O Outro Lado do Espelho escrita por Machene


Capítulo 15
A Hora da Verdade




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Cap. 15

A Hora da Verdade

 

A primeira batalha entre as Beautiful Girls e os Dark Dragons está nas mãos das líderes dos times, Melissa e Liliane. Após uns minutos lutando, ambas decidem chamar as feras bit, e embora a decisão tenha sido inconscientemente conjunta, Liliane libera o seu puma negro primeiro. Quando Dayse sai do bey de Melissa, a ansiedade do público se transforma em êxtase. De uma fonte luminosa, surge a tartaruga marinha ancestral.

Seu corpo tem um formato plano e a cabeça é alongada e cónica, terminando com a boca em forma dum bico curvo e pronunciado muito acentuadamente. Há duas garras visíveis em cada barbatana dianteira e o fundo do casco é dourado. As cores marrom e preto predominam na irregular combinação de faixas claras e escuras, radiando para os lados. Coutain logo tenta arranhar a adversária, mas ela se esconde e fere sua pata.

DJ Jazzman – Ora vejam! Parece que o casco da Dayse repeliu o ataque!

Liliane – Sério que vai se esconder Meli? Acha que vai nos impedir assim? – a loira ri e balança o indicador direito, estalando a língua em uma ação negativa.

Melissa – Você não prestou atenção na defesa que está armada. A minha Dayse tem um escudo posterior, sobrepondo-se de tal maneira que dá à margem traseira da carapaça uma imagem semelhante à beira de uma serra ou faca. – sorri confiante, com as mãos na cintura e elevando a cabeça – É claro, a sensação ao toque é igual. Se acha que sua velocidade é o suficiente para dar conta de invadir nossa defesa, se enganou. E agora que já atacaram imprudentemente, é a nossa vez. DAYSE, SOPRO NEBULOSO!

A fera obedece e sopra uma fumaça espessa na direção do rival. O puma agoniza pelo veneno da neblina que o cerca e nesta chance a beyblade de Melissa bate contra a de Liliane, empurrando para fora da cuia. Antes de ela chegar à beirada, Coutain morde a pata de Dayse, mas acaba sentindo o gosto de uma toxina que o deixa inebriado. A tartaruga aproveita e joga um jato d’água no bit, lançando longe. O peão cai fora e para.

A plateia grita e aplaude a vitória da loira, que aperta a mão da amiga ao final. É a vez de Márcio. O rapaz sobe no palco, esperando sua adversária, e é quando Hana faz um aceno positivo com a cabeça para que Hilary entre na batalha. Receosa, a moça engole a seco e caminha devagar diante dos olhares curiosos. Muitos olham do banco do time para ela com curiosidade, e outros simplesmente não estão entendendo nada.

Tyson – Ei, o que a Hilary vai fazer? Por acaso ela não foi avisar que vão desistir agora, certo?! A Kailane ainda pode lutar, pelo que parece.

Hiro – Estou achando que a Hilary vai enfrentar o Márcio no seu lugar. – os seus ouvintes mais próximos silenciam chocados e após alguns segundos Tyson ri sem parar.

Tyson – Fala sério! – ele põe a mão na barriga, tentando controlar suas risadas – Essa foi boa Hiro! Quer dizer, a Hilary, lutar beyblade?!

Max – Mas ela tinha nos dito que ia ser reserva das garotas, assim como a Salima.

Ray – Ela está com uma beyblade na mão. – os demais voltam a fita-la, checando a afirmação – É possível que a Hana tenha treinado a Hilary em tão pouco tempo?

Tyson – É claro que não! Isto só pode ser uma piada! A Hilary nem mesmo sabe como girar uma beyblade, então de que jeito aprenderia a lutar tão rápido?

Daichi – Nisto eu concordo. Ela vai é passar vergonha.

Embora a novidade seja estranha para muitos, as suspeitas se confirmam quando Hilary aponta o disparador para o beystadium, junto com Márcio. Mesmo desconfiado, o jovem começa a competição sério. No lançamento, a garota puxa o gatilho com força e rapidez pelo nervosismo, então sua beyblade atinge a dele com uma intensidade que quase a faz sair da cuia na mesma hora. Isto silencia os burburinhos da multidão.

