Diário do futuro. Versão 2. escrita por Gabi


Capítulo 3
A festa.


Notas iniciais do capítulo

Ola! Como estão hoje? Espero que gostem do capítulo. Boa leitura!



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São Paulo, 06 de outubro de 2013.     

      Eu já estou cansando dos velhos não me deixarem em paz! Eles não entendem que é MINHA vida, minha! E eu não quero ninguém cuidando dela!  Não preciso de ninguém dando palpite, não preciso de gente falando pelas minhas costas e achando que manda em mim! Eu sei o que faço e como devo fazer, e estou cansado de que fiquem me enchendo.

                                           ---*---

      Você já sentiu o cheiro de um corpo? Já tocou a pele fria e sem vida? Já notou o rosto das pessoas quando isso acontece? Eu já vivi tudo isso. Seria estranho em dizer que me sinto aliviada diante da morte? Que sinto alegria com o que faço? Seria estranho minha reação não ser nada comparada ao choro e paralização da maioria das pessoas? O que você pensaria se eu dissesse que corpos jogados ao chão nunca me trouxeram sentimento algum. Mas sempre tem uma primeira vez. E minha primeira vez foi com ele. A primeira vez que eu desviei o olhar.

—eu não acredito, eu... Não pode... Droga.

—detetive... Magali, tente se acalmar...

—não da pra me acalmar ta!

      Eu disse que ela surtaria. Depois que ela viu seu amigo deitado no chão, morto, as únicas coisas que me lembro foram cenas em partes. Eu me lembro de vê-la se levantar depressa, seus olhos estavam cheios de lagrimas, e seu rosto também. Ela começou a xingar tantos nomes que a policia teve que intervir. Eles não deviam ter feito aquilo, ela ficou mais irritada e começou a xinga-los de nomes que eu nem imaginava existir. Ela deu um soco em um policial e depois pediu desculpas imediatamente dizendo que aquilo não se repetiria, e que ela estava nervosa por conhecer a pessoa que morreu. Eles então se afastaram ainda com um pouco de receio. Ela veio em minha direção e disse pra eu subir na moto. Antes de colocar o capacete, ela me mandou tapar os ouvidos e depois disse algo a eles, algo como “abutres e imprestáveis”.

      A Magali pode ser bem durona, mas eu sei que isso é só um escudo que ela construiu em volta de si mesma, não sei como, nem o por que. Mas a noite eu há vi chorando sozinha na sala, eu fui ate lá e a abracei, ela chorou por um bom tempo. Não é fácil perder alguém, eu sei. Enquanto suas lagrimas caiam na minha pele pálida, eu pensei que deveria ter chorado. Acho que ele merecia que eu tivesse chorado mais, ele não merecia que eu simplesmente tivesse aceitado tão rápido. Meio dia bastou. Será que eu também já morri e não sei?

                                                  ---*---

—nós vamos sair.

—vamos?

—sim, nós vamos Sam.

      Ela disse pegando a sua inseparável capa negra, e me jogando um vestido azul brilhante.

—Magali... Aonde nós vamos?

—numa festa.

      Ela disse dando um suspiro.

—isso explica as roupas. Que sapato eu uso?

—sei lá.

—isso por que você só usa a mesma roupa...

—eu não sei como você tem coragem de falar assim comigo, você é a única que eu deixo. Se fosse outro...

—desculpa. Mas isso é bom não é?

—talvez. Mas... Vai com aquela sandália branca trançada.

—obrigada.

—se arruma em. É festa de gente chique e eu não quero passar vexame.

—ta...

      Estou empolgada por alguma razão, talvez por ser a primeira festa que eu vou! Engraçado... Eu nem conheço as pessoas que estão dando a festa. Acho que vou prender meu cabelo num rabo. Isso, meu cabelo é bem grande e vai ficar bonito.

      Nós fomos de moto e paramos em frente a casa. E que casa! A porta da frente estava aberta, foi por onde entramos até chegarmos ao salão onde se concentrava a maioria das pessoas. Tinha tanta gente, e isso não é bom. Havia pessoas conversando, se servindo, e havia várias mesas dispostas no grande salão principal, próximo às paredes laterais, grandes mesas com todo tipo de petiscos como bolos, pães e doces, e vasilhas de ponche e outras bebidas. Um lustre monumental no centro do teto chamava atenção para o brilho de suas pedras, assim como o chão que era semelhante a um espelho. As janelas de quase três metros alternavam entre estar abertas ou não, e as fechadas exibiam cortinas finas e elegantes. Tudo coisa de gente fresca.

—vai se enturmar Samantha.

      Ela disse apertando uma das minhas bochechas.

—um...

      Magali me deixou sozinha, eu tenho a impressão de que ela estava procurando alguém, mas não faço ideia de quem seja. Por que estamos aqui?

—o. Meu. Deus.

     Disse uma moça ruiva com os cabelos presos nos lados. Eu me virei procurando, não achei que ela estivesse falando comigo.

—Am... É comigo?

—que gracinha que você é, olha só essas bochechas.

—acho que não preciso de mais gente apertando minhas bochechas!

—um... E ainda tem língua firme. Sabia que você é muito fófis?

—é...

—espera!

      Ela tirou uma câmera não sei da onde, e em questão de segundos tirou uma foto comigo. Eu fiquei meio tonta com o flash, foi tudo muito rápido.

—obrigadinha, bye bye gats.

—gats?

—repara não, ela é assim mesmo.

