Capítulo 16-  Eu EXIGO respeito

Killian on

“Quem é Helen?”

Depois daquela pergunta tive que aguentar uma Emma totalmente estressada até conseguir explicar que Helen era uma garota que eu tinha pegado na balada, tinha sido apenas uma noite mas ela achava que tínhamos algo e nunca aceitava o fato de que ela havia sido apenas uma garota. Eu já havia esclarecido tudo pra ela mas ela insistia. Depois dessas explicação Emma ficou bem mais calma e continuamos nossa rotina, agora como um verdadeiro casal.

***Três meses depois***

Quando decidi que pediria Emma em namoro foi algo muito pensado e me deixou um pouco afastado dela, tinha várias coisas para resolver do meu trabalho também. Não estou indo tanto para o escritório, mas resolvo e marco audiências pelo computador. Neal ainda está solto por aí. Ontem, eu e Emma completamos três meses de namoro, na verdade está tudo sendo maravilhoso, Emma é uma ótima companheira.

Tinhamos conversado bastante sobre o assunto e decidir que iríamos até a casa dos meus pais, depois de tantos anos não sei se estava pronto, mas tinha que tentar e ainda iria aproveitar para que conhecessem Emma.

                                  Era no fim de tarde e já havia falado com meu pai por e-mail que iria jantar na casa deles, ele até pareceu gostar e apenas avisei que levaria alguém especial. Emma logo desce pronta, vestido bege que amarrava no pescoço, Salto é uma parte do cabelo presa a a fivela e o resto com seu cabelo solto e cachos naturais na ponta. Ela estava perfeita, como sempre esteve. Beijo sua testa e saímos, minha roupa era uma calça, blusa e sapato social. Eu sabia que todo jantar com a família Jones era uma coisa arrumada  e sofisticada.

      Demoramos em torno de 40min ate chegarmos a casa deles, uma casa enorme, duplex, branca... Era uma casa... Que não era tão humilde como os donos. Na verdade, como meu pai e meu irmão, minha mãe era mais esnobe e arrogante. No caminho até nosso destino Emma estava nervosa com a reação deles, eu tentei tranquiliza-la o que não deu muito certo.

                Chegamos ao nosso destino e estacionei o carro em frente a casa e a encarei por alguns minutos.

—Entre na frente e fique um pouco com eles depois você vem me chamar- Emma fala olhando para mim percebendo como eu também estava nervoso.

—Tem certeza disso?- Pergunto a olhando sabendo que aquela pergunta era mais para mim que estava com medo do que poderia acontecer.

—Tenho sim, vai dar tudo certo- Emma fala entrelaçando nossas mãos e beija minha bochecha e me olha transmitindo segurança e apenas confirmo coma cabeça sorrindo e saio do carro.

                A porta é aberta. Meu pai a minha frente. Nos encaramos por um tempo, fazia tempo que não o via e a última vez que o vi foi em uma briga no qual sua última frase foi “Eu estou decepcionado com você”. Ele me olhou nos olhos e depois me abraçou forte e apertado, eu sentia falta do meu pai ele e Liam eram as pessoas que mais me apoiavam quando pequenos, ele que fez eu ter um certo amor por mar.

—Desculpe filho- Foi a única coisa que meu pai disse e pude ver uma lágrima escorrendo pelo seu olho seguida de várias outras. O abraço mais apertado, eu não esperava aquela recepção.- Desculpe por não ter sido um pai ideal, por não ter lhe apoiado, por ter virado as costas.. Me desculpe- Ele fala e sorrio sabendo que ele estava realmente arrependido, meu pai só pedia desculpas quando estava sendo sincero, e saber que ele estava arrependido por tudo me deixou feliz.

—Está tudo bem agora, o que importa é que estou aqui e que o senhor se arrependeu. Não precisamos lembrar o passado, não será preciso- Falo e ele sorrir orgulhoso e feliz.

—Não guarda rancor de mim?- Ele fala até surpreso.

—Não mais, está tudo bem agora e não sinto mais nada ligado a rancor ou raiva- Falo e ele aperta minha mão forte.

—Bem vindo novamente a família- Ele fala com um enorme sorriso no rosto que mostrava o quão orgulhoso e feliz ele estava e retribuo, era bom se sentir um pouco em casa e ainda mais se sentir acolhido.

                Em poucos minutos, alguém aparece.. Minha mãe, ela me olha de cima abaixo e percebo certo rancor? Raiva? Em seu olhar, ela não fala nada por alguns minutos mas depois me abraça.

—É bom ter você de volta- Ela fala mas não consigo tanta verdade naquelas palavras, a abraço de volta mas sem a emoção que foi com o meu pai. Ela não parecia está muito feliz com a minha presença, será que era coisa da minha cabeça? Ela foi um pouco mais fria comigo e apenas depois do abraço diz que o jantar está quase pronto e que está feliz por me ver ali. Mesmo não vendo sinceridade naquelas palavras retribuo o sorriso que ela me dá.

