No dia seguinte, quando ia saindo para trabalhar, tive uma surpresa. Barry estava me esperando do lado de fora, com as mãos para trás, parecia esconder algo.

Feliz ao vê-lo ali, desci as escadas e o cumprimentei.
— Bom dia! - falei sorrindo.
— Bom dia! - ele retribuiu também com um sorriso. - Eu trouxe algo para você.

Barry levou suas mão para frente revelando uma caixa com o meu doce favorito.
— Brownies recheados! - falei surpresa. - Quem te disse que eu gostava?
— A Iris comentou comigo.
— Nossa Barry, esses brownies são os de Nova York, os melhores que eu já comi na vida! Como você conseguiu comprar? Não te vi viajando em nenhum desses dias.

Barry ficou um pouco nervoso e gaguejou.
— Hum... Eu comprei pela internet... - falou desconcertado.

Achei um pouco estranho o seu nervosismo, mas ainda assim fiquei muito feliz pelo seu ato de carinho.
— Muito obrigada!
                                                   ...

Quando cheguei no CCPN, uma mulher de olhos puxados, cabelos escuros e curtos veio em minha direção.
— Daphne Dean?
— Sim!? - disse um pouco hesitante.
— Olá, meu nome é Linda Park. Venho vendo suas matérias no blog enquanto estive de férias e tenho que te parabenizar, estão incríveis.

Apesar da surpresa pelo comentário, fiquei muito feliz.
— Obrigada!
— Mas o que me deixa pensativa é o fato de você ser nova na cidade e ter visitado lugares fantásticos, que só pessoas que conhecem muito bem Central City vão.
— Na verdade, para alguns lugares eu tive ajuda do meu... - pensei um pouco sobre o que Barry e eu éramos agora - ... do irmão da Iris.
— Barry Allen?
— Sim, o Barry.
— Ah sim, nós já namoramos. Ele é uma pessoa muito gentil mesmo, mas um pouco estranho, tenho que confessar - Linda deu uma risada. - Acredita que ele comeu uma pimenta para me convencer a sair com ele?
— Jura? Eu não podia imaginar... - dei uma risada forçada.
— Bem, preciso voltar ao trabalho. Foi um prazer te conhecer.
— O prazer foi todo meu.
                                                   ...

Mais tarde, Barry me ligou, tínhamos combinado de nos encontrar no Jitters, mas ele não pôde ir.
— Oi, me desculpe não poder ir hoje, tive muito trabalho por aqui.
— Não tem problema Barry.
— Mas... - falou Barry empolgado. - ... para te recompensar, gostaria que jantasse comigo hoje. Aceita?
— Claro que sim!
— Ok então. Até mais tarde.
— Até.
                                                   ...

Quando terminei meu expediente, fui direto para casa me arrumar para o jantar.

Indecisa entre usar um vestido preto um pouco mais justo e uma saia vinho, vi minha irmã passar pela porta do meu quarto e a chamei.
— O que você quer? - ela falou com o mau humor de sempre.
— Me ajuda aqui. Vestido ou saia?
— Pra onde você vai!?
— Octávia, vestido ou saia? - falei impaciente.
— Você vai pra um encontro? Com quem?

Bufei.
— Vestido. - ela finalmente disse, revirando os olhos.
— Agora, salto fino ou grosso?
— Fino!
— Ok, obrigada! Já pode ir agora.
— Você não vai falar quem é?
— Não! - falei com um sorrisinho no canto da boca.
  Ela revirou os olhos e saiu emburrada.
                                                   ...

Cheguei no restaurante em que Barry havia dito achando que estava atrasada, mas na verdade ele ainda não havia chegado.

Me sentei na mesa em que ele havia reservado e o esperei observando o lugar. Era muito romântico, ficava no último andar de um prédio e a mesa que Barry reservou ficava na parte não coberta, era quase fim de tarde e o céu estava lindo.

Depois de quase 10 minutos de atraso Barry chegou. Usava um traje formal e um óculos escuro, o que achei um pouco estranho. Ele parecia confuso, tropeçando nas mesas como se estivesse perdido.
— Barry, você está bem?
— Ahm... Sim, claro. É só que.. na verdade não é nada, eu estou bem. - falou dando um sorriso.

O cardápio chegou e quando olhei para Barry, o seu estava de cabeça para baixo.
— Barry?
— Hum?

Apontei para o cardápio.
— Está de cabeça para baixo.

Ele olhou para o cardápio e sorriu.
— Ah sim... Na verdade... estou treinando como ler de cabeça para baixo... - ele deu uma risada sem graça.

Pedimos os nossos pratos e comemos. Conversamos bastante durante o jantar e demos algumas risadas. 
— Sabia que já fui atingido por um raio?
— Não! Você tá brincando... - falei surpresa
— Ah sim, é verdade! - Ele falou rindo. - Eu estava trabalhando quando começou uma tempestade e um raio atingiu o meu laboratório. Apenas me lembro da eletricidade passando por mim. - ele falou pensativo - Fiquei nove meses em coma.
— Nossa Barry, que loucura.

Depois de tomar um pouco de vinho, eu puxei outro assunto.
— Linda Park me parabenizou pelas matérias hoje...
— Sério? Nossa, que bom!
— Ela disse que vocês já namoraram...
— Ah, é verdade, ficamos juntos por um tempo, mas não deu certo.
— Hum... - disse e dei outro gole no vinho.
— Você está com ciúmes? - Barry falou rindo.
— O quê? Claro que não!

Barry não conseguiu segurar a risada.
— Ela também disse que você era estranho...
— Você me acha estranho?
— Talvez!
  Dessa vez rimos juntos.

O céu já estava totalmente escuro quando reparei, Barry ainda usava os óculos. Um pouco intrigada com o que estava acontecendo perguntei.
— Você gostou do meu vestido?
— Ahm.. sim claro, é muito bonito... E essa cor... te favorece muito...
— E essa cor é...
— Ahm... Um azul escuro... talvez vinho... ou preto?

Dei uma risada.
— Barry, você não está me vendo, não é?

Ele sorriu, tirando os óculos.
— Ok, você me pegou! Eu dilatei as minhas pupilas e não queria cancelar.
— E aquele papo de ler de cabeça para baixo?
— Você acreditou?
— Claro que não.

Rimos juntos.
— Você tem um belo sorriso.
— Mesmo? E como sabe se não está vendo?
— Foi um palpite.

De repente o telefone de Barry tocou, era Joe e as notícias não eram boas.