A história de Sakura escrita por Hanako


Capítulo 6
Vermelho


Notas iniciais do capítulo

Uni 3 capítulos. O conteúdo não mudou então preste atenção para não se perder na história!



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Enquanto andava, caía a ficha de tudo o que tinha passado e as lágrimas começavam a cair mais e mais grossas. O saco recheado de roupas ficava cada vez mais pesado. Quando cheguei na casa do loiro, sequei o rosto com as costas da mão, toquei a campainha apenas uma vez e rezei para que ele estivesse sozinho e a Hinata não me visse nessa situação tão deplorável.

Porém, assim que a porta abriu, quem saiu de lá foi uma mulher mais velha, alta e loira, diferente de tudo o que eu esperava a ver por ali. Ela me encarou por alguns segundos, segurando um copo de whisky em uma das mãos enquanto a outra continuava na maçaneta, e depois me empurrou para dentro sem perguntar nada.

Na hora eu já senti que estava me infiltrando em um momento feliz de família. Naruto estava na mesa da cozinha, com seu padrinho, provavelmente comendo e bebendo. As visitas, ainda que raras, eram um dos momentos favoritos do loiro. Qualquer que fosse o assunto que estivessem conversando, foi substituído por um silêncio pesado quando adentrei o ambiente.

— S-Sakura – Naruto se levantou em um ímpeto preocupado e foi andando em minha direção – O que aconteceu dessa vez? Onde estão seus sapatos? O que é essa sacola?

— Eu... – falei com a voz meio embargada, tentando parecer o mais tranquila possível – Eu estou sem casa agora. Se importa se eu dormir aqui por enquanto?

Antes mesmo que o garoto respondesse, o padrinho já foi se levantando e tendo alguma conversa silenciosa com a loira que ainda estava atrás de mim. Eles pareciam se entender muito bem entre olhares.

— É claro que não – ele disse – Seu nome é Sakura, não é?! Naruto fala muito a seu respeito. Não se preocupe com nada por agora, apenas troque suas roupas e depois conversamos sobre a sua situação. Vai ficar tudo bem, ok?!

Eu dei alguns passos tímidos para dentro, ainda assimilando tudo o que tinha e o que ainda estava acontecendo. O loiro pegou, com cuidado, minha sacola de roupas e segurou a minha mão com firmeza até o banheiro do seu próprio quarto. Enquanto eu estava imóvel, Naruto saiu e reapareceu com toalhas limpas, um sabonete e uma escova de dentes. Por mais que eu tivesse tomado um banho em casa, depois da caminhada descalça, a minha situação não era uma das melhores.

Por alguns minutos, me deixei não pensar em nada. Foquei nos detalhes do azulejo branco, no perfume do sabonete, nos fios da toalha macia. As sensações me permitiram sair, mesmo que por um instante, da minha realidade dura. Ao sair do banheiro, encontrei uma muda de roupas limpas do Naruto em cima de sua cama. Não pensei duas vezes e vesti, aproveitando também para calçar um par de chinelos que ele tinha deixado despretensiosamente ao lado.

Eu podia ouvi-los da cozinha, mas não sabia sobre o que exatamente estavam conversando. Supus imediatamente que seria sobre minha estranha chegada num final de domingo e meu futuro ali. A teoria foi comprovada assim que me aproximei e todos se calaram. O garoto se levantou daquele jeito dele sempre empolgado e veio me puxando para me colocar sentada também à mesa. Ali, com aqueles três pares de olhos, eu me sentia completamente exposta.

Na mesa da cozinha, ao invés de um jantar, haviam várias cartas de um baralho amassado, um cinzeiro repleto de bitucas de cigarro, uma garrafa de whisky e dois copos. No canto, destoando da cena, uma latinha de refrigerante que possivelmente pertencia ao morador da casa e batatinhas chips ainda dentro do saco.

— Sakura – o loiro começou – Acredito que não te apresentei ainda, este é o meu padrinho, Jiraya. É sobre ele que vivo comentando com você.

O homem devia estar na faixa de uns cinquenta anos e tinha cabelos longos e brancos, presos em um baixo rabo de cavalo. Por mais que parecesse simpático nas conversas do garoto, naquela pose de braços cruzados e cara séria, para mim, ele não era nada além de amedrontador.

— E essa velha – ele continuou a apresentação rindo enquanto a mulher resmungava – É a melhor amiga dele, a Tsunade.

