Nero DD Dark Diamond - Primeira Saga escrita por Samuel Stanford


Capítulo 3
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Como vocês viram, a história não está se passando no mesmo ano que passou a novela (2014) por enquanto... A história está se passando no passado ainda, tudo começou a acontecer no ano de 2013 que é o ano de uma outra história que talvez eu poste aqui também em Outubro.



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       14 de Fevereiro de 2013

 Comendador estava caminhando em direção ao elevador do estacionamento, quando lembrou que Josué havia demorado bastante tempo para voltar até o carro, então, ele perguntou:

 - Por que demorou tanto tempo? Tinha alguém na sala?

 - Estava verificando todo o seu aposento, Comendador.

 Foi uma resposta rápida, então não tinha motivos para desconfiar de Josué, afinal, Josué é seu grande amigo, nunca iria traí-lo. Os dois caminhavam tranquilamente quase chegando ao elevador, quando de repente uma pesada e afiada guilhotina cai atrás dos dois.
 O comendador virou-se ficando realmente surpreso, a lâmina da guilhotina havia caído de uma forma que trincou o afasto do chão e a lâmina ficou emperrada ali mesmo, Zé estava a um centímetro de distancia da guilhotina que fez ele pensar que aquilo foi posto para cair em cima dele, já que a mesma havia caído do lado direito que era exatamente onde estava. Olhou para cima para ver de onde aquilo tinha vindo, mas não tinha como colocar a guilhotina lá em cima a não ser que estivesse presa em uma corda e alguém cortasse a corda, mas o esquisito é que não tinha corda nenhuma, ficou pensando como aquilo caiu do nada e por que não conseguiu atingir ele?

 - Você também está vendo isso, Josué? Como que...?

 - Sim, Comendador! É bem esquisito... – Falava Josué confuso com o ocorrido. -... Apareceu assim do nada.

 - Isso podia ter me partido ao meio... Mas como apareceu? – Perguntava Zé meio chocado.

 - Talvez tenha sido aquele tal demônio que o senhor disse.

 - Sim, Josué! Pode ter sido sim aquele maldito. Mas por que ele erraria o alvo? – A expressão de José Alfredo era de dúvida.

 - Talvez ele quisesse assusta-lo e apresentar isso como algum tipo de aviso.

 - Bem... – Zé voltou ao seu olhar sério. – Seja lá o que ele tentou fazer, não funcionou comigo.


Finalmente Zé Alfredo adentrou em seu aposento, desta vez em segurança, e como Josué havia verificado não havia sinal de nenhuma pessoa em casa, o que deixou Zé bem aliviado. Ele virou-se para Josué ordenando que ele chamasse Maria Marta para ir até o quarto dele, e dizer que ele tinha uma surpresa para ela. José Alfredo queria ver a reação de Marta quando ver que ele voltou a ser jovem, seria algo divertido para ele.

Maria Marta Medeiros de Mendonça e Albuquerque, conheceu José Alfredo em Genéve na Suíça quando ela tinha apenas 24 anos de idade, a primeira vez foi quando estavam em um banco e a mesma passou na frente dele no atendimento, Marta descende de uma família aristocrática, ela havia se divorciado de Renato que prometera deixar boa fortuna para ela, porém, ao chegar aos cofres do banco ela descobriu que foi enganada por Renato. Sem nenhum tostão no bolso, Marta pergunta a José Alfredo se poderia dar uma carona para ela, mas a mesma incomodada por quase estar contando tudo de sua vida a um estranho atravessa a rua sem olhar, José Alfredo percebendo que um veículo vinha em direção da moça rapidamente a salvou de um possível acidente. O rapaz deixou que a moça ficasse no apartamento que alugou, a mesma se ofereceu para ser sua interprete, mudar o jeito dele se vestir e etc. Conforme o tempo foi passando, os dois acabaram se apaixonando um pelo outro, até que Marta deu-lhe a notícia de estar grávida fazendo Zé decidir ter mais dois filhos e Marta o ajudaria a construir o seu Império.
 Os anos se passaram, Marta agora é conhecida como Imperatriz dos diamantes, e alimenta um grande amor por seu marido, José Alfredo, mesmo sabendo que o relacionamento entre eles já acabou há tempos. Capaz de fazer tudo para conseguir seus objetivos e para defender seus filhos, principalmente o filho mais velho, José Pedro. Com 55 anos ainda continuava sendo uma bela mulher. A íris de seus olhos eram verdes como esmeraldas; cabelo meio curto e castanho escuro muito bem arrumado; usava pequenos brincos com pedras de diamante; e ela estava usando um belo vestido preto de seda esvoaçante. Ela colocara aquele vestido apenas para agradar o Comendador, por causa da surpresa que ela achava que poderia ser muitas joias, ou, parte da fortuna dele, mas no fundo ela também achava que ele quisesse fazer algo romântico para ela, há tempos que isso não acontecia.
 A mulher chegou ao aposento, procurou por José Alfredo, mas não o encontrou na sala, pensou então que ele poderia estar no seu quarto, então, subiu devagar os degraus da escada e dirigiu-se até o quarto de Zé Alfredo caminhando pelo largo corredor. O quarto dele ficava virando um pouco a esquerda no corredor, Marta parou em frente à porta arrumando bem o seu cabelo com uma das mãos enquanto segurava a bolsa pendurada no braço direito.
 
Deu quatro batidas na porta chamando por José Alfredo e perguntando:

 - Qual é a tal surpresa que você quer me mostrar?

 Foi quando Zé abriu a porta que naquele momento Marta realmente ficou muito surpresa e ao mesmo tempo espantada. Assustada ela rapidamente fechou a porta.

