Sverdssen: Bastardos do Mar da Espada escrita por Sabonete


Capítulo 7
Contos de Espadas e Escudos - Sangue Pútrido


Notas iniciais do capítulo

Se você leu até aqui, muito obrigado. As coisas vão começar a fazer mais sentido, pontos serão ligados aos poucos - talvez com mais atenção você comece a notar melhor essas ligações.

Espero que gostem desse conto, mais de Hadgard surge.



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[Dia nublado, som de pássaros, o cheiro de mato recém-molhado, bosque aberto]

Duas fileiras de dez soldados caminham lideradas por um cavaleiro. Cruzam um bosque próximo a entrada principal da cidade portuária.

O urro pesado e carregado de raiva de algum animal chama a atenção de todos.

Rapazes, cuidado, deve ser a criatura que nos avisaram! — bradou o cavaleiro de barba branca, ao sacar sua espada e baixar a viseira de seu capacete.

Os soldados desembainham suas espadas e levantam seus escudos buscando alguma referência de onde o animal esta.

A brisa fria da garoa chega ao encontro do pelotão e logo depois uma neblina fina começa a se formar.

—--

Na estrada principal da cidade Hadgard ouvia as histórias de Thomas enquanto conduzia a carroça lotada com barris de cerveja.

Então é assim que vocês se reproduzem? — Diz o nortenho espantando.

Reproduzir? Não, é assim que nos divertimos meu caro! — Responde o orc, Thomas, entre rizadas.

A rizada da figura acinzentada é interrompida quando um cavalo sujo de sangue passa assustado na frente da carroça.

Homem e orc são pegos de surpresa pela cena.

Por Niord, o que será isso? — Comenta o nortenho.

Thomas só tem tempo de por a mão na testa, o susto o tira do ar por um instante.

Pafluth é uma cidade tranquila, esse tipo de coisa não costuma acontecer.. — Ele comenta enquanto se levanta levemente do acento para tentar olhar para onde o animal foi.

O orc repara o olhar atento do companheiro que encara o lado oposto ao do que o cavalo tomou.

Essa neblina, ela vem exatamente de onde o cavalo saiu — Hadgard mostra certeza.

O orc vira sua cabeça e começa a observar o que o companheiro falava. E era verdade.

Melhor continuarmos an.. —A carruagem balançou e o fez parar de falar.

Pode ir na frente, sinto cheiro de sangue — O soldado sacou sua espada longa falando com assertividade.

Thomas fez o que o amigo pediu, sabia que não adiantava contrariar o instinto guerreiro daquele nortenho. Mas justo naquele dia, em que ele não estava com sua armadura algo tinha que acontecer?

Tome cuidado Sverdssen, nem tudo é um chamado de seu deus.. — Clamou em tom sério e em alto tom, para que o amigo ouvisse.

—--

O bosque estava em silêncio. Havia sangue em algumas folhas, plantas e troncos. O solo estava remexido.

O soldado já caminhava a alguns minutos e não via nada além dos indícios de luta.

Não havia corpos, armas, nada.

Estava atento, sabia que não faz silêncio em meio a natureza sem bons motivos.

Por Niord! — Brada apontando a arma para uma direção aleatória.

Mostre-se, besta assassina! —Ele diz em sequência.

O silêncio se manteve. Então soube que realmente havia algo de errado.

Caminhou na direção de uma grande árvore, buscando um ponto de referência. Notou que a neblina ficava mais expeça.

Agora só podia ver pouco mais do que um metro a sua frente, estava em apuros.

Demonstrando pouca malícia baixou a espada e tocou o tronco largo com a mão vazia.

Da neblina o animal duas vezes maior que um cão normal salta em sua direção. O guerreiro se vira com velocidade e mostra grande habilidade com a espada, pois com um movimento talha o corpo do animal que grunhe caindo de mau jeito no chão.

Criatura covarde, pagará com a vida.. — Diz enquanto caminh na direção do animal, que tinha pelos acinzentados, que o faziam se perder entre a neblina.

Levantou sua espada.

