Adrien assentiu, desceu as escadas e andou até o escritório do pai. Quando chegou ao local, bateu na porta. Gabriel pediu para que o filho entrasse.

— Me chamou? — Perguntou o loiro.

— Sim. — Respondeu secamente — Quero que você me explique isto. — O mais velho virou seu notebook para o menino. Era uma matéria de um site de fofocas, nela tinha uma enorme foto de Adrien e Marinette andando de mãos dadas no Jardin des Tuileries. O modelo sentiu seus batimentos cardíacos acelerarem. — Você está namorando?

— Pai, eu posso explicar…

— É exatamente isto o que eu quero, explicações. Responda a minha pergunta, você está namorando? — O menino suspirou.

— Sim. — Gabriel levantou-se da cadeira e virou as costas para o filho, colocando as mãos na testa.

— Você tem ideia do que um relacionamento pode fazer com a sua imagem? Principalmente com uma garota qualquer?

— Uma garota qualquer? Olha como fala da…

— Não importa quem ela seja, você não a verá mais.

— Como é?

— É isso mesmo o que você ouviu. A sua "namoradinha" pode estragar tudo que você conquistou na empresa.

— Eu conquistei? Quem me colocou como modelo foi você, eu não estou nem aí para a minha imagem.

— Não se trata apenas da sua imagem, Adrien, se trata da minha também.

— Ah, então é por isso que você está se importando tanto, porque se trata de você. É claro, faz todo sentido, o que as pessoas vão falar de Gabriel Agreste, o pai ausente, que não escolhe as namoradas do filho? Pai, estamos em pleno século vinte e um e você vem me falar da sua imagem? Faça-me o favor!

— Olha como fala comigo! Eu não sou um de seus amiguinhos da escola.

— Quer saber? Eu não ligo para a minha imagem, muito menos para o que as pessoas vão falar. A Marinette é uma pessoa incrível e se você não enxerga isso eu só lamento. Com licença. — O loiro saiu do local e subiu as escadas.

— Adrien, volte aqui! Isso ainda não acabou! — Gabriel viu sua assistente, Nathalie, na porta. Ela o encarou, como se pedisse que deixasse o menino sozinho. — O homem suspirou e voltou para seu escritório.

O modelo entrou em seu quarto, batendo a porta e jogou-se na cama.

— "Imagem", qual é o problema dele? — O menino resmungou.

— Falando sozinho? — Disse o kwami, mas sua pergunta foi ignorada.

— Você ouviu o que ele disse lá embaixo? Ele acha que meu namoro com a Marinette pode manchar a minha imagem, ou melhor, a dele. — O loiro suspirou e levantou-se, caminhando pelo quarto.

— Espera, eu conheço essa cara, você não está pensando em escutar o que ele diz, não é?

— Não, você ficou maluco? Estou pensando na Marinette, ele me proibiu de vê-la e eu não posso fazer isso. Acho que ela já está desconfiando de mim.

— Desconfiando do quê?

— Você sabe… de eu gostar de outra pessoa.

— De novo isso? Eu não falei que… — O kwami foi interrompido.

— Plagg, você não entende? Não importa o que a Marinette faça, não importa o quanto ela seja incrível, eu amo a Ladybug e nada pode mudar isso! — O silêncio permaneceu no local durante alguns segundos — Eu… realmente gostaria de poder retribuir os sentimentos dela, mas… não consigo.

— Adrien, você pode negar, mas eu vi o jeito que olha para a Marinette, aquela troca de olhares no museu… eu nunca te vi olhando para a Ladybug daquela maneira.

— Está dizendo que eu gosto da Marinette?

— Entenda como quiser, afinal eu não sei o que se passa em seu coração, não sei quem você realmente ama, mas eu quero que pense nisso.

O kwami saiu de perto do modelo e deitou-se sobre a mesa. Minutos depois, o loiro também estava dormindo.

Os dias passaram e, sempre que possível, Adrien e Marinette se encontravam, às vezes iam ao parque, outras ao cinema, mas a menina continuava sentindo que a mente do loiro não estava ali, com ela. A azulada percebeu que não era só seu namorado que estava estranho, seu parceiro de batalhas, Chat Noir, também estava assim. O gato não fazia mais trocadilhos e piadas bobas, nem tentava se aproximar de seu alter ego, Ladybug.

Quando completaram um mês de namoro, Adrien e Marinette foram ao Place des Vosges, depois das aulas, e fizeram um piquenique.

— Nossa, isso aqui está muito bom, você que fez? — Perguntou o modelo, enquanto comia um macaron.

— Não, eu só ajudei a preparar, meu pai que fez. — Disse a azulada.

— Está incrível.

— O croissant também.

— Ah, meu cozinheiro que preparou, mas não se compara aos que seu pai faz. — Ela sorriu.

— Meu pai vai ficar muito feliz com todos esses elogios, vai deixá-lo muito convencido. Aliás, meus pais perguntaram quando você vai lá em casa. Eles querem te conhecer melhor.— O loiro se engasgou. — Você está bem?

— Estou ótimo. Vamos… tirar uma foto na fonte? — A azulada o encarou surpresa, geralmente era ela quem pedia as fotos, mas não percebeu, naquele momento, que isso foi só uma distração para que o modelo evitasse o assunto de conhecer melhor os pais dela. Tom e Sabine eram muito simpáticos, mas o modelo não queria que o namoro ficasse sério ao ponto de conhecer os pais de Marinette, ele gostava de outra pessoa e não conseguiria manter essa mentira para mais gente.