                Estávamos jogando conversa fora quando Liam vem descendo a escada e me vê, ele anda em passos rápidos até mim e me abraça apertado e demorado

—Olha o meu irmãozinho caçula está de volta, que foi? Encontrou o caminho pra casa novamente? – Ele fala me zoando e assanhando meu cabelo me fazendo revirar os olhos.

—Liam, eu não tenho mais cinco anos de idade há há -Falo em resposta a suas provocações.

—Continua sendo o caçula, mas ignorando esse fato é bom ter você de volta, agora tenho alguém para encher o saco de novo- Ele fala sorrindo e acabo sorrindo de volta. Liam era um ótimo irmão, realmente uma inspiração de pessoa. Vendo que todos já tinham me visto e me recebido bem decido que é a hora de apresentar Emma.

—Tenho alguém para apresentar para vocês....- Falo e Liam e meu pai já me olham maliciosos e minha mãe curiosa.

—Olhaaa o caçula arrumou alguém? Tenho sobrinhos?- Liam fala me provocando novamente e apenas saio e busco Emma no carro.

                Chego no carro e lá está ela, mexendo no celular concentrada e nem me vê se aproximando e aproveito para assustá-la.

—ACORDA EMMA SWAN- Falo próximo ao seu ouvido fazendo ela dar um pulo assustada causando risadas em mim

—Que susto Killian, quer me matar do coração? – Ela fala com a mão no coração tentando se acalmar.

—Pronta? – Pergunto abrindo a porta e ela apenas assente com a cabeça e saímos em direção ao interior da casa.

                Entro primeiro e logo atrás de mim Emma que está segurando minha mão, paramos no meio da sala e meu pai e Liam estão a olhando sorrindo mas minha mãe permanece com a cara fechada.

—Sua noiva?- Pergunta o meu pai curioso a olhando com um olhar acolhedor.

—Não, essa é Emma Swan, minha namorada- Falo sorrindo e Emma sorrir tímida.

—Seja bem vinda Emma, fico feliz que meu irmãozinho tenha encontrado alguém que o suporte, ele é MUITO chato- Liam fala fazendo Emma rir e eu olhá-lo com um olhar fuzilador.

—Obrigada, você deve ser o Liam certo? – Ela pergunta sorrindo educada e um pouco confusa com os nomes.

—Eu mesmo, ao seu dispor, mas sendo realista e educado, fico feliz que agora esteja fazendo meu irmão feliz- Ele fala e aperta a mão da mesma que assente sorrindo tímida. Ela estava ficando vermelha de vergonha. Estava fofa.

—Essa é a convidada especial? – Fala meu pai a cumprimentando com um aperto de mão e sorrindo assim como ela.

—Sim, na verdade, mais que especial- Falo e a abraço de lado pelo pescoço beijando o topo de sua cabeça.

—OWNNN até parece que esse cavalo é educado e carinho assim- Liam fala fazendo Emma segurar a risada e eu e meu pai olharmos o sério.

—Na verdade, até agora ele foi um amor de pessoa, comigo- Emma fala e sorrio vitorioso pra Liam.

—Isso que eu chamo de milagre....-Liam fala sussurrando e baixinho mas para que todos ouvissem fazendo Emma sorrir quase rindo pra valer.

—Mudando de assunto né Sr.Liam, fico feliz em ter você para família Emma e assim como Liam estou feliz que Killian tenha escolhido alguém tão bonita e educada como você para ser sua companheira. Seja bem vinda a família Jones e se sinta em casa enquanto estiver aqui- Meu pai fala e posso ver o efeito relaxante que causa em Emma e até mesmo em mim, eles estavam nos recebendo tão bem.

                Antes que minha mãe pudesse cumprimenta-la a empregada, Annie, vem e avisa que o jantar estava posto. Nos levantamos e vamos em direção a copa. Senta meu pai na ponta, minha mãe na outra e ao seu lado Liam e do outro lado do meu pai senta eu e Emma. Começamos a comer até que minha mãe corta o silêncio e passa para um interrogatório desnecessário naquele momento.

—Então, Emma... com o que você trabalha? – Ela fala a olhando fria e com um olhar sério. Começou.

—Mãe, isso de novo não- Falo já sabendo onde isso iria dar.

—Não Killian, está tudo bem- Emma fala colocando sua mão sobre a minha- Eu sou modelo internacional, mas já fiz faculdade de arquitetura e a exerci por dois anos antes de me tornar modelo. – Emma fala calma e clara, minha mãe não era fã de modelo mas tinha certa afinidade por arquitetura. Ela com certeza deveria ter pesquisado sobre Emma em algum momento distraído nosso, ela iria querer fazer alguma coisa.

—E por quê preferiu ser modelo em vez de arquitetura? Por ser mais fácil? – Ela fala com certo deboche como se ser modelo fosse apenas posar para fotos.

—Na verdade, não. Ser modelo não é tão fácil assim. Mas respondendo sua primeira pergunta eu escolhi porquê apesar de gostar da área de arquitetura eu não sentia que era a carreira que eu iria querer para o resto da vida, inclusive quem desenhou a parte de emergência do hospital onde a senhora trabalha no qual foi reformado, foi eu.- Emma fala o que deixa minha mãe até mesmo sem palavras. Por essa minha mãe não esperava, ela iria implicar com Emma até achar algo para insultá-la.