— Nós sabemos um pouco da sua história, garota – Jiraya disse – Já tem muitos anos que esse menino nos fala sobre você. É um prazer enfim te conhecer, uma pena que em uma situação tão lamentável. Algumas pessoas não conseguem perceber a joia que têm.

— De qualquer maneira, – Tsunade interrompeu – Precisamos pensar de forma prática na sua situação agora. Pelos relatos, é impossível voltar para aquela sua casa e eu sequer cogitaria essa opção.  Jiraya e eu conversamos enquanto você estava no banho e concordamos em permitir que você more aqui enquanto precisar.

Enquanto eu abria a boca para agradecer, a mulher levantou levemente a mão para que eu não falasse. Ela não precisava de muito para exercer sua autoridade.

— Eu irei fazer com você assim como Jiraya faz com Naruto – continuou – Serei sua madrinha, vou te dar um dinheiro para passar o mês e bastante comida para encher essa geladeira. Porém, isso tem um preço: até a faculdade, você não pode fazer nada além de focar nos seus estudos. Sei que trabalha, mas eu acredito que se tem a oportunidade agora de não fazer isso, deveria agarrá-la.

— Por enquanto, nós não vamos falar muito na sua cabeça, mocinha – Jiraya voltou a falar – Imagino que esteja muito cansada para absorver suas responsabilidades a partir de agora. Amanhã nós voltaremos aqui para ver como está e resolvermos algumas coisas, está bem?!

Eu assenti com a cabeça. Tsunade começou a juntar calmamente as cartas enquanto seu amigo bebia o último gole de whisky. Naruto continuava sentando, sua lata intocada, me encarando quase que sem piscar. Assim que ela terminou, todos se levantaram e o loiro os levou até a porta.

Casa vazia, o garoto começou a agir de uma forma que, por mais que combinasse muito com ele, era de certa forma inesperada. Despreocupado, pegou uma toalha e um secador e começou a secar o meu cabelo enquanto cantarolava uma música que ficava inaudível sempre que o aparelho era ligado. Assim que terminou, ele começou a rir.

— Minha nossa – disse – Eu sabia que ficaria ruim, mas não imaginei que ficaria péssimo.

Ele me deu um espelho e eu comecei a rir. O meu cabelo estava cheio de frizz e embolado, espetado para todos os lados. Naruto sorriu docemente.

— Que bom que voltou a sorrir – murmurou.

Ele me levou para o quarto de hóspedes, que também já estava preparado para uma boa noite de sono. No canto, em cima de uma cadeira, estava a minha sacola com as roupas sutilmente colocada.  Sem pensar duas vezes, eu me adentrei nas cobertas.

— Imagino que esteja muito cansada – disse sério – Pode dormir o quanto quiser, não precisa ir para a aula amanhã. Se quiser comer alguma coisa agora também... Podemos pedir um sanduíche, o que acha?

— Não, está tudo bem – respondi – Eu só preciso fechar um pouco os olhos e vou ficar bem, prometo.

Ele me olhou cético e cruzou os braços.

— É sério, eu saí com a Ino hoje e nós lanchamos bem – expliquei – Estou cheia até agora. Amanhã é outro dia, vai dar tudo certo.

Naruto concordou com relutância e fechou as cortinas. Depois, me encarou por alguns segundos como se fosse dizer alguma coisa, mas apenas apagou a luz, fechou a porta e saiu. Eu fechei os olhos e dormi quase que imediatamente.

Acordei como se um caminhão tivesse passado sobre mim. O quarto ainda estava escuro e não havia barulho algum. Demorei alguns segundos para me lembrar que aquela não era a minha cama. Levantei timidamente e fui andando em busca de um relógio ou algum garoto loiro de olhos azuis que pudesse me situar do que estava acontecendo no dia.

Porém, o que encontrei foi Tsunade, fumando um cigarro no sofá da sala enquanto lia um jornal e dizia com as rugas de sua testa o que achava das notícias do dia. Ao seu lado haviam duas malas e uma caixa fechada. Assim que me viu, fez um sinal com os dedos para que me aproximasse e sentasse.

— Boa tarde, Sakura – ela disse colocando o cigarro no cinzeiro comodamente localizado no braço do assento – Imaginei que precisava de um descanso, então hoje achei melhor não te acordar e permitir que dormisse bem. Porém, não se acostume. Uma das coisas que mais prezo é a educação e faltar aula para mim é incabível.