— E-Eu... Acho que estou ficando louca! – Falou encostada na porta do quarto com olhar de espanto e a mão sobre o peitoral.

 - Você já é louca, Marta! – Disse Zé com um sorriso debochado.

Marta percebeu que até a voz de Zé Alfredo havia mudado um pouco, ficando ainda mais surpresa e espantada do que antes.

— Não pode ser...

Ela abriu a porta e ficou olhando bem para José Alfredo, atordoada e ao mesmo tempo confusa. Não parecia ser ilusão, ele parecia mesmo ter voltado a ter seus 22 anos de idade.

— O-O que aconteceu com você, Zé...? – Perguntou Marta ainda não conseguindo acreditar no que seus olhos lhe mostravam.

Zé olhou em volta verificando se havia alguém por perto, e assim, disse:

— Entre, rápido!

Após a madame entrar no quarto e ele fechar a porta com tranca, Marta aproximou-se dele e o tocou para ter certeza que o que estava vendo não era ilusão.

— Não sou uma ilusão, Marta!

— Será que não to sonhando? Me belisca!

Zé deu um beliscão tão forte no braço de Marta que a mesma deu um grito alto de dor.

— Não precisava ser tão forte! – Falou ela passando a mão no local do beliscão. Ela se afastou um pouco impressionada com a realidade daquela situação.

— E-Então... Essa era a surpresa que queria me mostrar?

Ela olhava para Zé que estava com um sorriso de deboche, percebendo que era por causa de sua reação, rapidamente a Imperatriz disfarçou sua reação.

— Bem... Então como que isso aconteceu do nada? Tem certeza que não estou ficando louca?

— Não, Marta. Não está ficando mais louca do que já é.

— Pelo que vejo o jeito bronco não mudou... – Disse ela em tom provocativo. – Mas me conta, o que aconteceu? Foi bruxaria, ou, fez algum tipo de SPA e plástica?

— Não foi nada disso, Marta. Eu não teria tanto tempo pra fazer SPA, ou plástica do dia pra noite, e, além disso, não é do meu estilo ir nesses tipos de lugares, não sou igual a você. Também não foi bruxaria, apesar de parecer um pouco.

— Então foi o que? – Marta olhava sem entender.

O Comendador ficou um bom tempo contando tudo que aconteceu no dia anterior, como sempre tirando o detalhe da existência do diamante, pois sabia que Marta era a pior de todos se soubesse da existência daquela preciosidade. Contou que pensou que tudo aquilo não passava de um sonho, porém, no fim percebeu que era tudo real. Nero existe realmente, e demônios também.
Após Marta escutar tudo que Zé Alfredo havia lhe contado, ela ficou olhando para ele desacreditada e diz:

— Isso é realmente sério? Demônio com a mesma aparência que a sua, e uma moça que também é um demônio querendo te ajudar? – O tom da voz de Marta era totalmente descrente. – Me desculpe Zé... Mas é difícil acreditar, isso é impossível!

— Marta, pelo amor de Deus! Como pode dizer isso, ainda mais do jeito que estou?! Você que é mais religiosa do que eu, achei que acreditaria. No começo eu também não estava acreditando, mas é realmente tudo verdade!

— Tudo bem! Já entendi. – Ela suspirou, na verdade não conseguia entender como aquilo podia ser possível de ser real. – E os nossos filhos? Uma hora vão acabar te vendo desse jeito.

— Irei contar a verdade pra eles.

— O que? – Marta ficou perplexa com a resposta dele.

— Isso mesmo, e será agora! Quero ver a reação de todos. – Falou ele com um sorriso malicioso. – Reúna todos na sala, please?

— Você está se divertindo com a sua situação?

— Talvez só um pouco. – Respondeu ele fazendo sinal de pouco com os dedos.

— Certo! Você quem sabe, Imperador. – Diz Marta indo em direção à porta e destrancando, antes de sair ela o olha e diz com deboche. – E esse negócio de ter super poder igual nos filmes, é ridículo, você mesmo deve ter inventado essa parte da história.

José Alfredo sorri assim que Marta sai do quarto, mal esperava ela que iria quebrar a cara com o que acabara de falar a ele.
 Depois de algum tempo, Marta reuniu os filhos na sala dizendo para os três que o pai deles tinha algo importante para dizer-lhes, a Imperatriz também ordenara que os empregados ficassem apenas na cozinha e que não os interrompessem em nenhum momento. Ela não queria que os empregados ficassem falando sobre o que viram pelos cantos da casa.

 José Pedro é o filho mais velho, casado, e o filho preferido de Marta. É ambicioso, seu sonho é assumir os negócios da família e não importa se para isso tenha que derrubar o pai e os irmãos. Quer sempre mostrar ao pai que merece ser o seu escolhido e capaz de sucedê-lo á frente do Império. Com a ajuda da mãe, pensa em ser capaz de tudo para conquistar aquilo que mais deseja, o poder, mas suas decisões nos negócios da empresa, nem sempre acertadas comprometem sua reputação junto ao Comendador. O filho mais velho estava vestindo um terno preto; camisa social branca com gravata; seu cabelo era curto e preto bem arrumado; barba rala; e a íris de seus olhos eram castanhos.

 Maria Clara é a filha do meio e a preferida do Comendador, trabalha na empresa do pai como designer de joias, culta, antenada, e honesta. É uma moça charmosa e de bem com a vida; o tipo de mulher firme, forte e decidida. Namora com Enrico Bolgari desde 2012, Enrico é filho de Cláudio Bolgari o cerimonialista da sociedade carioca que sempre organizou as festas da empresa. Seu cabelo é de comprimento até a altura da nuca e de cor castanho; estava vestindo uma blusa sem manga de cor preta, e uma saia.

