A Garota da Janela escrita por Taynara Finaly


Capítulo 1
Prólogo - Desmoronando


Notas iniciais do capítulo

Gente, já tem 8 capítulos escritos então a frequência com que serão postados vai depender da manifestação de vocês nos comentários.
Então não são permitidos leitores fantasmas na fic, okay?



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 Aos cinco anos 

Eu estava trancada no quarto de Clarissa, chorando litros no colo dela: novamente, meu pai tinha chegado bêbado em casa e estava quebrando tudo, provavelmente quando ele subir irá para o quarto de mamãe espancar ela e em seguida somos nós quem iremos apanhar. 
Clarissa quer pular a janela, mas eu tenho medo de altura, eu nunca pularia a janela de meu quarto, nem se eu fosse adulta. Mas Clarissa é aquela irmã maluquinha, de quinze anos, rebelde, mas cheia de amor para dar... Semana passada ela ganhou um vaso de vidro cheio de rosas vermelhas de um garoto da sala dela.  
—Você tem certeza que não vem? - Ela disse já sentada na janela pronta para pular - eu te pego vem, Melynha, você vai se machucar se não vir. 
—Eu vou ficar - avisei e ela concordou com a cabeça - no três - no três quer dizer na terceira batida, nosso pai batia três vezes na porta antes de arrombá-la. 
*toc, toc, toc*  
Exatamente nesse momento Clarissa pulou e eu deslizei para debaixo da cama e só ouvi a porta cair no chão, prendi a respiração, como Clarissa me ensinou, para não inalar a poeira e acabar espirrando, entregando exatamente onde eu estou... 

Clarissa era muito esperta. 

—Onde vocês estão crianças chatas? - Ele pergunta e depois rodeia o quarto, sigo seus passos com meus olhos - que merda é essa? - Após ele dizer isso ouço um som estridente de vidro quebrando, o vaso, os cacos se espalham por todo o quarto e debaixo da cama alguns me cortavam, mas não me movi nenhum milímetro, pois não podia fazer barulho. - Eu vou embora - ele disse bravo e saiu pisando duro, permaneci debaixo da minha cama, se eu me mexesse iria me cortar mais do que já estava cortada. Haviam muitos cacos em minha pele, mas se tem algo que não se encaixa no meu perfil, esse algo se chama chorar, eu nunca chorava por nada. Então eu só deitei a cabeça no chão gelado e fiquei sozinha com o silêncio e a dor dos cacos aprofundados em minha pele. 

*** 

Na manhã seguinte acordei em um lugar com paredes de cor branca, pessoas vestidas de branco, inclusive eu e objetos brancos e minha irmã estava sentada ao meu lado. 
—Oi Mely. - Cumprimentou-me a minha irmã 
—Oi, onde nós estamos? E porque todo mundo está vestido de branco? - Perguntei 
—Estamos em um hospital e essa é cor que eles usam aqui porque representa paz - respondeu minha irmã. 
—Quando vamos para casa? - Fiz outra pergunta 
—Você vai, eu não.  
—Por quê? - Eu pergunto confusa 
—Liberdade, Mely, eu preciso de aventuras, algo que tire minha vida desse preto e branco, dessa calmaria que me angustia e desse silêncio que grita. - Na minha idade eu não entendi nada, eu amava ficar no meu quarto e apenas assenti com a cabeça. - Te vejo hoje à noite, Mely. Ah, e outra: acho que nosso pai vai morrer, parece que ele escorregou no chão e um caco de vidro entrou em seu pescoço. 

*** 

De noite, Clarissa entrou pela minha janela e veio me dar um beijo de boa noite, ela disse que estava trabalhando com vendas e que iria juntar dinheiro para eu e ela viajarmos para Paris, ela disse que daqui a três anos nós teríamos dinheiro o suficiente. 

— Aos oito anos 

Eu estava com minha irmã no shopping, ela implorou para nossa mãe permitisse, embora ela tenha dito que só deixava se a gente pegasse um táxi, pois ela tinha medo de andarmos de ônibus, tinha medo de perder alguma de nós duas, cuidava de tudo, talvez ela enlouquecesse se caso uma de nós acabasse morrendo, principalmente Clarissa porque ela mal a via e ficaria se sentindo culpada, mas mesmo assim Clarissa foi no carro que ela pegou emprestado da amiga dela. Quando cheguei ao shopping, fiquei distraída com tudo o que eu via, principalmente quando nós passávamos em frente a joalherias, mas Clarissa me tira dos meus devaneios me apontando uma placa com a foto da torre famosa de paris, que eu tinha me esquecido o nome.  
—Nós iremos estar lá amanhã, dá para acreditar? - Ela diz empolgada, depois faz uma careta - droga! Me espera aqui, vou pegar nossos passaportes e em cinco minutos estou de volta. - E então ela saiu. 
Passaram-se dez minutos e nada de Clarissa aparecer, decidi ir ao estacionamento procurar por ela. Quando eu cheguei vi jornalistas, câmeras e um motim de gente em volta de algo, corri até lá, como sou pequena passei com facilidade pelas pessoas, mas quando descobri o que estavam olhando, quase caí para trás. Era Clarissa ensanguentada, no asfalto do estacionamento, morta. 

*** 

No dia de seu enterro, olhei para ela no caixão, todos lançavam olhares curiosos para mim e eu estava esperando que elas aparecessem, mas as lágrimas nem surgiram em meus olhos, eu não consegui chorar.  
Minha mãe está no hospital, teve uma parada cardíaca assim que soube. Eu me tranquei no meu quarto e eu realmente não queria sair de lá. 

— Aos dez anos 

Após me mudar para a mansão de meu tio, ser jogada em um quarto com apenas uma janela embutida e blindada na parede, meu quarto ficava no primeiro andar, então eu não tinha uma vista maravilhosa, só a vista de uma rua, a qual as crianças iam com a suas mães para escola. Minha educação era particular, em casa, sempre foi, mas as aulas não tinham a mesma graça sem Clarissa lá para tirar brincadeiras e ajudar nos exercícios. Minha vida era dentro de meu quarto e no meu salão de dança, minha única forma de aventura era pelos livros que eu lia, em sua maior parte, romances, ficção científica e clássicos como Dom Casmurro, que possui muita importância aqui em Portugal, apesar de ser um livro estrangeiro. Eu tinha uma biblioteca e um salão de dança em meu quarto, que era enorme, eu tinha que aprender a chamá-lo de meus aposentos, ordens de meu tioAlém de que eu não tinha permissão para sair de meus aposentos a não ser para: comer e aulas. Eu realmente não sabia como eu me acostumaria a isso. Agora eu entendo o que Clarissa quis dizer com liberdade, eu estava sentindo aquilo agora, pois eu estava desmoronando.


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Notas finais do capítulo

Se tiver comentários postarei o capítulo 1 o mais rápido possível, tudo depende de vocês gatinhas :*



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