Dragões do Norte escrita por Snowfall


Capítulo 7
O que encontramos pelo caminho...




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/737206/chapter/7

Tormund. Tormund Terror de Gigantes.
Esse era o nome do selvagem. Jon manteve uma distância segura dele, depois que descobriu quem era aquele homem. Todo o que ouviu sobre selvagens lhe deixou apreensivo nos primeiros dias. Por incrível que pareça todo o nervosismo de Jon parecia divertir Tormund.
A sua companhia e as noites repletas de sonhos incoerentes deixaram o garoto exausto. Seus sonhos agora estavam mais perturbadores. Recentemente sonhava sempre a mesma coisa. Uma caverna no pé de uma montanha. De lá de dentro uma voz sussurrava: “O dragão tem três cabeças”. Sempre que Jon tentava entrar , acordava.
O seu paciente melhorava rapidamente. Jon temia o dia que ele resolvesse ir embora. O homem, embora selvagem, era a única companhia que ele tinha.
Jon se acocorou junto a fogueira e olhou o outro a sua frente, lembrando de tudo que sempre pensou em perguntar a um selvagem, se um dia conhecesse um. Tormund afiava seu machado.
—Fecha a boca garoto. Um corvo pode lhe entra goela abaixo.
O menino trancou a mandíbula, e olhou para a fogueira esperando que seu constrangimento não se mostrasse em seu rosto. Na verdade, quase não conseguia segurar a língua, tinha tantas perguntas que era difícil ficar calado.
—Pergunte de uma vez menino- Tormund adivinhou seus pensamentos. Jon, por mais apreensivo que estivesse, resolveu não perder a oportunidade.
—É verdade que vocês usam crânios humanos como copo?-perguntou num fôlego só.
—Só os de meninos pequenos assim como você. Os de adultos são muito grandes.-respondeu o outro calmamente.
Por um instante Jon se assustou, até que percebeu que o homem fazia força para não rir. Resolveu ignorá-lo e matar sua curiosidade de uma vez.
—E você já viu um gigante? Como eles são? Eles bebem sangue no lugar de água? Que tamanho eles tem?
Tormund gargalhou.
—Todos os garotos sulistas falam pelos cotovelos assim?
Jon se sentiu idiota e abraçou seus joelhos. Não percebeu que estava tagarelando.
—Desculpe.
Sua educação sulista amoleceu o homem.
—Gigantes não bebem sangue menino, e nem comem carne.
—Então o senhor já viu um?- seu entusiasmo voltou um pouco.
—Sim. Tem o cheiro de lã velha encharcada.
—Já matou um? É por isso que se chama Terror de Gigantes.
Com isso Tormund se perdeu em histórias de seus grandes feitos e de como ganhara seus vários títulos. Quando terminou Jon ficou pensando bem e por fim falou:
—Bem vi que o senhor não podia ter matado nenhum gigante, não conseguiu matar nem o urso.
—O seu pai não te ensinou a ter respeito, moleque. Faz bem a saúde.
Jon conhecia ameaças feitas da boca para fora. Então não se importou, a menção do pai o fez baixar seus olhos para a fogueira a sua frente. A noite era fria por isso o fogo estava mais alto. A menção do pai fez doer uma ferida que ele se esquecera que tinha.
—Ele não é totalmente meu pai.-disse sem pensar.
—Como assim, não totalmente? Não se pode fazer um filho pela metade.
—Sou bastardo.
—E o que tem isso, um filho é um filho.
—Ele me mandou embora- admitiu o menino sem tirar os olhos do fogo.
—Pois ele é um tolo. Vi o que você é capaz de fazer, é corajoso e tem habilidade. É um filho que todos iam querer ter, mesmo que se meta nas caçadas alheias e pergunte demais.
—Você tem filhos?
—Três, dois meninos e uma menina. Estão me esperando em Solar Ruivo.
—Quando pretende voltar?
—Já estava a caminho quando topei com o urso.
—Logo então- Jon ficou triste. Já havia se acostumado com Tormund e seu sorriso fácil. Mas o homem tinha família para qual voltar e Jon não podia dizer a mesma coisa.
—Qual o nome do seu pai?- a pergunta pegou Jon de surpresa, olhou para o homem e percebeu que este avaliava seu rosto.
—Por quê?
—Me parece que tem o ar de nobre.
Jon pensou em negar, nas histórias que ouviu nunca tinha havido amor entre os nortenhos e o povo de além da Muralha. Mas não se mente diante dos deuses.
—Meu pai é Lorde Eddard Stark, Senhor de Winterfell e Guardião do Norte.
