Meu bom humor estava em alta estes dias e eu sabia bem o motivo disso, Adam era encantador, um namorado comprometido e dedicado ao relacionamento. Parecia sempre estar preocupado em manter meu nível de felicidade em alta e eu não me cansava disso.

 Os dias estavam calmos, tão tranqüilos que mamãe aceitou fazer um treinamento na matriz do hotel na Holanda e me deixar aqui sozinha. Claro que tive de prometer não sair sozinha à noite, ir de casa pra escola e da escola pra casa, entre outras coisas.

— Mãe, você devia estar aproveitando sua folga em sua primeira viagem a Europa, e não ficar atormentando sua filha adolescente. – digo ao telefone repreendendo-a carinhosamente.

— Eu sei, mas “ele” está à solta por aí, e fico preocupada com isso. O pai de Adam prometeu ficar de olho em você. Mas quero que cuide-se bem sozinha. – ela diz preocupada.

— Eu sei mãe. Mas não se preocupe demais. A casa está trancada e estou preparando meu jantar. Adam ou Lia sempre estão por aqui. Você vai ficar 2 semanas fora, não é o fim do mundo. – Retruco tentando reconforta - lá.

— Ok. Já estou com saudades de você. – ela diz rendendo-se.

— Só faz três dias que está fora. – digo sarcástica.

— Mia?! – ela insiste.

— Estou com saudades também Mãe, traga um presente maravilhoso para mim. - rendo-me, admitindo minha saudade. Nós duas nunca ficamos separadas tanto tempo antes.

— Te amo, boa noite. – Mamãe despede-se.

— Também te amo. Boa noite mãe. – despeço-me desligando em seguida.

Concentrei-me no frango que estava preparando, não queria deixar queimá-lo. Nunca aprendi a cozinhar mamãe sempre foi uma dona de casa dedicada, então nunca precisei fazer nada na cozinha sozinha.

Ouço batidas leves na porta. Diminuo o fogo e vou verificar quem é. Olhando pelo olho mágico, não vejo ninguém ali, sinto um arrepio percorrer meu corpo.

— Quem é? – pergunto sem abrir a porta. Sem resposta, decido ignorar.

Volto para cozinha e verifico se a porta dos fundos está bem trancada. Olho pela janela e não vejo nenhum sinal de carro ou alguém por ali.

A casa está trancada, se for um palhaço ou se for meu ex-padrasto maluco, não ira entrar despercebido ali.

Continuo fazendo minha comida, mas agora me sinto tensa. Pego meu celular e ligo para Adam, mas ele não atende, provavelmente trabalhando ainda. Tento Lia, ela atende prontamente.

— Oi Mia! Agora que ta namorando nem procura as amigas mais. – ela diz brincando.

— Sou sua cunhada, praticamente irmãs, para de show. – retruco e nos duas rimos.

— O que houve? Está tudo bem? – ela pergunta curiosa.

— Estou sozinha estes dias, alguém bateu na porta, mas quando fui atender não havia ninguém lá, estou um pouco nervosa. – digo com sinceridade. A esta altura já havia desabafado para Lia minha história de vida.

— Você abriu? – ela perguntou.

— Não, perguntei quem era e não respondeu. Não quis abrir. – respondo e ouço batidas novamente na porta. – Está aqui de novo. – digo num sussurro para ela.

— Droga! Olhe quem é. – ela diz.

— Ok, fica na linha, por favor. – digo. Afasto o celular de meu ouvido e o mantenho seguro em minha mão aproximo-me da porta e dou uma espiada pelo olho mágico.

 Solto a respiração que nem havia percebido estar prendendo, era Adam. Abro a porta rapidamente. Ele sorri para mim. Olho a sua volta, não consigo ver mais ninguém ali. Puxo-o pelo braço para dentro, ele não resiste e entra confuso. Tranco a porta e encosto-me nela.

— É o seu irmão. – digo para Lia, e ouço soltar um suspiro de alivio.

— Mata ele por mim, meu coração quase saiu pela boca. – ela diz momentaneamente irritada. Adam encara-me com atenção, parece preocupado agora.

— E o meu então?! Obrigado Lia. – Digo despedindo-me.

— Sem problemas, se precisar pode sempre me ligar. – ela retruca desligando.

Abraço Adam, antes de começar a responder as inúmeras perguntas que sei que ele irá fazer. Estou aliviada por ele estar ali, mas também preocupada com quem mais estaria lá fora querendo me assustar.

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Adam ficou comigo aquela noite. Não havíamos feito “aquilo”, estava muito cedo para isso em meu ponto de vista. Ainda mais pensando que seria minha primeira vez. Ele nem sequer tocou no assunto, mas minha mente pervertida só pensava nisso enquanto ele tomava banho. Vesti meu pijama mais infantil afim de não provocá-lo e eu que parecia estar descontrolada.

 Ele saiu do banho, secando seus cabelos, voltei meu olhar para a tela do computador e parei de admirá-lo.

— O que está fazendo? – ele perguntou curioso.

— Só vendo uns clipes. – digo virando-me para ele.

Ele está sentando confortavelmente em minha cama, e encara-me com um sorriso travesso em seu rosto.

— Porque parece desconfortável? – ele pergunta.

— Por nada. – respondo desviando meu olhar de volta para o computador. Enrubesço.

Adam fica em silêncio, mas posso sentir seu olhar sob mim. Ele volta para o banheiro. Solto um suspiro de alivio, desligo o computador e desço em busca de água, bem gelada!

 Estou próxima a pia pegando os copos para levar para meu quarto, quando sou surpreendida por seus braços um de cada lado apoiados a pia na minha frente. Estou presa, engulo seco, mas não me viro para encará-lo.

— Mia, eu não sei o que você está pensando, mas eu nunca faria nada que você não quisesse. – ele sussurra em meu ouvido. Minha nuca arrepia-se com sua proximidade.

— Eu sei isso que me preocupa. – digo sincera. Ele me segura pelos ombros e vira-me de forma a encará-lo.

— Não entendo. – ele diz. Desvio meu olhar do seu e as palavras jorram de minha boca.

— Adam, o problema é o pouco tempo que te conheço e o tanto que já te quero. Eu o quero muito, mas no fundo tenho um pouco de medo. Vi minha mãe se entregar totalmente e se dar mal. O que quero dizer é se fizermos, eu vou estar em suas mãos, e se você não me quiser mais daqui a um tempo, vou ficar sem chão. Eu sei que parece exagero... – dizia desesperada para que ele me entendesse, ele então me puxou para seus braços e abraçou-me com força.

Eu estava arfando, como se estivesse em uma maratona. Aos poucos minha respiração foi acalmando-se.

— Como posso fazer para você entender que não vou me cansar? Não posso escapar desse sentimento. Para os da minha espécie, estar apaixonado é ficar eternamente ao lado pessoa amada. Mia, mesmo que você não me queira como namorado, eu vou ficar ao seu lado. Melhor amigo, confidente, parceiro, como um irmão, a única coisa que não posso fazer é me afastar. Isso seria doloroso como se todos os ossos do meu corpo se quebrassem.  – ele diz intenso.

Afasto-me um pouco e encaro-o. Não podia imaginar que o que sentia por mim era uma “coisa de lobo” tão irremediável assim. Naquele momento eu soube que ele não me abandonaria, eu o queria de todas as formas possíveis.

 Não respondi, segurei sua mão e o puxei, subimos a escada juntos.

 Entramos juntos em meu quarto, para a noite mais especial até hoje em minha vida.