Apenas mais um na multidão escrita por Sweet Girl


Capítulo 3
Capítulo 3




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Depois de uma semana bastante lenta, pelo menos para mim, na empresa de marketing em que trabalhava como chefe da equipe de pesquisa externa, o sábado havia chegado novamente, e como de costume eu estava em busca de alguém com quem passar a noite. Até o momento dois rapazes haviam chamado minha atenção, mas ainda não tinha me decidido em qual dos dois iria investir. Por enquanto iria apenas aproveitar para beber meu drink sossegadamente. Quem sabe um deles não iria se aproximar primeiro? Isso facilitaria muito as coisas, e eu adorava quando eles vinham atrás de mim.

— Veja só que coincidência – minha pele se arrepiou ao ouvir esta voz conhecida, e meu radar de figurinha repetida começou a apitar. Virei-me para encarar minha companhia do sábado passado.

— Hum... oi – Falei, meio sem jeito.

— Precisando de companhia?

A sua, não.

— Na verdade, não. Legal te ver. – Saí a pista de dança. Um dos caras que achei interessante estava em uma das mesas do outro lado e eu precisava chamar sua atenção. Deixei que a música que estava tocando me envolvesse e comecei a me movimentar em seu ritmo. Algum tempo depois, senti um corpo masculino se aproximar do meu, e minha pele arrepiou, bem como minha frequência cardíaca aumentou.

— Mentirosa – sussurrou em meu ouvido, enquanto seu corpo se movia junto ao meu.

Virei-me para ficarmos cara a cara, mas me arrependi instantaneamente. Era muito mais fácil enfrentá-lo sem que ter que encarar aqueles poços de mistério, os olhos mais penetrantes que já vi, e que estavam me seduzindo novamente, assim como há uma semana atrás.

— O que você quer? – A pergunta era retórica, mas falei a primeira coisa que me veio à mente. Não tinha nem ideia se ele havia conseguido entender o que eu tinha dito, por causa da música alta.

— Você. – Aparentemente ele podia fazer leitura labial. Balancei minha cabeça em negativa e voltei a me afastar dele, me dirigindo a uma área onde poderíamos nos ouvir corretamente. Eu precisava deixar claro, outra vez, que não repetia encontros casuais.

— Olha, eu não... – comecei a falar, mas ele me interrompeu, colocando um dedo em meus lábios para me silenciar.

— Sei o que você vai dizer. Que já tivemos nossa noite e você não repete encontros casuais, mas deixe eu te dizer uma coisa: não consigo parar de pensar em você desde domingo, e tenho certeza de que você também não consegue parar de pensar em mim. Uma atração como a nossa não pode ser ignorada.

Tirei sua mão de mim e pensei no que dizer. Apesar de querer negar, ele tinha razão. Não conseguia parar de pensar nele, e reviver os momentos que passamos juntos, mas estava decidida a não sucumbir ao desejo que sentia. Isso só traria complicações depois.

— Não preciso dessa complicação na minha vida – retruquei.

— Sábado passado não foi uma complicação, por que agora seria? – Ele não ia desistir mesmo? Por favor, só siga seu caminho. Talvez eu não seja tão forte quanto imagino ser!

— Porque as coisas tendem a se complicar, uma hora ou outra. É mais fácil deixar as coisas como estão. Você encontra outra mulher para passar a noite, e eu, outro homem.

— Eu não quero outra mulher, quero você. – Ele se aproximou ainda mais de mim, de modo que eu recuei, até não ter mais para onde ir, ficando encostada à parede. – Vai me dizer que não sente isto? Esta tensão cada vez que nossos corpos se aproximam?

Eu não ia conseguir. Estava caindo, cada vez mais fundo. Eu não tinha força de vontade suficiente para negar estar com ele, não com meu corpo clamando para que o deixe me tocar novamente.

— Por que você não pode facilitar as coisas para mim? – Sussurrei, quase fôlego.

— Porque não desisto quando tenho um objetivo – Ele murmurou antes de colar seus lábios aos meus, beijando-me de uma forma que me deixou ávida por mais. – Será que desta vez podemos dizer nossos nomes?

— E eu tenho outra alternativa?

— Claro que tem. Se eu sentisse que você não me quer, não iria insistir, mas sabia que só estava lutando contra isso por causa de alguma regra que você tem. Será que posso saber seu nome?

— Meu nome é Cassie, sr. Insistente. E qual o seu nome?

— E eu me chamo Henrique – ele piscou, e eu dei uma risadinha. Agora não éramos mais meros estranhos que passaram uma noite juntos, sabíamos o primeiro nome um do outro, um nível mais pessoal do que eu já havia tido em muito tempo.

— Henrique é um nome muito longo, vou te chamar de Henri. – Dei um sorriso. - Agora, será que podemos curtir a noite de outra maneira?

— Não precisa dizer duas vezes, Cassie.

 

* ~ *

 

Não parou naquela noite. Depois que concordei em encontrar o Henri pela segunda vez, acabamos trocando números de telefone e começamos a nos falar, por mensagem e ligação. Eu nem me reconhecia mais. Por muito tempo acreditei que não precisava de ninguém, que estar sozinha era muito melhor e menos complicado, no entanto as últimas semanas haviam mudado isso. Eu estava descobrindo que ter alguém para conversar (além da Michelle), desabafar meus problemas do trabalho, ou simplesmente falar sobre algo que havia achado interessante, era muito bom.

 Essa admissão, contudo, era feita com relutância, já que para mim ainda era difícil aceitar que estava mais feliz depois que conheci Henri Marshall. Nossa relação não possuía um título definido, algo que eu não estava ansiosa para discutir, e nos víamos apenas algumas vezes, pois o trabalho dele não permitia estar por muito tempo na cidade. Henri trabalhava como agente imobiliário e viajava constantemente para apresentar os imóveis que estavam sendo vendidos.

— Então, quando vou conhecê-lo? – Ergui meus olhos da tela do celular para encarar Michelle, que tentava impedir que um sorriso aparecesse em seu rosto, escorada no batente da porta do meu quarto.

— Sinceramente, não sei – respondi, me movendo para uma posição sentada na cama. – O Henri é tão ocupado, que mal nos vemos.

— Sabe, eu nunca pensei que você, a pessoa mais anti-compromisso que conheço, fosse arrumar um namorado antes de mim. O modo como as coisas às vezes acontecem é tão maluco!

— Ei, ele não é meu namorado! – Joguei uma almofada em sua direção.

 - Só porque vocês não colocaram um título, não quer dizer que não seja.

 - É tão estranho pensar que até uns dias atrás eu tinha aversão a sair duas vezes com um mesmo cara e agora...

— Ah, eu sabia que um dia isso ia acontecer! Não tinha como você resistir quando encontrasse o homem certo.

 - Acho que esse papinho romântico já deu por hoje, não é, Michelle? Posso estar saindo com alguém, mas isso não implica que tenha passado a acreditar no amor, em almas gêmeas, todas as coisas que você vive idealizando. – Ela fez uma careta de desgosto e balançou a cabeça, entrando de vez no quarto e se sentando ao meu lado na cama.

— Ele ainda vai amolecer seu coração, eu não duvido.

— Michelle...

— Tudo bem, eu já parei! – Ela ergueu as mãos, rindo, em sinal de rendição. 


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