O Outro Lado do Espelho escrita por Machene


Capítulo 20
Beyblades Sobre a Mesa




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Cap. 20

Beyblades Sobre a Mesa

 

Enquanto a luta dupla entre Tyson e Hilary e Ray e Salima se desenrola, fazendo-os gastar as energias rapidamente, não muito ao longe, Márcio tenta falar com Mariah. De início, quando ele a perseguiu após sair correndo, ela lutou para fugir, contudo logo desabou no chão com lágrimas nos olhos. Agora, o rapaz procura ser complacente pela sua dor e ao mesmo tempo arranjar um jeito de fazê-la compreender seu erro.

Márcio – Mariah, eu só vou perguntar uma vez... Por que ameaçou a Salima?

Mariah – Eu achei que ela queria tirar o Ray de mim. – a jovem responde baixo, então ele senta na frente dela, de pernas cruzadas.

Márcio – Olhe para mim, Mariah. – ela reluta, mas notando a quietude dele acaba obedecendo – Escute, o Ray gosta de você, mas se tentar força-lo a ficar contigo ele vai ficar irritado. Especialmente se magoar uma pessoa inocente para isso.

Mariah – Eu sei, mas agora ele já deve me odiar, então não importa mais!

Márcio – Claro que importa! Você é uma boa garota, só fez besteira. Sabe, o Ray pode não te amar do jeito que quer, mas não significa que vai perdê-lo. Vocês dois são amigos de infância, e pelo que o Lee me disse sempre se deram muito bem. Talvez ele até queira algo a mais, porém você precisa jogar limpo.

Mariah – Eu sei... – diz desviando o olhar – No começo eu quis muito separar os dois, mesmo que ela estivesse dizendo a verdade e não gostasse realmente dele, mas vi que estava me comportando como uma idiota. – choraminga, pondo as mãos fechadas sobre os olhos – Eu mandei a Salima ficar longe do Ray e depois fiquei com raiva por ele ter se machucado no campeonato, então gritei com ela. Fui muito má nesses dias! Não tenho mais coragem de olhar para ninguém! – Márcio de repente a abraça e Mariah se assusta pelo gesto, mas aos poucos vai se acalmando.

Márcio – Mariah, eu também me importo com você e não quero te ver deste jeito. Não diga que não tem coragem. Eu sei que você é não apenas corajosa, como também é esperta, divertida e muito fofa. – ela enrubesce – O cara que tiver você como namorada, será um homem de muita sorte. E pode não ser o Ray, mas um dia vai encontrá-lo. – a moça ergue o rosto e ele lhe dá um gentil sorriso, limpando suas lágrimas com a manga da camisa – E se te fizer sentir melhor, eu posso ir contigo pedir desculpas pra Salima quando tudo terminar. Contudo agora nós precisamos ajudar ela e a Hilary. Ok?

Mariah – Ok. – responde sorrindo – Obrigada Márcio. Você é um ótimo amigo.

O rapaz sorri fracamente e os dois se levantam. Subitamente, um clarão aparece no local onde as lutas estão sendo travadas. Ambos correm até lá e ficam surpresos pela quantidade de poeira alta cobrindo a área. O som de beyblades girando ainda continua, embora elas não pareçam estar se chocando. Quando a nuvem desaparece, Tyson está caído no chão, agarrado à Hilary. Os dois estão com cortes leves no corpo.

Hiro – Tyson! – alguns membros do grupo correm para acudi-los – Tá tudo bem? – apoiado pelo irmão, ele senta sem soltar a mão dela.

Tyson – Eu estou vivo, se é o quis dizer. – a atenção de todos é desviada para Ray e Salima, ainda de pé e respirando ofegantemente sobre a vigilância de Carola.

Salima – Ainda não... – a ruiva dá uma risada maléfica durante a tremedeira nas pernas do adversário, com os cabelos soltos e bagunçados – Ainda não Ray! Vou acabar com você! – Drisa ruge em acordo e encara Driger, em igual condição ao parceiro.

Carola – Salima... – ela cruza os braços – Acabe com ele.

Lee – Não antes de eu acabar com você primeiro!

Lee avança na direção dela e parte dos amigos tenta cerca-la em ajuda. A inimiga usa o controle em mãos, o mesmo que sua tia construiu, para dar um comando à refém, e a beyblade da tigresa vai em direção ao penhasco ali perto junto da dona. O chinês vai atrás dela com o tigre no encalço e Carola os segue, sendo perseguida pelos bladers na tutela de Gordo e Nadine. Quando Salima e Drisa param na beirada, todos travam.