—quem?

—Maria, prazer.

—Samantha.

      Maria...

—o nome dela é Denise e ela é meio estranha às vezes, mas é super divertida, você se acostuma... Você não é daqui né? É nova?

—sim. Eu vim pra cá á um mês.

—legal! Eu te mostro a cidade se você quiser. Acho que de todos aqui, eu sou a mais normal.

—vai ser legal.

     Maria aparenta ter a minha idade. Ela parece ser uma boa pessoa. Mas fala demais...

(Magali) a então você esta aqui?

(Sam) eu não sai daqui desde que cheguei.

(Magali) que divertido.

(Sam) quanta ironia.

      Ela fez uma cara feia pra mim. Sinto que se eu recuar estarei fazendo a coisa errada.

(Sam) Magali... Essa é a Maria.

(Magali) Maria?

(Maria) Eu me lembro de você! Faz muito tempo, eu era uma criança na época, mas você é aquela garota que comia e comia?

(Magali) Acho que eu não comia tanto assim.

(Sam) então vocês se conhecem?

(Magali) parece que sim. E vocês tem a mesma idade se não me engano. Você cresceu.

      Maria sorriu. De onde será que elas se conhecem?

(Magali) vem Sam, tenho que te apresentar uma pessoa.

(Sam) ta. Tchau Maria, legal de conhecer.

(Magali) Anda.

      Ela me puxou pela mão e eu pude ver boa parte da festa. As pessoas comiam e bebiam enquanto conversavam sobre coisas provavelmente fúteis. Idiotas mesquinhos e ricos como diz Magali. Nem sabem o que os cercam.

      Nós fomos ate a tal pessoa que estava sentada em uma das mesas. Era bonita, tinha cabelos curtos e usava um vestido vermelho longo, ela sorria ao ver a festa, eu pude ver que seus dentes eram maiores do que o normal.

(Magali) Mônica!

(Mônica) Maga!

      Então essa era a pessoal que a Magali tanto procurava. Ela se levantou.

—eu não acredito!

—oi Mô.

      Elas se abraçaram. Magali parecia tão feliz. Fachada.

—vem senta aqui.

      Ela se sentou na cadeira ao lado da Mônica e me pediu pra pegar alguns aperitivos em uma mesa que estava ali perto. Eu fui ate lá, mas ainda podia ouvir a conversa. Sim, eu sou bisbilhoteira, é o ego da minha carreira, o que posso fazer?

—Magali, por que você não disse que estava no Limoeiro?

—eu precisava resolver umas coisas. E nada melhor do que uma surpresa na festa da Carmem.

—Magali... Você foi convidada?

—não.

—ai meu Deus. De penetra de novo?

      Ela deu um sorriso e Mônica também.

—eu estou tão feliz que você esta aqui.

—esta feliz até de mais. Mônica, você soube do que aconteceu?

—sobre o que?

—nada não... Só que nós viemos pra passar um tempo por aqui.

—mesmo?

—é... Mas acho que essa felicidade não é só por isso.

—é que descobri ontem que passei em um programa muito importante na facul. Vai me ajudar muito com minha carreira no futuro. Quase uma chance de um em um milhão, muita gente estava tentando.

—serio?

—advocacia foi à escolha certa!

—parabéns Mô.

—tem certeza que não é mais nada Maga?

—claro...        

—e então... Quem é ela?

      Ela disse apontando pra mim.

—é minha aluna.

—como?

—é minha aluna.

—achei que você trabalhava sozinha. “Eu preciso de um tempo só pra mim”, foi isso que você disse quando foi embora.

—é eu também achei.

—e então. Quem é ela?

—o nome dela é Samantha, ela tem 15. No dia que eu a encontrei estava chovendo muito. Alguém estava batendo muito forte na porta e quando eu a abri ela estava encharcada, ela ficou de joelhos e praticamente implorou pra que eu fosse sua professora. “Por favor, me permita ser sua aluna, eu não tenho mais ninguém, e você é a pessoa que eu mais admiro no mundo. Por favor...”.

      Ela fingiu imitar minha voz enquanto fazia gestos exagerados.

—ela disse isso?

—não exatamente.

      Mentirosa, eu não disse metade disso. E eu não implorei.

—e você com todo o seu coração de manteiga aceitou?

—de inicio não, mas eu não ia deixar ela se molhando na chuva né.

—sei. E os pais dela?

—ela não tem. É uma órfã genuína!

      Deu vontade de te estrangular agora.

—isso não vai dar problemas Maga?

—mas do que eu já tenho?

—bem, se é isso que você quer, saiba que ela é uma fofa.

      Afs.

      Samantha...

      O que?

      Eu posso te ouvir Samantha. E eu sei que você também quer me ouvir.

—Vocês não...

      Ficha de personagem:

Nome: Samantha.

Idade: 15 anos.

Aparência: Samantha tem a pele bem branquinha, seus olhos são negros, assim como seus cabelos, que são bem grandes. É baixinha pra sua idade e muito inteligente.

Personalidade: Embora aparente ser uma garota fofa, Samantha tem uma personalidade forte, ela não se importa com a opinião dos outros e grita quando esta com raiva, ela chora com frequência, as vezes por não saber as coisas, as vezes quando se lembra da sua vida. É viciada em vídeo games e sempre quis ver a neve. Samantha se mostra como estranha, mas esconde uma garota meiga e sensível. 


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Notas finais do capítulo

E então? Até a próxima!



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