O Outro Lado do Espelho escrita por Machene


Capítulo 21
Conexão e Harmonia




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Cap. 21

Conexão e Harmonia

 

É o sexto dia de treinamento dos bladers na mansão Yamari. Hilary e Salima estão plenamente recuperadas da febre de ontem e, por comparecerem à reunião noturna para mulheres na sala de música, já foram informadas do que houve durante seu momento de apagão. Assim, todos se dirigem ao campo de treino do jardim, montado por Gordo há alguns dias, e começam a travar pequenas competições entre si.

Luta após luta, as garotas se mostram melhores do que os garotos, desde simples competições de velocidade até de força. Eles ficam inconformados.

Robert – Como é possível que tenham ficado tão boas se treinamos todos juntos?

Nadine – Vocês também progrediram bastante. Elas só foram mais aplicadas.

Gary – Mas em quê? Nós fizemos tudo que vocês mandaram a gente fazer.

Berta – Bem, para ser justa, não pareciam dedicados ao treinamento da Hana.

Claude – Me desculpe, mas desde quando limpar o chão e dançar é treinamento?

Hana – Vocês prometeram se dedicar a tudo que aplicássemos, independente do que fosse, e não acreditaram em mim e Nadine. Não coordenamos essas tarefas à toa.

Jim – Ok, então se importa em nos explicar a razão de tudo isso?

Alice – Além do que elas nos disseram, sobre a importância de saber e entender a natureza de uma fera e a sua própria, as tarefas domésticas e a dança serviriam para dar vigor ao nosso condicionamento físico e ao raciocínio rápido.

Jaqueline – Exatamente. Nós limpamos todo o interior da casa dançando e usando os mesmos pesos amarrados nas pernas, nos braços e na cintura que vocês. E nas vezes em que não alcançamos os lugares altos, como o lustre do salão, usamos as beyblades.

Eliane – Aprendemos a desviar de obstáculos e ainda nos divertimos.

Wyatt – Eu disse que vocês deviam ter feito a mesma coisa. Alguns de nós foram ajudar elas e praticamos do mesmo jeito, mas a maioria de vocês achou que era besteira.

Goki – Foi pretensão da nossa parte então, desculpem. – ele fita os outros amigos em igual condição de arrependimento e eles também se desculpam.

Hiro – Bom, ao menos isso serviu de lição. Se vocês já estão convencidos de que precisam de refinamento, podem continuar a treinar com as garotas pelo resto do dia.

Roberta – Ah, acho que eles não dão conta. Estão muito molengas agora.

Robert – Ah é? Repita se tiver coragem. – Roberta usa o indicador para desenhar as letras no ar enquanto vai repetindo devagar a palavra, fazendo as amigas rirem.

Melissa – Podem somar sua força bruta à nossa técnica, contudo, se vocês estarão melhores ou não no fim do treinamento, quem vai dar o juízo final serão os treinadores.

July – Então quem não atingir a meta vai ser sacrificado?

Edna – Com certeza não é este tipo de “juízo final”, July. – os demais riem.

Hana – Vamos deixar vocês praticando e depois voltamos.

Quando os técnicos se retiram, o grupo se reúne entre os pares mais acostumados e continua a praticar. No pôr do sol, Melissa chama todos a um descanso e induz Salima e Ray a procurarem pelos treinadores, para que os testem novamente antes de escurecer. Após os dois se retirarem, ela convence Hilary e Tyson a irem pegar um livro específico na biblioteca, que pode ajudar no exercício. Eles também saem, então a loira sorri.

Com igual malícia, quase todos os bladers se dividem para bisbilhotar os casais, enquanto alguns decidem ignorar o plano já mencionado da loira e retomar o treino. Os primeiros a começarem um diálogo são o chinês e sua ruiva, nos corredores da mansão.

Salima – Olha Ray... Desculpe por aquele dia. Eu fiz muita besteira, né?!

Ray – Não se podia fazer nada. A Hilary foi manipulada também.

