Capítulo 30: Nós precisávamos disso

            Killian on

            O som do gatilho sendo puxado e bala sendo disparada fez com que abraçasse Nina mais forte e fechasse os olhos esperando pelo impacto, o que não aconteceu. Abri meus olhos e vejo Marta, sim, Marta caindo no chão com um tiro nas costas, olho para mais além e vejo Adam que vem correndo em nossa direção.

            -Vocês estão bem?- Ele pergunta enquanto Nina ainda se segurava forte em mim e eu mesmo ainda estava um pouco atordoado.

            -Acho que sim, você estava por perto ou o quê? -Falo e ele olha para Marta que ainda se contorcia no chão quase já desmaiando.

            -Na verdade, quando eu descobri que Emma havia sido envenenada eu perdi a cabeça e ia na casa dessa cobra, mas chegando lá ela já estava saindo e apenas a segui para ver onde ela ia, quando cheguei aqui na praia vi ela pegando o revolver e depois indo na direção de vocês. Claro que eu percebi o que ela ia fazer então eu mesmo dei o  meu jeito, não a matei mas impedi que a mesma fizesse isso- Ele fala e aperta a mão de Nina que sorri pra ele.

            -Como você tem uma arma? Sinceramente, se não fosse você...Acho que Nina e eu não estaríamos aqui agora- Falo e Nina sorrir pra mim ainda sem falar nada.

            -Eu sou agente do FBI, inclusive minha equipe começou a investigar mais sobre o caso da Marta, isso que ela fez não é normal e muito menos aceitável, iremos averiguar melhor tudo. Enfim, vou ligar para a emergência já que ela ainda é um ser humano. Pode ir pra casa, irei explicar tudo o que aconteceu aqui, não se preocupe com o resto. – Suspiro pesado e Adam dá um beijo na testa de Nina antes de seguimos para o carro.

                        Já estávamos chegando em casa e Nina estava quase dormindo no carro abraçada ao seu bicho de pelúcia quando a mesma desperta rapidamente.

            -Quando a Emma vai voltar? Ela está bem? – Ela fala assim que estaciono o carro na garagem. Respiro fundo e desço com a mesma ainda um pouco sonolenta e subo para o nosso apartamento.

            -A Emma... ela se machucou um pouquinho e precisou ficar no hospital, mas depois ela vai voltar. Ela só precisa se recuperar está bem? Ela vai voltar e ai vocês vão poder aproveitar bastante – Falo e ela sorrir e se deita junto a mim no sofá assistindo um desenho avulso. Eu mesmo não estava seguro que Emma iria acordar, eu tinha tanto medo de que alguém me ligasse avisando que a mesma não resistiu ou que o bebê não tinha aguentado, ou até mesmo que havia um prazo para manter as máquinas ligadas e que se ela não acordasse até lá teriam que desligar. Voo em meus pensamentos e nem percebo o momento em que Nina já dormia com o rosto virado para o meu peito e encolhida por conta do frio mas mesmo assim abraçada ao seu  bicho de pelúcia.

            Sorrio por ter ela comigo, começo a imaginar como seria o nosso filho que ainda vai nascer brincando com a Nina, os dois irmãos. Eu não tinha nenhuma dúvida de que Nina seria uma ótima irmã, ela era adorável e com certeza seria acolhedora e carinhosa com o próximo membro da família que logo chegaria.

            Novamente saio dos meus devaneios e subo com Nina para o quarto da mesma, mas lembro de tudo que aconteceu e acabo mudando de ideia e a levando para o meu quarto colocando a mesma ao meu lado e antes que eu pudesse cair no sono, vejo Ava deitando junto a mesma e em poucos minutos adormeço ao lado delas.

                                               ***Um mês depois***

            Um mês havia se passado, o laço entre mim e Nina havia ficado ainda mais forte. Em todo esse tempo Emma não acordou, na verdade não houve nenhuma mudança em sua atividade cerebral, o bebê já não corria risco, na verdade agora com quatro meses usa barriga estava um pouco elevada, era bem pouco, mas significava muito para mim. Nina e eu à visitávamos quase todo dia, sempre na esperança que ela fosse acordar com a nossa presença.

            Durante esse um mês Nina e eu brincamos muito, até de princesa eu me vestir junto a ela, passei batom e blush para podermos brincarmos. Fiz sua matrícula na escola que começaria em duas semanas, eu queria tanto que Emma acordasse até lá para presenciar o primeiro dia de aula da nossa filha, mas o tempo passava e nada acontecia.

            Hoje era o dia das mães, Nina e eu estávamos a caminho do hospital para ver Emma mais uma vez, todos os dias íamos com a esperança daqueles olhos verdes cor de esmeralda abrissem novamente, mas sempre voltávamos frustrados e tristes por isso não acontecer.

            Chegamos em poucos minutos, Nina estava de vestidinho azul marinho, uma tiara no cabelo e um sapatinho branco com meia, a mesma segurava um buquê de flores que ela própria havia escolhido. Entramos naquele quarto tão conhecido e suspirei fundo ao ver que ela continuava na mesma, Nina olhou para mim e eu já sabia o que aquilo significava, afirmei com a cabeça e ela subiu na cama ao lado de Emma e colocou o buquê na cabeceira da cama.

