Querido São João escrita por Paloma Machado


Capítulo 6
Uma paixão escorregadia - Kentin


Notas iniciais do capítulo

Olá! Aqui é a Misaki ♥

Essa oneshot estava pronta há tempos e eu simplesmente tinha esquecido dela. Mas antes tarde do que nunca auhsuahshahsa. Espero que gostem. Beijocas :*.



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Pergunto-me o que o professor Boris está inventando desta vez. Ele me pediu que fosse ao mercadinho comprar cinco potes de banha de porco. Para que diabos ele vai usar isso?

Volto para o colégio e vejo dois meninos carregando um mastro de cinco metros para dentro do ginásio. Sério, festas juninas me assustam. É cada coisa mais bizarra que a outra. Ano passado peguei a professora Delanay se maquiando na sala de química, eu quase tive um troço.

— Tudo bem Alice? – Iris balança a mão na frente do meu rosto.

— Sim. Só estava distraída.

— Professor Boris está todo animado hoje.

— E quando é que ele não está? Parece que ao em vez de café, toma uma caneca de adrenalina toda manhã.

— Bem... Ele é um professor de educação física – ela diz desajeitada.

— É, pode ser. Falando nisso, tenho que entregar isso a ele – mostro a sacola. – Te encontro no refeitório.

Entro no ginásio e vejo Kentin segurando o poste de madeira enquanto Alexy prega alguma coisa embaixo. O professor faz gestos exagerados com as mãos, instruindo todos em seus afazeres.

— Com licença – interrompo sua maestria – trouxe o que o senhor pediu.

— Ótimo! – ele olha dentro da sacola. – Peça para a diretora guardar por enquanto, vou utilizar só no dia da festa.

Eu reviro os olhos e me arrasto novamente. Eles me fazem de escrava, sério.

Pouco depois de eu dar as costas, um baque seco ecoa pelo lugar, olho para trás e Kentin está estatelado no chão, com uma expressão de dor horrenda.

— Meu dedo, Alexy! – ele grita.

Alexy se desespera e larga o martelo no meio do caminho. Rosalya passa carregando uma caixa de adereço, tropeça na ferramenta e joga a caixa pra cima de Priya que se esquiva, mas acaba trombando na escada onde Castiel está. O ruivo caí sobre as caixas em cima do palco, levando consigo os refletores recém-instalados.

Boris coloca as mãos ao lado do rosto e esgaça a boca em um grande “O”, fazendo-me lembrar do quadro “O grito”. Eu largo a sacola no chão e corro para ajudar, mas não sei quem acudir primeiro.

— Alguém se machucou? – o professor pergunta, analisando a situação.

— Acho que quebrei alguma coisa... – Castiel resmunga em meio ao papelão amassado.

— Você caiu no fofo, seu fresco – Rosalya menospreza o sofrimento do outro.

Kentin tenta se levantar, mas assim que aponha o pé esquerdo no chão, cambaleia.

— Acho que desloquei o dedo.

— Deixa eu te ajudar – estendo o braço para que ele se apoie em meus ombros. – Tem uma caixa de primeiro socorros no vestiário.

— Eu ajudo – Alexy se prontifica.

— A senhorita Alice dá conta, é melhor você ficar aqui para ajudar a arrumar essa bagunça. – Boris diz batendo as mãos – já que não tem mais ninguém ferido, vamos logo terminar isso.

Castiel se levanta chutando as caixas enquanto Rosalya briga com ele por estar pisando nos adereços. Priya ergue a escada novamente e começa a reinstalar as luzes com extrema facilidade, parece até uma iluminadora profissional. Alexy pega o martelo e volta a trabalhar, choramingando por não poder acompanhar seu boy magia. Tenho certeza de que ele seria um enfermeiro muito dedicado.

Deixo Kentin sentado no banco do vestiário masculino enquanto procuro a maletinha no armário. Ele tira o tênis e a meia, posso ver sua careta pelo espelho ao ver o próprio dedinho torto.

