Aconteceu escrita por Alanna Drumond


Capítulo 68
Capítulo 68




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No dia seguinte, estávamos prontos para voltar pra casa, mas eu achei muito cedo para Rafael pegar um avião e ficar um milhão de horas sentado numa poltrona desconfortável. Os pontos podiam arrebentar. Imagina só... Mas meus protestos foram em vão. Rafael e Marcella queriam voltar pra perto de seus país, e Dr. Duarte ainda estava internado no hospital, Rafael estava louco de preocupação. Além disso, eu, Alice e Dan tínhamos que voltar para a Duarte. O escritório estava funcionando com apenas dois advogados e Stella e o quadro de funcionários precisava ser reestabelecido.

Assim que desembarcamos, Marcella e Rafael foram direto pro hospital, não os acompanhei, afinal aquele era um momento de família e eu não podia cair lá de paraquedas me apresentando como namorada de Rafael em um momento tão difícil como aquele.

Sendo assim fui com Alice para o novo apartamento e me surpreendi. Era realmente mais espaçoso que o nosso e em uma região mais segura e tranquila da cidade. O banheiro agora tinha uma bancada dupla de modo que eu poderia escovar meus dentes sem Alice ficar me empurrando pra sair do caminho do espelho enquanto ela se maquiava. A cozinha era a melhor parte, dava para circular e ficar bem à vontade já que era ampla e feita em um conceito aberto que permita a visualização de quase todos os outros cômodos da casa. Até elevador o prédio tinha. Realmente, esse foi um ótimo investimento.

— Como você descobriu esse apartamento?
— Ah, então... Lembra do Caio?
— Não.
— Caio que estudou com a gente no ensino médio.
— Eu não lembro o que eu almocei ontem, como vou lembrar da existência desse ser humano sendo que eu não vejo a turma do colégio há 77 anos?
— Um gordinho chinês que usava óculos, que tinha um cabelo meio emo? – Alice insistiu e, apesar de não fazer ideia de quem seja esse Caio, eu disse que sabia quem era só pra ela não ficar falando dele por horas até eu finalmente me lembrar.
— Ah sei. O que é que tem ele?
— A mãe dele é a proprietária do apartamento e como a gente se conhece a muito tempo, ele a convenceu a dar um descontinho.
— Descontão né?! Me lembre de citar o nome da mãe dele nas minhas orações, porque nunca iriamos conseguir um apê assim, pagando tão pouco.
— Desde quando você saber orar?
— Desde de eu descobri que a única coisa a se fazer é confiar na fé – Alice sorriu pra mim e me abraçou.
— Tô orgulhosa de você. Segurou a onda bem e não surtou
— Isso porque você não me viu no dia da invasão – resmunguei.
— Foi o desespero, acontece. Mas o que importa é que tudo acabou. Nossa vidinha vai seguir plena e feliz.
— Vamos continuar falando do nosso apartamento? – cheguei próximo a janela e tentei localizar em que parte estávamos da cidade. – estamos perto da praia?
— SIM!!! Sete minutos de caminhada pra ser exata, eu e o Dan já testamos. E eu te falei né? Não precisamos acordar tão cedo pra ir trabalhar agora, o que é mais um motivo para eu amar esse apartamento.
— Realmente.
— Se não fosse por esses prédios ai na frente poderíamos ter uma vista e tanto da praia. As vezes eu odeio os centros urbanos.
— Falou a garota que se for pro meio do mato não sobrevive um dia.
— Haha engraçadinha – deu uma risada forçada e estava prestes a me dar uma típica resposta de Alice quando seu celular tocou e ela saiu correndo para atender.

Enquanto isso eu continuei vendo os novos detalhes do apartamento e me peguei imaginando que Dan deve ter ajudado Alice a organizar tudo, pois ela nunca ia conseguir arrumar tudo em tão pouco tempo. Alice era o caos em pessoa. Organização nunca tinha sido o seu forte. Eu estava olhando os vários porta-retratos que eu com certeza ia mudar – já que ninguém era obrigado a olhar pra minha cara de doze anos com o nariz enorme e as bochechas cheias de espinhas – quando a conversa que Alice estava tendo no telefone chamou a minha atenção.

— Vídeo? – ela falou – Ah mas eu quero ver isso é agora. Estou indo para ai. Minha amiga que divide apartamento comigo voltou de viagem, então vou leva-la comigo. Ela pode se lembrar de alguma coisa e ajudar nas investigações.
— Quem é? – perguntei baixinho quando ela olhou pra mim, mas ela não respondeu, só levantou a mão num sinal de espera.
— Certo – disse para a pessoa do outro lado da linha – em vinte minutos estou ai. Muito obrigada.
— E ai? Quem era?
— Era o investigador que tá cuidando do roubo na nossa casa. Parece que conseguiram imagens da câmera de segurança e acompanharam o trajeto dos assaltantes, acho que descobriram uma pista de quem foi que entrou na nossa casa. Temos que ir na delegacia agora.
— Não aguento mais delegacia. Quando foi que a minha vida virou esse romance policial de péssima qualidade?
— Quando eu não sei, mas eu sei que você é mais feliz assim. Apesar de tudo
— Talvez seja por causa de tudo.

Ao chegar na delegacia, fomos direto conversar prestar o meu depoimento, coisa que eu achei sem necessidade já que eu nem estava no país quando o assalto aconteceu, mas Dan – que nos acompanhou como  nosso advogado – disse que era normal. Assim que os depoimentos acabaram, Alice, eu e Dan fomos para uma sala que tinha várias câmeras. O investigador começou a mostrar algumas imagens das câmeras das ruas. Tinha imagens desde o momento em que dois homens encapuzados entraram no meu apartamento até o momento em que saíram e entraram em um carro preto que foi para um restaurante perto que ficava perto do escritório. Já tinha almoçado algumas vezes com Rafael e seus clientes chatos lá.

Não dava para ver o rosto dos homens que desceram do carro e entraram no restaurante, por isso ficamos olhando todas as pessoas que saiam do lugar, pra ver se eu ou Alice reconhecíamos alguém.

— Isso não tá adiantando nada. Não conheço ninguém. – Alice disse.
— Eu acho muito improdutivo ficarmos olhando esse monte de gente entrando e saindo desse lugar – eu completei – A chance de conhecermos o assaltante é quase zero.
— Não queremos descartar nenhuma possibilidade – disse o investigador
— Foco meninas. Olhos na tela. – ordenou Daniel.

Quando já se passava da vigésima sétima pessoa e minha paciência estava se esgotando, eu vi alguém. Uma pessoa que eu nunca esqueceria.

— Pare – eu pedi e o investigador congelou a imagem
— As senhoras reconhecem esse homem?
— Não faço ideia de quem seja – Alice disse.

Mas eu fazia. A imagem foi muito clara para mim. O homem era alto e largo de pele clara, tinha um piercing na sobrancelha esquerda e uma falha, ou um risco proposital, na direita. E os olhos... ah os olhos. Eram os mesmos olhos do homem quem tentou matar o amor da minha vida.


— Ana – Daniel chamou – quem é esse homem?
— Júlio Lima. Também conhecido como o homem que tentou matar meu namorado.
— Filho da puta. - exclamou Daniel


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