Salima – Eu sei, mas causou prejuízo a todos. Ninguém de fato reclamou, porém eu me sentiria mal de não pedir desculpas, ainda que tudo tenha acontecido sem querer. A Carola surgiu dizendo que ia nos ensinar a controlar nosso poder, e quando tentamos atacá-la ela ativou aqueles chips nas beyblades. – ela encara o bey em sua mão – Hilary e eu não retemos o controle das nossas feras bit ou o nosso próprio, o que foi frustrante. Se você e o Tyson não tivessem nos salvado, nem sei o que teria acontecido. Obrigada.

Ray – De nada. – ele sorri levemente envergonhado – Pelo menos agora você sabe que aquela confusão no campeonato não foi culpa sua, como eu já acreditava.

Salima – É verdade, contudo isso só me deixa um pouco aliviada. Desde que todo mundo aqui se encontrou, e começamos a nos conhecer, tenho percebido que existe uma porção de coisas sobre as quais eu não entendo. Preciso melhorar não apenas como uma jogadora, mas também como pessoa. Eu ainda sou bastante insegura.

Ray – Bom, eu também tenho dificuldade de confiar nas pessoas. Acho que só não desconfiei de você. – a jovem trava na hora e o rapaz para em seguida, se virando com o rosto quente – Quer dizer, no começo, quando o Kane, o Goki e o Jim estavam correndo perigo por causa daquelas cyber feras bit e você veio me pedir ajuda, mas não apareceu naquele rio como combinamos, eu pensei que estava enganado sobre você. E eu tenho o costume de julgar as pessoas de forma precipitada, então normalmente me afasto, mas valeu a pena ficar desconfiado daquela vez. Não quis acreditar que era má.

Salima – Sério? – um tímido sorriso vai brotando em seu rosto conforme o amado acena – E o que você pensava de mim?

Ray – A mesma coisa que penso agora: que é uma garota inteligente, determinada e fiel aos amigos, além de muito companheira. – os dois enrubescem ferozmente, então ela retoma a caminhada ao lado dele com um sorriso animado.

Salima – Sabe, num desses últimos dias, quando eu estava treinando com a Hilary, aconteceu de quebrar uma haste de uma daquelas estantes suspensas na sala de estar. Os livros nela iam desabar em cima da minha beyblade, então eu fiquei por baixo e a salvei.

Ray – Caramba! Eu não fiquei sabendo disto. Você se machucou?

Salima – Não. Quer dizer, doeu um pouco, mas nada tão sério. Só que após isso a Drisa começou a obedecer meus comandos. Eu sinto que ela está mais dócil. Não sei se foi por causa do acidente em si, ou se porque eu estou me sentindo mais tranquila desde aquele incidente na montanha, porém, seja o que for, agora nós duas estamos de bem.

Ray – Que ótimo então. Ah, eu ouvi você cantando com as garotas ontem.

Salima – Ouviu? – Salima trava de novo, fazendo-o rir antes de continuar andando – Bem, eu não sou talentosa como muitas delas. Só estava me divertindo.

Ray – Eu acho que você é muito boa, mas a última canção estava triste. – a ruiva se recorda da música em questão e sorri melancolicamente.

Salima – Acho que sim... – responde sem conseguir encará-lo, todavia é a vez de Ray parar de andar, então a moça se vira confusa por vê-lo sério.

Ray – Salima, eu... Eu quero falar com você sobre... – antes que prossiga, por suas costas duas pessoas aparecem subitamente – Ah Mariah! E Márcio.

Márcio – Oi. – ele ergue a mão em cumprimento, sem notar que um dos vigilantes escondidos do casal tenta voar com fúria sobre seu pescoço – Interrompemos algo?

— Não! – o casal afirma junto, o que os constrange um pouco.

Márcio – Ok. Bom, eu sou só o acompanhante aqui. A Mariah é que quer dar uma palavrinha com a Salima. Mariah... – a jovem olha dele para os outros com timidez, mas toma um fôlego de coragem quando é levemente empurrada para frente.

Mariah – Ah, certo. Então... – ela fecha os olhos com força e coloca as mãos nos joelhos, se curvando – Desculpe! Eu sinto muito pelo que aconteceu, Salima!

Salima – Ah... Não, Mariah, por favor, não precisa...