 João Lucas é o filho mais novo e irresponsável da família. Viu seus irmãos crescerem á sombras dos pais, recebendo todo o carinho e preferência de ambos. A rejeição que sente por aquilo que acredita ser indiferença é muito forte, e gosta de tentar chamar atenção dos pais com provocações e atitudes erradas. Considerado o filho problemático e rebelde, e vive até um pé de guerra com a mãe. Prefere ficar em casa sem fazer nada, jogando vídeo games, navegando na internet, ou saindo com sua melhor amiga Maria Eduarda. Estava vestindo uma jaqueta de couro preta; camiseta branca e calça jeans; tem cabelo bem curto ralo; barba a fazer; e a íris de seus olhos eram esverdeadas.

 - Será que é algo muito importante? – Perguntou Maria Clara sentada em um dos grandes sofás brancos da sala.

 - Pelo que ele me disse, parece que sim... E algo que vai deixar todos de cabelo de pé. – Diz Marta deixando os filhos bem mais curiosos.

 Ouviram passos vindos da escada, José Pedro que estava em pé com as mãos dentro do bolso do terno olha em direção da escada, junto com Maria Clara que se ajeita no sofá para também olhar. Lucas que estava deitado desajeitadamente do outro lado do sofá, sentou-se para também olhar em direção à escada. Quando finalmente viram o todo homem de preto se surpreenderam, seus olhos estavam arregalados e boca aberta, estava totalmente surpresos e ao mesmo tempo confusos em verem vosso pai jovem daquele jeito, e continuavam com a mesma expressão quando o Comendador parou no centro da sala.

 - O que foi? – Perguntou José Alfredo. – Nunca viram isso acontecer na vida de vocês? – O Comendador estava adorando ver à reação dos filhos.

 - É-É óbvio que não. – Respondeu João Lucas que olhava espantado, mas começando a curtir aquela loucura toda. – Até ontem você era só um velho barbudo.

 - O que foi que aconteceu pai? – Pergunta Maria Clara indignada e desacreditada no que estava vendo com seus próprios olhos.

 Comendador já estava bem cansado de ter que repetir a mesma história, se ele tivesse que contar de novo pra mais alguém era capaz dele acabar surtando, só de ter que falar o nome do Nero umas mil vezes já crescia um ódio dentro dele sem explicação, ele suspirou e mesmo assim resolveu contar toda a história do mesmo jeito que havia contado para Marta. Conforme ele contava o acontecimento os filhos ficavam mais espantados do que antes, estavam de boca aberta e até mesmo desacreditados com aquela história.
 Assim que Zé acabou de contar, um silencio permaneceu por alguns minutos, um olhando para a cara do outro, até que o silencio foi quebrado pelas palmas de João Lucas.

 - Maneiro! Muito boa à história, pai... – Ele parou de bater palmas ao ver os olhares de todos voltados a ele com expressões bem sérias.

 - Isso realmente aconteceu? Não estou acreditando muito nessa história de demônios. – Falou José Pedro em um tom descrente e duvidoso.

 - Sem dizer que essa história de super poderes é ridícula, e com certeza o pai de vocês inventou essa parte. – Disse Marta com um sorriso meio debochado.

 - Eu nunca inventaria ter poderes especiais, você sabe muito bem disso Marta! Você me conhece muito bem. Afinal, só o Lucas inventaria esse tipo de coisa.

 - Ele tem razão. – Concordou Lucas.

 - Só pra provar que estou dizendo a verdade, vou mostrar algo á vocês.

 Zé Alfredo disposto á provar que tem poderes, olhou fixamente por bastante tempo para um dos vasos que estava posto em uma mesinha da sala, todos esperavam em silencio algo acontecer, mas já estavam começando a achar que realmente José Alfredo tinha inventado parte da história. Logo os olhos de José Alfredo começaram a mudar repetidamente do castanho para o lilás fluorescente igual quando estava no Monte, mas ao em vez de levantar apenas o vaso com a mente, acabou levantando a mesinha deixando todos olhando fixamente surpresos e espantados. Ele fechou os olhos respirando ofegante, e nisso a mesinha caiu com força se quebrando no chão. Clara colocou os pés no sofá segurando as pernas e com uma das mãos sobre a boca, João Lucas havia curtido muito aquilo que seu pai tinha feito achando muito maneiro, Marta se afastou na hora que a mesinha caiu com a mão sobre o seu peitoral.

 - Meu Deus do céu! Se eu não te conhecesse, José Alfredo acharia que estava possuído, mas te conhecendo bem acho que é o próprio coisa ruim...

 - Não me compare com o Nero não, Marta. – Falou Zé incomodado com o que Marta disse.

 Zé Pedro que olhava mais impressionado que os outros, meio sem graça o elegante rapaz abaixa um pouco a cabeça e diz:

 - T-Tudo bem! Eu acredito agora... Me desculpe, pai.

 Clara deu um suspiro estupefata, tirando os pés de cima do sofá, se tudo aquilo era mesmo real, então, achou que seria importante se perguntasse sobre o tal demônio que seu pai havia mencionado.

 - O que a gente faz se o tal Nero aparecer pra um de nós?
 
— Me chamem que irei enfrenta-lo com unhas, dentes, e poder! – Respondeu ele de forma confiante, subestimando a força de Nero. – Agora não quero mais perguntas, vou me retirar, pois preciso descansar. Reunião encerrada!

