A Chuva de Rani (EM REVISÃO) escrita por Elle Maria


Capítulo 3
Capitulo 4




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Já vestida Rani estava sentada em sua cama, ela encarava a janela e a sombria cena de um céu negro sem estrelas. Em suas mão trêmulas um frasco de remédio e um copo de água na outra.

Sua mente não estava no presente e sim em um passado assombrado com monstros e fantasma que ninguém via a não ser ela, uma garotinha magrinha e frágil. A pobre Rani estava tão atordoada com o seu dia que nem percebeu, ou não quis perceber quando a porta atrás dela se abriu e em seguida se fechou.

Ele respirou fundo com os olhos lacrimejantes e jogou a pilula dentro de sua boca. O medicamento e as lágrimas tinham um gosto horrível, amargo.

Lentamente ela foi se deitando em sua cama enquanto rezava em silêncio por dias melhores, antes de adormece teve uma última alucinação. Aquele homem de mais cedo estava bem ali sentado em uma cadeira próximo a janela, com o olhar cheio de pena e preocupação. Tolice. Rani então riu ao pensar que estava tão carente e necessitada de amor que agora conseguia fazer com que suas alucinações tivessem compaixão. Porém alucinações não se aproximam com cuidado e te cobre com uma manta, talvez com medo que pegue um resfriado, é te faça um gesto simples, como tirar sua franja da frente de seus olhos. Rani observava a tudo muda e estática enquanto esperava as malditas pilulas fazerem efeitos, ou melhor um dos efeitos.

— Eu queria não ser louca, queria ser normal, é ser amada de verdade. - Disse Rani com a voz grogue para si mesma, não esperava uma resposta, se acostumou com o silêncio das palavras. Mas recebeu.

— Isso não e ruim. Um dia li em um livro que as melhores pessoas são loucas. Você só estar. - Derek, assim se chamava ele, fez uma pausa: procurava uma palavra certa. — … cansada. - O espírito do belo homem ficou ali a observando enquanto Rani fechava os olhos a contragosto, e finalmente adormeceu.

 

Os dias sempre se seguiram normal, mesmo com as enormes nuvens de Rani. Verão, outono, primavera e inverno, o mundo sempre seguiria seu curso, sem interrupções, sem tempo para olha lá

A temporada de chuva e frio, tinha acabado naquela madrugada, chegando a estação do calor. Os primeiros raios cobrias as sacadas e os tetos das antigas construções, as pequenas poças tão insignificantes no chão reluziam como joias a cada vez que o sol se erguia.

A rotina começaria diferente, teria mais alegria, mais combustível, mais cor na paisagem. Entretanto, os dias se seguiriam sem cor para Rani, como um retrato em preto e branco.

Rani tinha se acordado sedo, mais cedo até que o galo que cantou naquela manhã. Porém se perguntava se tinha motivos para se levantar. Você pode acha lá uma covarde sem força de vontade, mas, tente entender que para Rani isso era um quebra-cabeça de peças iguais.

— Você não deveria está no médico?! - Algo sussurrou em seu ouvido a fazendo se mexer na cama.

Rani passou as palmas das mãos no rosto, como se quisesse se acordar de um sonho ruim dando um suspiro de raiva e agonia.

A passos vagarosos se levantou de sua cama evitando o espelho de sua penteadeira, não queria ter que lida com o ser que mais odiava tão cedo. Procurou algum vestido no seu guarda-roupa rejeitando as coloridas, as odiava por não conseguir enxergar suas verdadeiras cores. Vestida com roupas sóbrias sem nem uma cor alegre, foi para a sala onde tinha uma chuva a esperando. As gotas diferentes da primeira vez que caia gota por gota, agora caia como um temporal. Um único suspiro e um baixar de cabeça. Rani pegou seu guarda-chuva e o abriu na sala, e observou como as gostas apenas a molhava e fazia barulho sobre a lona de seu guarda-chuva vermelho.

— As pessoas normais abre o guarda-chuva apenas na chuva da rua, Por quê eu tenho que abria na sala?

As escadarias eram as mesmas, os mesmos degraus em aspirais de madeira marrom, não havia nada de novo. Eram nove e vinte, a maioria das pessoas tinham se acordado cedo para aproveitar o dia, os raios de luz eram quente e convidativo. A jovem dama de preto em um dia quente observava as pessoas na rua na frente do velho edifício.

— Está um belo dia, não? - Disse o gentil zelador que havia aproveitado para plantar algumas flores na frente do edifício. Em primeiro instante a jovem parecia tentar encontrar significado nas palavras do velho, até mesmo se ofendeu em ouvir a frase mesmo sem saber o motivo.

— Está sim. - Concordou por não achar algo melhor para dizer.

O velho parecia desapontado, queria ouvir mais da jovem. Então continuou a puxar uma conversa.

— Não sabia que a Senhorita tocava tão bem. Minha esposa ficou feliz em escutar. Sabe, quando o antigo morador ainda vivia ele tocava todos os dias, até nos convidava para ouvi lo tocar. - O velho parecia saudoso e feliz com as memórias, o que fez Rani ter inveja disso, suas memórias eram sombrias e torturante demais.

— Por favor, quando voltar a tocar nos convide. – Disse o velho terminando a frase.

O velho com as margaridas nas mãos e um sorriso expirador no rosto, era como ver um retrato impressionalista na sua frente, ou uma criança cheia de fadas na cabeça.

— Eu não estava tocando. Acho que o senhor se confundiu, era apenas o disco que ganhei.