Tormund ficou calado por alguns instantes depois explodiu em uma gargalhada. Ele se voltou para a árvore coração.
—Não podia ser um garoto qualquer, não é? Tinha que ser um garoto Stark.
—Não sou Stark, meu nome é Snow.
—Isso não te torna menos filho do Stark.
Passou-se mais algum tempo até que Tormund falou novamente.
—Vou para casa amanhã.
—ah- Jon ficou pensando se era porque ele odiava seu pai.
—E você?
—O que tem eu?
—Para onde vai? Se você quiser posso te levar para as vistas da Muralha, os corvos te levariam para seu pai com certeza.
—Não vou voltar para Winterfell.
—Por quê não?
—Já disse, ele me mandou embora. Vou ficar aqui.
Tormund ficou pensando por algum tempo. Então disse por fim.
—Você pode vir comigo se quiser.
......
Jon, depois se convenceu que aceitou ir com Tormund porque ele ainda estava ferido e que era tolo o suficiente para entrar em nova luta com outro urso, alguém tinha que cuidar do selvagem.
Mas no fundo, como qualquer garotinho, ele não queria ficar só no meio do nada.
No terceiro dia de viagem Jon não conseguiu dormir . Toda vez que cochilava sonhava com a bendita caverna que agora aumentara seu vocabulário.
“O dragão tem três cabeças. Uma para o gelo, uma para o fogo e uma para a morte.”
O garoto estava começando a pensar que em breve estariam tendo diálogos filosóficos .
Seu companheiro de viagem agia estranho.Desde de que começaram viagem Tormund se agitava a noite. Parecia está esperando um ataque a qualquer instante. Quando Jon alegou que não havia viva alma em quilômetros recebeu um enigma como resposta.
“Nem sempre o inimigo está vivo, moleque.”
Avançaram bastante mas Jon estava quase certo que nunca chegariam. No segundo dia, acordou muito cedo depois de ser assombrado nos sonhos. O sol ainda não havia nascido totalmente. E o garoto pensou que, já que estava acordado, podia muito bem pegar água.
O riacho estava perto, já que Tormund o usava para se orientar. Enquanto Jon enchia seu cantil percebeu um sombra na outra margem. Alguém vestido em pele cinza estava deitado no chão,parecia ferido. Jon correu e atravessou a água.
Quando chegou mais perto, percebeu que não era uma pessoa mas sim um lobo. Um lobo, maior que um pônei, estava morto bem ali. Jon quase não conseguiu acreditar.
Se abaixou e examinou melhor o animal. Não havia morrido há muito tempo, ainda não fedia. Tinha um ferimento logo abaixo do pescoço quase impercetível por causa do pêlo grosso.
O animal não havia sido ferido ali. Pela trilha de sangue que vinha da floresta, o bicho correra bastante por sua vida. Mas não havia resistido a gravidade do ferimento.
Era uma fêmea. Percebeu pelas mamas que estava amamentando. O garoto sentiu uma tristeza quando pensou no filhote ou filhotes que estavam desamparados agora.
Sua resposta veio em forma de um rosnado vindo de trás. Quando Jon se virou se deparou com um par de olhos vermelhos vivos e uma fileira de dentes afiados. O filhote tinha a pelagem branca que se confundia com a neve ao seu redor.
Um albino. Pelo tamanho devia ter quase a idade de ser desmamado mas não podia dizer com certeza, o tamanho podia enganar já que se tratava de um lobo gigante.
Jon se afastou devagar para a esquerda sem quebrar o contato visual com o animal, era filhote ainda mas o garoto preferia evitar um confronto. O lobo se pôs na frente da mãe e tocou com o focinho, o rosto da dela. E soltou um ganido triste.
Foi então que o menino percebeu que o animal estava sem ninguém agora, assim como ele.
—Eu sei como é, garoto. Minha mãe morreu também - disse se agachando perto do animal. O lobinho não rosnou mais. Mas seus olhos escarlates estavam fixos em Jon, impenetráveis.
Ele então decidiu se acocorar e começou a conversar com o lobo numa voz calma.
—Lá em Winterfell, ninguém acreditaria se eu dissesse que vi um lobo gigante. Todos acham que vocês não existem mais. Miestre Lwin acha que nem chegaram a existir. Imagina a cara dele se visse você.
O lobo se sentou nas patas traseiras e observou Jon com a cabeça ligeiramente inclinada.
—Sabe, você me lembra um represeiro. Exterior branco, interior vermelho.Até seus olhos são vermelhos como os do rosto na árvore.
