Aconteceu escrita por Alanna Drumond


Capítulo 5
Capítulo 5




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— Bom dia Dra. Brandão. – disse uma senhorinha sorrindo, muito fofa, para Alice. Que estranho chama-la de Dra. Brandão.
— Bom dia dona Sônia. Rafael chegou?
— Sim, ele tá na sala do Dr. Gomes.
— Ótimo. Essa é Ana Siqueira, ela veio para a entrevista para recepcionista.
— Ah sim. Prazer Ana – estendeu a mão me cumprimentando com um sorriso. – O Dr. Duarte não deve demorar. Você pode esperar aqui.
— Ok, obrigada. – Fui até as cadeiras e sentei.
— Minha sala é a ultima do corredor à esquerda, quando acabar vai lá para contar como foi – disse para mim e se virou pra dona Sônia – Ela não precisa ser anunciada ok, pode deixar entrar direto.
— Sim senhora.
— Boa sorte – disse sorrindo fazendo suas covinhas adoráveis aparecerem e partiu para sua sala.

Em menos de dez minutos o tal Rafael Duarte apareceu. Cumprimentou dona Sônia com um aceno, mas não sorriu. Ele olhou para mim, e, caramba, ele era bem mais bonito ao vivo do que pela internet. Seus olhos eram num tom de verde muito intenso que me fez corar só por estar olhando. O Cabelo era mais claro do que nas fotos, eu diria que era meio loiro escuro. A barba ainda era horrível e eu adoraria ver como ele seria sem ela. Acho que ele se sentiu um pouco incomodado com a minha avaliação, pois franziu o cenho e logo entrou na sala. Dona Sônia foi atrás dele logo em seguida. Acho que o ar condicionado não estava funcionando bem, pois eu estava sentindo um calor fora do normal. E obviamente, isso nada tinha a ver com o Rafael.

— Senhorita Siqueira, o Dr. Duarte já vai recebê-la. – Levantei e percebi minhas mãos suavam. Não dava pra ir ao banheiro lavar então passei a mão discretamente na lateral do blazer. Passei por dona Sônia e lhe dirigi um sorriso. Quando entrei na sala, percebi que ela acompanhava os tons pastéis do lado de fora além de ser muito espaçosa. Tinha uma mobília muito bonita e discreta. Só não era tão bonita quanto o homem que estava atrás da mesa, que me avaliava criteriosamente. Caminhei até ele torcendo para não tropeçar.

— Senhorita Siqueira, seja bem-vinda a “Duarte Advogados” – me estendeu a mão e eu apertei levemente.
— Obrigada, bom dia.
— A Dra. Brandão me disse que estava interessada na vaga de recepcionista. Sente-se, por favor. – Ele era enorme ou eu que era tampinha demais? Me sentei. Não era hora de pensar nisso.
— Estou sim.
— Você trouxe o seu currículo?
— Sim. – Quando fui pegar o papel no envelope vi que minhas mãos tremiam. O que estava acontecendo comigo meu Deus? Passei o papel para ele que, quando foi examinar, colocou os óculos do estilo aviador, que estava em cima da mesa, e que quebravam a seriedade que ele mantinha naquele terno, que por sinal deve ter custado muito caro.
— Vejo que já trabalhou em diversos segmentos.
— Sim, não tem sido muito fácil. O mercado anda meio difícil.
— Tempos de crise. Compreendo perfeitamente. Aqui diz que você é fluente em inglês e espanhol.
— Sim. – então do nada, o homem começa a falar inglês comigo. - It says here that you interrupted the Architecture course. (Aqui diz que você interrompeu o curso de arquitetura) – respirei fundo e tentei responder sem parecer nervosa.
— Architecture has always been my biggest dream. I didn’t give up, just postponed for financial reasons. But I will definitely complete my course. (A arquitetura sempre foi o meu maior sonho. Eu não desisti, apenas adiei por razões financeiras. Mas, com certeza, vou completar meu curso).
— Así lo espero. No se debe renunciar a los sueños. Entonces usted está en busca de estabilidad financiera para retomar los estudios. ¿Desea conciliar la facultad con el trabajo? Necesito a alguien que esté totalmente centrado aquí en la oficina. (Assim espero. Não se deve desistir dos sonhos. Então você está em busca da estabilidade financeira para retomar os estudos. Pretende conciliar a faculdade com o trabalho? Preciso de alguém que esteja totalmente focada aqui no escritório) – E então da água pro vinho, o homem pula do inglês para o espanhol. Ele estava me testando. Não pude deixar de notar como a voz dele ficava sensual em quanto falava em espanhol.
— No. Yo quiero trabajar y ahorrar dinero para que dentro de un tiempo me vuelve a estudiar. Me voy a dedicar al trabajo y solo cuando haya la cantidad que necesito volver a estudiar. (Não. Eu quero trabalhar e economizar dinheiro para que daqui um tempo eu volte a estudar. Vou me dedicar ao trabalho e só quando tiver a quantia que preciso voltarei a estudar).
— Então você quer um emprego temporário? – Graças aos céus voltamos ao português novamente. Lembrei-me do que Alice disse, sobre ele querer alguém por um ano, não sabia o que responder.
— Veja bem, a “Duarte Advogados” é uma empresa de renome. Os melhores advogados do país trabalham aqui e seria uma honra fazer parte dessa equipe. Mas como o senhor mesmo disse não se deve desistir dos sonhos. Vou lutar pela Arquitetura então sim, é algo temporário. – Não sei se eu disse a coisa certa, mas o cantinho da boca dele subiu um pouco numa tentativa de sorriso torto que ele logo reprimiu. Em seguida ele pediu para que eu falasse minhas principais características e meus defeitos e seguiu com a entrevista.  - Bom Ana, acho que já tenho tudo o que preciso. Eu entro em contato com você se houver alguma novidade. – ele estendeu a mão para mim e eu, que até então não tinha feito nenhuma besteira, fiz o favor de atropelar o porta-lápis dele espalhando várias coisas em cima da mesa.
— Ah me desculpa. Por favor, foi sem querer. – me apressei em tentar juntar tudo sem causar mais estrago e minha bolsa foi parar no chão. Ele estava muito sério. Muito mesmo. Não gostou nadinha de eu ter espalhado suas coisas.
— Pode deixar, eu arrumo – disse quando viu que eu estava fazendo mais bagunça ainda misturando seus papéis. - Ok. Sendo assim então eu aguardo um retorno. Muito obrigada Dr. Duarte e desculpa mesmo.               

Minutos depois eu estava me jogando na cadeira da sala da Alice completamente esgotada. Aquele homem não era de Deus. Ele era um deus grego. Lindo, inteligente, sexy e tinha uma voz. Céus que voz. Trabalhar para ele deve ser um inferno. Ainda bem que o cargo era para recepcionista, imagina se eu tivesse que trabalhar diretamente com ele. Comecei a considerar a possibilidade de que talvez se ele não me contratasse seria o melhor.


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