O urro pesado e carregado ecoa bem próximo. Hadgard sorri, seu plano estava indo muito bem.

O passo pesado do animal urrante está bem próximo e, o soldado pode sentir o cheiro de carne morta.

Era tua cria? — Perguntou em um grito.

Um rosnado indecifrável vem da neblina a sua esquerda.

Pois sua cria vai morrer — Exclama com raiva na voz.

O rosnado torna-se mais intenso.  Ele se move, parece caminhar procurando um brecha para atacar.

Vem me matar seu cachorro imundo! — Hadgard grita com um misto de raiva e agressividade.

É o suficiente, o imenso animal salta em sua direção. Tem a pelagem mais escura, tem quase o dobro do tamanho do filhote, sua boca facilmente pode engolir um braço completamente esticado.

A besta atinge o nortenho no peito o jogando para frente e para o alto ao mesmo tempo. Ele grita, mas não por dor, é um grito de excitação.

Por Niord! — Fala enquanto se agarra a pelagem do monstro com uma das mãos e perfura a seu corpo com sua espada, empunhada pela outra.

Impedido de continuar seu ataque, o animal recua, com seu corpo ferido. Hadgard toca o chão de mau jeito, mas mantem a pose. Seu pé está torcido.

A grande fera está entre seu filhote e o nortenho. Ela abre sua bocarra mostrando uma quantidade enorme de dentes pontiagudos. O cheiro é horrível, mas o soldado pode reparar que ao fazer aquilo, de alguns lugares de sua pelagem algo é expelido e, em instantes se transforma na neblina que vai se acumulando com o restante do ambiente.

Criatura desprezível, me dê uma batalha digna.. — Ele resmunga com os dentes trincados. Falava isso, mas sabia que não podia ir até o monstro.

Segundos se passaram, enquanto homem e besta se encaram. O ambiente vai sendo tomado pela estranha neblina.

O som de galopes logo chama a atenção do animal que parece tomar um susto. O guerreiro só nota o mesmo barulho depois da atitude da criatura.

A neblina está densa e, ao contrário do que o nortenho podia esperar, a fera se vira, desaparecendo.

Mas... o que? — Ele fala em voz alta com uma expressão de desapontamento.

Por Niord.. que animal covarde —Disse ao notar que os cavalos estavam bem próximos.

—--

Na cidade, atrás dos muros feitos de toras de madeira, o grupo de cavaleiros é recebido por alguns guardas ansiosos.

Encontraram o Sr. Kernel?— Perguntou um visivelmente angustiado.

E a criatura misteriosa? Pegaram ela? — Questionou outro, com certo desdém.

Um dos cavaleiros com seu rosto coberto por um elmo desce de seu cavalo e golpeia a barriga do guarda que desdenhava da situação.

Hadgard esta montando em um dos cavalos, mais atrás, mas pode ver o que ocorre.

Cale-se seu bastardo! — Grita o cavaleiro com voz feminina. Ela pisa no rosto do homem caído.

Agatha, não faça isso! — Um outo cavaleiro, este sem seu capacete, empurra com delicadeza a moça de cima do guarda.

Se acalme, vamos encontrar teu pai! — Ele diz segurando-a pelos braços e olhando em seus olhos.

De trás, o nortenho compreende quem é quem e, percebe que talvez tenha a resposta para a questão feita.

Ao todo são doze cavaleiros. O homem que acudiu a mulher, é Sir. Donavan, o comandante da cavalaria de Pafluth.

A dama, é Agatha Kernel, a filha do Comandante da cidade, Sir. Adullac Kernel.. — Diz em um tom baixo, como num cochicho, Sir Robert, o cavaleiro que ajudou o soldado. Vieram conversando e cavalgando o mesmo cavalo.

O que aconteceu afinal? — Murmurou Hadgard enquanto acalmava o cavalo que montavam.

Sir.Kernel pegou um pelotão inteiro e foi atrás do monstro da neblina — Dizia Robert, enquanto retirava as rédeas do animal.

Hadgard notou a pontada de desdém do cavaleiro ao falar do monstro e logo invertei-o.