Carola – Mais um passo e a ruivinha vai ter uma aula de voo!

Kane – Não, não faça isto! Você disse que ia libertá-la!

Carola – Só se ganharem, então não adianta irem contra as regras!

Ray – Tudo bem, eu continuo a luta, então não force ela a fazer nada!

A vilã sorri triunfante, baixando sua guarda, então, em um último esforço, Driger ataca Drisa de surpresa, mandando a beyblade para cima de Salima. Antes que a moça caia com o susto, Ray a puxa e segura entre os braços. Alguns dos amigos a agarram pra que não se debata, e dispondo da distração de Carola, Diná aperta seu pulso e o controle cai no chão. Quando ela faz força para se afastar, Melissa bate em seu ombro.

Ao chamar sua atenção, ela lhe soca o nariz com gosto, logo sacudindo a mão com dor. Gordo prende a inimiga enquanto a selvagem tigresa continua rosnando. De repente um tremor começa a destruir a beira do precipício. O grupo se afasta e Ivana consegue usar o cabo da sombrinha de Tamara para puxar as beyblades antes de alguma cair, mas o tigre não pode mais pará-la. Nadine toma à dianteira e lança seu bey.

Chamando o nome de sua fera bit, o nekomata Baransu aparece. O felino de duas caudas salta sobre a adversária, uma beyblade encurrala a outra. Drisa absorveu muita da energia de Salima, ficando mais forte, e por conta disto os golpes de Baransu fazem mínimos estragos. Para derrubá-la, Gordo convoca Orthrus. O cão de duas cabeças dá conta de acertá-la pela última vez enquanto o nekomata a segura.

A tigresa se recolhe e a beyblade para de girar entre a pressão das rivais, soltando fumaça por conta do atrito. Driger finalmente descansa com o fim da luta e em seguida as outras feras. A ruiva manipulada desmaia no mesmo segundo, totalmente esgotada, assim como tinha ocorrido à Hilary após Dragoon cansar Drena. Carola se debate nas mãos dos rapazes que a seguram, revoltada pela derrota.

Sua face apenas se ilumina com uma risada temporária observando Filipe queimar a mão direita, ao tentar retirar o microchip de dentro do bey.

Carola – Não vai conseguir tirá-lo sem levar um belo choque. A energia que fluiu de dentro da beyblade foi muito intensa. – Tala toma o peão das mãos dele e arranca o objeto de uma vez, fazendo uma rápida careta de dor.

Tala – Problema resolvido. – fala devolvendo o bey – Cadê a outra beyblade?

Maltês – Ficou lá atrás... Mas Tala, a sua mão está vermelha!

Spencer – Ah, isto não é nada para ele. E você não está tão feliz agora, não é?! – a inimiga grunhe – Devia ter desistido enquanto podia.

Mariam – Bem, se ela tivesse feito isto não seria divertido. – diz revistando-a até puxar algo do bolso de trás da calça – Achei a beyblade da Kailane. Aqui.

Ela entrega à dona, que lhe agradece, e depois de Kane colocar Salima nas costas todos se deslocam para junto do resto do time. O ruivo repete o gesto anterior, gemendo outra vez pelo choque antes de dar o outro bey ao amigo mais próximo, então Tamara deixa sua sombrinha com Bárbara. Ela pega uma bandagem molhada com Berta e se dirige à Tala, pondo-a sobre os dedos quentes dele.

Tamara – Muito bem, agora eu vou cuidar da sua mão. Fique quietinho. – ambos sorriem calidamente – Graças a Deus acabou. Todos foram muito bem, parabéns.

Ian – Ah, nós quase não fizemos nada desta vez. O crédito é do Tyson e do Ray.

Ray – Não, vocês nos apoiaram bastante. E como estão as garotas?

Hana – Desculpe, eu não sei dizer. Precisamos leva-las de volta para a mansão.

Mariel – Eu já mandei um sinal para nos buscarem. E vamos ter que avisar isto às nossas famílias, não é?! – os técnicos se entreolham com preocupação – Acho que sim.

Gordo – Melhor lidarmos primeiro com essa aqui. – Carola sorri com desdém.

Garland – Tem como prendê-la e cuidar das duas naquela mansão? Não podemos sair até a semana terminar, já que os fãs ficariam eufóricos e prejudicariam o treino.

Oldegar – Não tem problema. Os empregados da família Yamari são capacitados.