 José Pedro olhava para o pai pensando que poderia dar uma surra nele ali mesmo já que o mesmo agora era jovem, mas pensou bem e achou melhor não sujar as mãos, apesar de ser responsável e elegante demais para fazer esse tipo de coisa. Já João Lucas pensava se o pai iria querer jogar vídeo game junto com ele, mas talvez sua cabeça de homem velho não deve ter mudado igual a sua aparência.
 Acharam melhor deixar o Comendador ir descansar, pois, sabiam que o mesmo não iria responder mais nada do que fossem perguntar, e se tivessem que perguntar mais alguma coisa era melhor deixarem para depois que o mesmo tiver bem mais disposto. Zé foi diretamente até o seu quarto, estava cansado demais, teve um dia cheio e muito maluco, ele se importava com sua família, mas teve um dia muito cansativo e precisava descansar o máximo que podia se quisesse ficar mais poderoso que o Nero, e proteger tudo que tem. E quanto mais rápido isso acontecesse, mais rápido recuperaria seu diamante rosa.
 Finalmente silencio, até suspirou aliviado, precisava relaxar logo. Tirou o terno colocando-o na poltrona de seu quarto, após, dirigiu-se até sua cama sentando-se na beirada dela. Foi quando viu Ellen aparecer em seu quarto para ver como ele estava e desejar um ótimo descanso, no começo ele se surpreendeu, observava atentamente a moça aproximar-se dele e logo sentar ao seu lado na cama.

 - O que faz aqui Eliane? – Perguntou ele em tom curioso.

 Ellen parecia ter corado ao olhar para Zé Alfredo, talvez sempre ficasse desse jeito quando chegava muito perto dele.

 - Estarei aqui às 6 horas da manhã para leva-lo no seu primeiro treinamento, tudo bem pra você?

 - Okay, tudo bem!

 Ellen deu um sorriso tímido, e Zé também retribuiu com um sorriso.

 - Você acha que conseguirá?

 Zé ficou olhando para o nada por um tempo pensando se realmente ia conseguir fazer aquele tipo de coisa, treinamento; controle de seus poderes; derrotar Nero.

 - É claro que vou conseguir! Eu sou o Comendador, eu posso fazer e ter o que eu quiser! – Falou com orgulho para Ellen e para sim mesmo.

 Ellen levantou com um sorriso, suspirou e disse:

 - Claro que vai sim! Agora descanse bastante. – Ela deu um beijo na testa dele e se afastou despedindo-se dele. – Até amanhã.

 - Até.

 Assim que Ellen desapareceu, Zé deitou-se na cama esperando o sono chegar, e por fim fechou os olhos caindo no sono.



15 de Fevereiro de 2013

 A manhã chegou quando um travesseiro bateu no rosto do Comendador, ele acordou tirando o travesseiro e sentando-se na cama ainda sonolento, esfregou os olhos e olhou para o lado. Lá estava Ellen de pé ao lado da cama dele, ela quem tinha jogado o travesseiro, ela estava esperando Zé acordar.

 - Bom dia Zé! – Ela piscou e sorria, o mesmo sorriso tímido de sempre.

 - Você não dorme? – Perguntou Zé olhando para ela com cara de quem não acordou totalmente.
 Ellen gargalhou com a pergunta que Zé havia lhe feito.

 - Ah Zé, nós demônios não precisamos dormir.

 - Ah... Certo. Entendi...

 Zé olhou para o relógio vendo que marcava 06:06 da manhã, se levantou devagar da cama, após indo se trocar. Ellen ao ver que Zé estava indo trocar de roupa ficou totalmente vermelha de vergonha, e nisso diz toda sem graça:

 - M-Melhor eu sair do quarto, não é?

 - Você é um demônio, se importa com isso? – Perguntou ele não querendo parecer rude enquanto pegava a roupa.

 - E-Eu sou diferente das outras demonias... I-Irei me retirar...

 - Eliane, não preci...- Interrompeu a frase ao virar-se e ver que Ellen havia sumido do local.

 Assim que Zé acabou de colocar sua camisa social, calças e sapatos, pediu para que Ellen já pudesse reaparecer. Agora que ele já havia se trocado estava menos envergonhada, e perguntou:

 - Está pronto para começar o treinamento?

— Nem acredito que estou fazendo isso. – Falou Zé enquanto arrumava sua cama de forma bem organizada como de costume. Ele não gostava de deixar nada, nem lençol, ou travesseiro totalmente desarrumado e fora do lugar, era sua velha mania de deixar qualquer coisa perfeitamente organizada.

 - Vamos lá Zé. Vai ser legal! Capaz até de você gostar.

 - Tudo bem!

 Ellen sem querer pega na mão de Zé Alfredo, e os dois percebendo tal ato acabam se entre olhando um para o outro por alguns instantes. Ficando totalmente corada, ela logo soltou a mão de Zé Alfredo e dirigiu-se para a porta.

— Não vai abrir a porta?

Zé ficou um tempinho em silencio pensativo e tentando entender o que acabara de acontecer ali, quando despertou de seus pensamentos dirigiu-se logo para a porta.

 - Ah, é claro!

 Ele destrancou a porta olhando para Ellen que ainda parecia estar envergonhada e sem coragem de olhar para ele. Saíram do quarto e trancou a porta ficando ali parado com Ellen, disposto a quebrar aquele silencio resolveu perguntar:

 - Tem certeza que não quer dar a mão?

 Ellen olhou para ele mais vermelha do que antes, estava igual a uma pimenta, virou o rosto para o lado respondendo:

 - Tenho! Não precisa, tá tudo bem assim.
— Você é tímida ainda, como era a Eliane... Você não deveria ser diferente dela por ser a versão demônio?

 - Sim! Mas é que... – Ela pausou a fala e abaixou a cabeça. – Deixa pra lá, lembranças ruins...

