Aconteceu escrita por Alanna Drumond


Capítulo 57
Capítulo 57




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Pelo barulho, acho que alguma coisa de vidro caiu no chão.
— Que barulho foi esse?
— Veio da cozinha. Mere deve ter deixado alguma coisa cair. Vou lá ver. – soltei a mão de Ana, mas ela me puxou de volta e selou nossos lábios em um beijo avassalador. Em pouco tempo estávamos sem folego. E com aquele beijo eu vi que Ana reforçava tudo aquilo que me disse há poucos segundos quando afirmou que me amava.
— E você ainda quer que eu acredite que está sem energia?
— Agora você pode ir – ela disse. Eu a beijei, de novo, suavemente terminado com alguns selinhos.

Não sei porque, mas me pareceu errado deixa-la ali sozinha. Tive que fazer uma força enorme para me afastar dela. Enquanto eu atravessava a sala de jantar para ir pra cozinha eu não pude deixar de pensar em quantas vezes pensei em despedida nos últimos dias. Primeiro na ligação com meu pai, depois na conversa com Ana. E até mesmo agora, no nosso ultimo beijo que parecia de fato uma despedida. Acho que eu estava ficando doido. Talvez eu devesse ouvir os conselhos de minha mãe e procurar uma terapia.

Todos os meus pensamentos foram dissipados quando eu entrei na cozinha e vi uma travessa de vidro no chão, espalhando comida para todo lado, e mais adiante o corpo de Mere caído no chão. Eu corri até ela, que estava desacordada, e me segurei para não tocá-la. Ela estava ferida. Tinha um corte, não muito profundo, mas que sangrava bastante na testa perto da raiz do cabelo.

— James! – eu chamei, mas não tive resposta. Precisava tirar ela dali e levar para um hospital, mas duvidava que conseguiria sem ajuda. Ela era bem pesada.
— Mere – toquei o rosto dela com delicadeza – acorda. – eu não tive resposta – Fala comigo, por favor. Quem fez isso com você? JAMES! – chamei mais alto, mas ninguém apareceu. Onde foi que ele se meteu?
— Ra... Rafael. – Mere começou a se mexer e falou com dificuldades.
— Oi. Mere, estou aqui com você. Vai ficar tudo bem tá?! Vou te levar para o hospital, e você vai ficar bem. – ela levou a mão ao rosto mas eu a impedi de tocar no ferimento – Não toca. Você tá machucada. Sabe me dizer o que aconteceu? – ela se sentou. E então ficou muito agitada.
— O senhor está bem?
— Estou ótimo. Você é que não me parece bem.
— E Ana?
— Tá lá na sala, ela esta bem também. Mere, o que foi?
— Um homem. Um homem de preto entrou pela porta dos fundos. Ele estava armado, não sei como ele conseguiu entrar. – eu gelei e minha garganta ficou seca – Eu ia gritar, mas ele me acertou na cabeça com a arma e então eu não vi mais nada. Vocês tem sair daqui. É perigoso.
— Você consegue se levantar? – ela se apoiou em meu braço e se levantou com dificuldades. A vontade que eu tinha era de sair correndo atrás de Ana, mas não podia deixar Mere sozinha machucada ali. Eu a conduzi para um quartinho que tinha atrás da cozinha e a deixei sentada na cama.
— Faça um favor pra mim? – disse tirando meu celular do bolso – quero ligue pra polícia e pra uma ambulância. E tranque a porta quando eu sair. – vi o pânico crescer em seus olhos. – Acha que consegue fazer isso?
— Mas senhor é perigoso. Não pode ir lá sozinho.
— Eu sei. Vou tomar cuidado. Mas tenho que buscar a Ana. Vou trazê-la pra cá.
— Cuidado meu menino – ela me deu um beijo no rosto e pegou o celular de minhas mãos.

Assim que fechei a porta e voltei a cozinha, abri as gavetas com cuidado procurando alguma coisa que eu pudesse usar para defender Ana e eu. Peguei uma faca bem afiada e coloquei por dentro do meu jeans e peguei o cutelo que estava em cima da pia. Escondendo – o atrás de mim caminhei devagar e sem fazer barulho, apesar da minha vontade de sair correndo atrás de Ana.

Eu não queria fazer alarde. Eu sabia que o homem estava por ai em algum lugar e eu rezava com todas as minhas forças para eu encontra-lo no caminho, de modo que ele não tivesse conseguido chegar na sala e ver Ana. Eu prometi a ela que não deixaria nada de mal acontecer com ela, e não deixaria. Cumpriria a minha promessa custe o custar, mesmo que minha vida dependa disso.

Atravessei cômodo por cômodo e nada do filho da mãe. Trilhei meu caminho de volta a Ana, passei pela sala de jantar e finalmente cheguei a sala de estar, encontrando Ana parada, completamente branca, com o olhar assustado encarando um homem que assim como Mere disse, vestia preto e tinha uma toca na cabeça. Ele apontava uma arma diretamente para ela e eu estava bem atrás dele. Ana me viu e ficou ainda mais assustada. Olhando de volta para o homem ela ergueu as mãos em sinal de rendição. Exatamente como fez Sabrina há 10 anos atrás.


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