Mariah – Espere, me deixe falar! – pede levantando a cabeça – Eu fui bastante má com você nos últimos dias. Na verdade desde que nos conhecemos. Você não merecia esta crueldade da minha parte. Se eu não tivesse feito isso, aquela garota...

Salima – Não, não precisa se culpar por aquilo! Aquela Carola queria nos usar, do mesmo jeito que aconteceu na ilha. Ela se aproveitou da minha fraqueza, não teve nada a ver com você. Mesmo assim, agradeço as suas desculpas. – as duas sorriem, fazendo a dupla de rapazes e ainda as sombras os observando suspirarem de alívio – Já que a gente se reuniu, podemos nos dividir e procurar pelos treinadores. Cobriremos mais espaço. – os demais concordam e seguem caminho, então seus perseguidores saem dos abrigos.

Melissa – Porcaria! Mesmo que tenha sido por uma boa causa, o Márcio vai pagar por aparecer justo naquela hora! Vamos ver os outros dois na biblioteca.

Os outros com ela concordam e partem na hora, se juntando com a outra metade do agrupamento que já está espionando do andar superior o segundo casal de amigos. Para surpresa geral, os que não quiseram acompanhar a operação chegam na hora, por uma porta ali perto. De frente para a dupla, todos estão tendo uma ótima vista enquanto se debruçam no corrimão de madeira, que se estende de uma escada lateral à outra.

Tyson – Onde será que está o tal livro que a Melissa pediu? Já reviramos tudo!

Hilary – Tudo desta estante, você quer dizer. Talvez ele esteja em um lugar mais visível. – Tyson bufa, continuando a busca com os olhos, então Hilary morde seu lábio inferior – Tyson... Eu lamento por tudo que fiz. Devo ter dado muito trabalho a você.

Tyson – Bom... Não foi sua culpa, então não precisa se preocupar com isto.

Hilary – Claro. – sorri de leve, desviando o olhar – E naquele dia no torneio, eu...

Tyson – Quero pedir desculpa por tudo que eu disse. – ele passa a sua frente – Fui muito duro com você. A verdade é que eu não queria dizer tudo aquilo. Eu sei ser bruto e odeio isto em mim. – ela pisca surpresa, todavia acaba sorrindo.

Hilary – Mas este é o seu jeito de ser Tyson. Todo mundo está acostumado.

Tyson – Só que não quer dizer que seja legal. – diz com uma careta, virando seu rosto rubro – Na verdade, o que eu queria dizer pra você é... – o rapaz toma mais fôlego, voltando a encará-la – Olhe, eu realmente fiquei contente por você e pelas garotas, por estarem trabalhando juntas, mas não gostei tanto assim.

Hilary – Por quê? Eu nem fazia parte dos Bladebreakers...

Tyson – Fazia sim! – interrompe subitamente – Você sempre fez. Eu não ia dizer isto para você, é claro, mas... No tempo que você não ficou com a gente nós sentimos... Quer dizer, eu senti a sua falta. – ele confessa abaixando a cabeça.

Hilary – Sentiu? – ela indaga esperançosa, corando ao vê-lo acenar timidamente – Então por que brigou comigo daquele jeito?

Tyson – Fiquei aborrecido por ter perdido a luta. – no segundo andar, alguns dos espectadores resmungam ou batem nas testas.

Filipe – Por que ele deu a mesma resposta? A pobrezinha vai chorar de novo!

Mariel – Juro que estou pensando seriamente em enforcar o Tyson agora.

Oliver – Antes espere ele terminar. – sussurra de volta e muitos seguram os risos.

Hilary – Então eu tinha razão afinal; ficou com raiva por eu chamar mais atenção.

Tyson – Não! Eu disse que não era por isso! Foi... Outro motivo.

Hilary – Qual? – questiona impaciente – Por que você queria tanto me vencer? – um flashback vem à mente de Tyson, fazendo-o recordar do sonho com Dragoon.