            -Oii, bom hoje é o dia das mães, esse dia nunca teve muito significado pra mim até porque eu era órfã e não sabia como era ter uma família para passar esses dias especiais. Em um dia muito ruim e que eu já estava muito cansada de ficar naquele orfanato eu fugi, fugi pra poder ir bem pra longe de tudo aquilo que tanto me magoava. No meio do caminho eu encontrei pessoas maravilhosas, eu nunca imaginava que iria ter uma família, que iria ser aceita, que ao menos iriam me respeitar e me tratar tão bem como essas pessoas me tratam, na verdade.... nunca achei que alguém fosse me amar por eu ser do jeito que eu sou. Eu sei, você me disse que não havia nada de errado comigo, nada de errado em ser quem eu sou, e que eu era perfeita do meu jeito, na verdade, você foi a primeira a me dizer isso, e por conta de ser a primeira, foi a mais especial. Hoje é o seu dia, dia das mães, a nossa relação não é de anos como aquelas propagandas da TV que são mãe e bebê, são de meses. É pouco tempo mas é tão significante e importante pra mim que já vale a pena apenas em ter você como parte da minha família, ter você como minha mãe, uma pessoa que escolheu meu amar quando havia tantas outras crianças melhores e menores que eu. E é por isso, que eu vim aqui junto com o papai pra te desejar feliz dia das mães, na verdade posso apostar que o meu irmão que a gente ainda não sabe se é menino ou menina também está feliz por estar nessa família. Eu só queria mais que tudo que você acordasse pra gente poder brincar e rir novamente, cozinhar e cozinharmos fazendo a guerra de comida, eu só queria que você voltasse. Eu te amo, mamãe- Nina fala beijando a testa de Emma que para minha surpresa derrama uma lágrima lenta e única. Sinceramente eu não podia acreditar no que Nina havia falado, foi tão natural e não houve força por nenhum dos lados, eu não esperava, na verdade foi uma grande surpresa. Depois ainda teve Emma que derramou uma lágrima, a máquina que verificava sua atividade cerebral começou a mudar. Fiquei olhando para ela fixamente até que uma palavra fez com que eu mudasse meu foco agora para Emma e Nina.

            -Mamãe?- Nina fala e posso ver que Emma havia aberto os olhos, como ela não usava mais auxilio para respirar logo um enorme sorriso se abriu e lágrimas rolaram pelo o rosto ainda pálido da Sra.Jones, eu estava parado, em choque enquanto Nina e ela se abraçavam. Eu estava mais que chocado, estava mais que surpreso, não tinha palavras para expressar minha felicidade naquele momento.

            -Eu também te amo Nina, muito- Emma fala beijando a testa da mesma que agora sorria mais que feliz. Minutos se passaram até que elas conversaram um pouco e Emma fez um sinal para que eu me aproximasse e sentasse na cama ainda muito lerdo e sem palavras para falar alguma coisa.

            -Eu senti muito a sua falta Killian- Emma fala e posso sentir os braços, o corpo, o cheiro, a voz que eu tanto sentia falta perto de mim novamente, finalmente a ficha cai e abraço apertado aliviado por ter ela ali novamente, por ter a minha esposa ao meu lado novamente e agora poderíamos ser uma família, deixo algumas lágrimas escorrerem pelo meu rosto até sentir os lábios de Emma juntos aos meus em um beijo calmo e lento, toda a saudade e amor estava sendo transmitido ali.

            -Nunca mais me dá um susto desse, por favor, achei que nunca mais fosse ver esse sorriso e ter essa pessoa que me faz mais que feliz ao meu lado- Falo e o sorriso que eu tanto amava cresce em seu rosto.

            -Tentarei não assustá-lo novamente Sr.Jones- Ela fala e logo nós três nos abraçamos em um abraço coletivo. – Eu senti muito a falta de vocês, eu escutei cada palavra pronunciada nesse quarto, desculpem só conseguir voltar agora- Ela fala e Nina apenas sorrir para ela.

            -Não precisa se desculpar, importante é que você voltou- Ela fala antes de ficar entre o abraço de nós três.

            Olho mais uma vez para aquelas órbitas verdes que tanto senti falta e sussurro “eu te amo” e a mesma sorri e seus olhos ganham um tom brilhante enquanto a mesma sussurra “ eu também te amo” de volta. As horas se passavam e a saudade ia sendo deixada para trás e dando lugar a felicidade que agora era mais que presente na nossa família.

            Explico tudo que havia acontecido para Emma para que a mesma não ficasse perdida nas informações e no tempo, expliquei que Marta havia levado um tiro e que havia perfurado sua espinha espinal a deixando paraplégica, agora ela estava paralítica e em um centro psiquiátrico. Várias papeladas foram resolvidas até que Emma pudesse ir embora.

            O caminho até em casa foi mais que animado e falante, nós três cantávamos músicas mais que avulsas, Nina se perdia em algumas mas não era motivo para ter que parar. Nós estávamos felizes demais para se preocupar com problemas menores ou que não mereciam nosso tempo nesse momento.

            Chegamos em casa em poucos minutos e o tempo ia passando, Guerra de comida, travesseiro aconteciam, nossa casa já estava uma bagunça e nenhum de nós ligávamos. As horas passaram e Nina acabou pegando no sono, a levei para o seu quarto e como de costume Ava dormiu ao seu lado. Fui para o meu quarto e ainda não acreditava que Emma estava ali, deitada na nossa cama lendo um livro que não pude visualizar qual era, deitei ao seu lado aproveitando o espaço agora preenchido e o seu tão conhecido doce cheiro que pairava no ar. Nenhuma palavra foi dita, apenas ficamos ali abraçados um ao outro, aproveitando o momento juntos, Emma dormiu minutos depois e logo cai no sono junto a ela, Emma dormia de lado e eu abraçado por trás a ela com a mão sobre sua barriga. Minha família estava completa, eu tinha filhos, uma esposa mais que maravilhosa e um cachorro. Eu estava feliz e disposto a lutar contra todos os obstáculos que aparecessem diante de nós com o intuito de nos separarmos.