Você Me Completa escrita por Little Flower


Capítulo 4
Um lugar acolhedor


Notas iniciais do capítulo

Oie! Obrigada as lindas pessoinhas que andam comentando e aos que lêem também!
Espero que gostem



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[Caleb]


Eu espero que quando eu ligar mais uma vez você me atenda, Caleb. — Victor.

Dei de ombros. Não dando a mínima para sua ravinha. O cantor que os fazem enriquecer vai tirar suas merecidas férias. No caso, eu. Guardei o celular no bolso.

Como o esperado, ao adentrar o maior mercado de Rosewood, fui parado a cada segundo para uma foto ou um autógrafo, é claro que atendi a todos pacientemente e Hanna foi muito prestativa ao se oferecer para tirar a todas. Pelo menos não fui atacado como no dia anterior e o encontro com os fãs não foi catastrófico.

Talvez os seguranças o intimidavam para não extrapolarem. Ou talvez aquelas garotas eram malucas mesmo. A blusa xadrez que usava hoje era minha favorita, não ia suportar perdê-la. O gerente veio pessoalmente até nós, para nos cumprimentar. E eu tive que sair no ‘clique’ mais uma vez. Marketing talvez.

O que realmente me deixava desconfortável era o fato de que tivesse alguma possibilidade dos paparazzis descobrirem meu ‘esconderijo’. Isso realmente me aborreceria um pouco.

— Sério mesmo que você não sabe cozinhar? — indagou Hanna, quando estávamos colocando as sacolas dentro do porta malas. Achava seriamente que íamos ficar lá dentro até a eternidade. Pelo menos eu sim. Foi um alívio sair daquela bagunça e respirar ar puro.

— Não, eu sempre pedia comida da cozinha especial do meu prédio.

Ela ergueu as sobrancelhas balançando a cabeça negativamente.

— Meu dom aqui é apenas compor músicas! — levantei as mãos em rendição rápido demais, o que fez com que uma sacola virasse e algumas latas se espalhassem pelo chão do estacionamento rolando em direções opostas.

Dei um longo suspiro e fui a caça reclamando o quão desajeitado tinha sido. Hanna ria segurando a barriga evidentemente divertida com a cena. Acabei por rir também, mas me limitei.

— Realmente cozinhar não é sua praia, elas têm medo de você, — apontou para os produtos enlatados ainda risonha e eu apertei os olhos. — bom, eu tive que me virar, meu pai não é nenhum masterchef. — entortou a boca.

Eu não resisti e ri novamente com o seu comentário, terminando de arrumar as sacolas marrons para ficarem em ordem.

— Tem certeza que quer mesmo ser visto comigo, Caleb? — perguntou Hanna uma vez que já estávamos seguros dentro do carro.

— Sim, posso entender o ‘porque’ da pergunta? — pedi parando antes de rodar a chave na ignição de vez e desviando o olhar da minha frente e parando os olhos nela.

— Olha para mim, não vai manchar a sua reputação? — seus ombros estavam caídos, o semblante preocupado talvez temendo a minha resposta.

Fiquei intrigado com a sua declaração, qualquer pessoa no mundo gostaria de ‘colar’ em alguém ‘importante’ independente de qualquer situação, realmente qualquer pessoa ruim, mas Hanna não era qualquer pessoa, muito menos ruim.

— Não seja boba, Hanna. Você é uma garota legal e somos amigos agora. — eu falei sinceramente. Eu realmente não ligava nenhum um pouco o que os outros pensavam, pelo menos não 100%.

— Eu fico aliviada por escutar isso. Eu não gostaria de te prejudicar.

Olhei-a mais uma vez. Cético. Nós mal nos conhecemos e ela parece se importar tanto comigo. Bom, Hanna conhece partes da minha vida, as que eu permito acesso a todos os fãs. Mas ainda assim, eu não conhecia uma mísera pessoa com o coração tão grande quanto o dela.

Sorri.

— Não se preocupe, essa proeza eu consigo sozinho de vez em quando. — eu disse finalmente dando a partida.