O animal deu um passo na direção do menino, depois outro até ficar ao alcance de Jon. Mas o garoto não estendeu a mão, apenas esperou. Só quando o lobo tocou seu joelho com a ponta do focinho foi que ousou tocá-lo.
O pêlo era macio e quente. Jon sorriu quando o filhote começou a lhe lamber a mão. De repente sentiu a cabeça leve, como se sua consciência deixasse seu corpo por alguns instantes.
Nesse breve momento foi acometido por várias sensações de uma vez. Todos os cheiros ficaram mais fortes. Pôde sentir o cheiro da loba morta que começava a apodrecer embora não sentisse nada pouco tempo atrás.
Sentia o aroma gostoso que vinha das árvores e até o seu próprio cheiro. Se sentiu confuso, sozinho e faminto. Principalmente faminto.
Quando a cabeça de Jon clareou novamente, ele se viu sentado no chão. Levou uns instantes para entender o que havia acontecido. Não sabia bem o que se passou mas entendeu que aquelas sensações não eram suas e sim do animal a sua frente. Foi,então, tomado de uma compaixão pelo lobo. Quem cuidaria dele agora? Jon entendia bem aquela sensação.
—Tudo bem garoto, não está sozinho mais .Vou cuidar de você.
Quando encarou os olhos cor de sangue a sua frente teve a certeza desconcertante de que o animal havia lhe entendido.
—Está tudo bem agora. Vem, eu sei que tem fome.
Pegou o animal e atravessou o riacho de volta para o seu lado. Por incrível que pareça o lobo não fez nenhum som de objeção enquanto era carregado para longe do corpo da mãe.
Quando atravessava o bosque de volta ao acampamento, foi surpreendido por Tormund que vinha rápido em sua direção com seu machado na mão.
—Infernos moleque, não suma dessa maneira. Pensei que Outros tinham carregado você!
Jon sorriu do exagero do selvagem mas parecia que o homem falava muito sério. O garoto ficou lá parado enquanto ouvia um sermão sem fim, de como não era seguro sair sozinho, que sempre devia avisar onde ia quando fosse se afastar, mesmo que por pouco tempo. O menino ouviu tudo sem levantar a cabeça, não estava acostumado que lhe repreendessem dessa maneira barulhenta. Os sermões de Miestre Lwin eram sempre calmos e infligidos de maneira a deixar o garoto envergonhado.
—Se você fizer isso de novo, vou te amarrar junto a uma árvore toda noite enquanto durmo, entendeu!
—Sim senhor-disse cabisbaixo, estava mais do que surpreso com zanga de Tormund. Afinal Jon tinha conseguido sobreviver sozinho deste lado da Muralha por quase duas semanas.
—Não me venha com sim senhor. Essa sua educação sulista besta não vai me impedir de te dar uns bons cascudos se fizer alguma estupidez novamente.
Jon concordou com a cabeça. Mas não disse nada, Ser Rodrik sempre disse que se deve escolher suas batalhas, nem todas valem a pena. Quando Tormund enfim tomou fôlego percebeu o lobo cuja a cabeça escapava da parte da frente da capa do menino. Ele segurou o animal com mais força contra o peito e esperou mais uma rodada de gritos. Mas a raiva do selvagem pareceu desaparecer tão rápido quanto surgira.
—Isso é um filhote de lobo gigante que você tem aí menino?
—Como sabe que é um lobo gigante? Podia ser o filhote de um lobo comum.
—Acredite garoto, quando se vive desse lado da Muralha se aprende a diferença. Se não aprende morre. Agora é melhor colocar o monstrinho no chão antes que a mãe apareça.
—A mãe está morta lá do outro lado do riacho. Ele é meu agora.
—Uma ova que é! Isso é um lobo gigante garoto, não um bicho de estimação.
—Não importa. Ele não tem mais ninguém para cuidar dele.
—Escute moleque...
—Eu já me decidi- teimou o menino. Essa era uma batalha que valia a pena.
Jon pensou que Tormund fosse gritar ou lhe ameaçar com mais alguns cascudos mas ele apenas fungou.
— Volte e acenda a fogueira. Vou ver que bicho matou a mãe dessa sua ferinha.
Quando chegou ao acampamento, o menino preparou o fogo e pôs um pedaço de urso para assar. Enquanto alimentava o lobinho com pedaços de carne crua. Sentiu um alívio imenso quando o filhote engoliu tudo com vontade. Não sabia o que faria se o animal ainda não comesse coisa sólida. Não havia como encontrar leite por ali.