Todavia, depois do golpe de sorte a beyblade bambeia mais da metade do tempo. A do rapaz, ao contrário, golpeia a adversária acuradamente várias vezes. Ainda assim, o peão rosa continua girando. Hilary não sabe direito o que fazer, só assiste quieta. Em dado momento, Márcio se cansa e grita o nome do seu puma branco, que colide com a rival e começa a empurrá-la para fora da arena. A moça continua sem qualquer reação.

Quando sua beyblade chega na borda, porém, ela se desespera e pede que o jovem espere. De repente seu peão gira ao contrário com grande velocidade e joga o outro longe. Todos ficam atônitos. O objeto que parecia sem vida há alguns segundos passa a agir por vontade própria por um breve instante, mas somente para se defender. Hana observa a cabine dos líderes da família Beyfly, atentos a tudo com Stanley ao lado.

Aborrecida, ela descruza braços e pernas e levanta do banco, andando até o palco.

Hana – Hilary, o que você está esperando? – a aluna a encara – Chame-a logo!

Hilary – Mas vocês disseram que o poder dela é muito forte! E se acontecer algo?

Hana – Você pode controla-la, basta acreditar! Agora chame ela!

Hilary – E como é que eu faço isto? – indaga aflita, olhando de lado para a cuia.

Hana – SÓ CHAME O NOME DELA! – a mais velha grita nervosa, assustando a muitos – Faça isto logo antes que seja tarde demais!

Hilary – E se ela não quiser me obedecer? O que eu faço Hana?

Hana – Acredite que você consegue, e ela também acreditará! – diz sorrindo.

Hilary retorna o sorriso, suspira e se vira com um olhar, enfim, determinado. Sua beyblade está acuada em um canto enquanto a de Márcio está prestes a atacar. A morena puxa o ar de novo, lentamente, e começa a sussurrar.

Hilary – Muito bem... Drena, sei que pode me ouvir. Ainda não nos conhecemos o bastante, mas sei que podemos trabalhar juntas, então, por favor, me ajude, está bem?! Desvie! – a seu comando, o peão salta para o lado – Isto mesmo! – ela sorri animada e toma fôlego, erguendo a mão direita para o ar – Agora... Drena, apareça!

Neste instante, um som de ecolocalização ecoa pelas paredes do estádio, causando ansiedade no público. A seguir, um feixe de luz emerge trazendo uma brisa, e dela diversas flores de cerejeira são jogadas no ar. As pétalas assumem a forma de uma magnífica fêmea dragão e logo a própria fera surge. Seu corpo em tons de rosa é coberto de joias, os intensos olhos são azuis e ferrões saem das extremidades das imensas asas.

No lugar de escamas, sua pele é coberta de plumas, o que faz a ponta do rabo parecer um espanador. Ao pousar, ela apoia as quatro patas no ar, mostrando as afiadas garras, e estica o pescoço longo. Na testa da abaixada cabeça afilada reluz um quartzo. Os pasmos espectadores na espelhada cabine a prova de som se erguem do sofá onde estavam, e esta reação faz Hana sorrir triunfantemente.

Kenny – Eu não acredito! A Hilary está com a fera bit sagrada!

Berta – Ela é magnífica. – a moça comenta extasiada, tal qual os outros membros dos times de bladers – Realmente, uma fêmea de dragão encantadora.

Kenny – Dizzi, o que você acha? – a câmera do laptop dá um zoom e a imagem da fera vem na tela, então muitas equipes se aproximam para ouvir o diagnóstico.

Dizzara – Eu estou tão perplexa quanto você, Chief! Esta fera bit é extremamente poderosa, tanto que estou tremendo só de calcular a intensidade destas ondas sonoras!

Eddy – Como é possível que esta fera esteja com elas? Ela não fazia parte do prêmio dos vencedores do campeonato? – Edna suspira e balança a cabeça em negação.

Edna – Tenho certeza que as garotas pegaram escondido as duas feras sagradas.

Emily – Quer dizer então que quem está com a outra é a... – muitos fitam Salima.

Enquanto Hilary e os demais admiram encantados a fêmea dragão, esta só observa silenciosamente Márcio chamar Mougarn. Quando o puma branco aparece, ela se vira pra parceira. As duas se encaram por um tempo, então a morena pisca algumas vezes.