— Você? Não acredito! — ela fingiu uma cara de espanto, colocando a mão sobre o peito e olhos arregalados. Mas acabou rindo no final.

Numa atitude infantil dei língua. O que a fez rir ainda mais.

.

— O papai está descendo. — anunciou Hanna descendo as escadas com os pés descalços. Depois que ela me ajudou a encher a despensa e arrumar o que compramos, a trouxe novamente para sua casa. Passava das 11AM.

Desviei a atenção do quadro de família na escada onde havia um homem loiro, no meio uma pequena Hanna banguela nos dentes da frente com sorriso de covinhas e uma mulher linda de cabelos ruivos. Talvez sua mãe. Não tinha reparado naquele quadro antes.

Assenti quando ela se firmou no chão do hall. Eu não tinha razão nenhuma para me sentir nervoso, mas meu coração começou a acelerar contra a minha vontade.

Minutos depois escutei passos pesados e um homem de cabelos grisalhos não parecendo estar na meia idade ainda surgiu com blusa quadriculada e calça clara, a expressão gentil. Me senti um pouco aliviado com isso.

— Bom dia! — saudou e Hanna que estava ao meu lado foi em sua direção e se encaixou em seus braços sendo abraçada por ele de volta, o homem desviou os olhos de mim para depositar um beijo terno em seus cabelos, ela abriu um sorriso enorme. Aquela cena era realmente encantadora. Podia enxergar o motivo de Hanna ser tão doce e amável.

— Bom dia, senhor...?

— Ted. Ted Wilson. — ofereci minha mão e ele aceitou de pronto. Sorri e ele retribuiu cordial. — obrigado por trazer minha little girl a salvo.

— Não foi nada. Hanna me ajudou muito esses dois dias.

Ele me analisou melhor com a mão livre no queixo.

— Eu conheço você de algum lugar. — disse ele distante e pareceu se recordar. — você é bem parecido com aquele cantor nos pôsteres do seu quarto... — primeiro ele falava para mim e ao dizer a última frase olhou para Hanna, que rapidamente abaixou a cabeça com o rosto num tom rubro.

— Pai! — ela resmungou.

Prendi a risada, comprimindo os lábios fortemente.

— O que há de errado, filha?

— Eu acho que o senhor viu errado. — ela desconversou rapidamente balançando a cabeça. — isso faz anos. — ela falou a levantando e me encarando ainda com as bochechas queimando.  

— Claro. — eu falei com escárnio. E ela semicerrou os olhos, mas não sustentou por muito tempo.

— Caleb, você gostaria de almoçar conosco? — Ted convidou mudando o assunto, talvez se dando conta da saia justa que colocou a pobre filha. Eu não conseguia parar de rir. Pigarreei.   

Ponderei por alguns segundos. Se eu voltasse para casa ainda teria que procurar alguma receita e talvez não desse certo o que ocasionaria em acabar indo até a Apple Rose ou pedir alguma coisa de um restaurante. E eles pareciam ser uma boa companhia.

— Sim, se não for incomodar. — Hanna o liberou para saltitar alegremente talvez por eu ter aceitado.

— Imagina, meu filho. — disse ele caridoso me conduzindo em direção à cozinha, caminho que eu sabia perfeitamente bem.

— Pai, o senhor colocou a lasanha no forno? — indagou Hanna nos nossos encalços.  

— Sim, querida, eu não esqueci.

— Ótimo, obrigada. Eu vou lá em cima e já volto! — antes que eu pudesse me virar ou dizer algo ela saiu correndo.

Fizemos uma breve oração antes de nos servir. Eu não estava acostumado com aquilo, mas soou bastante natural para mim. O almoço foi realmente bom, a comida de Hanna estava deliciosa, fizemos a refeição na parte dos fundos da casa e o vento que soprava deixava o clima ainda mais agradável. Eles realmente eram boas pessoas, ambos com corações bondosos. E eu via como Ted amava Hanna, o que era evidentemente recíproco. Os dois sabiam como receber alguém e fazer você se sentir à vontade.