— Me deixa ver – sento na frente dele, analisando o deslocamento. – Vai ser moleza – improviso uma pequena tala e me posiciono para colocar o osso no lugar.

— O que você vai... Ai! Grrr! – Kentin solta um grito estridente e range os dentes quando empurro seu dedinho repentinamente.

— Não quis te dar tempo para pensar no quanto isso iria doer – justifico meu ato abrupto.

— Por acaso você foge a noite pra fazer curso de enfermagem? – Kentin pergunta analisando o meu trabalho.

— Não. Só vou ao hospital roubar bolsas de sangue, daí acabo vendo algumas coisas – respondo dando de ombros.

Kentin me encara por alguns segundos e então começamos a rir.

— Meu pai é enfermeiro, já te contei isso – dou um último nó na faixa – prontinho.

— Valeu – ele se levanta, tocando apenas o calcanhar do pé machucado. – Alice?

— Hm? – guardo a maletinha e me viro pra ele.

— Tem companhia pra festa? – ele está olhando para o lado, com as bochechas coradas.

— Já convidou o Alexy? – pergunto mesmo já sabendo a resposta.

— Por que o faria? – ele resmunga, saindo do vestiário. – Se você não quer ir comigo, bastar negar.

Reviro os olhos. Apresso-me para ajudá-lo a andar. Sei que Kentin gosta do azulado com um parafuso a menos, mas por alguma razão não admiti isso. E também parece não perceber que Alexy é caidinho por ele.

O dia da festa chega, encontro Priya no parque e vamos caminhando juntas até o colégio. Parece que este ano a diretora fez mais que vista grossa, pois nenhum espertinho conseguiu passar com uma garrafa de birita. O movimento no ginásio começa a aumentar, decido ir ver o que é. Tão óbvio, mas eu não tinha me tocado. Era o famoso pau-de-sebo.

Vários garotos tentam escalar aquela coisa na tentativa de capturar a pequena bandeira na ponta. O premio parece ser um beijo da Violette, e duvido muito de que esteja fazendo isso por livre e espontânea vontade. Felizmente nenhum deles tem sucesso. As garotas também querem tentar, mas apenas algumas ficariam felizes com um beijo da desenhista roxinha.

— Que tal um beijo apaixonado do Kentin? – pergunto segurando meu amigo pelos braços.

— Você está louca? – ele arregala os olhos.

— Relaxa – cochicho em seu ouvido – sei o que estou fazendo.

Dito e feito. As meninas tentam subir de qualquer forma aquele mastro engordurado, o mais legal é assistir aos tombos. Até Ambre se dispõem a pagar o mico. Nenhuma delas consegue e quando parece que a brincadeira vai acabar, quem eu esperava finamente aparece. Alexy se prepara alongando os músculos, aperta a faixa vermelha em torno da cabeça e pula.

Eu mal tenho tempo de piscar e ele já está no topo, balançando vitorioso o pedaço de tecido azul. Mas sua empolgação exagerada o faz escorregar e quando penso que o coitado vai se esborrachar no chão, Kentin aparece para salvá-lo. A cena é cômica, pois Alexy parece uma princesa nos braços fortes do meu amigo.

O silêncio é constrangedor e para quebra isso Alexy dá um beijo na bochecha de seu herói, o que faz todos rirem. Mas as surpresas não acabam por ai. O moreno respira fundo, e decidido, lasca um beijo na boca do rapaz em seu colo, fazendo este perder o folego.

Como penitencia, tenho que levar a donzela desmaiada pra descansar no vestiário. Antes de sair dou uns tapinhas nas costas de Kentin e sorrio feliz por sua atitude.

— Foi difícil? – perguntei.

— U-um pouco... – ele está vermelho como um tomate. – Mas e você?

— O que tem?

— Te vi chegando com a Priya – ele muda rapidamente a expressão para uma cara sacana – Vai dizer que não tem nada rolando entre vocês duas?

Agora era minha vez de fugir.


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