—E os seus pais? Qual a profissão deles? – Minha mãe fala e eu já sabia que a resposta de Emma seria o motivo para esse estopim.

—Mão, isso não é preciso. Já chega de interrogatório- Falo a olhando sério mas Emma aperta minha mão indicando que estava tudo bem e como me calo minha mãe continua.

—Na verdade, meus pais morreram quando eu ainda era uma bebê então não tive conhecimento com eles e muito menos memórias. Cresci em lares adotivos e tudo que conquistei não foi em base dos meus pais ou me apoiando em ninguém a não ser em mim mesma, o que me gera certo orgulho de mim mesma. – Emma fala e sorri no final, ela parecia confiante até demais para quem estava conversando com uma pessoa do tipo da minha mãe.

—Tem orgulho do seu ex- namorado? Neal? Pelo o que eu soube ele a violentou e ainda a manteve em cárcere privado. O que tem a dizer sobre isso? – Minha mãe fala deixando todos na mesa a olhando sem reação e Emma a olhava sem reação.

—Mãe já chega! CHEGA!- Falo já cheio daquele assunto e percebendo como aquilo tinha afetado Emma que nem se mexeu ou piscou.

—Chega? Você trás uma mulher que sobrevive a base de fotografias? Que cresceu em lares adotivos? Que foi violentada? QUER ACABAR COM A IMAGEM DA NOSSA FAMÍLIA? – Ao ouvir aquilo eu simplesmente não estava acreditando no que havia acabado de ouvir, minha mãe estava preocupada com a imagem da “família”? Isso só podia ser brincadeira.

—COM TUDO QUE ACONTECEU VOCÊ ESTÁ PREOCUPADA COM A IMAGEM DESSA FAMÍLIA? DEVERIA ESTÁ PREOCUPADA COM A SUA IMAGEM, COM ESSE SEU CARATER QUE NÃO VALE NEM O PRATO QUE COME- Falo cuspindo as palavras fazendo ela me olhar com sague nos olhos, minha mãe não era mais a de antes.

—Marta já chega- Meu pai fala se levantando já cansado de toda a situação, ele com certeza devia está com vergonha e compaixão por Emma que ainda estava sentada sem se mexer.

—VAI DEFENDER ELE TAMBÉM? OLHA O TIPINHO DE GENTE QUE ELE ARRUMOU PARA VIVER NO MESMO TETO QUE ELE. PARA TRAZER NA NOSSA CASA! SABE- SE LÁ SE ESSA ÓRFÃ VAI ROUBAR ALGUMA COISA DAQUI QUANDO FOR EMBORA!- Minha mãe fala cuspindo as palavras e o que acontece em seguida foi muito rápido.

                Emma se levanta rapidamente e vai até a minha mãe com um olhar frio e se coloca a frente dela.

—Eu podia muito bem me rebaixar e descer a mão nessa sua face mas eu tenho educação, eu não tive uma vida digna nem cheia de riquezas. Mas acredite eu não preciso roubar nada nem seu, nem do seu filho. Diferente de você eu batalho pelo o que eu quero e não fico esnobando os outros ou tentando humilhá-los. Se você não gostou de mim, sinto muito, vai ter que me aturar e saiba que mais um desaforo que eu ouvir seu não vai sair barato. Eu mereço respeito, você pode não ter mas se contenha e fique no seu silêncio, lhe garanto que não preciso da sua voz na minha vida. Sobre eu ser órfã, sim, eu sou, e por conta disso conheci pessoas maravilhosas e mesmo com uma vida difícil nunca roubaram nem um grão de comida para matar a fome. Eu EXIGO respeito e se você não gostou de mim, fico feliz em dizer que eu também não fui nem um pouco com a sua cara. Sr.Jones e Liam fiquei muito felizes de conhece-los e espero poder vê-los novamente algum dia. Killian preciso ir embora- Emma fala deixando minha mãe e todos nós com cara no chão, eu estava orgulhoso dela. Apenas pego sua mão e caminho até o carro mas antes agradeço meu pai e meu irmão,

                Já estava de saída de casa quando meu pai me chama em um canto e me conta algo que eu nunca esperei ter que ouvir, eu desabei por dentro. Me despedi dele e fui para casa com Emma ainda abalado por dentro, fomos o caminho em silencio, eu sabia que ela estava magoada, mas eu.. eu estava desabando.

                Chegamos em casa e eu estava desligado do mundo, chego na sala e quando vejo que Emma subiu as escadas desabo olhando a vista do meu apartamento, desabo lembrando das palavras do meu pai, desabo por saber tão depois. Emma logo aparece e me abraça apertado e choro como um bebê em seu colo.

—O que houve Killian? Por quê você está chorando? – Ela pergunta preocupada e reúno minhas forças para falar aquela frase que tanto não queria admitir e relembrar,  a frase que me matou por dentro.

—Meu pai está com câncer, ele só tem três meses de vida- Falo desabando mais ainda em seu colo e o silêncio paira apenas sendo escutado o som dos meus soluços.