E em nenhum momento me senti um pop-star, era apenas Caleb, um jovem comum, com novos amigos.

E isso era muito bom.

— Então você é o dono da camisa que eu encontrei no banheiro? — questionou com o olhar divertido degustando um pouco da gelatina, que Hanna preparou às pressas para sobremesa.

— Eu espero não ter criado nenhum clima ruim ou feito a Hanna se encrencar por minha culpa. — eu disse e Hanna sorriu para mim. O de covinhas. Dei uma piscadela.

— Imagina, rapaz, ela me explicou tudo e nunca duvidei. Eu confio plenamente na minha filha. — segurou a mão dela e sorriu de maneira carinhosa para a loira.

— Que bom, então... E era uma das roupas que tinha comprado recentemente.

Ted riu. E eu dei mais algumas colheradas na sobremesa dada a mim. Também estava ótima.

— Essas mocinhas. Eu ouvi uma música sua uma vez, que retratava de saudades, muito bonita.

— Obrigado. — sorri um pouco me lambuzando um pouco.

— Deixa que eu te ajudo! — Hanna pegou o guardanapo próximo a nós e limpou o canto da minha boca e eu sorri em agradecimento.

— Obrigado.

Ela assentiu com seu costumeiro sorriso.

— Era para alguém em especial? Como você tem inspiração? — inqueriu com os olhos ávidos.

— Bom, no meu caso, eu escrevo músicas de acordo com meu estado sentimental ou às vezes as palavras surgiam do nada, eu não precisava me isolar, mas ultimamente é o que eu venho fazendo, não estou conseguindo compor nada. — eu relatei um pouco frustrado. Lembrando-me das músicas que levei intermináveis meses para terminar para no final não serem aceitas.

Fechei minhas mãos em punhos com uma leve queimação.

— Eu tenho certeza que você logo encontrará algo. O Senhor irá ajudá-lo. — disse ele em tom paternal.

— Obrigado, Sr. Wilson.

— Pode me chamar de Ted, filho.

Sorri assentindo com a cabeça.

— Bom, eu tenho alguns assuntos do trabalho para verificar... Pode me passar esse prato? — perguntou já de pé e juntando um monte de louças.

— Deixa isso aí, pai, eu posso colocar na máquina de lavar, pode ir trabalhar.

— Tem certeza, filha?

— Claro. Tenho um ajudante.

— Hanna. Ele é convidado. — lhe censurou.

— Ele comeu, tem que ajudar... — Ted a encarava incrédulo e ela acabou rindo — brincadeirinha!

Ele riu sacudindo a cabeça, deixando os pratos que juntara novamente na mesa.

— Foi um prazer conhecer você, filho. Pode voltar quando quiser.

— Obrigado, Ted. — levantei para apertar sua mão novamente.

Se despediu da filha e rumou para dentro.

— Eu não estava brincando. Já terminou? — disse Hanna quando se certificou que seu pai não conseguia mais nos ouvir.

— Sim. — respondi dando uma última colherada na gelatina.

— Agora, ao trabalho, Rivers.

— Eu sou uma estrela, não faço essas coisas.

— Ah, mas aqui vai, levanta já daí.

— Me obrigue! — cruzei os braços.

Eu não compreendia o que estava acontecendo comigo. Eu nunca fui brincalhão. Não na nova vida. E aqui estava eu, agindo como uma pequena criancinha teimosa. Mas era tão divertido que eu não conseguia parar.

— Eu vou espalhar para todo mundo o seu número!

— Eu posso trocar sem problemas — dei de ombros. — essa é a melhor chantagem que você tem?

Pensou um momento e transformou o rosto numa careta engraçada e adorável ao mesmo tempo.

— Sim. — respondeu cabisbaixa. — eu não sei fazer isso! — fez um pequeno bico desapontada.

— Você precisa de umas aulas. Tudo bem eu vou ajudá-la a arrumar, gordilinda. — saiu sem pensar de novo.

