Aconteceu escrita por Alanna Drumond


Capítulo 36
Capítulo 36




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— Amiga, se joga nessa viagem e curte muito por nós duas – disse Alice me abraçando
— Eu vou trabalhar Alice, não vou a passeio.
— Mas eu tenho certeza que o chefe vai se esforçar para não ser o carrasco de sempre né, Rafael. Vai deixar ela pelo menos ir em um daqueles campos cheios de tulipas maravilhosos.
— Se não for na hora do trabalho, por mim tudo bem. – ele disse sorrindo
— Vai com Deus maninho, acaba com os holandeses, quebra tudo.
— Cuida de tudo ai pra mim. – disse abraçando Daniel que sussurrou algo no ouvido de Rafael que riu. Depois Daniel veio me abraçar.
— Boa viagem Aninha, se cuida e cuida do meu irmão.
— Pode deixar
— Ele vai vomitar.  Não se assuste, o Rafa odeia avião. – disse no meu ouvido.
— Por isso o remédio? – ele assentiu e eu ri. – obrigada por me prevenir.
— Antes de ir, vocês tem planos para o fim de semana? – perguntou a Daniel e Alice.
— Nada além de comer e dormir, eu acho. – Alice respondeu.
— Divirtam-se – Rafael tirou uma chave do bolso e jogou para Daniel.
— Que chave é essa? – Alice perguntou.
— Casa de praia dos meus pais. Acho que  vocês merecem uma lua de mel
— Como você descobriu? – Daniel perguntou.
— Você não fez questão de esconder.
— Vai demitir agora ou quando voltar de viagem? – Alice perguntou
— Não vou te demitir.
— Sério?
— Eu falei que ele não ia fazer isso – Daniel a abraçou de lado.
— Você não tá bravo?
— Por que eu estaria? Sabia que o rendimento do Daniel aumentou depois que começaram a namorar? Como chefe eu posso dizer que estou satisfeito e como amigo dele estou feliz por ele ter encontrado uma mulher que o faça feliz. Já estava na hora né?
— Obrigada – disse Alice corada, muito corada. Quase do tom do próprio cabelo, ela abraçou Rafael – você não é um carrasco.
— Droga – disse Rafael se soltando dela – eu gosto de ser o carrasco.

Assim que entramos no avião e nos sentamos Rafael se agitou um pouco. Eu estava do lado dele e ele sentado na janela. Olhava para todos os lados e segurava firme na poltrona.
— Você está com medo?
— Claro que não. Só não confio muito em aviões.
— Sabe que é um meio de transporte bem seguro né?
— Acho incrível o fato dele conseguir se manter no ar com todo esse peso. – ele olhou para a janela, suspirou e fechou os olhos apertando ainda mais a poltrona.
— Quer trocar de lugar comigo?
— Você faria isso? – tirei o sinto de segurança e me sentei na janela, pensei que com isso ele ficaria mais aliviado, mas não. Novamente segurou a poltrona como se a vida dele dependesse disso e fechou os olhos.
— Ei, tá tudo bem. São só algumas horas, logo estaremos em terra firme. Vai ficar tudo bem – disse pegando a mão dele que abriu os olhos e sorriu pra mim.
— Obrigado. Você é mesmo incrível. – o sorriso em seu rosto morreu assim que o avião começou a se mover. – Ai meu Deus. Não deixa esse troço cair – orou com os olhou fechados novamente.

Eu precisava acalmar aquele homem, ele estava muito nervoso. Rafael precisava parar de pensar na situação e eu só conhecia um jeito de fazer um homem parar de pensar. Eu toquei o seu rosto e ele abriu os olhos, me aproximei e selei nossos lábios. Ele correspondeu prontamente e eu só o libertei quando já estávamos no ar. Aquele beijo foi um pouco diferente, pois eu tomei a atitude e ele não esperava por isso. Nossos beijos nunca eram iguais e eu adorava isso. Cada um tinha uma coisa diferente que o tornava único e que fazia com que eu tivesse cada vez mais vontade de beijá-lo. Rafael usou aquele beijo para descontar toda a sua frustração e seu medo de modo que cada vez mais ele ficava mais intenso e mais envolvente. Eu estava totalmente entregue aquele beijo e tentava corresponder à altura. Infelizmente respirar era necessário e tivemos que nos separar, mas Rafael parecia outro, não tinha mais medo em seus olhos e ele já estava de volta cheio de si e totalmente seguro.

— Talvez incrível não seja um adjetivo bom o bastante para você. – ele sussurrou.
— Tá melhor agora?
— Você ainda pergunta?

O voo foi maravilhoso, Rafael e eu conversamos sobre várias coisas diferentes. Falamos de futebol, crenças, sonhos, culinária e até família. Era uma conversa leve, bem humorada e a cada palavra que saia da boca de Rafael, eu descobria um novo pedacinho dele que me deixava ainda mais encantada. Ele pediu um champanhe e começamos uma espécie de jogo. Ele fazia perguntas simples e eu respondia da melhor maneira possível para nos conhecermos melhor, e depois inverteríamos os papeis. Ele me contou desde coisas simples como sua cor favorita - o verde enquanto que a minha era laranja, mas não um laranja qualquer e sim o laranja do por do sol – até coisas mais complexas como o verdadeiro motivo que levou o Dr. Duarte a antecipar a sua aposentaria – O pai de dele foi diagnosticado com o osteossarcoma há quase dois anos atrás e depois de um longo tratamento aliado aos oitenta por cento de chances de cura, ele estava totalmente livre do câncer. – Rafael também me confidenciou que um dos momentos mais felizes de sua vida, foi quando ganhou a primeira causa como advogado e que o mais triste foi à morte de sua mulher e sua irmã, mas isso já era de se esperar. Ele não falou muito de Sabrina e pra ser sincera, eu não queria saber muito, porque naquele momento só existia nós dois. Ele estava sorrindo mais facilmente e vez ou outra pegava minha mão e brincava com nossos dedos que ora estavam entrelaçados, ora estavam livres.

Depois de algumas horas conversando sem parar, resolvemos ver um filme de comédia, mas eu acabei dormindo antes de acabar, o que é muito estranho tendo em vista que eu nunca consegui dormir em um avião. Na verdade, Rafael deu um empurrãozinho para isso acontecer. Enquanto estávamos assistindo o filme, Rafael me puxou para seus braços fortes e eu apoiei minha cabeça em seu peito. Ele fazia carinho na minha cabeça e brincava com meu cabelo recém hidratado enquanto eu ouvia as batidas de seu coração. Era quase uma canção de ninar. Eu dormi nas nuvens – literalmente – nos braços do homem que eu amava.


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Notas finais do capítulo

Fim da parte I



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