 - Com o Nero?

— O-O que...? – Ellen olhou espantada e um pouquinho corada para Zé Alfredo, mas disfarça que foi meio que pega de surpresa pela pergunta. – Não! Claro que não! Nada haver, nunca me encontrei com ele antes...

 Zé Alfredo ficou olhando desconfiado para Ellen, seja lá o que tenha acontecido entre ela e Nero ele descobriria, mas não agora. Achou melhor deixar esse assunto para depois de seu treinamento.
 Estavam prestes a sair quando foram barrados por Maria Marta ao virarem o corredor.

 - O que está fazendo aqui Marta? – Estranhou ele ao ver a madame aquela hora e ainda mais na casa dele. – Uma hora dessas você deveria estar dormindo na sua casa em Petrópolis.

 - Sim! Mas acordei bem cedo e vim até aqui para esclarecer algumas coisas, e vai ser agora. Quem é essa?

 - Minha especial trainer. Ela vai me treinar para enfrentar Nero.

 - Será mesmo? – Diz Marta incrédula. – Será que não é uma amante sua?

 - Mesmo que fosse isso é problema meu! Não é da sua conta! Agora por favor, Marta, preciso salvar meu Império. – Falou Zé em um tom meio rude e irritado, pegou na mão de Ellen e saiu do local rapidamente.

 - Ah, mas que maldito! – Resmungou Maria Marta olhando Zé ir embora com a moça. Após a cena nada deplorável ela saiu emburrada.

 Assim que se livraram das chatices de Maria Marta, foram até o estacionamento onde estava o carro de José Alfredo. Josué aproximou-se do carro esperando as ordens do Comendador.

 - Então, onde vai ser o local do treinamento?

 - Em um parque abandonado. É bem melhor lá, por que ninguém irá nos ver lá.

 - Okay! Então você terá que nos mostrar o caminho, Josué irá nos levar. Tudo bem se você for em um carro sem precisar se teletransportar? – Perguntou Zé abrindo a porta do carro.

 Ellen olhou para Zé numa expressão pensativa, e olhou para o carro, então decidida respondeu:

 - Sim! Irei junto com você.

 Zé sorriu ao ouvir a decisão, deu passagem para Ellen entrar primeiro no carro e em seguida adentrou no veículo.
 No caminho, Ellen obsevava a paisagem enquanto o vento batia em seus negros cabelos. José Alfredo olhava encantado para Ellen, será que estava se apaixonando pela versão demônio de Eliane? Não pode ser, apaixonar-se por um demônio é impossível pensava ele. A fim de esquecer aquele tal pensamento, resolveu perguntar:

 - Está gostando?

 Ellen olhou para ele com um grande e belo sorriso.

 - Sim! Nunca havia andado de carro quando eu ainda era uma humana, e agora que sou demônio, carro nunca, porque posso me teletransportar de um lugar para outro rapidamente.

 - Você ainda tem lembranças de quando era humana?

 Ellen apenas fez que sim com a cabeça, porém, com um meio sorriso no rosto, abaixou a cabeça e voltou a olhar para a janela, parecia que tocar no assunto do seu passado não era nada legal para a moça. Zé deu um suspiro achando melhor não tocar mais no assunto “Quando você era humana’’, por isso, mudou o assunto.

 - Você realmente parece estar se mostrando ser um demônio do bem. Mas ainda não é o suficiente.

 - Eu vou chegar lá e conseguir sua confiança!

 Josué havia aprendido ir ao caminho que Ellen havia falado direitinho, alguns minutos passaram e finalmente chegaram. O parque realmente estava abandonado, e parecia ser um pouco longe da cidade, o céu do local era todo nublado, e a grama estranhamente era bem verde e aparada, talvez houvesse alguém que cuidasse daquele lugar mesmo sendo abandonado.

 - Que lugar esquisito. – Comentou Zé Alfredo ao sair do carro e observar o local.

 - Sim, e dizem que o parque era assombrado e todos resolveram abandonar o lugar, às vezes aparecem criaturas fantasmas por aqui e também que aqui pode ser a entrada para o Limbo. – Explicou Ellen ao lado de Zé.

 - Não tenho medo de assombrações, nem de nada. E o que é o Limbo?

 - Dizem, não são todos, que o Limbo fica entre o Inferno e o Paraíso, assim como o Purgatório, porém, o Limbo é um local para almas neutras que não fizeram nada de tão mal e nem tão bom, o céu de lá é sempre todo cinzento, a grama é seca e as árvores também secas e sem folhas. E não existe nenhum animal, planta, anjo, ou demônio no local. – Explicou Ellen.

 - Se você era uma humana que virou demônio. Como sabe dessas coisas? – Perguntou Zé caminhando ao lado de Ellen adentrando o parque, enquanto Josué ficou parado em frente à porta do carro.

 - Ah, não é tudo que eu sei, só tive algumas aulinhas. – Respondeu ela meio que sem graça. – Então, vamos começar logo?! – Diz ela com um sorriso desafiador. – Tente desviar disso!

 - O que...?

 Ellen golpeia com chutes fazendo com que José Alfredo desvia-se de seus golpes. Os movimentos de Ellen eram bem ágeis e pareciam ser golpes de chutes bem poderosos, já os movimentos de Zé não eram tão ágeis. Prestes a ser acertado com um dos chutes de direita, ele consegue rapidamente bloquear o ataque com o braço esquerdo, Ellen coloca o pé direito sobre o chão observando bem o Comendador e em seguida dá um chute de esquerda, mas também é bloqueado por Zé Alfredo dessa vez com o braço direito.
 Zé estava com a respiração bem ofegante, e Ellen o observava com atenção sorrindo e falando:

 - Até que não foi mal! – Ela o elogiou colocando o pé sobre o chão. – Mas ainda não é o suficiente!