Eu olhei para ela com espanto. Com as cortinas pesadas do quarto era praticamente impossível saber que horas acordei.

— Agora sobre os outros detalhes da sua estadia... – continuou enquanto dobrava o jornal e o colocava ao seu lado – você vai me desculpar, mas as roupas que estavam naquela sacola que você trouxe estão em trapos e não tem condições de usar aquilo nem mesmo para ficar em casa. Olhando para você aqui, sentada ao meu lado, eu duvido que elas sequer caibam em seu corpo. Então, como eu já iria comprar os sapatos (que você não tem), comprei algumas mudas de roupa também. Depois você pode escolher outras que se pareçam mais com seu estilo com o dinheiro que vou te dar.

Tsunade me apontava as malas enquanto eu olhava para ela atônita. Aquilo era absolutamente incrível! Eu nunca tinha ganhado tantos presentes assim na vida. Estava admirando o tamanho do presente que tinha ganhado quando foi caindo a ficha do que ela tinha falado. Ela realmente me daria uma mesada até a faculdade?

— V-você realmente vai me bancar? – perguntei timidamente.

— Bem, claro – Tsunade deu um longo trago e me encarou como se pudesse observar minhas entranhas de cima a baixo. Me dei conta do meu cabelo embolado, meus olhos verdes inchados, minha pele branca coberta por uma roupa grande demais e que não me pertencia. Essa sensação me deixava tão desconfortável que passei a olhar para o lado e mover incessantemente meus pés. A loira deu uma risada cínica e apagou o restante do seu cigarro no cinzeiro.

— Você claramente não dá conta sozinha, alguém precisa fazê-lo, pelo menos por enquanto – finalizou.

Para qualquer outro adolescente isso seria absolutamente normal afinal, é nesta fase da vida que estamos aprendendo a sermos responsáveis e cuidarmos de nós mesmos. Inclusive, muitos adultos ainda precisam do suporte por um tempo, para conseguirem florescer de forma bela. Porém, depois de tudo o que eu tinha vivido, aquilo parecia apenas uma forma de ataque gratuito e uma lembrança que que sou completamente incapaz. Resumindo: senti como se fosse um soco no estômago. E eu não devo ter feito uma cara muito bonita, pois Tsunade logo se levantou e se preparou para sair.

— Há uma outra coisa que eu vou deixar com você – disse enquanto ajeitava suas roupas – Dentro desta caixa há um celular. Ele não é desses de última geração nem nada do tipo, não é para ficar se gabando com seus amigos. Use para se comunicar. Hoje em dia mal existe telefone público, não faz sentido nenhum você não ter um telefone, é até uma questão de segurança...

Enquanto a loira resmungava mais para si mesma que para mim, eu corria para abrir a caixa. Meu Deus, era realmente um celular! Ele tinha tela touchscreen e acesso à internet, devia ser sim a última geração da época. Eu nem sabia direito como fazer para ligar aquela tecnologia, mas com a empolgação que eu estava, não demoraria muito para descobrir.

— Dizem que você precisa deixar carregando por um dia inteiro antes dele funcionar – ela sorriu já próxima à porta – Agora eu preciso ir. Combinei de jogar com uns amigos agora à tarde e a aposta é muito boa para que eu não participe. Divirta-se!

Não sei exatamente qual deveria ser a reação correta ao que estava acontecendo, mas seguem os meus pensamentos e o que eu fiz assim que a minha nova responsável saiu e fechou a porta da casa do Naruto:

1º Eu encostei minhas costas no sofá, suspirei enquanto esfregava meu rosto com a palma das mãos. Aquela agora era a minha nova vida, independente de qualquer coisa, eu tinha que abraçar o meu novo lar.

2º Será que tudo o que ela estava fazendo era por pena? Será que eu estava em uma situação tão patética que ela ficou com dó de mim?

3º De qualquer maneira, eu não mereço essas coisas. Ela não é minha mãe ou qualquer outro parente de sangue meu. Ela mal me conhece! Não existe gente legal no mundo assim.

4º Peguei o celular, coloquei de volta à caixa e fechei cuidadosamente. Empurrei as duas malas para dentro do quarto e pus a caixa em cima, para que pensasse no que fazer com eles depois. Será que devolver seria desaforo? Deveria eu doar para os outros aquilo tudo?

Acabei me deitando e cobrindo os olhos com o braço. Os problemas que lutassem sozinhos. Então, escutei uma leve batida na porta, passos e uma pessoa se sentando ao meu lado.

