobo escrita por Manusinha Mayara


Capítulo 12
Sua metade


Notas iniciais do capítulo

Oii, nem demorei!! Estão gostando?

Aproveitem o capítulo!



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Colocando minha vida em perspectiva, eu nunca fui normal, nunca me importei com as coisas banais que pareciam tomar conta da vida das adolescentes da minha idade. Festas, garotos, roupas nunca foram minha prioridade. Talvez por isso sempre atraísse o diferente, o incomum para mim.

 Uma parte dele era o Adam que eu conhecia e que gostava, a outra era de um animal desconhecido e selvagem. Eu vi sua transformação diante de meus olhos mesmo assim mal podia acreditar.

 Estava sentada em meu carro, no estacionamento da escola, havia chegado bem cedo, não havia conseguido dormir bem na noite anterior.

Depois da forte revelação de Adam, ele me deu tempo para pensar, para me decidir sobre nosso possível futuro juntos.

 Ele havia me explicado que se tratava de uma condição genética, nem todos da família desenvolveram, mas grande parte sim. Já vinha há varias gerações e existiam outras famílias espalhadas ao redor do mundo. Alguns bons protegiam a vida, outros só protegiam seus próprios interesses.

 Perdida em pensamentos nem notei, quem estava parado logo a frente do carro. Sebastian me encarava com desdém. Soltei um profundo suspiro, peguei minha mochila do banco de trás e saltei para fora do carro.

— Bom dia Mia! Parecia perdida em pensamentos. – ele cumprimentou. Minha intenção era passar direto por ele, e consegui, porém ele começou a caminhar ao meu lado.

— Não estou a fim de papo hoje, ainda mais com você. – digo curta e grossa. Não queria nem pensar em Sebastian agora, tinha problemas maiores que um garoto imaturo para me preocupar.

— Calma, eu vim me desculpar com você. – ele disse pegando-me de surpresa. Achei que arrancar um pedido de desculpas dele fosse impossível. Parei e o encarei.

— Ótimo, então agora me deixa em paz, por favor. – retruco e vou embora. Ele não me segue, provavelmente entendeu o recado.

 As aulas se arrastavam, não conseguia me concentrar, no intervalo do almoço aleguei estar sentindo-me mal e voltei para casa. Precisava por meus pensamentos em ordem.

 Quando abri a porta de casa, vi que minha necessidade de ficar sozinha com meus pensamentos não seria atendida agora.

— Oi meu amor, voltou cedo. O que houve? – Mamãe perguntou preocupada.

— Dormi mal, minha cabeça está estourando. –menti. Ela se aproximou de mim e me deu um abraço apertado.

— Então vai se deitar um pouco. Vou terminar de limpar aqui embaixo e deixo seu jantar pronto antes de ir para o trabalho. – ela disse incentivando-me a subir as escadas.

— Ok. Obrigada. – digo indo para o meu quarto.

Tiro meus tênis, jogo minha mochila perto da cama e vou em direção ao banheiro, pego um comprimido para dormir e tomo com um pouco d’água. Vou para cama, sinto minha cabeça pesada, sei que o sono esta perto. O último pensamento vem em minha mente, mamãe estava estranha, parecia ansiosa para que eu saísse dali. Aquele abraço parecia de despedida também. O que estava acontecendo com ela?

Tento levantar-me para perguntar a ela se estava tudo bem, mas não tinha mais forças.

Fecho meus olhos e durmo.

********************************************************

Quando acordo, está muito escuro.

— Droga, eu perdi o dia todo! – digo pra mim mesma.

Estico-me e pego meu celular dentro da mochila. Doze chamadas não atendidas: Lia, Adam e minha mãe. Retorno para mamãe primeiro, ela não atende. Ligo para Lia em seguida, ela atende no primeiro toque.

— Mia! Não te vi hoje, você esta bem? – ela pergunta aparentemente preocupada.

— Me senti mal, vim embora mais cedo. – respondi. Sentia-me desconfortável com Lia agora. Ela teria também um animal interior bem escondido? Poderia Adam ter revelado para mim o segredo que pertence a toda sua família?

— Está melhor agora? – ela perguntou.

— Sim, na verdade dormi o dia todo, acabo de acordar. – respondo, conferindo as horas, já passavam das sete.

— Ok, se precisar de algo me liga. – ela diz e fica em silencio. Tenho a estranha sensação de que espera algo de mim.

— Lia esta tudo bem entre a gente, nada mudou. – digo e posso ouvir seu suspiro de alivio. Era obvio que esconder o segredo dos irmãos era algo que a consumia.

— Fico contente, é ruim demais não poder dizer tudo a sua melhor amiga. – ela diz. Fico feliz em ouvir isso “melhor amiga”, nunca tive uma, todas me traíram, mas nela sentia que podia confiar.