Sem deixar Zé pensar, Ellen acerta vários chutes de esquerda, direita, na barriga, peito e logo em seguida socos de direita, esquerda, de várias formas e em uma agilidade impressionante em que Zé Alfredo mal conseguia desviar. Ele até que tentava bloquear os golpes, mas nada adiantava, Ellen repetia seus golpes várias e várias vezes, o Comendador estava levando uma bela surra e Ellen era maravilhosamente rápida e precisa em seus movimentos. O último chute fez José Alfredo cair pra trás, mas ele não desistiu se levantou e em seguida tentou jogar Ellen para longe com o poder da sua mente, porém, como ele ainda não sabia controlar direito o seu poder, a única coisa que conseguiu fazer foi bater um forte vento que balançou os cabelos de Ellen, não a tirou fora do lugar.

 - Você ainda precisa treinar muito pra poder ficar mais poderoso que eu, Zé. – Falou ela de braços cruzados.

 - Quero isso o mais rápido possível!

 - As coisas não são desse jeito, Zé. Você pode até estar acostumado a ter as coisas do seu jeito, mas ter poderes especiais e tentar controla-los não é algo fácil, e o treinamento pode demorar dias; meses; ou até mesmo anos!

 - Anos? – Impressionou-se ele e ao mesmo tempo inconformado. – Não posso esperar anos pra ficar mais forte que o Nero! Além disso, preciso recuperar logo meu diamante e também... Nero pode conseguir destruir tudo que tenho...

 Ellen colocou a mão no rosto dele olhando bem para os seus olhos.

 - Isso vai depender do seu esforço e força! Mas não custa nada tentar.

 Enquanto Ellen e Zé Alfredo estavam treinando, mal sabiam eles que estavam sendo observados, mas por quem?
 José Alfredo continuava apanhando de Ellen, ele tentava de tudo, mas a moça demônio continuava mais ágil que ele. Enquanto isso na casa da Imperatriz, a madame estava curiosa para saber quem era aquela tal moça que acompanhava José Alfredo, então, resolveu ir até onde o Comendador estava, mas o problema era que ela não sabia onde eles poderiam estar.

 - Será que devo lugar pra ele? – Perguntou pra si mesma. – Certo! Vou ligar sim! – Disse ela já decidia.

 José Alfredo desviava dos ataques, ás vezes era acertado pelos golpes de Ellen, foi quando o seu celular tocou e mesmo desviando dos golpes rapidamente atendeu o celular.

 - Shit de celular! Alô?

 - Zé Alfredo, onde você está? – Perguntou Marta do outro lado do telefone.

 - Não interessa onde estou, e você está me atrapalhando! – Respondeu ele com raiva ainda desviando dos ataques e desligou o celular jogando-o para longe. – Que mulher chata!

Marta olha indignada para o celular, porém, já estava acostumada com a rudez do Comendador.

 - Ele nunca muda! – Bufou ela. – Deselegante.

 - Era sua mulher, não é? – Perguntou Ellen ainda em seus movimentos de golpes.

 - Marta não tem nada melhor pra fazer, só encher a minha paciência mesmo.

 - Mesmo assim, não seria melhor dizer onde você está?

 De repente Zé dá um chute que é bloqueado pelo braço de Ellen, ele estava ofegante de tão rápido que teve que ser para desviar de alguns ataques de Ellen.

 - Não preciso dar satisfações de onde estou para ninguém, Marta já está acostumada com esse meu jeito.

 - Ah, que bom então. – Ellen deu um sorriso de olhos fechados e foi se afastando.

 O Comendador ficou observando a moça se afastar sem entender o porquê, ela já estava a poucas distancias dele.

 - O que está fazendo?

Ellen correu em direção a Zé Alfredo que se prepara para seja lá o que for que ela iria fazer, mas se surpreendeu quando Ellen saltou tão alto, e quando se virou levou um belo chute que foi jogado para o longe batendo e derrubando todas as árvores do parque. O chute foi tão poderoso que Zé continuava voando, sumindo da vista de Ellen, Zé teve que aguentar firme a força com que batia nas árvores, quando finalmente caiu sobre o chão.
 O local onde Zé estava era meio escuro já que não havia muito a luz do sol naquele lugar, o baque foi tão forte que ele estava meio ferido, gemia e tremia um pouco com a dor, seu corpo todo estava doendo, mesmo assim resolveu se levantar.
 A dor era tensa, levantou-se trincando os dentes e estremecendo-se, até finalmente ele conseguir ficar de pé. Olhou em volta com a respiração ofegante, ali na parte cheia de árvores do parque era completamente silencioso, pensava o quão esquisito é aquele parque, não havia nenhuma luz do sol, estava sempre nublado e tinha essa aparência sinistra.

 - Que local mais esquisito e bizarro.

 De repente escuta-se um “creck’’ vindo do chão, e sem dar tempo de Zé pensar em algo o chão abaixo de seus pés some, assim, acabando por cair dentro de um buraco. Parecia ser um buraco sem fim, era muito escuro, até que ele bateu no chão em um belo baque.

 - Argh...! Mas que shit! Era só o que faltava...

 Seu corpo doía mais do que antes, ele estava impressionado por ver que aquela queda não tinha o matado. Levantou bem devagar agonizando de dor, se esforçando para ficar de pé. Quando finalmente conseguiu, suspirou um pouco aliviado, olhou para cima e infelizmente não conseguia ver uma luz lá de cima, olhou em volta um completo breu, mas conseguiu perceber que existia um tipo de túnel no lugar.

