As bolas de luz que abrigavam seus cavaleiros e a si mesma finalmente saiam do inferno e pousavam na terra em uma área destruída próxima ao Castelo de Hades. Saindo de suas proteções, os cavaleiros de bronze ainda vestiam suas armaduras divinas e olhavam aflitos para Seiya nos braços de Saori.

O corajoso cavaleiro e amigo havia levado a maldição de Hades no lugar de Athena, quando em um ato de determinação ele se colocou entre a espada de Hades e a deusa da guerra. Athena e seus amigos lhe entregaram parte de seus cosmos para salva-lo quando sua vontade de viver se reacendeu com as preces de Seika por sua vida.

O cavaleiro de Pegasus viveria! Mas não seria capaz de fazer mais nada além disso. Eles decidiram leva-lo de volta ao Santuário para que Seika reanimasse sua vontade ainda mais e pudesse vê-lo. Chegando no Santuário, os cavaleiros e amigos se surpreendiam na cena solene que viam.

Athena caminhava a passos lentos trajando sua armadura e a frente de seus cavaleiros; logo atrás vinham Shiryu e Hyoga trajando suas armaduras divinas e carregando Seiya desacordado e, na sequência, Ikki e Shun vinham apoiados um no outro ainda com suas armaduras divinas também. O sol os acompanhava e anunciava uma nova vitória e o nascimento de uma verdadeira lenda! A lenda dos cavaleiros de Athena.

Cinco simples cavaleiros de bronze haviam vencido deuses, guerreiros de rankings mais altos, crescido imensamente, lutado com bravura e determinação pelo amor e pela paz do mundo, se tornado verdadeiros e honrados cavaleiros de Athena e elevado seus cosmos além do limite criando suas armaduras divinas junto ao sangue de Athena. Eram merecedores do título de lendários e de serem chamados de verdadeiros cavaleiros.

Todo momento foi cortado quando gritos de desespero ecoaram pelo Santuário e uma moça foi de encontro ao cavaleiro de Pegasus.

— Seiya! Por deus! Você está bem? Diga alguma coisa! – as suplicas desesperadas de Seika por ele eram inúteis. O cavaleiro nada realmente assimilava. Sua fraca noção de realidade e seus sentidos gravemente debilitados pela maldição o impediam de todas as formas.

— Ele se sacrificou por mim. – Athena abaixou-se ao lado de Seika para confortá-la – Durante a batalha contra Hades nos Campos Elísios, ele teria me atingido com sua espada e me amaldiçoado se Seiya não tivesse me protegido. – Saori via Seika aterrorizada e o medo pela vida do cavaleiro nos rostos de seus companheiros – Ele não morrera, mas precisara de cuidados especiais daqui em diante. – ela viu todos se surpreenderem e reacenderem uma pequena chama de esperança – Não desista ou pare de acreditar. Suas preces por ele reacenderam sua vontade de viver! Esteja sempre aqui por ele. – Saori terminou abraçando Seika e seu cavaleiro com seu cosmo cálido e gentil.

O contato com o cosmo a deusa deu novas esperanças a Seika e lhe mostrou sua aflição e preocupação por seu cavaleiro. Ela aceitou a ajuda de Shiryu para reerguer seu irmão que era pesado demais para ela – ainda mais com a armadura – se animou e seguiu o caminho para dentro do Santuário junto a Athena e todos os cavaleiros.

Com todos posicionados no coliseu e seus cavaleiros de bronze ao seu lado, Athena se preparou para uma forte declaração.

— Hoje outra Guerra Santa chega ao seu fim e com ele a promessa de dias de paz e uma nova esperança surgem no horizonte. – ela começou para atrair as atenções já fixadas nela – Esta vitória, porém, não veio sem sacrifícios. Eu peço a todos um minuto de silêncio pelas vidas dos bravos cavaleiros de ouro que se perderam nesta batalha. Que seus nomes e constelações sejam eternas: Mu de Áries, Aldebaran de Touro, Saga e Kanon de Gêmeos, Máscara da Morte de Câncer, Aiolia de Leão, Shaka de Virgem, Dohko de Libra, Milo de Escorpião, Aiolos de Sagitário, Shura de Capricórnio, Camus de Aquário e Afrodite de Peixes.

Quando Saori terminou seus nomes e constelações, todos se juntaram ao silêncio pelas vidas dos cavaleiros de ouro. Kiki estava em agonia e tristeza por dentro por ter perdido seu mestre sem ao menos poder lhe agradecer por todos os anos de ensinamentos e carinho e de lhe dizer adeus. Os cavaleiros ainda se comoviam por ela ter lembrado de Kanon e seu grande sacrifício no inferno para ajudá-la e a seus cavaleiros colocando ele e Saga sobre a mesma estrela e o mesmo direito. Terminado aquele momento ela retornou a falar.

— Que suas memórias jamais se percam ou sejam esquecidas junto aos cavaleiros do passado que lutaram bravamente por nós e a estes meus corajosos cavaleiros de bronze do presente: Seiya de Pegasus, Shiryu de Dragão, Hyoga de Cisne, Ikki de Fênix e Shun de Andrômeda. – ela introduziu seus cavaleiros que deram um passo à frente e receberam aplausos, gritos de alegria e homenagens dos que estavam atentos e se emocionando com as palavras de Saori.

Os companheiros se entreolharam e perceberam a dúvida estampada nos rostos de todos sobre Seiya e sua irmã que o apoiava e se mantinha junto deles ao lado de Athena. Eles decidiram explicar e fazer daquilo um momento de esperança e ascender uma luz para o futuro. Shiryu tomou a frente de fazê-lo.

— Não fomos apenas nós cavaleiros que lutamos. Todos estiveram lá conosco. Fosse rezando por nós, mantendo a esperança acesa, protegendo nosso lugar de retorno ou lutando ao nosso lado na linha de frente, sem vocês isto não seria possível. – Shiryu via o brilho reaparecer nos olhos dos cavaleiros e soldados a sua frente e decidiu fazer o grande momento – Durante a batalha final, Athena estava preparada para dar sua vida por nós em um último ato pelo mundo e seus habitantes. Naquela hora ela nos envolveu com seu poder e enfrentou Hades. – Shiryu percebeu que ela lhe deixaria contar tudo e prosseguiu – No rumo da batalha Hades iria matar Athena e para protege-la nosso companheiro Seiya de Pegasus se colocou entre os dois deuses.

Shiryu parou para pegar ar e esperar os murmúrios intermináveis de susto, surpresa e comoção que se formaram entre os soldados e cavaleiros impressionados com o altruísmo do cavaleiro de Pegasus, a coragem dos outros quatro cavaleiros de bronze e a determinação de Athena.

— Nós somos cavaleiros de Athena! E naquele momento Seiya foi um verdadeiro cavaleiro. Ele lutou não apenas por Athena, mais também por todas as vidas deste mundo, pelo amor e pela paz. – Shiryu e seus amigos deram espeço para que o companheiro fosse visto por todos – Vamos seguir estes exemplos! A determinação de Athena e a coragem de um verdadeiro cavaleiro. – Shiryu terminou com todos animados e vendo uma nova esperança nascer de suas palavras.

— Obrigada por reacender seus espíritos Shiryu. – Saori o agradeceu por seu discurso motivacional e encerrou aquela reunião – Agora, vamos todos juntos reerguer este Santuário que é o centro de guarda e proteção que usamos para o mundo. – ela viu os cavaleiros se organizarem com os soldados e aspirantes buscando arrumar tarefas e o que fazer primeiro.