— Vamos. — Eles guardaram a cesta do piquenique, levantaram-se e aproximaram-se do chafariz. Adrien pegou seu celular e tirou uma foto com a menina, ambos sorrindo.

Quando anoiteceu, os dois andaram até a casa de Marinette. A azulada agradeceu e despediu-se dele com um beijo, depois entrou em casa.

O loiro encontrou um beco e se transformou, sua casa não era muito longe dali, mas desde que a foto com sua namorada saiu naquele site, algumas pessoas começaram a perguntar sobre seu namoro e ele tentava evitar a imprensa, para não causar mais problemas com seu pai. Já trajado de Chat Noir, ele pulou sobre os prédios e entrou em seu quarto pela janela, desfazendo a transformação. Assim que chegou, ouviu batidas na porta.

— Pode entrar. — Disse o modelo, que surpreendeu-se quando viu quem estava ali.

— Preciso falar com você. — Afirmou Gabriel. Desde o desentendimento no escritório, ele não falara mais com o filho.

— Se é sobre o assunto daquele dia, eu… — Ele foi interrompido.

— Eu quero que você fique com aquela menina, é Marinette o nome dela não é?

— Desculpe, mas… o que disse?

— Foi isso mesmo o que você ouviu.

— Espera, você está me dizendo que eu posso continuar namorando a Marinette? — Gabriel assentiu — Mas e a sua "imagem"?

— Isso não importa. Adrien, você é jovem, não posso te proibir de ter as experiências que todos os adolescentes precisam ter.

— Desde quando você pensa em mim?

— O quê? Eu penso em você o tempo todo, filho.

— Mas como a sua opinião sobre a Marinette mudou tão rápido? Naquele dia, era uma "garota qualquer" e representava uma mancha na sua imagem, um empecilho, e agora você sabe até o nome dela?

— Olha, eu não vou mentir. A Nathalie me disse umas coisas que… me fizeram repensar a minha visão da sua namorada.

— O que ela te disse que mudou tanto sua opinião?

— Isso não importa. O importante é que eu não serei mais um obstáculo para seu namoro. Bom, eu tenho que ir, tenho um compromisso. — Gabriel saiu do quarto e fechou a porta, pensando nas palavras de sua assistente no dia anterior "o senhor também foi jovem um dia, sabe o que seu filho está passando. Lembra… de quando conheceu sua esposa? Não queria estar com ela o tempo todo, sem ligar para que os outros iriam dizer? Gabriel, pare pensar na sua imagem e na empresa e vai cuidar de seu filho, antes que o perca também." Quando ouviu as últimas palavras, pensou em demitir Nathalie, ela tocou em seu ponto fraco, sua esposa. Mas ele sabia que sua assistente tinha razão.

Assim que seu pai saiu, Adrien jogou-se sobre sua cama.

— Caramba! A Nathalie deve ser uma feiticeira, porque para mudar seu pai só mágica mesmo. — Disse o kwami, vendo o loiro colocar as mãos nos cabelos e suspirar pesadamente. — O que foi? Você tinha que estar feliz por seu pai não te impedir de continuar com a Marinette.

— Esse é o problema, Plagg. — Os dois permaneceram em silêncio durante alguns segundos, até o kwami entender o significado das palavras do menino.

— Espera, você queria que seu pai te impedisse de namorar a Marinette só para você ter uma boa desculpa para terminar com ela?

— Nossa, você é um gênio. — Disse o menino, em um tom sarcástico.

— Qual é o seu problema, garoto? Você não vê que o universo está conspirando para vocês dois ficarem juntos? Até seu pai mudou de opinião!

— Eu já disse que não é a Marinette quem eu amo, sou apaixonado pela Ladybug!

— Eu sei disso, não precisa ficar repetindo! — O silêncio voltou a permanecer no local durante alguns segundos. — Adrien, por favor, estou dizendo isso para o seu próprio bem. A Ladybug não ama o Chat Noir, pare de insistir nisso antes que você se arrependa. A Marinette é uma garota incrível, eu vi o jeito que te olha, ela realmente te ama e você não dá valor.

— Mesmo que eu queira muito, não posso mudar o que eu sinto, Plagg. Como você disse, a Marinette é incrível. — Suspirou — E não merece ser iludida. — Disse o loiro, pegando seu celular.

Quando a azulada voltou de seu encontro com Adrien e entrou em casa um pouco cabisbaixa, indo direto para seu quarto, Sabine não aguentou, precisava saber o que estava acontecendo.

— Oi, filha. — Disse a mulher, entrando no local.

— Oi. — A menina forçou um sorriso.

— O que aconteceu? Você não parece feliz com seu namoro.

— É que… ele está estranho. No começo, pensei que estivesse tímido, mas já namoramos há um mês e parece que ele está comigo por obrigação, o incentivo de encontros e tudo mais sempre é meu e… quando eu falei sobre vir aqui em casa, ele tentou disfarçar, inventando uma crise de tosse e resolvendo tirar foto, só para me distrair. Sinto que ele não gosta de mim.

— Olha, eu sei como você se sente.

— Sério?

— Sim. O conselho que vou te dar é que não vale a pena investir em um relacionamento onde há amor apenas de uma pessoa.

— Obrigada, mãe. — Sabine abraçou a filha e desejou uma boa noite. A azulada ouviu um barulho vindo de seu celular. Era uma mensagem de Adrien.

Preciso falar com você. Por favor, me encontre no Jardin des Tuileries amanhã.