— Está tudo bem? – ouvi sussurrar – eu achei que você iria ficar feliz com isso tudo, mas você nem encostou no seu café da manhã...

Eu me forcei a tirar o braço e abrir meus olhos para finalmente encarar os olhos azuis que procurava quando acordei. Eu fiquei tão atônita com a presença de Tsunade que nem lembrei que havia uma cozinha naquele lugar.

— Eu não sei se estou feliz ou se estou triste – respondi – Só sei que estou aqui.

Percebendo que ele ainda me observava preocupado, tratei de emendar uma resposta:

— Eu nem sei como te agradecer por tudo o que está fazendo por mim, Naruto. Você tem sido o melhor amigo que alguém poderia ter no mundo. Eu nem sei o que faria sem você, sinceramente...

— Realmente, eu sou um cara incrível – ele riu – Mas eu não sou tão incrível assim com fome! Já que você não quis o café, será que a gente pode partir direto para o almoço e pedir um lámen? Só mais essa vez?

— Como se fosse realmente só mais essa vez – eu ri revirando os olhos para ele.

Durante todo o almoço eu só conseguia pensar no que eu deveria fazer com aquelas malas e a caixa que a Tsunade deixou para mim. Por mais que para qualquer um parecesse óbvio que eu deveria aceitar esse milagre batendo à minha porta, para mim tinha cheiro de armadilha, da vida querendo me dar alguma outra rasteira. De qualquer forma, depois de muito conversar com meu melhor amigo, concluímos que eu deveria, no mínimo, abrir e verificar o conteúdo de cada uma. Se fosse algo que eu não gostasse, o próprio Naruto me ajudaria a devolver.

Então, logo após estarmos muito bem alimentados, levei as duas malas ao chão do quarto de hóspedes (que agora seria meu) e me ajoelhei para que ficasse mais fácil abrir cada zíper. Serviço feito, o que foi visto foram várias roupas ainda na etiqueta, perfeitamente dobradas em uma mala e sapatos, bolsas e acessórios na outra. Em cima da primeira, havia um pequeno envelope com um cartão de crédito e o que mais parecia ser um contrato informal:

“Sakura,

A partir de agora eu serei, de certa forma, sua responsável. Porém, o que eu mais quero é que você consiga crescer sozinha (e, se for verdade tudo o que o Naruto fala de você, eu sei que você consegue). Portanto, com tal peso sob as minhas costas, eu preciso que você também se proponha a fazer o melhor para que nossa relação dê certo. Por isso, eu achei melhor criar algumas regrinhas que eu tenho certeza que irão nos ajudar a viver melhor neste período juntas:

Primeiramente (esse eu provavelmente já te avisei ao vivo), você precisa colocar seus estudos em primeiro lugar. A educação é a base para um futuro sólido e você não pode perder essa oportunidade que eu estou te dando. Não quero que se dedique a nada agora além de estudar.

Em segundo lugar, gostaria de te lembrar que este cartão de crédito tem um limite e que alguns itens não poderão ser comprados com ele, com risco de perder o benefício. Entre eles estão qualquer produto que não seja permitido pelo nosso país ou proibidos para consumo na sua idade (dezessete ainda não significa dezoito anos!).

Em terceiro e último lugar eu gostaria que você não se envolvesse em problemas. Não sei exatamente se você é do tipo que vai atrás de confusão, não parece que seja. Porém, eu sou uma pessoa ocupada e não estarei disponível a maior parte do tempo para resolver qualquer tipo de situação.

Boa sorte em sua nova jornada.

Tsunade”

Por algum motivo, perceber que eu estaria sozinha a partir de agora, fazia as coisas ficarem um pouco mais reais. Aquilo era como se fosse uma caridade, um empurrãozinho. No final eu seria o que eu fizesse de mim.

Naruto leu o papel comigo, mexeu nos seus cabelos loiros, depois ficou remexendo as roupas e rindo sozinho. Enquanto ele tirava as peças e as colocava em cima da cama, fazia expressões como se estivesse desvendando uma grande charada.

— Essa velha – disse – Ela já escolheu as cores que acha que combinam com você. Olha pra isso: são todas vermelhas e cor-de-rosa. Até as malas são vermelhas!

Realmente parecia um degradê do rosa ao vinho, sendo que o foco era o vermelho vivo. Parece que realmente queriam colocar aquela como a minha cor. Eu sorri com o pensamento.