— Vou desligar agora, quero tomar um banho e jantar. – digo em seguida, despedindo-me.

— Boa noite Mia! – ela despede-se.

Arrastei-me para fora da cama e fui tomar um banho longo. Odiava tomar remédio para dormir, quando você desperta ainda sente seu corpo pesado. Já devidamente vestida com meu pijama, desci as escadas em busca do meu jantar que mamãe havia deixado.

 Fiz todas estas coisas no automático, minha mente estava presa em Adam. Eu já tinha a resposta para ele, então resolvi acabar de uma vez com esse dilema. Pego meu celular e ligo.

— Mia? – ele atende.

— Oi. – cumprimento-o enrubescendo. Droga! Eu não conseguia nem dizer por telefone, imagina pessoalmente. Ficamos em um silêncio constrangedor.

— Então, me ligou para dizer algo, ou gosta de ficar no telefone em silêncio. – ele diz brincalhão.

— Acha que é fácil? – retruco e rimos um pouco.

— Você está bem? Não te vi hoje. – ele diz sério novamente.

— Estava indisposta, vim embora antes. – respondo.

— Por minha culpa? – ele pergunta e percebo uma mudança em seu tom de voz, parece chocado.

— Sim. – dou uma resposta curta.

Ficamos em silêncio novamente, então eu continuo:

— Eu tive muita novidade em que pensar... – digo.

— Mia, eu... – ele começa.

— Não me interrompa ainda. – digo – Eu pensei, mas percebi que já é tarde demais, mesmo você sendo metade “cão”, eu não tenho forças para me afastar. Talvez seja louca ou só estúpida mesmo, encarando o perigo e decidindo me entregar a ele. O que estou dizendo Adam, é que enquanto você me quiser, eu vou estar por perto. Caso um dia você não me queira mais, eu... - batidas na porta, interrompem minha fala – só um minuto. – digo para ele.

Abro a porta, e deparo-me com Adam, ainda com o celular no ouvido. Apenas de bermuda e sem camisa encarando-me.

— Como chegou tão rápido? – pergunto incrédula olhando sob seu ombro a procura de seu carro e desligando o celular.

— Posso entrar? – ele pergunta sem me responder.

— Claro. – respondo afastando-me para que ele possa entrar.

Fecho a porta e viro-me para encará-lo. Ele está com uma expressão insondável, não sei o que pensar. Ele aproxima-se de mim e eu recuo. Quando sinto a porta junto a minhas costas sei que estou encurralada. Seu nariz toca o meu fecho meus olhos a espera de um beijo. Fico só na vontade, porque não acontece nada. Abro meus olhos e faço beicinho para ele.

— Tenho umas coisas para te dizer, em primeiro lugar, você não     é uma estúpida, não suporto ouvi-la dizer esse tipo de coisa sobre sim mesma. Em segundo, não posso afirmar que nunca haverá perigo, mas posso garantir que sempre darei um jeito de deixá-la em segurança. Por último e creio que o mais importante, eu não sou metade “cão”, e sim um lobo, que é uma fera selvagem e livre da dominação humana. – ele diz sério e não consegui me controlar, ri alto. Vi sua testa se enrugar, ele parecia realmente ofendido por tê-lo comparado com um cão.

 Ele aproximou-se mais ainda de mim, nossos lábios agora quase se tocando. Uma pergunta me vem à mente.

— Esse calor todo é por causa do seu “lobo” interior? – digo fazendo aspas com as mãos. Seu corpo contra o meu, já estava me fazendo suar.

— Sim. Uma média de 15 graus acima de um humano comum. – ele responde.

— É como viver no verão para sempre, deve ser legal. – digo pensativa.

— Eu gosto muito. Você vai se acostumar? – ele pergunta.

Coloco minhas mãos sobre seu peito nu, está realmente bem mais quente que eu. Sua respiração se acelera ao meu toque. Parecemos imãs agora, meu corpo fica elétrico, quando suas mãos posicionam-se em minha cintura. Como ele não toma uma atitude, eu faço o inesperado e roubo-lhe um beijo. Ele retribui ardentemente, quando separamo-nos estamos arfando.

— Ladra de beijos é? – ele pergunta sarcástico.

— Você que me faz ser assim. –respondo sorrindo.

— Você me deve, e vai ter que pagar. – ele diz com um tom ameaçador.

Olho para Adam e ele está com um sorriso brincalhão. Desvio-me dele e começo a subir as escadas correndo. Não chego muito longe, ele é rápido e me derruba, seu corpo sobre o meu. Rimos juntos, parecíamos crianças.

— Quer mesmo ficar comigo? – ele pergunta intenso.

— Quero. – respondo.

— Sempre? – ele pergunta.

— Sempre.

Ali juntos, nada e nem ninguém nos importava.


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Notas finais do capítulo

Ownnn foi fofo demais não foi?!

Até o próximo

Bjus



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