 - Talvez eu consiga sair daqui...

 Ellen ficou esperando bastante tempo por José Alfredo, estava preocupada e com medo de ter ferido muito Zé Alfredo, ou, acontecido algo bem pior. Ela suspirou e rapidamente foi em direção ao local em que Zé foi jogado.

 - Zé! Cadê Você? Pode me escutar? – Gritava ela procurando por ele pela trilha de árvores derrubadas. A expressão da moça era de preocupação. – Espero que ele esteja bem...

 Prestes a dar um passo à frente, Zé escuta um ruído atrás dele, então, olhou para trás vendo dois olhos vermelhos brilhando na escuridão.

 - É você Nero...?

 Escutou um alto rugido como se fosse um tipo de pantera, não parecia ser mesmo o Nero, então, a criatura estranha aproximou-se do Comendador. A criatura parecia ser um tipo de tamanduá mutante e humanoide, era de cor preta; branco e cinza; tinha garras grandes negras e afiadas; seus olhos tinham íris vermelhas; e havia algo como um espectro roxo em volta da criatura.

 - Mas o que é isso? Um tamanduá que sofreu algum tipo de mutação genética?

 Nas mãos do tamanduá mutante começa a surgir uma esfera negra energizada com descargas elétricas roxas em volta, a esfera aumentava até acabar ficando do tamanho de uma bola de basquete.

 - What? Ele tem poderes?

 A criatura jogou a esfera com toda a força na direção de José Alfredo, mas ele consegue desviar por sorte do ataque.

— Fuck! Shit!

 Mesmo com o corpo todo dolorido, Zé correu adentrando naquele túnel escuro rapidamente, e o tamanduá parecia estar furioso por ter errado o seu ataque, deu um alto rugido e seguiu o Comendador pelo túnel correndo em quatro patas o que aumentava mais sua velocidade. O comendador olha para trás vendo o quanto a criatura estava conseguindo alcança-lo, e ele estava cansado e dolorido, não estava conseguindo correr mais rápido que isso.
 O túnel parecia não ter fim, era um corredor escuro e comprido, Zé desejava que no final desse túnel fosse a saída, mas infelizmente chegou a um tipo de sala grande e vazia sem janelas; sem portas e com paredes de tijolos roxos.

 - Droga! Sem saída! – Diz ele com raiva e respiração ofegante.

 Virou-se para trás e a criatura adentrou na sala, parou e rugiu, mais uma vez projetou uma esfera negra do tamanho de uma bola de basquete e jogou contra o Comendador. Zé esquivou-se mais uma vez do ataque, porém, o mutante não desistiu, correu até ele tentando acerta-lo várias vezes com suas garras afiadas, mesmo assim Zé se esquivava mesmo estando cansado e dolorido. Com o seu poder da mente conseguiu jogar o mutante a cinco centímetros de distancia dele, sua respiração estava mais e mais acelerada, não sabia quanto tempo conseguiria aguentar aquilo e estava tentando o máximo possível conseguir continuar de pé.
 O tamanduá mutante parecia ser mais forte que o Comendador, não desistia de querer ataca-lo, dessa vez ele desapareceu e Zé tentava procura-lo olhando em volta da sala perguntando-se aonde aquele bicho pode ter ido agora. A criatura surgiu atrás dele sem que percebe-se e rapidamente acerta a esfera negra nas costas de José Alfredo. Com tudo ele cai no chão, aquele ataque apenas piorou suas dores pelo corpo, suas costas doíam mais ainda por causa do ataque, já achava que aquilo era covardia além de ataca-lo por trás e por ele mal estar treinado para uma luta.
 Ellen continuava procurando por Zé Alfredo até chegar ao fim da trilha, ela olhou em volta desesperada por ver que ele não estava em lugar nenhum. Foi então que ela viu um buraco, e logo pensou que ele deve ter caído ali, mas rapidamente aquele mesmo buraco sumiu.
 Ela colocou a mão na boca olhando preocupada.

 - Essa não... E agora? – Perguntava-se ela em desespero.

 Zé consegue ficar de pé, porém, sentia-se enfraquecido e a dor era realmente imensa, seu corpo todo tremia. O monstro se afastou e correu até ele acertando as garras no estomago do Comendador, as garras não o perfuraram, apenas o fez sentir uma horrível e incomoda dor, e para piorar o monstro repetiu o mesmo golpe várias e várias vezes o que fez Zé cuspir sangue. Por fim, o tamanduá deixou o rapaz totalmente paralisado com uma lambida no rosto, em seguida deu mais um golpe com as garras sem perfuração desta vez no pescoço dele. Zé acabou caindo no chão e antes de desmaiar virou o rosto um pouco para o lado lentamente vendo a silueta de um homem caminhando em sua direção.

 - Nero...? – Diz ele acabando por desmaiar completamente.

 

 Enquanto isso Ellen tentava se concentrar para ir até onde José Alfredo poderia estar, mas parecia que algo bloqueava seus poderes de teletransporte, tentou mais uma vez e mesmo assim não conseguia ir até onde ele estava. Saiu da parte da floresta voltando para o mesmo local que treinava Zé Alfredo minutos atrás, sentou-se em uma pedra e colocou as mãos sobre o rosto desejando que José Alfredo estivesse bem e que não morresse. Pior que ela pensava no que havia falado para ele dentro do carro, que faria ele ter mais confiança nela, e agora ela o acabou deixando sozinho, ela estava com medo dele nunca mais confiar nela e dela não poder ajuda-lo. Se ela não o ajudasse Nero ia acabar matando ele, e ela não queria isso, então, ela olhou pra cima e juntou as mãos.