Quando Tormund voltou parecia perturbado. Se aproximou e pegou uns dos galhos que queimava na fogueira.
—Apague a fogueira e levante acampamento. Vou queimar o animal. Esteja pronto para partir quando eu voltar.
—Mas o desjejum...
—Comemos enquanto andamos. Vamos Jon, se apresse.
O menino não soube se foi a expressão do homem ou o fato de ele tê-lo chamado de Jon. Mas percebeu que acontecia algo sério. Então se pôs de pé num pulo e começou a jogar terra no fogo.
Quando Tormund retornou, partiram imediatamente. O ritmo que o selvagem impôs era rápido e cansativo para o menino, que teve várias vezes que correr para alcançá-lo.
—Rápido moleque. Quero deixar essa maldita floresta antes que a noite chegue.
—O que aconteceu? Estamos em perigo?
— A loba não foi morta por um animal.
—Foi uma pessoa?
—Também não foi uma pessoa.
—O que foi então?
— Agora não, menino. Não quando estamos sozinhos aqui. Quando chegarmos em casa, te explico tudo, prometo.
Jon não fez mais perguntas mas passou o resto do dia olhando ao redor em busca de inimigo invisível. Quando enfim alcançaram a borda da floresta, o garoto sentiu um peso lhe deixar as costas. Até o humor de Tormund melhorou, e este voltou a falar pelos cotovelos, como era o seu normal.
No fim da tarde Tormund decidiu acampar na encosta de uma montanha a uns vinte metros do chão. O que o menino achou estranho.
—Mas é muito mais frio aqui em cima- argumentou.
—É mas aqui podemos ver alguma coisa se aproximando a quilômetros.- e esse foi o fim da discussão. Jon não deixou de notar que o homem dissera alguma coisa e não alguém.
Quando a noite caiu, a fogueira de Jon já brilhava forte iluminando toda a extensão dos poucos metros de espaço que tinha naquela encosta. Jon se certificou de colocar suas peles de dormir bem junto ao paredão da montanha. Tinha medo de se mexer durante a noite e rolar montanha abaixo.
O garoto atiçou bem o fogo e pôs o último pedaço de carne que tinham para assar. Quando tudo ficou pronto ele entregou um pedaço maior para Tormund e dividiu o seu com seu lobo.
—Tome aqui-disse Tormund de repente.
Jon ergueu a cabeça e viu que o selvagem lhe estendia uma porção de carne presa na ponta de sua faca.
—Já tenho o suficiente-rejeitou o garoto.
—Não se dividir com esse seu animal.
—O senhor precisa mais porque é maior.
—Tome a carne de uma vez garoto. Me deixe cuidar de você apenas essa vez.
Eles se encararam por um tempo até Jon erguer a mão e pegar a carne. Quando terminaram Tormund se pôs a trabalhar em uma lança. O garoto se surpreendeu quando o homem dividiu a ponta da lança em três e a prendeu com uma tira de couro.
—Que bicho pretende matar com essa lança- a arma nem arranharia um urso ou servo.
—Vou usá-la para pescar. Com sorte deve haver salmão no rio. É começo do verão, então não deve ser muito difícil.
—Eu posso ir caçar também. Assim duplicamos nossas chances de conseguir algo para comer- disse Jon esperançoso, esperando que o homem não estivesse ainda com raiva dele por hoje de manhã e lhe deixasse ir. Felizmente Tormund parecia ter se esquecido disso logo assim que deixaram a floresta.
—Parece uma boa ideia pra mim.
—Não vou muito longe, prometo.- ele achou melhor assegurar.
—Tudo bem. Só não me apareça com um filhote de gato das sombras de estimação, está bem? Tudo tem limite.
Jon soltou uma gargalhada enquanto acariciava seu lobo atrás das orelhas.
—Devia rir mais menino, é muito sério para alguém da sua idade.
O garoto baixou a cabeça e fixou o olhar no fogo.
—Aquilo que aconteceu de manhã. Sabe que disse aquilo pro seu bem, não é. Deste lado da Muralha é mais perigoso do que imagina. Existe um motivo para o Povo Livre sempre querer se mudar para o outro lado.
Jon apenas concordou com a cabeça. Sentia que algo muito ruim estava acontecendo.
—Até que ele não é tão ruim-comentou Tormund.
Ele viu que o homem se referia ao lobo.
—Essa ferinha até que é bonita.
—O nome dele é Fantasma.
Tinha pensado o dia todo no nome até que chegou a esse, que combinava com seu lobo tanto na aparência como na personalidade.
