Aconteceu escrita por Alanna Drumond


Capítulo 35
Capítulo 35




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— Ana? – disse Gustavo acompanhado de sua irmã, Raquel. Ela continuava exatamente como eu me lembrava: morena, baixinha e sem graça. E com a enorme e repulsiva verruga na bochecha. Ela nem se deu o trabalho de me cumprimentar, na verdade ela nem me olhou.
— Oi Gustavo.
— Eu não sabia que estava aqui. Não se preocupe, já vou embora. Só vim deixar a Raquel. Eu sinto muito pelo jeito que te tratei aquele dia. – disse colocando as mãos no bolso – Não vai mais se repetir, eu prometo. Eu te queria de volta e quando te vi com aquele cara acabei explodindo. Me desculpa. Eu... – ele estava sem jeito e pela cor em suas bochechas, estava envergonhado também – Espero que seja feliz com seu namorado novo. – ele não me passou confiança nem verdade, mas preferi não falar nada. – Só seja feliz enquanto estiver com ele. – eu não sabia o que Rafael era, mas era melhor Gustavo pensar que estávamos juntos.
— Eu vou ser.
— Vai embora Gu, antes que esse tal de Rafael apareça e chame a polícia pra você. – Raquel ficou na ponta do pé e beijou a bochecha de Gustavo que virou as costas e foi embora.

De todas as pessoas no universo, a ultima que eu queria encontrar hoje era o Gustavo. Ele mudou muito, não era nem de longe o cara com quem eu me envolvi, ou talvez ele seja um belo de um ator que conseguiu me enganar por um tempo. A questão é que eu não queria pensar nele. Eu tinha coisas melhores e mais importantes pra fazer, como me preparar para a viagem. Depois do salão fui pra casa e dormi um pouco já que sabia que não ia pregar o olho dentro do avião. Eu nunca consegui dormir dentro de um.

Alice me pegou em casa e depois de muita dificuldade pra colocar toda aquela bagagem no carro pequeno que ela tinha, partimos para o aeroporto. Chegamos lá com antecedência de modo que esperamos Rafael, que vinha acompanhado de Daniel, em uma lanchonete, pois Alice estava varada de fome.

— Até que a reunião foi tranquila – ela começou – O Rafael deixou o Dan no comando, como era de se esperar, e deu a entender que o quadro de funcionários vai ser enxuto novamente. É só uma pressão. No almoço o Dan me disse que isso faz parte do plano deles pra pegar a Juliana.
— Que plano?
— Na verdade ele não me disse muita coisa. Mas acho que a ideia é demiti-la. O Rafael não ia reduzir o quadro de funcionários assim do nada, até porque ele já fez isso recentemente quando mudamos para o prédio novo.
— Você é muito inteligente senhorita Brandão. – disse Rafael chegando acompanhado de Daniel. Ele usava uma jaqueta de couro por cima de uma camiseta branca, os cabelos castanhos um pouco mais bagunçados que o normal e tinha um sombreado no rosto mostrando que a barba estava começando a crescer. Estava absurdamente sexy.
— Obrigada.
— Ela tem razão – prosseguiu Rafael – não posso demitir, pois não tenho prova nenhuma contra ela. Apenas o pedaço de uma conversa que o Daniel ouviu é insuficiente e injusto para uma demissão.
— Então o que vão fazer? – perguntei.
— Vamos observar. – disse Daniel – Ela disse que essa viagem para a Holanda vai ser um divisor de águas não é? Vamos ver o que vai acontecer. A ameaça de demissão foi só pra botar uma pressão como Alice disse. O Rafa sabe como a Ju age sob pressão.
— E como ela age? – Alice perguntou.
— Ela fica nervosa e erra. Troca os pés pelas mãos e fica desesperada. Se alguma coisa acontecer e, eu acho que vai acontecer, vamos saber que foi ela. – disse Daniel.
— Fácil assim? – eu disse.
— Fácil assim. – Rafael respondeu. – ela vai pisar em falso e vamos pegá-la. E eu confesso que estou muito curioso pra saber como é que ela vai me ter em suas mãos.
— Queria não ser o pivô dessa confusão. Eu nem sei por que ela me odeia.
— Eu acho que eu sei. – disse Daniel dando um sorriso pra Rafael que revirou os olhos e suspirou.
— Garçom? Uma água, por favor. – Rafael pediu em seguida olhou para Alice que agora tinha o canto da boca sujo de ketchup e devorava um sanduiche – quem vê você magrinha desse jeito diria que é incapaz de comer tudo isso.
— Você não faz ideia do que eu sou capaz chefinho – disse Alice com uma voz extremamente sedutora.
— Eu sei – Daniel disse dando um sorriso para ela.
— Se você sabe por que ela me odeia, então me fala – disse olhando pra Daniel e ignorando Alice e Rafael.
— É só uma suspeita.
— Ainda assim, quero saber.
— Trabalhamos com provas mocinha. Suposições não vão ajudar em nada. Estamos em busca das provas. Aquela ligação foi uma clara ameaça a sua bela pessoa, mas estamos cuidando disso. Você não precisa se preocupar – disse Daniel enquanto isso o garçom trouxe um copo de água para Rafael que tirou do paletó um pequeno vidro de remédio.
— Tá doente? – perguntei a Rafael.
— Não – ele respondeu e Daniel riu.
— O que tá acontecendo? – Alice perguntou de boca cheia, mas ninguém disse nada. Daniel sorriu para ela e piscou para mim, enquanto Rafael novamente revirava os olhos.

Enquanto seguíamos para a fila de embarque, Daniel e Alice caminhavam um pouco atrás de mim e Rafael. Ele aproveitou a distância dos dois para conversar comigo.

— Devo dizer que conseguiu ficar ainda mais linda, se é que isso é possível. Gostei do que fez com o cabelo. – eu sorri
— Você também não está nada mal. Achei que não existisse outra coisa no seu armário que não fosse ternos. – ele riu.
— Senti sua falta hoje. Acho que já me acostumei com você invadindo o meu escritório, assoviando durante as reuniões e bagunçando meus contratos.  
— Eu não sei isso é uma coisa boa. Foi um elogio ou uma crítica? – brinquei.
— Encare como quiser. – ele desacelerou o passo e estávamos juntos de Alice e Daniel novamente. – a gente se despede aqui.


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