Tyson – Eu... – seus punhos cerram e as bochechas esquentam – Eu só quis vencer porque achei que, se você perdesse, tudo voltaria a ser como antes. Eu fiquei nervoso por ter perdido a luta porque jogar beyblade sempre foi a única coisa que sei fazer bem, então de repente isto mudou. Eu nunca tive talento para lutar kendo e cuidar do dojo do vovô, não tirava boas notas na escola, ainda vivo brigando com os meus amigos... Você é inteligente, persistente e corajosa, até gentil quando quer, mesmo reclamando muito e sendo escandalosa. – Hilary abre a boca e puxa o ar, evitando outra briga, e seus amigos seguram risadas – E a sua comida também é boa. Quando não inventa receitas malucas.

Hilary – Sério? – ela cruza os braços e morde o interior da bochecha pra não sorrir até vê-lo acenar com a cabeça em afirmação – Ok. Bom, mas não foi a minha intenção tirar algo de você, em especial porque também tem outras qualidades além de ser ótimo no beyblade. Você é confiante e luta pelas pessoas que gosta, mesmo quando não está com muito espírito esportivo. Também é carismático com os outros, o que até me irrita às vezes, porque eu queria ser igual. Sua teimosia é seu maior defeito, e mesmo assim ela sempre nos ajuda a nunca desistir. – enquanto ele suspira, absorvendo os elogios, a acanhada garota pausa – Esse tempo todo eu só queria tentar fazer parte do seu mundo.

Tyson – Só que eu não estava me sentindo mesmo como se você tivesse me tirado algo. Bem... Talvez eu tenha ficado nervoso no início por pensar que você ia, de alguma forma, se intrometer em tudo e acabar com a única coisa que me deixava feliz na época. Eu sei que contribuí para as nossas brigas no início, quando não te queria por perto, mas depois... Pensei que com as Beautiful Girls você teria a chance de se tornar uma grande lutadora de beyblade, como elas. – o grupo que os fita olha sorridente as emocionadas jovens – Não queria isto, porque eu... – ele pausa para criar coragem – Quero que você dependa de mim, como aconteceu algumas vezes.

Ivana – Que declaração mais fofa! – algumas amigas concordam comemorando.

Tala – Agora faz sentindo toda aquela confusão. Ele não ia admitir isso fácil.

Hilary – Mas... Você disse que eu atrapalhava seus treinos.

Tyson – Sei o que eu disse, me desculpe. Às vezes você realmente nos perturbava, mas eu também não precisava ser tão bruto e nem fazer brincadeiras de mau gosto por causa da sua curiosidade. Fui infantil, então sinto muito. – Tyson se curva subitamente.

Hilary – Ah é? Bom... Acho que eu posso te perdoar por isto. – Hilary segura um sorriso – E por que quer que eu dependa de você?

Tyson – Bem... – o rapaz coça a nuca – Eu me acostumei a te proteger, sabe. E se a gente se metesse em outra briga e você já pudesse se defender sozinha, eu me sentiria meio inútil. – a moça enrubesce e não consegue responder – Fiquei nervoso com a ideia.

Hilary – Ah... – eles ficam em silêncio por alguns segundos – Você não precisa se preocupar em me defender sempre. Mas fico feliz por querer isto.

Tyson – É, quer dizer... – ele coça a bochecha – Você é tão magricela que poderia cair com qualquer brisa, então... – o semblante da morena contrai e os demais suspiram.

Edna – Mas é um idiota mesmo! Como ele vai da montanha para o abismo?

Eddy – Acho que ele não prestou atenção na beira do penhasco. – alguns riem.

Dunga – Agora é a parte em que ele recebe um soco no meio da cara?

July – A Hi ainda pode ter alguma consideração pelo que ele disse antes.

Hilary – Ok... – a garota toma fôlego e sorri, indo até a poltrona mais perto, mas ao sentar sente algo duro debaixo da almofada – Olha só, é o livro que a Melissa queria!

Tyson – Até que enfim! Qual é o nome? – questiona pegando o livro azul com um título em alto relevo – “O Amor Proibido de Tianlong e Dilong”. Que história é esta?

