Diário do futuro. Versão 2. escrita por Gabi


Capítulo 4
Me ajuda!


Notas iniciais do capítulo

Olaa a todos! Boa leitura!



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São Paulo, 07 de outubro de 2013.

      Hoje recebi duas noticias que mudaram tudo. Uma delas, a ruim, acho que não vou entrar em detalhes. A boa é um tanto diferente, é claro que eu surtei quando soube e disse um monte de coisas que eu não devia ter falado, mas agora pensei com calma e descobri o quanto é maravilhoso! Eu estou meio triste por não poder fazer parte disso tudo no futuro, mas sei que tudo vai dar certo. Já sei o que vou fazer. A partir de agora vou escrever tudo pra você!...

                                                  —--*---

Samantha.

      O que?

      Eu posso te ouvir Samantha. E eu sei que você também quer me ouvir.

—Vocês não...

      Não resista.

—Não, não.

      Eu tapei meus ouvidos com as mãos. Eles não poderiam ter voltado...

      Não adianta Samantha. Nós vamos falar alto e mais alto ate você nos ouvir.

—Não eu não quero!

—Sam, esta tudo bem?

      Magali segurou em um dos meus ombros. E Mônica esta ao seu lado me olhando.

—eu não sei.

     Samantha!

—parem.

      Quanto mais alto eles falavam, mais alto eu gritava, eu nem percebi que muitas pessoas estavam olhando e comentando entre si.

      Samantha, você tem que nos ouvir. Nós não vamos parar de gritar ate que você ouça. Ou melhor, venha nos ver.

—Sam...

—parem.

      Venha nos ver, venha. Nós queremos você aqui. Rápido! Nos ouça!

—PAREM DE GRITAR NA MINHA CABEÇA.

      As vozes gritavam na minha mente, eu me desequilibrei e não sabia pra onde eu estava indo. Elas só pararam quando, acidentalmente, eu esbarrei em uma mesa de bufê que veio ao chão. Os líquidos que estavam anteriormente em suas jarras se espalharam pelo chão. E as jarras, obviamente se quebraram.

      Magali colocou as mãos na boca. E Mônica ficou com os olhos arregalados. Eu vi saindo da multidão a dona da festa, Carmem, uma mulher loira de cabelos cacheados, bem vestida e com um olhar de queria naquele instante me fuzilar. Eu estou ferrada.

(Carmem) que baixaria é essa?

(Magali) droga...

      Eu só sei que Magali e Carmem começaram a discutir enquanto os outros convidados apenas olhavam. Eu olhei para o chão e vi toda aquela bagunça.

(Sam) que desperdício, que coisa feia Samantha.

(Carmem) e você garota? Quem você pensa que é? Seus pais não te deram educação?

(Sam) meus pais?

(Carmem) é claro, deve ser uma deserdada.

(Magali) não ouse...

(Carmem) aaaaa, então é isso: uma órfã!

(Mônica) Carmem...

(Magali) Não sabia que a queridíssima Magali estava cuidando de órfãos.

(Magali) cale a boca Carmem!

(Carmem) você viu o que você fez? Você estragou a minha festa. A festa que custou uma fortuna. Você tem problemas garota. Sabe o que vai acontecer se você continuar assim? Você vai ficar sozinha.

(Mônica) Carmem.          

(Carmem) você vai ficar isolada, ninguém nunca vai gostar de você. Uma órfã que não tem onde cair morta.

      Por quê?

(Carmem) é por isso que seus pais não te quiseram. Deve ter sido um alivio pra eles.

(Sam) e o que você sabe disso?

     Eu já chorava.

(Sam) o que você sabe sobre os meus pais? O que você sabe sobre mim? Você não sabe de nada, NADA.

      Eu sai correndo, tudo o que eu queria era esquecer aquela festa, a minha primeira festa, esquecer toda aquela gente fútil e egoísta que só liga pra si mesmo. Eu não ligo pra tudo aquilo, pra festas criadas só pra exibição, pra roupas caras e falsos amigos.

      Amigos...

      Eu só queria que eles parassem de me seguir e parassem de gritar dentro da minha cabeça. Por que eles não me esquecem? Não me deixam viver em paz? Por que toda aquela gente lá atrás não percebe que não é culpa minha? Que eu não posso fazer nada? Só ouvi-los e gritar pra me deixarem. Não existe remédio ou terapia pra isso, não existem regras ou cura.

      Quando dei por minha já estava lá novamente em frente ao balanço. O balanço que nós encontramos. O balanço que fica na parte mais afastada do Parque do Limoeiro. O balanço em que eu passava todas as tardes com ele. Rindo ou chorando. Brincando de pique esconde e pega pega, quando nada nem ninguém nos atrapalhava. Quando não precisávamos de mais nada além daquilo. Quando apenas um sorriso bastava.