Não fale como se não fosse real, ele é — Disse com seriedade. Sir Robert notou a irritação do novo amigo.

Não que eu não acredite.. mas Sir.Kernel já estava caducando a alguns anos.. — Falou baixinho, não querendo que outros ouvissem.

O nortenho levou a mão ao queixo, pouco coberto por sua barba fina.

Há lobos do tamanho de cavalos por aqui? — Pergunta com genuína curiosidade.

Um sorriso quase idiota surge no rosto de Sir Robert.

Lobos do tamanho de cavalos? Matamos a última alcateia faz 6 anos — Ele responde quase de forma pretensiosa.

E eram do tamanho de lobos normais.. — Continuou, mostrando com as mãos a estatura de um dos lobos.

Hadgard olhava para o cavaleiro indignado, estava claro que ele zombava de sua pergunta.

Não zombe de minhas palavras, cavaleiro! — Ele bradou sacando sua espada.

O cavaleiro tomado por um susto inesperado cai no chão batendo com as costas em uma viga de madeira.

Olhe! Está é a prova, o sangue negro da criatura! — Diz o nortenho, enquanto mostrava a lâmina de sua espada.

Sir Robert coloca a mão na cabeça, enquanto observa a espada, manchada com algo quase negro, com um odor forte e pútrido.

Dois outros cavaleiros surgem com suas espadas apontadas para o nortenho. Um dos auxiliares do local vê a cena de longe e some, num passe de mágica, do local.

Robert, vamos leva-lo para a prisão, não se preocupe — Falou um dos cavaleiros, o que tinha uma longa barba castanha. O outro apenas encarava Hadgard, com uma expressão reprobatória.

Mesmo ameaçado o soldado nortenho não se movia, sequer tirava seus olhos do rosto de Sir Robert.

Você quer mesmo que eu acredite que isso é sangue de um lobo do tamanho de um cavalo? — Perguntou Sir Robert enquanto se levantava e afastava as espadas de seus companheiros que não compreendiam o que estava acontecendo.

Feri um filhote e torci meu pé ao combater o maior — Falou tomado de certeza.

Eram dois? Você os viu? — Bradou Robert com um misto de preocupação e animação.

Você é burro cavaleiro? Acabo de dizer que os vi e feri um deles! — Reclamou rispidamente o nortenho, fazendo os outros cavaleiros novamente levantarem suas armas.

Temos que ir imediatamente falar com o Barão! — Exclama Sir Robert indo em direção a porta, uma da saída do estábulo onde estavam.

Venha, Hadgard, você precisa conhecer o Barão Von Jorgg — Disse enquanto sai apressado pela passagem.

Hadgard guarda sua espada e ao dar o primeiro passo e parado pelos dois outros cavaleiros.

Quem você pensa que é para responder dessa forma a um cavaleiro? — Disse o barbudo, enquanto o outro, com uma cicatriz no rosto, colocava a mão no ombro do nortenho.

O soldado olhou para mão do cavaleiro da cicatriz, olhou para o seu rosto e em seguida para o barbudo.

Por Niord, tire sua mão de mim ou vou mata-los aqui mesmo — Sua voz extremamente calma espanta o cavaleiro barbudo.

Antes dos ânimos esquentarem, contudo, Sir Robert volta ao local.

Vamos nortenho desgraçado, isso não pode esperar! A vida de Sir.Kernel está correndo perigo! — Fala enquanto pega a mão o homem de pele bem clara, puxando-o.

Antes de sair, Hadgard e os dois cavaleiros se entreolharam uma vez mais.


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Notas finais do capítulo

Um conto, com três cenas. Foi diferente, mas nesse caso necessário. As três partes compõem esse fragmento, que como eu falei na nota inicial, apresentam algumas coisas que já compõem os outros já postados. Os próximos ajudarão a fechar melhor os pontos e vi te fazer começar a enxergar a figura de que é a primeira história, os Contos de Espadas e Escudos.

Novamente, espero que tenham gostado. E curtiria que se você leu e tem algo para falar sobre o texto, diga!



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