Hilary – Ah, foi mal. – Hilary ri, batendo nas bochechas na intenção de retomar o foco, e a fera bit sorri em resposta, para a nova estupefação de todos – Vamos terminar com isto, Márcio? – o rapaz olha-a confuso e meio atordoado, mas logo sorri.

Márcio – A sua fera pode ser forte, mas eu não vou perder assim tão fácil!

Hilary – Pois eu acho que vai! Mostra o que você sabe fazer, Drena!

A fêmea dragão fita o puma de novo e ruge alto, fazendo-o abaixar as orelhas por medo e pelas incômodas ondas sonoras. No beystadium, a beyblade rosa provoca um desequilíbrio da rival. Quando ela sacode a cauda, acertando o rosto do adversário, o peão investe contra o outro, jogando-o para o alto. Drena voa até Mougarn, e o objeto imita o movimento tomando impulso de uma ponta da cuia até a outra para saltar.

Antes de ser acertado outra vez, o felino rasga o rosto da adversária com as garras e pula sobre suas costas. A beyblade de Márcio empurra a de Hilary para baixo, porém, como a dela chega na arena primeiro, consegue desviar antes da dele soterrá-la. A moça continua gritando palavras de incentivo pra parceira, enquanto o rapaz profere palavras de ataques que não funcionam. Logo a fêmea dragão provoca um vendaval com as asas.

O ataque o mobiliza pelo tempo do seu peão enfraquecer o outro por embate e então atirá-lo para fora do beystadium, aos pés do dono. Antes de se recolher, tal qual Mougarn, Drena olha Hilary e maneia a cabeça em cumprimento, sendo retribuída pela garota. A plateia demora a entrar em polvorosa, e só o faz após o estático apresentador enfim anunciar a vitória da jovem. As Beautiful Girls a abraçam saltando de alegria.

Tyson continua chocado com o que viu, mas a admiração e o crédito dos fãs sobre Hilary não são ilusões. Da cabine acima das arquibancadas, Kailane vê a avó fitando-a seriamente antes de sair do local, o que claramente é uma chamada muda para falarem a sós. A moça pede licença e se encaminha para a saída, encontrando a idosa no corredor e seguindo-a a certa distância. Vendo isto, Kai as acompanha sem ser notado.

Chegando ao pátio onde Hana treina Hilary e Salima, ele observa de longe quando Zilda Yamari começa a discutir com a neta. Ela escuta calada a todas as reclamações. Seu bom senso diz para não interferir, mas por algum motivo suas pernas discordam.

Zilda – Você tem ideia do que fez, Kailane? Aquelas feras são sagradas e você as entregou a duas desconhecidas sem pensar nas consequências! Por que fez isso?

Kailane – Porque elas se encaixam juntas. Por agora Drena e Drisa não precisam de parceiras habilidosas e sim com disposição e coragem de enfrentar desafios. Mas se eu tivesse consultado a senhora antes, certamente me trancaria em casa e esconderia as quatro feras em um cofre secreto na mansão. Eu não acredito que cometi um erro.

Zilda – Ah não? – a mulher ri, mas para quando percebe Kai se aproximando – Oh, olá rapaz. – Kai move a cabeça em cumprimento, vendo Kailane olha-lo assustada – Você e seus amigos estão se saindo muito bem no campeonato. Devo dizer que suas habilidades em especial são realmente fascinantes, meus parabéns.

Kai – Obrigado. Eu sinto muito interromper, não era a minha intenção. – ele olha de lado para a moça, que toma fôlego e vira o rosto – Mas desta vez eu acho que devo ser intrometido. – a adolescente fita-o com surpresa, contudo a idosa franze o cenho.

Zilda – Ouça meu jovem, eu agradeço por ter ajudado minha neta enquanto vocês estavam sobre as garras daquela terrível mulher, realmente, mas isso não lhe dá o direito de se meter nos assuntos da nossa família.

Kai – Eu concordo, mas tem algo que preciso falar, senão vou me arrepender por ficar quieto. – a garota enrubesce e olha aflita dele para sua avó, ambos sérios – Antes de todos saberem a história da tribo Beyfly, ela me contou tudo. Naquela situação onde estávamos, era inevitável que a verdade viesse à tona, mas eu desconfiei dos propósitos da Kailane. Desde o início, ela só quis achar os brasões das feras bit sagradas e escondê-los da inimiga, enquanto eu pretendia salvar a mim e meus amigos. Por isto, no começo, não me preocupei muito com a segurança dela e dos outros que não conhecia. Para mim, nós não devíamos nos meter nos assuntos uns dos outros. Mas... Depois mudei de ideia.