—Fantasma. Sombrio e aterrorizante-comentou Tormund.
—Assim como ele-rebateu Jon.
—E assim como o dono.
—Não sou aterrorizante.
—Ainda não. Mas será garoto, assim como esse seu animal.
Jon preferiu não comentar mais nada. Mas tarde naquela noite teve o sonho de sempre. A caverna e a voz que dizia a mesma coisa sobre dragões e cabeças. Foi acordado por uivos que pareciam muito perto. Ele se sentou e escutou. Pôde distinguir no mínimo cinco uivos diferentes. A alcateia estava perto.
Pensou em acordar Tormund mas o homem já estava acordado e se virou para encará-lo.
—Percebe moleque, que se o seu bichinho resolver responder aos parentes, nós estamos fudidos não é?
A preocupação se mostrou desnecessária. Fantasma apenas ergueu a cabeça e escutou mas não soltou um ruído.
Na manhã seguinte Jon saiu cedo para caçar. Quando pensou que não teria sorte. Sentiu um cheiro agradável e sentiu a boca salivar. Viu Fantasma se afastar na direção oposta seguindo o cheiro. Deixando para pensar depois no por quê de sentir as coisas como Fantasma, se pôs a perseguir sua presa.
Quando voltou, trazia uma grande lebre presa a cintura. A viagem de Tormund também fora bem sucedida. Conseguira seis salmões vermelhos.
.....
Na noite seguinte o selvagem já tinha o lugar certo para passarem a noite.
—Fica aqui perto. Fiquei lá no caminho de ida, é seguro.
Jon sentiu o sangue gelar quando reconheceu a montanha. Era a mesma do seu sonho. Só podia esperar que esta não tivesse nenhuma caverna.
Suas esperanças foram levadas quando o homem o guiou direto para a boca escura que falava com ele em seus sonhos.Ele parou a uns cinco metros da entrada.
—Vamos garoto, entre de uma vez. Está escurecendo.
Quando entrou ficou olhando tudo ao redor. Não era muito grande. Talvez uns dez metros. Jon ficou esperando que começasse a falar a qualquer momento.
—O que foi menino. Está tão branco que parece que viu os Outros.
O garoto não respondeu. Apenas se sentou e puxou Fantasma mais para perto.
—Jon...- pelo visto Tormund começou a se preocupar.
—Estou bem, só não gostei muito desse lugar.
Como explicar seus sonhos sem parecer louco.
Naquela noite o sono não veio. Jon percebia todo e qualquer som ao seu redor. Foi então que Fantasma começou a se agitar. Depois de algum tempo ele percebeu que o lobo queria que ele o seguisse.
Fantasma se dirigiu ao fundo da caverna e de repente desapareceu.
—Não Fantasma, volta-sussurrou para não acordar Tormund.
Achou uma lacuna na parede da caverna, de uns trinta e cinco centímetros, por onde Fantasma entrara.
Quando Jon se espremeu e entrou, com uma tocha improvisada, se deparou com uma câmara interna enorme.Talvez com o dobro do tamanho do grande salão em Winterfell. Quando se virou para esquerda sentiu todo o ar deixar seus pulmões.
Havia um grande esqueleto ali. De um dragão!
Jon havia lido livros sobre dragões o suficiente para reconhecer. Tinha quase vinte metros. Sua cabeça, apoiada sobre as patas dianteiras, era grande o suficiente para engolir uma carroça com cavalo e tudo.
Ele se aproximou maravilhado. Ninguém nunca havia lhe dito que tinha havido dragões no Norte. Mas ali estava.
Podia está morto a milhares de anos. Tempo suficiente para a câmara se fechar ao redor dele. O menino se perguntou o que tinha matado uma criatura tão magnífica. Será que tinha morrido de causas naturais. Nunca tinha ouvido falar de um dragão morrer de velhice. Pela posição do esqueleto, o animal parecia está descansando.
Quando Fantasma fez um leve ruído, Jon deu a volta na cabeça enorme e encontrou seu lobo junto as costelas do dragão, onde seu corpo havia se curvado sobre si mesmo. Fantasma encontrara alguma coisa e se agitava para que Jon visse.
Lá no espaço entre as costelas e a calda havia ovos. Quando chegou a tocha um pouco mais perto viu que eram três. De uns vinte centímetros cada. Um azul, um branco e um amarelo.
Um arrepio lhe desceu pela espinha quando se recordou do que lhe disse a voz no sonho.
“O dragão tem três cabeças. Uma para o gelo, uma para o fogo e uma para a morte.”


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Dragões do Norte" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.