Melissa – E se tudo falhar, nós ainda temos os Dark Dragons! – diz animada.

Rosa – Não por muito tempo, se continuar tentando quebrar os pescoços deles. – os amigos riem enquanto a loira solta os irmãos da equipe.

O grupo retorna à clareira e em pouco tempo o avião particular dos Yamari chega com alguns dos empregados. Hilary e Salima são levadas para um quarto reservado aos doentes e, com o equipamento médico pronto, os especialistas começam a verificar seus estados. A vilã é trancada num aposento e o restante do time faz atividades diferentes, todavia uma parte prefere esperar por notícias das amigas prejudicadas na sala de estar.

Para aliviar os ânimos, Kailane, já tendo trocado a roupa campestre para um colete de lã rosa, debaixo da camisa branca, e uma saia xadrez vermelha por cima da sua meia-calça preta, começa a tocar piano. A música atrai os outros dispersos e segundos depois, por impaciência, Keilhany vai buscar informações. Logo ela retorna com a médica que examinou as garotas e é anunciado que elas ficarão bem.

Keilhany – Elas só estão com um pouco de febre agora. Talvez porque a potência das ondas indutoras dos neurotransmissores sintéticos tenha sido forte demais.

Rick – Você se importa de traduzir? O que isto quer dizer?

Keilhany – Que a doença é uma resposta dos organismos delas pelos cérebros não terem suportado a sobrecarga de comandos. Mas não é um vírus cibernético, então tudo bem. – a médica ri e dá sua confirmação do caso, se retirando a seguir.

Enrique – Bem, neste momento alguém não deveria ficar de olho nas garotas?

Nadine – Eu concordo. Não tenho problema em tomar conta delas para que todos retomem as atividades. O dia de hoje devia estar destinado à prática de exercícios para todos interagirem bem entre si, portanto devemos tentar continuar o treinamento.

Hiro – Então vamos deixar assim, obrigado Nadine. Na verdade, para mim todos já fizeram um excelente trabalho até agora. Informarei às suas famílias o que aconteceu e vamos esperar pelo melhor. Gordo, pode ficar de olho na turma?

Gordo – É claro, mas não tenho nenhum exercício em mente. Hana?

Hana – Pode deixar comigo. Quero que se troquem e vão para a sala de música.

Melissa – Ah, treinadora! Eu peço licença. Preciso elaborar a lista de músicas do show no fim de semana. – a técnica concorda e a jovem se retira.

Mais tarde, quando as equipes estão reunidas na sala de música, Hana se dispõe a ensinar algumas coreografias, justificando que será bom para desenvolver coordenação motora e mais interação entre todos, além de ser um ótimo exercício físico. A princípio, muitos não se sentem à vontade, contudo logo começam a se divertir. É claro, Tyson e Ray se mantem ausentes da atividade por motivo de repouso.

Um tempo depois, ambos decidem trocar de lugar com Nadine e tomar conta de Hilary e Salima. Logo Max também pede uma dispensa, alegando indisposição, e sobe a escada para o segundo andar, se dirigindo ao quarto de Melissa. Ele bate na porta, sem receber qualquer resposta, então gira a maçaneta e entra. A adolescente está deitada de barriga para baixo na cama, lendo partituras em frente ao espelho no colchão.

Os grandes fones de ouvido brancos que utiliza para ouvir música estão ligados ao pequeno som estéreo rosa. Ao seu redor há vários livros, e um deles à direita, perto do prato com rosquinhas, apoia o copo com canudo para a ingestão da limonada rosa. Ela confortavelmente move as pernas em ritmo alternado, balançando os quadris escondidos pelo curto short rosado. Reparando no estático rapaz, a loira cora e retira os fones.

Internamente, ela gratula pelo casaco verde com capuz, acima da blusa camuflada, cobrir parte das mãos suadas, que tenta secar abraçando o travesseiro no qual deitava.

Melissa – Max! Oi! – cumprimenta ao sentar – O que foi?

Max – Nada demais. Só queria saber o que estava fazendo. Está ocupada?

Melissa – Agora nem tanto. Senta. – o loiro sorri e se acomoda na cama – Estava terminando de escolher as músicas para o nosso show depois de amanhã. A nossa banda recanta músicas de outros artistas, então eu preciso saber das novidades. Quando acabar a lista, vou entregar para a Hana e ela vai me dizer se está bom.

Max – E como você prepara ela? Só escolhe músicas novas?