      Agora eu o via mais novo, diferente de quando o vi pela primeira vez e a tinta já descascada mostrava que ele era só mais um brinquedo abandonado pelo tempo.

      Aquele era um local isolado, poucas pessoas sabiam da sua existência, e poucas gostavam de ir ate lá, diziam que alguém já morreu ali. Em volta do balanço estava um velho parquinho que já não era usado há muito tempo. Eu já brinquei aqui muitas vezes, nunca tive medo de me machucar ou algo do tipo. Porque ele sempre estava aqui...

—me ajuda...

      Eu me sentei ali e fiquei olhando pros meus pés balançando lentamente. A noite já estava no auge e as estrelas brilhavam lá em cima. O que eu sentia no momento era raiva, não raiva daquela patricinha loira e de toda aquela gente, raiva deles. Raiva porque gritavam e raiva porque eu ouço.

      Ninguém vai me ouvir.

—EU ODEIO, ODEIO, ODEIO TUDO ISSO. EU ODEIO NÃO SABER DE NADA, ODEIO AS PESSOAS E ODEIO ESSA DROGA DE VIDA. POR QUE EU NÃO MORRI JUNTO COM A MINHA MÃE?

—porque assim eu não te conheceria.

—Eiky?

      Eiky. O garoto de cabelos brancos e olhos azuis. Ele sempre esteve aqui, ele foi o único em que eu pude confiar, o único que me entendia e o único que eu via. Eiky esta sempre aqui quando eu preciso. Ele sempre vem quando eu o chamo e ele nunca tira os fones de ouvido do pescoço, ele diz que a musica o acalma.

—mas você é diferente.

—não tão diferente assim.

—é sim. Você não fica gritando na minha cabeça.

—porque você não gosta.

—ainda assim, eu queria que eles me deixassem.

—mas se eles fossem eu também iria.

—NÃO.

—eu sou como eles Sam, só que diferente de mim, eles já estão mortos!

      Então é isso, enfim descobriram o que eu luto tanto pra esconder: eu falo com gente morta!

      Não, eu não sou uma paranormal, uma vidente ou qualquer coisa do tipo, eu só... Nasci assim. Não estranhem, não me achem esquisita e não me pergunte o porque de eu ser assim, eu não faço ideia, e não é só ver, não é simples assim.

      Começou quando eu tinha cinco anos, eu tinha pesadelos, gritava todas as noites e às vezes mudava de estado, eu tinha medo de ver aquelas coisas na minha frente e ficar ouvindo aquelas vozes gritando na minha cabeça. Eu já não era muito sociável e com mais isso foi fácil eu me isolar das outras crianças.

      O primeiro “espirito” que eu vi foi o Eiky, ele apareceu um ano depois, como uma criança normal, mas aos poucos eu percebi que só eu podia vê-lo. Me levaram em muitos hospitais, os médicos diziam que era coisa de criança, que eu tinha apenas um amigo imaginário e que era só dar tempo ao tempo que eu logo esqueceria. Mas o Eiky não foi embora com o tempo como qualquer amigo imaginário iria, ele continuava ali, e foi ele quem me ajudou a não ver mais os espíritos. Ele dizia que no começo era normal, mas aos poucos eles sumiriam, e eu só os veria se eu realmente quisesse.

      Eu parei de acreditar no que diziam os psicólogos ou os médicos da região, eu acreditei mesmo no Eiky, e a cada ano que passava ele acreditava mais em mim. Era estranho porque ele ia crescendo aos poucos assim como eu. Ele me trouxe ate esse velho parquinho, e todos os dias nós passaríamos a vir brincar aqui. Ele me ensinou como passar de um estado pro outro, a como falar com eles, os outros espíritos, e a como distinguir os espíritos bons dos maus.

      Mas diferente dos outros espíritos, o Eiky não estava morto, e sim em um estado de “espera”...

      Ficha de personagem:

Nome: Mônica.

Idade: 20 anos.

Aparecia: Mônica não mudou na aparência, continua com o mesmo cabelo que agora estão um pouco mais curtos e os mesmos dentes avantajados.

Personalidade: Agora mais calma, Mônica é mais divertida e descontraída, ainda dá uns deslizes, mas esta mais feliz agora que esta em uma nova faze da sua vida. No momento, tem esperanças que Cebola volte e a conquiste.

 


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Notas finais do capítulo

Espero que estejam gostando e acompanhando! Ate breve!



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