— Eu estava esperando por isso... E eu prefiro Han. — disse ela juntando os copos enquanto eu juntava os mais pesados. Não olhou para mim. Não acreditava que tinha pisado na bola outra vez.

— Sinto muito, achei que sendo seu amigo eu poderia...

— Não é isso, mas eu prefiro que você me chame de Han. — explicou.

— Entendido capitã! — bati continência.

— Você é mais bobo do que imaginava. — comentou rindo e marchando à minha frente com a louça leve.

Apenas aqui eu era assim.

.

[Hanna]


Estava diante do espelho, devidamente pronta para a escola, eu olhava meu próprio reflexo um tanto desapontada. Minha mente vagou para um tempo atrás quando eu era repleta de elogios, as pessoas me olhavam com admiração, e não o desprezo que eu provava todos dias nos corredores.

Dei um longo suspiro.

Um terror tentava me fazer voltar para debaixo das cobertas, onde eu estaria protegida e segura. Deus, o que eu estou fazendo? Eu não podia me deixar afetar assim. O que minha mãe iria pensar de mim? Ela ficaria completamente descontente comigo.

— Vamos lá, Hanna. Você consegue. Só falta um ano e aí você vai se livrar disso tudo! — disse a mim mesma, melhorando minha expressão e colocando um sorriso, havia escolhido um vestido solto preto com flores amarelas e um casaco que comportasse meu “corpinho”. — você é especial, garota! Você não é melhor que ninguém! Ninguém é melhor que você. Ninguém vai colocar você para baixo, não deixe que eles te deixem tristes, você é linda... — falei me encorajando, minha mãe fazia eu repetir sempre que o ano letivo começava. Mas nos momentos que eu precisava de incentivo, como agora, eu tinha que fazer isso.

Fechei meus olhos por um momento. Lembrando do seu sorriso, da sua face iluminada, dos seus abraços e beijos. Mas uma sensação completamente ao contrário ameaçou me consumir. Uma dor maçante apunhalou meu coração, me deixando sem ar, por um momento me senti sem chão. Eu não podia, não podia. Seja forte, Han. Não quebre a promessa! Gritei em pensamento com a simples ideia de desapontá-la. Apertei com toda força que eu ainda tinha a barra do meu vestido. Comecei a respirar pela boca para acalmar a palpitação irregular do meu coração.

Depois que a sensação passou abri os olhos e tentei sorrir, mas saiu mais como uma careta. Lembrei de Caleb e aquilo teve um grande efeito, fazendo com que eu esticasse mais os lábios num sorriso sincero. Meu coração ainda doía bastante quando eu decidi por fim enfrentar mais um dia de aula na Rosewood High.      

Peguei minha mochila já com todos os livros que iria precisar e caminhei em passos pequenos para o andar de baixo. Tentei me agarrar ao dia de ontem, a pequena guerra de água enquanto lavamos os copos e as mensagens que trocamos durante a noite.

Eu sei que qualquer um que estivesse no meu lugar iria querer contar para Deus e o mundo o que estava acontecendo, mas eu não. Eu gostava de manter só para mim. Ainda nem mesmo tinha comentado algo com Mona ou com as meninas. Fiz uma nota mental de me comunicar com elas mais tarde. Isso também me deu um ânimo a mais. Com certeza ia rolar gritinhos e muita empolgação quando eu falasse. Comecei a rir sozinha.

— Bom dia, papai. — disse dando um beijo em sua bochecha, ele lia um jornal enquanto bebericava seu café.

— Bom dia, filha. Você está tão risonha hoje.

— Eu sou risonha, papai.

— Digo, mais que o habitual… Er Ele ligou hoje. — disse ele e eu desmanchei o sorriso que continha no meu rosto.

— E o que ele queria? — coloquei o cereal de aveia e leite na minha tigela florida cor de rosa. E papai me serviu um suco de laranja. — obrigada.

— Ele não quis falar, a não ser para você.

Assenti dando um longo suspiro.