Melissa – Ah não. Eu costumo construir histórias com as músicas que seleciono. Primeiro procuro uma boa música, com um ritmo legal, e aí vou atrás da letra. No fim, eu junto tudo que encontrei e organizo uma lista, para sabermos a ordem em que vamos cantar. Conseguimos um material bacana quando as músicas contam uma história e até repassam para o público como estamos nos sentindo. Depende da melodia e da letra. Se você prestar atenção no nosso próximo show, vai ver.

Max – Bom, agora eu com certeza fiquei mais curioso para assistir. – os dois riem – Olha... Para dizer a verdade, eu também queria falar com você sobre o Tyson e o Ray. Sei que ficou aborrecida pelo que o Tyson fez, eu também, mas acho que devemos dar a chance dele se explicar. Agora eles devem estar tomando conta da Hilary e da Salima naquele quarto lá embaixo, enquanto os outros dançam e cantam na sala de música.

Melissa – A Hana mandou mesmo os outros dançarem e cantarem? Puxa, eu bem queria estar vendo a cara dos desengonçados! – a jovem ri rapidamente, despertando um sorriso nele – Por que você acha que aqueles dois estão com as meninas agora?

Max – Bom, a Nadine estava passando pra cozinha com o Gordo quando eu vinha para cá, e o Hiro me perguntou se eu os vi saírem do quarto onde descansavam, então...

Melissa – Bem, se você acha que o Tyson tem um bom motivo pra ter dito aquelas coisas à Hilary, talvez possamos ouvi-lo. Quanto ao Ray... Ah, na verdade eu nem sei o que fazer com ele! Nós conseguimos fazer o Márcio confessar que está interessado na Mariah, e os dois devem ter tido uma ótima conversa para terem voltado naquela hora, depois dela ter saído correndo quando todos souberam da ameaça contra a Salima.

Max – Eu também acho, mas ao invés de pedir para o Márcio convencer a Mariah a desapegar do Ray, nós devíamos só deixar que eles resolvam os problemas sozinhos.

Melissa – Ora Max coelhinho, eles não vão a lugar algum sem um empurrãozinho. Podemos até deixar que eles conversem sozinhos, mas isto só vai adiantar se avisarmos aos outros para deixá-los em paz. De qualquer forma, nós precisamos nos meter.

Max – Certo, mas é melhor que isso seja resolvido amanhã, já que hoje as garotas precisam se recuperar e depois vai ter o show. O que devíamos fazer?

Melissa dá um sorriso malicioso e conta o seu plano. Enquanto isto, Tyson e Ray estão sentados perto das camas de Hilary e Salima, cada um de um lado. Quase pegando no sono, o chinês olha o amigo, também de braços cruzados e olhos cerrados.

Ray – Ei, Tyson. – o rapaz boceja e o encara, ouvindo-o sussurrar pra não acordar as jovens – Você acha que a Mariah odeia a Salima por minha causa?

Tyson – Olha, talvez ódio não seja bem a palavra. Elas só se estranharam. Mas a culpa não é sua, cara. Não tinha como saber que as duas gostam de você.

Ray – Eu sei. É que... Não consigo deixar de pensar que se tivesse percebido algo, isto não teria acontecido. E eu não sei o que fazer agora.

Tyson – Ora, escolhe uma das duas. Ou nenhuma, sei lá. Você gosta de alguém?

Ray – Eu sei que não posso corresponder às expectativas da Mariah. Para mim, a Mariah sempre foi mais como a minha irmã mais nova. Ia ser estranho de outra forma.

Tyson – Então diga a ela. Pelo visto, a Mariah quem começou tudo, por ciúme. Porém, antes de irmos descansar, o Márcio me contou que ela está arrependida e vai pedir desculpa para a Salima. Seja como for, as duas devem fazer as pazes.

Ray – Que bom. – Ray olha rapidamente para Salima, sentindo o rosto quente – E por que será que ela ficou com ciúme da Salima? – Tyson ergue uma sobrancelha e ri.

Tyson – Porque tá estampado na sua testa que você gosta dela, será?! Qual é, todo mundo notou! Até mesmo eu, que, admito, sou meio tapado. Vocês vivem juntos.

Ray – Bem... – ele coça um pouco a cabeça – É provável... Sabe, eu nunca pensei que fosse dizer isto, mas vou seguir o seu conselho e conversar com as duas.

Tyson – Puxa, valeu! – fala emburrado enquanto o amigo se recosta na cadeira.

Ray – E você Tyson? Aquela Carola contou que você brigou feio com a Hilary, o que deixou ela triste, não é?! – o ex campeão volta a ficar sério, fitando a morena febril.