Zilda – Sério? E por quê? – Kai rapidamente olha de banda para Kailane de novo.

Kai – Quando ela me disse a verdade, por insistência minha, eu vi que, diferente de mim, a Kailane também estava pensando na segurança de todos. Percebi o quanto eu estava sendo egoísta. – seus lábios se curvam em um sorriso de canto – É engraçado que os amigos dela me considerem uma péssima pessoa e ainda assim nos achem parecidos.

Kailane – Não é verdade! – a moça se apressa em dizer, surpreendendo-o – Eles só estavam equivocados sobre você, mas não te acham uma má pessoa.

Kai – Quem sabe agora. Admito que antes não deva ter passado uma primeira boa impressão. – ambos sorriem de leve – Então, o caso, senhora Yamari, é que eu me tornei amigo da sua neta e prometi sempre proteger o segredo da existência das quatro feras bit sagradas. Agora não parece uma promessa que valha muita coisa, mas eu pensei com cuidado nas coisas que a Kailane me disse. Se as feras bit precisam aceitar seu parceiro para sair dos brasões, o fato de a Drena ter aparecido na frente de todos com o comando da Hilary é porque a aceitou, como eu acredito que a Drisa aceitará a Salima.

Kailane – Era o que eu ia dizer à senhora, vovó. Isto ninguém vai poder contestar: Drena e Drisa escolheram suas parceiras. Elas estão destinadas à Hilary e à Salima!

Zilda – Você não espera realmente que eu concorde em deixar duas feras sagradas nas mãos de duas jovens inexperientes, não é mesmo?!

Joseph – Por que não? Nós deixamos. – os três se voltam para trás, vendo Ozuma e Joseph se aproximarem – Ah, foi mal, não pretendíamos nos meter.

Zilda – Para pessoas que não gostam de se intrometer nos assuntos dos outros, vocês parecem muito impertinentes, eu devo dizer. – os rapazes se entreolham e sorriem – Bem, o que quis dizer com “nós deixamos”?

Ozuma – Acontece que os Saint Shields têm a nobre missão de proteger as quatro antigas feras sagradas que estão na posse dos Bladebreakers. Fizemos uns testes com eles e todos se provaram dignos de ficar com elas. Por enquanto... – o ruivo olha para Kai, que sorri e fecha os olhos antes de Zilda colocar as mãos atrás das costas.

Zilda – Oh sim. Agora eu me recordo da história que vocês carregam neste nome.

Kailane – Eu vou me certificar de que elas podem tomar conta das feras, vovó. Na última luta, eu vou pedir à Hana que coloque Hilary e Salima para batalhar.

Ozuma – “Última luta”? Quer dizer a final? Está bem confiante. – ela sorri corada.

Joseph – Oh, isso com certeza seria interessante de ver. Se aquela fera bit sozinha já causou confusão sem mal ter se mexido, que dirá duas! A outra é tipo tigre, certo?!

Kailane – É, uma tigresa. – sorri, voltando a ficar séria quando fita a avó – Então, se nós não vencermos o campeonato, a senhora pode cuidar das feras e dos campeões.

Zilda – Muito bem, então fica decidido assim. Eu informarei aos outros. – a idosa encara Kai – Diga-me jovem Kai, acredita que você e seus amigos merecem a confiança da família Beyfly? – o rapaz analisa a pergunta.

Kai – Eu acredito que merecemos uma chance de provar. – a mulher resmunga, analisando cuidadosamente a expressão firme dele, e então abre um sorriso.

Zilda – Está bem. Eu desejo boa sorte a todos no campeonato e quero lembrar que estaremos observando até o final. – ela anuncia indo para a saída do pátio – E já que me pediu uma chance, concentrem-se em tentar vencer o torneio que eu tenho meus meios para julgar justamente se merecem nosso voto de confiança. Ah, Kailane! – chama ao se virar – Como sua avó, eu sinceramente fico feliz que tenha feito ótimas amizades.

Kailane – Obrigada vovó. – as duas sorriem antes de Zilda retomar o caminho.