Hilary – Deixe-me ver. – ela o toma de volta e lê a sinopse – Ah, parece que é um conto sobre dois dragões que querem ficar um com o outro e não podem. “Tianlong é o dragão do paraíso. Se deixar o céu, o império celestial cai sobre a Terra. Dilong é uma fêmea que governa o império da Terra e controla os rios. Se ela morar sobre as nuvens eternamente, não haverá as mudanças de estações.”. – repete uma parte do resumo – Por isto eles só se veem uma única vez, durante a época da primavera no paraíso, e então ela retorna ao mar no outono. Que romântico, mesmo sendo triste.

Tyson – E como um livro desses ajudaria no nosso treinamento?

Kailane – Eu faço uma ideia. – ela fita a risonha Melissa com malícia e se afasta do corrimão, onde se debruçava – Este espetáculo está ficando interessante.

Kai – Eu concordo. Alguém trouxe a pipoca? – muitos riem baixinho.

Belina – Não tem pipoca, mas eu tenho doces. – a jovem retira algumas barras de dentro do casaco e os amigos vão repassando – É bom se prevenir contra a necessidade.

Zene – Eu vou começar a tirar fotos com o celular. Já registramos algumas do Ray e da Salima e ficaram ótimas! – seus colegas de espionagem concordam.

Max – Perfeito! Podemos usar como material de chantagem depois. – o grupo ri.

Ming-ming – O ruim foi a conversa deles não ter dado em quase nada.

Oldegar – Como assim? Elas não disseram o que sentem então?

Ming-ming – Depois falamos disto. Eu quero ver o que esses dois vão fazer.

Tyson – Hilary. – de repente Tyson a chama, completamente constrangido, porém tentando não aparentar – Você acha que podemos ter uma chance?

Hilary – “Chance”? – seu coração volta a saltar – Como assim?

Tyson – Você me entendeu. Eu sei que nós brigamos por muito tempo, mas... Não sei bem quando foi acontecer isto... Eu gosto de você. – todos paralisam com a sua séria declaração – Gosto mais do que como amiga, por mais que me doa o orgulho dizer.

Martônio – Imagino que ele deva ter perdido o fígado agora. – brinca baixinho.

Hilary – Quer dizer que você se sente mal por confessar seus sentimentos a mim?

Tyson – É porque é vergonhoso. E pela primeira vez eu penso que me sentiria mal se tivesse uma plateia observando. – os bladers se entreolham e sorriem maliciosamente – Mas é verdade. Eu realmente passei a te ver com outros olhos já faz um bom tempo.

Hilary – E por que demorou tanto, idiota? – Hilary ri, inesperadamente agarrando-o pelo pescoço pra roubar um beijo que deixa todos os presentes escondidos em choque.

Kenny – Eu não achei que viveria para ver isto! Talvez seja exagero, mas é sério.

Calisto – Tyson é muito idiota. Não é vergonha admitir os sentimentos. Vergonha seria se ele continuasse calado, sabendo que tinha uma chance de ficar com ela.

Bryan – Certo, para mim já chega deste clima mel com açúcar. Eu vou embora.

Enrique – Então prefere perder a cara de surpresa deles quando nos virem?

Olinda – Provavelmente não será tão cedo. Alguém poderia pará-los antes que se devorem? – de súbito, a porta principal é aberta por Márcio, que entra seguido de Ray, Salima e Mariah, dando um susto no casal – Bem, problema resolvido.

Melissa – AH MÁRCIO, VOCÊ TINHA QUE ESTRAGAR TUDO DE NOVO?!

Daichi – Tenho a impressão que agora ele não é o cara mais adorado entre a gente.

Kawane – Obrigada por nos delatar, Melissa! Perdemos o elemento surpresa!

Ray – Pessoal? O que todos estão fazendo aí em cima?

Mystel – Apreciando a vista? – o par ainda abraçado se separa por vergonha.

Hilary – Vocês estavam espionando o tempo todo? – os outros descem as escadas.

Nilce – Espionar é uma palavra forte. Eu diria vigiando. Por razões puras, claro.

Salima – E, é claro, a ideia disto tudo foi sua, certo Melissa?!

Melissa – Declaro-me culpada! – sorri ao levantar a mão – Na verdade, o Max deu uma ajuda com o plano. – o loiro sorri travesso – Agora é um casal a menos, e assim só faltam 40 sem contar os nossos treinadores, porém como eu conto, digamos 42.

