— James, vá logo tomar banho e se arrumar! - a mãe grita do próprio quarto enquanto enfia os brincos nas orelhas - Jensen, vá falar pro seu filho parar de birra e se arrumar logo! Às oito os Lively estarão lá!

— Se acalme Marye... Pelo amor de Deus - o pai anda pelo corredor ajeitando a gravata - Filho dá para obedecer a sua mãe antes que ela transforme os brincos em armas letais?

— Já vou cacete! - falou em tom baixo para que o pai não ouvisse, mas mesmo assim recebeu um olhar de reprovação.

James se levanta relutante e entra no banheiro.

Tomou um banho quente demorado para provocar, sua mãe só gritou ainda mais.

Sinto falta de Helena, pensou ele enquanto se vestia, sinto falta de beijá-la. Não quero uma namorada nova. Ainda mais uma menina estranha que nunca vi na minha vida que deve ser a maior patricinha cheia de maquiagem...

— Você sabe que está falando alto, né, Jamie? - a voz de Patrick o interrompe.

— Desculpe, maninho - ele diz um pouco envergonhado enquanto termina de colocar os tênis all star. Ele não iria se vestir "decentemente" para o jantar. Iria apenas ser ele mesmo, certo? Nem queria impressionar a tal...April.

— James Meester, o que você pensa que está fazendo?! - a mãe entra no quarto em um vestido preto pouco acima dos joelhos na frente com uma longa cauda atrás. Os saltos ecoavam enquanto ela ia até ele irritada - Eu coloquei o terno ali!- aponta para o armário - Por que não o vestiu?!

— Porque James Meester não quer ser o Sr. Meester hoje - diz ele colocando a blusa azul por cima da regata branca. - Mãe sei que é um jantar de confraternização e tudo, mas não vou me vestir para uma garota que mal conheço. Desculpe. E também não tenho tempo para trocar agora - diz olhando para o relógio - Prometo que visto o que você quiser da próxima vez. Sei que você vai arranjar uma próxima vez. - diz a contra gosto.

A mãe sorri e puxa o garoto pela camiseta dizendo várias e várias vezes que já estavam atrasados. Patrick estava de jeans e camiseta social o que amenizava o terno e o vestido da mãe.

— É só um jantar! - James repetia aquilo pela quarta vez para a mãe enquanto os Lively ainda não haviam chegado. Logo um carro preto estacionou em frente a entrada do salão de jantar do resort.

Uma mulher loira, em um vestido azul, vem de braços cruzado aos de um homem de meia idade até eles.

— Marye! - a mulher diz abraçando a mãe de James.

— Imogen! - ela a abraça de volta enquanto os pais trocam um breve aperto de mãos.

Uma garota loira vem atrás deles num vestido vermelho pouco acima dos joelhos. Ela anda devagar como se desejasse nunca chegar, mas uma hora chega.

— James essa é a April - a mãe apresenta a garota a ele enquanto Imogen faz o mesmo com a garota.

Um breve aperto de mãos é o que acontece.

— Prazer.- James diz num tom irônico que é captado e rebatido pela menina.

— Igualmente, James - ela diz arqueando uma das sobrancelhas.

—Claro - ele diz sorrindo ironicamente. A menina dá às costas para ir ao lado dos pais enquanto Patrick se aproxima.

— Ela não é tão ruim - diz o garoto.

— O que?

— Ela não é tão ruim quanto você estava falando no quarto.

— Pack, você tem 12 anos. O que sabe sobre garotas? - diz James rindo. Enquanto anda ele enfia as mãos nos bolsos da calça seguindo os pais para dentro do salão.

— Mais que você que está com medo de conhecer uma e esquecer outra - rebate o menino apertando o passo antes que o irmão mais velho possa argumentar.

OK...James achará a garota realmente bonita, mas não daria o braço a torcer. Seu coração ainda era de Helena, não importa o quanto ela o machucasse, era dela. Ela tinha direito. Ele pega o celular vendo se ela havia mandado algo.

Nada. De novo.

* * *

O começo do jantar estava silencioso até Marye decidir começar algum assunto.

— Soube que você também vai para Juilliard, April. O que pretende fazer? - diz ela simpática. April a olha e suspira de modo que pareça mais uma respiração do que um suspiro de frustração.

— Cinema - diz num tom neutro.

— Ah, isso é tão legal! - diz Marye empolgada - James quer fazer música.

A menina olha para o garoto do outro lado da mesa e ele baixa o olhar querendo pular pela mesa e amordaçar a mãe.

— James, por que não mostra suas composições para April qualquer dia? - a mãe pergunta animada. O garoto abaixou a cabeça querendo poder sumir dali e aparecer no quarto de casa, em New York.

— Talvez algum dia, mãe - ele levanta a cabeça sorrindo de maneira sarcástica - Se ela merecer apresentarei muitas de minhas composições à ela - diz.

A garota revirou os olhos do outro lado da mesa.

— April também tem talentos desde pequena - começa Imogen - Ela desenha muito bem, James.

— Ah, mais que interessante - diz ele ainda encarando a garota - O que gosta de desenhar, April?

April se ajeita na cadeira agora entrando na brincadeira de James.

— Se você merecer talvez um dia lhe mostre meus desenhos - diz sorrindo.

Os pais que estavam conversando em voz baixa um ao lado do outro finalmente se ligam ao resto da mesa.

—April, lembra quando você teve um treinamento com cavalos no acampamento e quase me endoidou pedindo um, mesmo eu dizendo que não dava para ter um cavalo em New York? - a garota assentiu com vergonha.

