A Garota da Janela escrita por Taynara Finaly


Capítulo 2
Capítulo 1 - Um novato?


Notas iniciais do capítulo

Taí como prometido :3



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Aos doze anos 

Eu estava cansada dessa minha rotina chata: eu acordava, ia tomar meu café da manhã, dançava para queimar as calorias, depois tomava banho, almoçava, dançava para queimar as calorias, tinha aulas de etiqueta (apenas de etiqueta porque é janeiro, então eu estou de férias), iria ler, lanchava à tarde, iria ler, jantava, dançava e dormia.  
Eu passei dois anos inteiros fazendo isso que já tem perdido a graça de viver, eu quero uma diversão, quero aventura quero me sentir livre, faz dois anos que eu não sinto a brisa do inverno, o calor do verão, dois anos que eu não saio de casa. Eu queria viver como Clarissa vivia. Como eu queria que ela estivesse viva! Sentei em frente a janela de meu quarto e observei as estrelas, tão lindas, brilhantes e livres.... Quando será que eu sairia dessa prisão? Eu já tentei fugir de várias maneiras, mas nunca deu certo. Meu tio tem trancas muito eficientes e um sistema de segurança para ninguém botar defeito. E isso não é nada bom, nem para mim, nem para os ladrões aqui do bairro. E sabe o pior? Quando eu quero roupas novas e peço para ir ao shopping não posso. Ele paga uma costureira particular para mim. Não que Crissy costure mal, mas eu amo, quer dizer amava ir ao shopping.... Minha vida está uma droga e para piorar, já está no fim de janeiro, na verdade hoje é o último dia de Janeiro. E sabe o que isso quer dizer? Quer dizer que amanhã tem aula do meu professor novo Arthur, ele vai ensinar matemática, a matéria que mais odeio.  
Fala sério, tem algo pior que matemática? Pensando bem, tem sim, ficar presa no seu quarto por dois e saber que ainda falta muito para que eu consiga sair. Então você deve imaginar o quão ruim ter as duas coisas mais piores da sua vida. Antigamente eu tinha pena daqueles garotos e garotas que tinham que acordar cedo para ir estudar, já que minhas aulas particulares eram só a tarde, mas agora eu os invejava, invejava a sua liberdade, invejava o balançar de cabelo das meninas ao bater a brisa fria da manhã que eu sentia quando ia comprar pães com Clarissa aos sábados. Eu devia ter aproveitado o que eu tinha, aquelas pequenas coisas e momentos. Por que ninguém me avisou que as melhores coisas são aquelas que eu não posso ver? Eu deveria ter aproveitado enquanto podia, deveria ter pulado da janela mesmo tendo medo de altura, pois agora eu sei que é melhor viver de: " eu não acredito que fiz isso", do que "me arrependo de não ter feito isso". É uma pena não existir uma máquina do tempo para eu poder voltar no tempo e aconselhar a mim mesma, mas se nós pudéssemos fazer isso para que serviriam as mães? Se ao menos a minha estivesse aqui.... Não é como se fosse como o ditado: "só dá valor quando perde". Acontece que eu valorizava minha mãe, sabia o que eu tinha ao meu lado, eu só não imaginava que eu a perderia tão repentinamente. Depois de organizar e armazenar todos esses pensamentos atordoadores e agonizantes fui dormir na minha cama gigante. 

*** 

No outro dia acordei bem cedo, queria ver os adolescentes indo para escola, eu já tinha decorado o rosto de todos e sabia o jeito de cada um, mas não sabia seus nomes. Mas hoje quando deu sete horas que é a hora que para de passar as pessoas e eu volto a viver minha vida e ir lanchar, aparece um garoto, um novato de cabelos castanhos quase loiros, mas ainda castanhos, seus olhos eram claros com um brilho que me encantei, ele estava todo charmoso com um moletom e uma calça jeans, eu tinha que chamar sua atenção, ele tinha que olhar para mim. Eu bati no meu vidro com força, fez barulho, mas ele não olhou em minha direção, talvez porque estava atrasado. Eu tentarei de novo amanhã, mas ele precisa me notar. Tomei um banho, fechei as cortinas da janela e fui me trocar vesti meu moletom rosa e minha calça jeans azul por causa do novato, eu o achei tão lindo e talvez eu queira me lembrar dele a cada vez que me olhar no espelho. Saí do quarto para merendar 
—Acordou cedo hoje, Melissa? - Meu tio perguntou para mim, retoricamente é claro!  
—É Melyssi, tio, Me. Lys. Si. Não acredito que moro há dois anos com o senhor e ainda não sabe meu nome!  
—Não acredito que tem dois anos que você faz aulas de etiqueta e ainda não aprendeu a ter respeito - rebate ele 
— Desculpe-me tio.  
— Está tudo bem, só espero que não se repita - ele diz se levantando e saindo batendo a porta com força.  
—Está tudo bem, só espero que não se repita, velho chato! - Eu arremedo ele com raiva, sempre todo certinho, aposto que era o maior nerd engomado da escola dele. Chato, mil vezes chato. Olho o relógio pendurado na parede da cozinha, nove horas. 
Eu costumo dançar até o almoço ficar pronto, mas dessa vez só vou dançar até as onze, vou tentar chamar atenção do novato quando ele passar por aqui na volta dele para casa. Me preparo para dança, coloco meu short de laica curto vermelho e minha blusinha branca colada que deixa minha barriga exposta e coloco a música Moves Like Jagger para começar a dançar 

*** 

Quando estou muito cansada vou a cozinha beber água e olho para o relógio, onze horas e cinco minutos, saí correndo para meu quarto, quando chego, sento na minha cama, que fica escorada na minha janela enorme que ocupa uma parede toda, do chão ao teto. Espero ele passar sentada na cama.  
Quando ele passa bato no vidro com muita força e ele olha, finalmente olha. Eu aceno, mas ele fica paralisado me encarando e analisando meu corpo, aí eu me toco de como estou vestida e me cubro com a cortina e isso parece fazê-lo voltar ao normal, então ele me lança um sorrisinho e sai caminhando para sua casa e eu só acompanho seus passos com os olhos...


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam?



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