Juntos, começamos a colocar as roupas no cabide e enfim no armário do quarto, sem me preocupar em experimentar nenhuma peça no momento. O loiro ficava dando ideias sobre como deixar o ambiente mais aconchegante, parecido comigo e eu assentia aérea ao que poderia colocar ali. A verdade é que para mim nada importava desde que tivesse uma cama para dormir, mas se isso deixava ele feliz, eu que não iria atrapalhar seus devaneios. Quando terminamos de organizar tudo já era tarde da noite e fomos direto para a cama. No dia seguinte eu teria aula e nem consigo imaginar o que a Tsunade faria se eu faltasse.  

Como imaginei, na escola, ninguém sabia o que tinha acontecido comigo. Não notei nenhum olhar torto ou cochicho estranho, o que me deixava mais confortável para prestar atenção às matérias. Eu sempre fui uma aluna dedicada, agora eu só tinha mais um motivo para esquecer o mundo lá fora e focar no que o professor dizia. No final, como de costume, todos foram ao Ichikaru passar o tempo.

Com a mesa lotada de colegas, celulares, refrigerantes e batatas fritas, o assunto da vez voltou a ser o uso das redes sociais. Eles pareciam obcecados com o uso do tal do Facebook e eu nem conseguia acompanhar as atualizações de tudo o que faziam na plataforma. Ino, sentada a três pessoas de mim, começou a gritar meu nome para puxar conversa:

— Sakura, vi que você agora tem uma conta – disse – Já sabe como faz para colocar as fotos da sua testa grande lá?

— Não, Ino Porca – respondi – Ainda não sei direito como mexer. O Naruto criou a conta para mim, mas eu...

Ter falado isso em voz alta no bar ativou uma chave dentro da cabeça do loiro que eu não percebi na hora. Ele bateu a mão na mesa com força algumas vezes e se levantou, chamando a atenção não só dos nossos colegas, mas de todos que estavam por ali. Eu comecei a suar frio só de imaginar o que ele poderia fazer em seguida. Não, ele não seria tão idiota, certo?!

— Eu tenho um pronunciamento! – gritou – A partir de agora a Sakura mora na minha casa! Nós somos colegas de quarto! Digam o que quiserem, mas agora somos muito mais maneiros do que vocês, isso eu tenho certeza!

Eu empalideci. Ele era sim um grande idiota. O meu sossego na escola tinha acabado ali. Algumas pessoas começaram a gritar que estávamos namorando, outros que tínhamos casado. Hinata, que também estava em nossa mesa, simplesmente levantou e foi embora. Merda. Ele tinha uma mania terrível de falar sem pensar. Levantei e corri atrás dela.

Depois de muito andar, a encontrei alguns quarteirões depois, sentada em um ponto de ônibus, com os olhos inchados enquanto mexia freneticamente seus dedos. Sem saber muito o que fazer para consolá-la, me aproximei lentamente da outra ponta do banco e a encarei.

— Hina... – eu comecei – Não é bem isso o que as pessoas estão falando. Eu estava passando por uma situação difícil e o Naruto me ajudou, apenas isso. Você sabe mais do que ninguém o quanto somos amigos.

— Ah, Sakura – ela disse com a voz embargada – Eu gosto tanto dele. Isso vem desde que éramos crianças, lembra?! Só que isso pra mim foi a gota d’água. Por mais que ele tente sair comigo e a gente se divirta junto, eu vejo que não é o que o Naruto quer. Ele está apaixonado. Acho que se você não fosse tão obcecada com o Sasuke até hoje você perceberia o quão louco ele é por você.

— Hinata, isso que está falando não tem o menor cabimento – eu disse enquanto andava de um lado para o outro fazendo o sinal negativo com a cabeça.

— Você acha que eu gosto do que estou te falando?! – respondeu enquanto as lágrimas caíam do seu rosto – Por mais que eu tente, ele só tem olhos para você! Enfim, não me importa mais, eu não quero mais passar por isso, está demais para mim, mais do que posso suportar.

Ela entrou no primeiro ônibus que apareceu e me deixou falando sozinha. Eu, perplexa com a informação, voltei com a cabeça a um turbilhão para o bar. Lá, todos conversavam normalmente como se nada tivesse acontecido. Ino, agora sentada ao meu lado, começou a falar de outra rede social, uma que colocava belíssimas molduras em fotos, um tal de Instagram. Apenas acenei e disse que instalaria o aplicativo no meu celular quando pudesse.


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