Zilda – Os dois membros da Saint Shields, mantenham esta conversa em segredo!

— Sim senhora! – Ozuma e Joseph respondem, fazendo-a sorrir antes de ir, e logo a dupla também se afasta e deixa o casal sozinho.

Kailane – Obrigada pela ajuda Kai. Eu provavelmente me encrencaria sem você.

Kai – Não por isso. Mas pensei que iria me mandar embora do jeito que estava me olhando. – ela ri em resposta – Então, não vai dizer que está surpresa por eu te defender, ou por simplesmente ter falado muito?

Kailane – Eu digo que estou feliz por meus amigos estarem certos sobre nós. – ele ergue uma das sobrancelhas em confusão – Sabe Kai, eles não nos acham parecidos por nossos defeitos, mas porque fazemos escolhas e temos aspectos de vida semelhantes. Não gostar de uma multidão olhando para nós, por exemplo... E você mesmo me disse uma vez que sofria para agradar seu avô, e eu passo o mesmo com a minha avó.

Kai – Bom, pelo menos você consegue satisfazer a sua de vez em quando.

Kailane – Olhe, a minha intenção não é competir sobre quem teve a infância mais sofrida. Só quero dizer que você pode ficar tranquilo sobre o que disserem de nós.

Kai – Na verdade eu não me importo muito com os outros, mas... – ele pausa por um momento e ela tem a impressão de vê-lo corar – Você me viu como eu sou e não me ignorou mesmo depois das coisas que disse, então... Eu agradeço.

É a vez de Kailane enrubescer. Ela retribui as palavras de Kai com um sorriso e os dois voltam pra junto dos amigos. Em pouco tempo, Hana retoma os treinos com Salima e Hilary, embora dê mais atenção à ruiva por planejar que lute no dia seguinte. Durante a quarta rodada, as batalhas seguem e os Bladebreakers vencem os Dark Dragons. Na vez das Beautiful Girls enfrentarem os White Tigers, Kailane e Salima são escaladas.

A jovem Yamari luta primeiro, competindo contra Lee. Na hora de liberarem suas feras bit, a plateia estarrece uma vez mais na aparição de Dione, a fênix azul. As penas são mescladas ao tom pervinca, os olhos são escuros como os de Dayse, contudo mais brilhantes, e toques pretos rajados ao redor deles fazem parecer que usa sombra. A crista da ave é alta e pontiaguda e a ponta do bico cinza é curvada para fora.

Galeon dá uma leve canseira na rival, mas não por muito tempo. O leão termina derrubado quando a fênix abre as asas, emitindo uma luz quase cegante para distrai-lo antes de pegar fogo, cercando o felino num círculo de chamas. Vendo o assustador olhar firme de Kailane e da própria Dione, Lee se vê obrigado a desistir. Na primeira retirada do evento, algumas pessoas permanecem incrédulas enquanto ele resgata sua beyblade.

Por muito pouco ela não derreteu pelo forte calor, e a adversária nem ao menos se mexeu durante toda a batalha. Tendo que reconhecer seu talento, o rapaz aperta a mão da moça em cumprimento pela vitória. Ela retribui sorrindo e sai do palco constrangida pelos aplausos e gritos de congratulações. Mariah é a próxima a subir no palco e as suas pupilas arregalam de surpresa vendo que sua rival será justamente Salima.

Enquanto ela se aproxima, a moça não evita de dar um sorriso confiante. A ruiva a saúda, esperando que tenham uma luta justa, e recebe um confiante “igualmente”. As duas começam a disputa com energia e concentração, mas Mariah passa a ser agressiva em pouco tempo. Salima reage com custo até sentir um arrepio. Dos seus lábios apenas sai o sopro do nome de Drisa, então o ambiente todo começa a sacudir.

A fera surge do bey de cabeça baixa. A encorpada tigresa possui orelhas, cauda e dentes-de-sabre pequenos. O lado direito do corpo é mais branco que o esquerdo, da cor laranja, mas todo ele é coberto de manchas pretas, formando listras ou pintas. Seu nariz rosado e as linhas pontilhadas nas laterais lhe dão um ar doméstico, mas quando os ferinos olhos verdes se abrem, todo o ar carinhoso no recinto de repente se esvai.

 

Continua...


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