Os meses passaram, Adrien e Marinette se encaravam diversas vezes durante as aulas, os dois trocaram pouquíssimas palavras após o término do namoro, falavam apenas o necessário, como trabalhos em grupo. O loiro ainda se sentia mal por ter magoado a menina e todas as vezes em que a encarava, ele sentia vontade de pedir perdão mais uma vez, mas sabia que ela ainda estava com raiva. Sua vida se tornara monótona novamente, mas alguma coisa mudou depois que seus olhos se encontraram pela última vez na porta do Colégio Françoise Dupont e ele não sabia o que era. Algumas semanas depois de seu namoro com Marinette chegar ao fim, ele tentou se aproximar de Ladybug em uma batalha, como fazia antes, mas não conseguiu, parecia que todas as suas piadas e trocadilhos de gatos tivessem desaparecido, pensou em se declarar para a parceira, como tentou antes de ser acertado pela flecha do Cupido Negro há alguns meses, mas não conseguia dizer um simples "eu te amo", sem se lembrar do dia em que Marinette se declarou e ele não soube o que fazer. E se Ladybug também fizesse o mesmo que ele? Afinal, como algumas pessoas dizem, "tudo o que vai, volta" e, se pensasse por esse lado, se ele mentiu para sua colega de classe, sua parceira poderia fazer o mesmo com ele. Além disso, Ladybug também estava muito estranha, parecia mais séria e centrada nas batalhas do que o normal, eles mal se comunicavam durante as lutas. Por esses motivos, Adrien pensou em adiar um pouco mais sua declaração de amor para a menina. Semanas se passaram e a monotonia em que estava vivendo começava a irritá-lo, queria voltar no tempo e não terminar com Marinette, para que a vida voltasse a ser um pouco mais surpreendente, mas lembrou das palavras da azulada quando disse que gostaria de voltar ao passado. Certa noite, ele acordou assustado, teve um pesadelo com sua colega de classe. O loiro levantou-se da cama de súbito, sentiu seus batimentos cardíacos mais acelerados e respirou diversas vezes, para tentar aliviar o efeito. Depois, olhou para o relógio digital de seu celular, ainda estava de madrugada, desceu as escadas, bebeu um copo de água e voltou para o quarto, mas, mesmo tentando, não conseguiu dormir. Quando fechava os olhos, lembrava de seu pesadelo e a imagem parecia voltar. Adrien não imaginava que noites como essa seriam constantes nas próximas semanas, fazendo parte de sua rotina. Depois dessa madrugada, o nome de Marinette e sua imagem começaram a atormentá-lo. Não importava sua localização, em casa, nas sessões de fotos, nas aulas de esgrima, piano e chinês, até nas batalhas, onde estava trajado de Chat Noir, ele a via. Sentia que estava sendo observado e olhava em todas as direções, a procurando, mas o que via era uma sombra, a silhueta dela, no começo, pensou que fosse Ladybug, não podia negar que as duas meninas eram parecidas, principalmente pelo penteado, mas, quando, em uma batalha, viu aquela sombra, percebeu que estava errado. Ele se distraiu e foi atacado pelo vilão, que o arremessou a alguns metros. O loiro bateu a cabeça em um poste e ficou tonto. Sua parceira, imediatamente, correu para ajudá-lo e o akumatizado, que podia se teletransportar, fugiu, para realizar seu plano. O modelo conseguia lembrar exatamente daquela cena, ele estava deitado no chão, sua visão estava embaçada e sua cabeça parecia estar girando, sentiu que iria desmaiar. Poucos segundos depois, percebeu que alguém se aproximava, mas não conseguiu ver quem era.
— Chat, você está bem? — A pessoa colocou as mãos sobre o rosto do menino, direcionando seu olhar para ela. — Chat, fale comigo, por favor! — Foi então que ele a viu. Marinette. Podia jurar que era ela, aquela silhueta que estava em todos os lugares que ia. Ela estava ali, o ajudando, ele sentiu. — Chat Noir? Por favor, responda, precisamos deter o vilão. — O modelo ficou confuso com o comentário da pessoa que imaginava ser, mas sua visão, aos poucos, foi voltando ao normal e sua dúvida foi esclarecida. Quem estava ali não era Marinette, e sim Ladybug. A menina o ajudou a se levantar e os dois heróis foram vencer o akumatizado.
Já tinha passado de meia-noite, o loiro estava deitado sobre sua cama, mas não dormia, apenas olhava para o teto de seu quarto, enquanto pensava em Marinette. Suas visões continuavam aumentando e, em todos os lugares que estava, sentia a presença da azulada e isso o enlouquecia, precisava pedir perdão mais uma vez, precisava falar com ela e saber se realmente estava o seguindo ou se aquilo tudo era coisa de sua cabeça. Mas… como falaria com ela? Já não se falavam há dias e um clima tenso persistia em ficar sobre eles, fazendo com que o silêncio fosse a melhor opção. O modelo estava tão perdido em seus devaneios que nem viu o tempo passar, só percebeu quando seu despertador tocou. Mais uma noite sem dormir por conta dela. Ele suspirou, levantou-se da cama, lavou o rosto e observou seu reflexo no espelho. Estava péssimo, não só na aparência, mas no psicológico, se estressava por qualquer coisa e se isolava das pessoas, além de não dormir há dias, suas visões constantes de Marinette o atormentavam. Precisava pedir perdão para a menina, não só para voltar a ter uma boa noite de sono, mas para tirar o peso de sua consciência. Com esses pensamentos, ele terminou de se arrumar e desceu as escadas para tomar seu café da manhã. Assim que acabou, pediu para seu motorista levá-lo ao colégio.
Novamente, a monotonia daquela manhã de aula estava o irritando, gostaria que algo acontecesse para mudar isso, estava pensando nas possibilidades, quando ouviu um estrondo.
— Um akuma, finalmente! — Pensou alto.
— O quê? — Perguntou Nino, que não tinha escutado o amigo por conta do barulho.
— Nada não. — Mentiu e logo depois inventou uma desculpa para sair da sala, mas não percebeu que Marinette fazia exatamente o mesmo atrás dele.
Rapidamente, Ladybug e Chat Noir venceram o vilão, mas praticamente não se falaram durante a batalha. Adrien imaginou que mais um akumatizado acabaria com o tédio que estava sentindo, mas a luta foi tão monótona quanto aquela manhã.
Chat Noir despediu-se da parceira com um aceno e pulou sobre os prédios com o auxílio de seu bastão. A azulada o observou até perdê-lo de vista, pensando em como ele estava estranho nos últimos dias, nem lembrava de quando foi a última vez que a chamou de "my lady". Marinette estava tão distraída que até esqueceu do tempo, só foi despertada de seu transe quando ouviu mais um apito de seus brincos. Com o auxílio de seu ioiô, ela pulou sobre os prédios e foi para casa, entrando pela janela de seu quarto. No momento em que seus pés tocaram o chão, sua transformação se desfez e ela encarou a parede que antes ficavam as fotos de Adrien.