 - Eu sei que sou um demônio, mas eu não sou uma demônio ruim. Eu quero realmente muito ajudar José Alfredo, então, por favor, se o senhor estiver me escutando não deixe que nada de ruim aconteça com ele e que o proteja de qualquer perigo.

 Ellen mal sabia que alguém a observava e escutava ela dizendo aquelas palavras, a pessoa que estava espionando a moça deu um sorriso e após desapareceu.

 Aquele mesmo tamanduá mutante que atacara José Alfredo observava um homem ordenando aos empregados que cuidasse muito bem do seu novo prisioneiro, o mesmo homem virou-se para a criatura dizendo:

 - Você não acha que exagerou? Poderia ter matado meu prisioneiro.

 - Pelo que vi era pra ele ter morrido desde aquela queda, ele parece ser bem forte. Relaxe, seu plano dará certo como o senhor quer.

 - Eu espero que sim...

 Nos olhos de íris roxas do homem refletia-se a imagem da janela, ele olhava para o horizonte mergulhando fundo em seus pensamentos, queria tanto voltar e ter aquela sensação novamente. Pensava o quanto será que o Mundo lá fora deve ter mudado, há tempos que ele não saia daquele lugar, quem sabe desta vez fosse seu dia de sorte.
 
 José Alfredo abriu os olhos lentamente, ele se sentia bem, sem nenhuma dor, o que era esquisito já que havia levado uma bela surra de um tamanduá mutante maior do que ele e mais forte também. Sentou-se devagar na cama, vendo que estava com o peitoral; o abdômen e até o pescoço totalmente enfaixados, olhou em volta e o local parecia ser um quarto. Paredes de tijolos de cor lavander; perto de cada lado da porta de madeira parecia ter um tipo de lamparinas, ou tochas em estranho formato de criaturas com asas e rosto de morcego iluminando o quarto com chamas.

 - Onde é que estou? – Se perguntava ele, aquele quarto lembrava bem com um da época medieval.

 Olhou para o lado e havia uma janela perto da cama, dando para ver um grande jardim do lado de fora, o andar onde ele estava era bem alto talvez fosse o quarto ou sétimo andar. Do lado de fora se via criaturas fantasmas rodeando o local, e junto a elas lá estava àquela criatura mutante que havia o nocauteado, o monstro observava os fantasmas brincando, lutando e passeando pelo jardim daquele lugar. E não pareciam ter apenas criaturas fantasmas, havia também fantasmas humanos.

 - Será que isso é uma propriedade fantasma? – Perguntou-se ele. – Tenho que ir ver e sair logo daqui!

 Zé tentou se levantar, mas sentiu o corpo ainda doer, e quase caindo no chão nesta mesma hora uma mulher vestida de empregada entra e corre em direção a ele, o ajudando a sentar-se de volta na cama.

 - Por favor, não se levante, você ainda não está melhor! – Falou a empregada.

 Comendador olhou para a mulher percebendo que em volta dela parecia ter um tipo de aura azul, mas ao mesmo tempo parecia ser uma pessoa viva; pele parda; olhos de íris azuis; e cabelos negros presos em um coque. A roupa de empregada era semelhante aos das empregadas de Marta, apenas com cores diferentes, era roxo claro e branco.

 - Desculpe perguntar, mas... Você é um fantasma?

 - Sim, eu sou. – Respondeu ela com um sorriso.

 - Mas... Mas como você conseguiu me tocar sem passar através de mim? – Espantava-se ele, seu olhar era de surpresa, nunca tinha ficado frente a frente com um fantasma antes, ele não estava com medo, e sim apenas muito surpreso.

 - É uma habilidade que leva muito tempo para aprender.

 - Entendi... – Falou ele voltando a olhar para a janela.

 - Aqui! Beba isto. – Disse a empregada entregando um copo plástico para Zé Alfredo.

 Ele pegou o copo e olhou dentro, tinha um liquido roxo que lembrava suco de uva, cheirou, mas estranhamente não tinha cheiro nenhum.

 - O que é isso? Não é veneno, é? – Perguntou ele desconfiado.

 - É um remédio que fará você melhorar. Beba, confie em mim.

 Zé ainda estava desconfiado, mas mesmo assim tomou coragem de tomar o tal medicamento, a bebida também não tinha gosto nenhum. Após terminar de beber o tal remédio, a enfermeira e empregada pediu para que ele ficasse deitado e descansasse para recuperar-se bem. Zé não reclamou, achou mesmo que deveria descansar para melhorar, não estava totalmente bem ainda, mas jurava que quando melhora-se ele sairia daquele quarto para explorar aquele lugar e sair logo de lá.

 - Onde estou afinal? – Perguntou ele já deitado na cama.

 - No castelo dos fantasmas.

 - Castelo? Em 2013? E no Brasil?

 - Esse castelo existe desde a era medieval. Mas ainda é governado pelo Imperador da Fluorita.

 - Hum... Esse Imperador deve ser imortal, ou, pode ser até um herdeiro de outros imperadores. – Quando Zé foi olhar para a empregada, a mesma já havia sumido do quarto. – Droga, queria descobrir mais alguma coisa...

 Ele fechou os olhos lentamente até acabar adormecendo, ele não é do tipo que tem um sono pesado, mas naquele dia ele dormiu tão profundamente que nem uma explosão poderia acorda-lo.


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Notas finais do capítulo

Eu não ia colocar as cenas em que o Comendador caí em um castelo, mas mudei de ideia e decidi colocar, pois, tem uma ligação que pode se conectar com uma saga bem futura de Nero.



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