Zé! Gritava uma voz, de uma senhora bem longe, Rosa que estava com camiseta vermelha, velha, pele escura e bacia na cabeça. Zé! Gritou mais uma vez, mas ninguém aparecia na janela ou na porta.

Onde Zé estava, não foi vender o pão, não foi cuidar das galinhas.

Zé estava no quintal,sentado,  olhando para cima, admirando o céu, lágrimas corriam, ele percebia que perdia os sentidos, exausto, fazia força para manter os olhos no céu. Por fraqueza caiu.

A moça ouviu o barulho, o baque, correu para dentro, encontrou ele caído no quintal, repetindo a mesma coisa. “ Vou encontrar minha preta, vou dar um cheiro nela”.

20 anos antes, Zé estava sentado no mesmo lugar olhando o céu, ao lado de Maria. A única mulher que ele amou. Maria apontou para o céu e disse: o meu amor por você será mais forte que tudo, eu posso morrer, mas sempre estarei com você. Um dia nos encontraremos no céu, vou estar esperando você me dar um cheiro.... Sua última frase, seu último suspiro foi pensando em Zé.

O enterro de Zé foi simples, sem luxo, com muitas flores, como foi sua vida. Rosa não chorava. Disse ao seu neto Raimundo, o amor é a coisa mais bonito deste mundo, a história de Zé é a prova disso. O amor é única forma de felicidade. Quando você voar para outros campos, não busque o prazer instantâneo e sim a felicidade da vida em seus pequenos gestos. Zé foi o homem mais feliz de todos, seja um Zé quando crescer.  

Não havia nada de diferente naquele dia, o sol brilhava, o vento ventava, tudo estava normal. Mas o sentimento que Zé e Maria plantaram na cidade, foi o mais forte de todos. A esperança. Coisas ruins sempre acontecerão, mas não significa que não haverá beleza no caminho.