— Aqui temos cavalos, querida - diz Jensen animado - Vocês poderiam fazer um passeio qualquer dia.

Os dois jovens assentem sem entusiasmo e se olham por um momento de forma hipnotizadora. Ela encarava os olhos azuis congelantes dele enquanto ele admirava os olhos verdes como as folhas do pequeno bambu da sorte do pai.

Ela mordeu o lábio abaixando o olhar rindo silenciosamente enquanto e ele pensava em quão parecidos os olhos dela eram com os de Helena.

Logo o silêncio logo voltou, Marye tamborilava os dedos na taça de vinho após beber, Mark e Jensen faziam alguns comentários entre eles.

—James -Imogen cortou o silêncio.

—Sim? -ele olha para ela.

—Que estilo de música você toca na sua banda? -pergunta e sorri.

—Indie Rock -fala abrindo um sorriso de canto enquanto cutucava a comida com o garfo.

—April, se lembra de quando você queria formar uma banda? -Imogen olha para a filha ainda sorrindo.

—Hm? -April murmura ao levantar o olhar, já que antes fingia direcionar toda sua concentração ao seu fruto do mar.

—Como era o nome? Lilases Ruidosas?- indaga com uma careta e Marye sorri enquanto Pack e James prendem o riso e April fica levemente vermelha.

—Raivosas, mãe, raivosas! -ela fala -E eu tinha 8 anos -ela fala dando de ombros.

—Não se preocupe April, James quebrou o braço quando tinha 7 anos quando caiu de uma árvore, ele dizia que queria ser um Caçador de Borboletas -Marye fala sorrindo e Imogen começa a rir com Patrick, April novamente morde o lábio rindo internamente.

—Mãe! -James exclama olhando com a mãe de olhos arregalados.–Você prometeu nunca mais falar nisso- ele fala se ajeitando na cadeira enquanto os garçons vão retirando os pratos.

—Isso com certeza supera as Lilases Raivosas -Patrick comenta e todos sorriem menos James que faz um biquinho para o irmão.

—Então, James- April fala em tom sarcástico -Qual é o nome da sua banda?

—Wrecking Ball- responde e olha para a menina que está com uma expressão surpresa.

—O que?- pergunta franzindo o cenho.

—É sério? -ela arqueia uma sobrancelha -Como a Miley Cyrus?- pergunta.

—Não, claro que não -ele fala -Somos completamente diferentes - abre um sorriso.

—Mas garantem o caos?- pergunta e o encara com a sobrancelha arqueada.

—Com toda a certeza -ele fala. Imogen e Marye trocam um olhar vitorioso com um sorriso.

—Espero estar bem longe quando tudo demolir -diz e os sorrisos das duas somem e o dele se reduz ao sorriso de canto de antes.

—Sobremesa! -Pack exclama antes que se instale silêncio.

* * *

—A sua sobremesa tem muita calda de chocolate! -Pack fala olhando para o prato de April que assente com sorvete na boca.

—Acredite estou merecendo! E muito!- Ela desvia o olhar para James com um sorriso sarcástico e Imogen revira os olhos.

James olha para a sobremesa, um pouco desanimado.

— Hm... Acho que vou dar uma volta - ele se levanta suave e silenciosamente. A mãe lhe lança um olhar de reprovação.

— James, que modos são esses?

— Ah, sim. Desculpe. Boa noite as damas e aos cavalheiros - diz ele fazendo uma reverência.

O menino saiu andando com as mãos nos bolsos da calça. April não pode evitar de olhar. O jeito largado e despreocupado dele fazia parecer que aquilo era tão normal.

— Me desculpem por isso - diz Marye ainda olhando o filho sair do salão - Não sei o que está acontecendo com esse garoto - diz em voz baixa, mais para si do que para os outros.

— Quer que eu vá atrás dele, mãe? - pergunta Patrick solidário.

— Não, Pack. Tudo bem - as duas mulheres começam a tagarelar sobre ter dois filhos. 

Algo sobre "um sempre estará do seu lado", mas April não estava realmente ouvindo a conversa. Nem mesmo quando Marye lhe perguntou se queria ter filhos algum dia e a mãe respondeu que esses não eram exatamente os planos dela, no lugar da menina.

— Acho que também vou dar uma volta - diz a menina se levantando e caminhando suavemente pelo salão.

— O que deu nesses adolescentes? - ela ouve a mãe dizer antes de finalmente sair do local. Precisava sair daquele lugar. Queria voltar para casa.

Ela viu uma fonte na frente do salão e se se encostou ao mármore.Ela ouve um suspiro e logo depois a voz do garoto:

— Te mandaram para me buscar, senhorita?

— Não. Apenas não estou com paciência- ele a olha entendendo que aquilo também não era da vontade dela e sorri.

— Que tal nos apresentarmos decentemente e aguentar isso... Não sei. Unidos?

A menina o olha e sorri. Aquilo seria bom. Ele também estava sendo forçado e estarem juntos para manter a sanidade mental seria bom.

— April - diz ela estendendo a mão.

— James - ele aperta a mão dela e sorri.

— Não tente nenhuma graça comigo, James - April diz sorrindo. - Tenho alto treinamento em luta.

Eles se afastam e ficam observando a noite calma em silêncio até os pais de April a chamarem.

— Vamos querida! - Imogen grita já quase no carro e a garota vai andando tão devagar quanto quando chegou.

— Confesse, ela é uma graça - diz o pai atrás de James.

— Argh! Deixa-me em paz, pai - o garoto se enfia no banco de trás ficando em total silêncio até chegar ao dormitório.