Tyson – Eu fiz besteira de novo. – suspira, retirando o pano sobre a testa dela para molhar na água fria da bacia no criado-mudo – A Hilary sempre foi muito boa em várias coisas. Beyblade era pra ser o meu lance. Mas eu não fiquei com raiva por sentir que ela tomou algo de mim, nem nada do tipo. Aconteceu que eu achei a Hilary legal jogando beyblade e... Pensei que se ela fizesse parte das Beautiful Girls seria mais independente, como as outras, então não precisaria mais...

Ray – De você? – complementa, sorrindo ao ver o outro silenciosamente recolocar o pano na testa da garota – Ah Tyson... Você às vezes é imprevisível no beyblade, mas com a Hilary sempre expôs os seus pensamentos e sentimentos muito obviamente. Fale a verdade: você gosta dela. E já há bastante tempo, mesmo quando todos diziam isto e você só negava. – o rapaz desvia o olhar, tentando em vão esconder a vergonha debaixo da franja após descansar os braços nas pernas – Eu até acho que este gostar vai além.

Tyson – Pode ser. – a resposta é tão sincera que espanta o chinês – Talvez seja... – ele encara a garota novamente – Já briguei tantas vezes com a Hilary que não consigo nem contar, e muitas vezes as brigas foram por motivos bestas, mas dessa última vez ela ficou realmente aborrecida comigo. Não nos falamos direito até agora.

Ray – Bom, já que você me aconselhou, eu também vou te oferecer um conselho: diz de uma vez o que você sente. A Hilary vai retribuir, contanto que diga logo.

Tyson – E o que eu devia dizer? Eu não posso chegar nela já me abrindo!

Ray – Eu sei que você não é lá muito romântico. – caçoa, segurando uma risada – Talvez ache difícil fazer isso, mas a Hilary também é teimosa. Ela não vai admitir que sente o mesmo, então precisa tomar a iniciativa. Pelo menos o que aconteceu vai servir de lição para pararem de brigar feito cão e gato, né?! – Tyson bufa e cruza os braços.

Tyson – Eu acho é que nós vamos ficar à deriva. – Ray suspira e balança a cabeça.

Pela noite, enquanto os homens da mansão estão afastados, as mulheres vão à sala de música para compartilhar um momento juntas. Hiro passa pelo cômodo, escutando os instrumentos, e se dirige ao quarto de Hana. Após a jovem permitir sua entrada, ele a vê sentada no chão, com as costas apoiadas numa almofada junto à cama. Sobre o colchão há revistas e perto de suas pernas estão um pacote de doces e uma garrafa de chá.

O rapaz sorri vendo-a encará-lo com um rubor nas bochechas, confortável em seu short azul e sua blusa rosa de alças finas. A mão esquerda está parada no ar, segurando uma palheta, e a direita se mantem no baixo elétrico marrom e amarelo, próximo ao seu corpo. Ela retira os grossos fones de ouvido ligados a ele com sua aproximação.

Hiro – Não sabia que você também tocava. – comenta sentando ao lado.

Hana – Bem, eu realmente não pegava neste baixo há anos. – relata deixando-o de lado – Só senti vontade de tocar algo de repente, para me relaxar.

Hiro – Sei... Eu vim avisar que contei ao senhor Taylor e aos outros o que houve. Com a permissão deles, eu liguei pra polícia enquanto vocês estavam treinando e disse que aquela garota fugiu e tentou invadir a casa, então vieram busca-la. Mesmo sabendo que todos estão bem, ele também mandou avisar que os pais da Keilhany e a senhora Yamari vão acompanha-lo numa viagem de volta. Devem estar chegando em Malibu no domingo à noite. – Hana suspira e passa as mãos sobre o rosto.

Hana – As coisas realmente desandaram desta vez. Eu me demitiria por tudo.

Hiro – Não seja tão dura consigo. Ninguém adivinharia que isso ia acontecer.

Hana – Não estou me referindo apenas ao fato das beyblades terem sido roubadas debaixo dos nossos olhos, ou de duas das minhas pupilas virarem escravas de uma vilã. Todos agora estão deprimidos, especialmente as meninas. Dá para dizer só pelos sinais. – Hiro pensa em retrucar, todavia se interrompe quando o piano começa a tocar, então apenas abraça a moça, deixando que apoie a cabeça em seu ombro.

Ariana Grande - Just a Little Bit of Your Heart

 

Continua...


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