Comemos em silêncio, apenas conversando amenidades, o silêncio não era incômodo para nós dois. Era agradável. Fiquei pensando o que poderia ser para ele ligar para mim. Fazia tempos que não se comunicava comigo. Era realmente algo sério. Minha cabeça começou a latejar com tantos pensamentos. Ou era porque o tema principal era esse.

Quando chegou a hora de partimos, peguei uma maçã e rumamos para a escola, todos os dias papai me levava.

.

— Vocês sentiram isso? — falou Jenna, estava um pouco longe mim, mas alto o bastante para que eu ouvisse. Como sempre agarrada à Noel, seu namorado de reputação ruim.  Mas ela se desvencilhou dele e abriu os braços como se estivesse se equilibrando.

— O que, JJ? — respondeu no mesmo tom Sara, uma de suas amigas, que segurava os ‘sagrados’ pom-poms das cheerios.   

— O chão tremer, talvez seja um terremoto... — fingiu uma expressão assustada, mas então começou a rir, junto com seu grupinho de amigos que amavam brincar com os sentimentos dos menos favorecidos, no caso eu e alguns outros.  — ah não, é apenas a Hanna Baleia. — ela gritou realmente deliciada com o comentário.

— Alerta da Hanna Baleia, pessoal. — gritou um dos garotos.

— Se segurem!

Todos estavam próximos aos armários, ou talvez estavam me esperando chegar. Todos os dias eram assim.

Não me deixei abalar e continuei caminhando na direção do meu armário, ao passar pelos arrogantes uma das meninas pôs o pé na minha frente fazendo com que tropeçasse e deixasse com que os livros que acabara de pegar de volta com Lucas, um dos meus amigos, caíssem e todas as folhas soltas de caderno voassem. Arrancando gargalhadas dos amigos e alguns mal caráter que também estavam por perto.

Meu joelho latejava e vi um pequeno corte molhado de sangue. Respirei fundo. Meus olhos queimaram e eu mordi os lábios para evitar uma cena mais constrangedora. Eu tinha que ser forte.

— Perdedora! — disse Bethany, a menina que me fez ir ao chão, ao passar por mim junto com o bando de populares.

Senti uma pessoa se abaixar ao meu lado, me ajudando a capturar as folhas espalhadas. Olhei para o lado confusa e me deparei com os olhos verdes de Sean, um que fazia parte do grupinho também.

Enruguei a testa.

Ele sempre me pareceu diferente dos seus outros amigos. E algumas vezes me ajudou a levantar ou a pegar tudo o que caia no chão. Por mais que isso tenha acontecido eu sempre me perguntava o motivo de ele ser legal e não se comportar como um valentão como os outros.

— Sean? Você vai ficar aí com essa perdedora? — indagou Paige demonstrando toda sua aversão a mim.  

— Obrigada... — sussurrei quando deixou a última folha sobre o livro de capa vermelha, se levantou e caminhou com a menina enlaçando sua cintura sem falar nenhuma palavra. Era sempre assim também.

Demorei um tempo para levantar realmente, até o som do sinal soar e me despertar. Não tinha mais ninguém no corredor. E ao invés de ir ao banheiro feminino, ficar me indagando o porquê de eles serem tão malvados, fui para a primeira aula, que era de Química. Talvez isso fosse do caráter deles, eram assim e ponto final. Eu só tive a infelicidade de estudar no mesmo lugar que eles.

Mas porque eu? Eu nunca fiz nada. Nem quando eu era popular. E conhecida daquelas que hoje me importunavam e deixavam minha mente uma bagunça.

Quando cheguei na sala peguei um lencinho de papel e limpei o ferimento antes da aula começar.

.

No almoço eu preferi por comer longe do alcance de todos que podiam fazer algo contra mim e acabei extrapolando na refeição. Tinha comida demais na minha bandeja e quando dei por mim terminava de mastigar a última batata frita. Estava nervosa e essa era a reação. Então estava numa mesa no pátio de fora.

— Vai com calma, Han. — disse Lucas a minha frente. — um dia você e eu seremos pessoas importantes e eles são gloriosos agora, mas sem rumo nenhum!