“Aquilo não foi um sonho? Não. Foi apenas o disco, sim, foi apenas isso.” Pensou Rani.

— Que pena! - Suspirou o zelado triste, mas sonhador. — De qualquer maneira nos convide para uma xícara de chá, será bom conversar.

A jovem acenou a cabeça e sorriu seguindo sem mais demoras seu caminho até o consultório.

Por onde andasse escutava música. Músicas sempre alegres, agitadas de melodia expiradora até comovente, mas sempre alegre que contagia a todos que caminhavam pela rua em seu vai e vem. Porém, Rani parecia está distante disso, era algo intocável, puro de mais para ela o que fazia com que a pobre menina se sentisse distante de tudo e todos.

Sentada no seu canto no ônibus fitou as ruas e as pessoas até chegar no seu ponto.

O consultório ficava em um prédio comercial em uma rua agitada com vários comércios, entre eles uma peculiar casa de chá com a faixada que parecia ter saído de um livro de contos de fadas. Rani se dirigiu até o quinto anda onde foi recebida pela secretaria gentil, que aparentava ter quarenta anos.

— Ele não vai demorar em atende lá, o Dr. Pierre só vai terminar de atender um cliente.

Rani não gostava das consultas a fazia se sentir mais estranha para não dizer louca, embora gostasse do Dr Pierre e do seu modo educado e paternal que a tratava, era completamente diferente do Doutor que a cuidava no hospício, tão rude e indiferente. Eram lembranças cruéis, Rani balançou a cabeça tentando apagá-las.

O consultório não tinha cheiro de remédio ou desafetante de limão, as paredes não era de um branco enlouquecedor, eram pintadas de marfim e tinha quadros em tons quentes que o próprio Dr. Pierre havia pintado.

— Rani, que bom que já chegou! - Exclamou o Dr ao vê-la, a chamando para a realidade. — Venha pode entrar, quero lhe apresentar um amigo. - Chamou o Doutor Pierre animado, esperançoso.

Rani o atendeu com um sorriso e foi até sua sala. Uma grande janela iluminava o lugar, livros organizados sobre a estante e a mesa. Duas cadeiras na frente de um elegante mesa de madeira envernizada onde um elegante homem bem vestido estava sentado. Ele a olhou e acenou educadamente.

— Rani esse e meu amigo Teodoro Machado, ele e psicólogo. Se formou em das melhores academias nos Estados Unidos, e já tratou de vários pacientes com o seu mesmo quadro. - Apresentou Pierre animado assinalando para que ela se sentasse ao lado do psicólogo.

— Então o Senhor tem a cura para o meu problema? - Perguntou receosa enquanto sentava.

— Lamento, mas não tenho a cura. - Respondeu o homem que a observando de cima a baixo. — Porém tenho um tratamento que gostaria de testar em você.

Surpresa Rani passou seus olhos do psicólogo para o Dr que escutava a tudo sério.

— Fique tranquila Rani, ele não e a favor dos métodos torturantes dos quais você passou. - Disse Pierre a tranquilizando. Teodoro poise a ri ao escutar as palavras do Dr. Aquilo não tinha graça nem uma para Rani que se irritava com a risada do Psicologo.

— Perdoe-me. - Se desculpou ao notar que estava sendo desagradável.

— Rani, você trouxe o frasco com as pilulas? - Perguntou Pierre de repente.

— Sim. Está aqui na minha bolsa. - Respondeu apertando a pequena bolsa de pano verde.

— Ótimo! Me entregue por favor. - Pediu estendendo a mão sobre a mesa.

Desde o dia que foi apresentada a elas se apegou como um último suspiro, lhe faziam mal mas não queria se desfazer delas.

— Te garanto que vai ser melhor daqui para frente se você mesmo entregar. - Disse Teodoro a olhando através de seus óculos.

Com a mão trêmula abriu a bolsa de tirou o frasco de dentro e entregou ao seu médico.

— Isso. Boa menina. - Exclamou Teodoro feliz com a atitude de Rani dando dois tapinha em seu ombro.

— Boa menina? Agora sou um animal? - Gritou Rani ao psicólogo se levantando com força de sua cadeira.

— Tenha calma Rani. Foi apenas um mal entendido. - Disse Dr. Pierre tentando acalmar os ânimos.

— Não me trate com um ser que não merece respeito. - Gritando mais alto, entretanto o psicólogo não disse nada em nem um momento apenas a observava com frieza, o que a deixa mais irritada. Rani estava ficando desequilibrada o que fez com que seus pensamentos voasse de uma maneira desenfreada. Seus olhos alucinados olharam para cada rosto na sala de uma maneira desesperada.

— Isso e uma armadilha? Vocês estão tentando me jogar naquele inferno de novo! - Gritou Rani pondo a mão na cabeça.

—Rani por favor, está entendendo tudo errado. Se acalme. - Gritou Pierre tentando devolver o juízo a pobre Rani. Tarde de mais sua mente rodava em um carrossel perturbado.

Do outro lado a secretaria assustada com os gritos decidiu entrar, acabou cometendo um erro. Quando a jovem melancólica viu a porta se abrir correu sem parar daquele lugar.

O mundo lá fora continuava o mesmo, com seu sol brilhante e pessoas felizes. Rani via elas se movimentarem lentamente enquanto corria para se esconder. No meio do seu desespero viu uma porta brilhante e correu até ela.


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Notas finais do capítulo

Obrigado por ler ! ♥



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