Kailane – Espero que esteja incluindo Max e você, mas como acredito que não, vá contar de novo. – a dupla ruboriza, então a loira olha furiosa para a moça e alguns riem – Bem, devo parabeniza-la pela escolha do livro. Nem sabia da existência dele.

Tyson – Espera aí, vocês planejaram até o livro que íamos procurar? Por quê?

Melissa – Não acham a história muito conveniente para os guardiões dos dragões sagrados? – Tyson e Hilary coram – Tenho certeza que sacaram a indireta. Agradeçam ao Max. Ele que viu Hiro e Hana lendo esse livro juntos na biblioteca antes de ontem. E eu aproveito para perguntar: dá para não pensar besteira sabendo de uma coisa dessas?

Kailane – Você pensa o tempo todo. Enfim, já que tocamos no assunto, vou dizer que a maioria dos contos chineses listados aqui tem inspiração nos “Quatro Guardiões Celestiais”. O Dragon Azure do ar, também chamado de “Qing Longo”, é considerado o primeiro. Os outros três são Zhu Que, o pássaro vermelho do fogo, Bai Hu, o tigre branco da terra, e Xuan Wu, a tartaruga preta como criatura da água. Parece familiar?

Max – São as nossas feras bit! – Kailane sorri e acena em afirmação.

Dunga – Isto, com toda a certeza, nos garante que as suas feras bit são sagradas.

Kailane – Sim, as deles e as nossas. – refere-se às Beautiful Girls – Por isto não seria surpresa se elas fossem companheiras do passado, separadas por um motivo maior.

Tyson – Isto me lembra... – ele pensa em seu sonho e justamente os beys das feras sagradas começam a brilhar, atraindo a atenção dos oito bladers que os seguram.

Kailane – Coloquem todas próximas. – ela pede aos demais, que obedecem, e logo os brasões se iluminam intensamente, ressoando como se estivessem chamando uns aos outros – Viram? Após tantos séculos, elas estão juntas finalmente. As nossas feras bit se reconhecem. Agora que somos amigos em harmonia, elas ficaram em sintonia também.

Tyson – Dragoon falou a mesma coisa. Eu sonhei com ele há três dias. O Dragoon disse que não atacou a Drena quando eu enfrentei a Hilary no campeonato porque tem uma ligação muito importante com ela. Disse que é a fonte da sua “verdadeira força”.

Whitney – Eu tenho razão em achar que as suas feras bit estão apaixonadas?

Alessandra – Acho que é outra forma de dizer que estão conectadas. Mas elas não são as únicas, pelo visto. – a maioria dos presentes sorri maliciosamente para as duplas.

Kai – Tá legal, vocês podem parar com esta conversa. – ele guarda a beyblade.

Kailane – Sabendo agora que meus avós tinham razão, terei que pesquisar mais.

Melissa – Ah, então vá atrás das fênix primeiro, ok?! Assim você comprova o que eu sempre disse sobre você e Kai estarem conectados pela linha vermelha do destino. – o jovem e a moça encaram-na de olhos cerrados – E tem até o mesmo olhar, vejam!

Max – Ah sim, e por acaso as fênix não são o tipo de pássaro que só tem um único parceiro para toda a vida? – vários dos presentes entram nas risadas travessas.

Kai – Max, você precisa ficar longe dela. Está perdendo a noção do perigo.

Kailane – Oh não Kai, nós devemos fazer exatamente ao contrário. Vamos trancar estes dois sozinhos em uma sala. Depois é só esperar a Melissa ficar tão nervosa que vai ser incapaz de esconder por mais tempo aquela coisinha a respeito do Max, confessada para todas as garotas ontem à noite, durante a nossa reunião na sala de música.

Max – Heim, sobre mim? O que você quer me falar? – Max indaga ingenuamente.

Melissa – NADA! – Melissa grita nervosa e sai andando na frente – Vamos voltar para o treino antes dos técnicos reclamarem! – as arteiras amigas a seguem rindo.

 

Continua...


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