— Nós não podemos desejar mal, por mais que eles sejam ruins. — eu disse e suguei pelo canudo o resto de refrigerante que ainda tinha.

— Eles machucaram você! — rebateu revoltado. Mas infelizmente nenhum de nós dois podia mudar algo.

— Só falta um ano, Lucas! — disse alegremente. E escutei uma aproximação perto de nossa mesa.

— Ora, ora. Quem encontrei aqui, Hermie... — disse Noel com um sorriso maldoso nos lábios, tão sombrio que eu me estremeci dos pés à cabeça. — e a Hanna B.  

— Podemos ter paz pelo menos no almoço?

— Deixa eu ver. — fingiu pensar por alguns segundos — Absolutamente não, meninos hora da diversão! — dois armários pegaram os braços de Lucas cada um e iam o arrastando, eu estava tão assustada com aquilo que o grito de ‘deixem ele em paz’ ficou entalado na minha garganta.

Foi tudo muito rápido. Aquilo era novidade.

Eu queria dizer alguma coisa, mas eu simplesmente não conseguia. Porém me coloquei de pé caminhando por onde eles faziam o caminho com Lucas. Diz alguma coisa, Hanna! Eu estava agoniada.

— O que está acontecendo aqui? — perguntou o gestor atrás dos meninos e eu soltei a respiração na qual não tinha ideia de segurar.

A sua expressão não era das melhores.

— Nada, sr. Clarke! — contestou Noel.

— Novamente metido em problemas sr. Kahn? Soltem o sr. Gottesman, me acompanhe os três até a minha sala, agora! — vociferou — eu não tolero violência na minha escola! — eles obedeceram e eu aparei Lucas, por já estar perto. O coitado respirava num arfar e sua face estava vermelha.

O olhar cruel e frio que Noel nos mandou me gelou novamente.

Umas pessoas se aproximaram de nós perguntando se estava tudo bem, eu apenas meneava a cabeça perturbada.

— Você está bem, Luke? — perguntei a ele com voz trêmula.

— Eu não aguento mais isso, Han. — disse ele. A frase: homem não chora. Não parecia se enquadrar a Lucas, que já estava com as bochechas molhadas de lágrimas. Aquilo cortou o meu coração. Estávamos sentados nos gramado, com gente ainda nos rondando, algumas olhavam rindo e outras com compaixão.

— Você vai ficar, bem. Vamos ficar bem... — eu sussurrei para tranquilizá-lo e a mim também.

.

Lucas e eu pegamos carona com nossa colega de turma Kim, e não tínhamos visto Noel nos últimos períodos de aula. O que foi realmente tranquilizante. Acenei para a garota asiática gentil e quando me virei para caminhar até a porta da minha casa, tive uma grande surpresa.

Como naqueles filmes de adolescentes, que eu particularmente amava.

Caleb estava parado a poucos metros de mim, usando calça jeans, uma blusa azul de manga comprida realçando seus músculos definidos e cabelo alinhado. Todo o temor que eu tinha me corroendo havia passado. Ele sustentava um sorriso leve. Parecia uma pintura.

Sem pensar muito eu andei em passos largos para chegar logo até ele e como se adivinhasse o que eu mais queria naquele momento abriu os braços, lugar onde me encaixei perfeitamente, sentindo o pulsar do seu coração no ritmo do meu. Fechei os olhos, resistindo a vontade de me derramar em lágrimas. Ele me via como alguém forte, alegre e eu devia ser isso. Eu realmente era. Mas essa pequena parte da minha vida, onde me humilhavam sempre que tinham a chance, eu preferia ignorar e superar.

E ao invés de deixar com que as lágrimas caíssem, eu abri o meu melhor sorriso. Por que estar com ele fazia com que eu melhorasse, que toda a parte ruim sumisse por hora pelo menos.

Assim como eu era o seu anjo, ele era o meu.

E os seu abraço era um lugar acolhedor...

 


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Notas finais do capítulo

E então? Gostaram? Espero que sim.
Kissinhos e até mais ❤



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