Defensores de Paris 2 - As Joias Perdidas escrita por Blue Blur


Capítulo 7
A Verdade Sobre as Joias


Notas iniciais do capítulo

Marinette e seus amigos visitam o Mestre Fu e pedem explicações sobre o brinco que estava com René Villefort, e descobrem que o brinco faz parte de um grupo de joias preciosas que dão novos poderes para Ladybug e Chat Noir, e que elas devem ser reencontradas para a segurança dos civis. Enquanto isso, um novo herói surge em Paris, energizado com outra das joias de Ladybug.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/736738/chapter/7

Naquele final de tarde, após toda a confusão envolvendo o pequeno René, Marinette, Adrien, Chloé e Diego estavam na academia de yoga do mestre Fu, juntamente com seus kwamis.

(Marinette): Mestre Fu, quando eu lutei com aquele garotinho, ele tinha esse brinco lilás, muito parecido com o meu.

(Diego): Uau, com exceção da cor, é igualzinho mesmo.

(Mestre Fu): Nossa! Eu não acredito que depois de tanto tempo encontrei essas joias! Bom, pelo menos uma delas.

(Chloé): O senhor conhece essas joias?

(Mestre Fu): Há muito tempo atrás, quando os Miraculous foram forjados, os Miraculous de Ladybug e Chat Noir eram os mais poderosos de todos. Os brincos de Ladybug possuem o poder da criação, e os de Chat Noir, os da destruição. Aquele que possuir ambos ao mesmo tempo possuirá o poder absoluto.

(Adrien): Caramba!

(Mestre Fu): Houve uma época, porém, que os poderes de Ladybug e Chat Noir estavam nas mãos de pessoas ruins, que os usavam para o mal. Até que houve um guerreiro, portando o Miraculous do Gafanhoto Vermelho, que derrotou a Ladybug e o Chat Noir do mal, recuperou os Miraculous e os entregou para um Antigo Guardião de sua época.

(Diego): Tuggi? Isso quer dizer que...

(Tuggi): O seu Miraculous é muito mais antigo do que você imagina, Diego. Se ao menos você tivesse lido o livro que a sua avó lhe entregou.

(Diego): Eu não tive tempo para... Peraí, o livro que minha avó me entregou? Então ela...

(Chloé): Diego, vamos prestar atenção aqui, por favor?

(Mestre Fu): *Caham* Temendo que tamanhos poderes novamente caíssem nas mãos de pessoas perversas, nós pegamos os poderes da Ladybug e do Chat Noir primordiais e fragmentamos em outras joias menores. As joias da Ladybug são chamadas de Pérolas, e as do Chat Noir, Obsidianas.

(Marinette): E cada uma dessas pedras nos dá poderes extras?

(Mestre Fu): Exatamente, jovem Marinette. Esta é a Pérola dos Mistérios, ela permite que você crie talismãs infinitos.

(Marinette): Deve ser assim que o René criava todos aqueles seres de tinta!

(Mestre Fu, sério): Se isso estava com aquele garotinho, então as outras pedras também podem estar com civis. Vocês devem recuperá-las o mais rápido possível. Essas pedras só podem ser usadas em conjunto com os Miraculous. Caso sejam usadas isoladamente por pessoas normais, elas podem causar grandes danos à integridade do usuário.

(Adrien): Então nós temos que nos apressar e procurar por essas outras joias.

(Mestre Fu, sério): Tomem cuidado, pois tenho certeza de que outras pessoas estarão atrás delas também.

(Marinette): Mestre, antes que eu me esqueça, como eu uso a Pérola dos Mistérios?

(Mestre Fu): Você deve colocar o brinco roxo junto com o Miraculous original, então você ativará a nova transformação. Só tem três coisas que você precisa saber: a primeira é que você só pode usar apenas uma pérola de cada vez, já que você precisa usar também o Miraculous. A segunda é que você pode se guardar as pérolas que não estão sendo usadas dentro do seu ioiô, no mesmo mecanismo que você usava para purificar os akumas de Hawk Moth. A terceira é que, seguindo o raciocínio do poder especial que você tinha antes, os talismãs infinitos drenam parte de seu tempo de transformação cada vez que você os usa. Com a pérola a drenagem é menor, mas ainda assim não se deve abusar.

(Chloé): Obrigado por essas informações, Mestre Fu. Agora nós temos que ir, talvez consigamos achar mais informações.

Quando os quatro jovens foram embora, Wayzz apareceu para conversar com seu Mestre.

(Mestre Fu): Wayzz, o que esses jovens vão enfrentar pela frente é bastante sério. Provavelmente será algo mais desafiador que Hawk Moth foi.

(Wayzz): Tenho confiança neles, mestre. O senhor fez um ótimo trabalho escolhendo esse quarteto para receber os Miraculous.

(Mestre Fu): Mas creio eu que eles precisarão de mais ajuda.

(Wayzz): Quem o senhor está pensando em mandar? Trixx? Nooroo? Eu?

(Mestre Fu): Eu não sei ainda, mas em breve saberei.

000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000

Em um lugar desconhecido de Paris, num esconderijo, estava o misterioso homem identificado apenas como “Yamasaki Sensei”. Ele estava assistindo num computador filmagens amadoras sobre a luta da Ladybug contra “Fourchien”. Do seu lado estava sua kwami Éffys. Em uma das cenas, Yamasaki deu um close e viu a Pérola dos Mistérios com ele.

(Yamasaki): Éffys, como essa fera foi originada?

(Éffys): Eu não sei, mestre.

(Yamasaki): É estranho, há uma pequena joia com esse garoto, uma joia que se parece muito com o Miraculous da Ladybug. Não faz sentido, porque a Ladybug criaria um monstro e depois o derrotaria?

(Éffys): Talvez ela não tenha criado, talvez seja só coincidência. Veja só, a Ladybug e o Chat Noir se tornaram muito famosos nessa época, quem sabe essa joia seja apenas uma joia comum que eles fizeram para homenageá-la?

(Yamasaki): Éffys, tem certeza de que você não sabe de nada?

(Éffys, nervosa): Juro mestre, não sei de nada!

(Yamasaki): Hum... não posso dizer que concordo com essa sua hipótese, mas por outro lado, não sei o que mais isso pode significar. Nós continuaremos pesquisando informações antes de criarmos um plano de ataque.

Éffys agradeceu por sua ignorância, assim quanto menos informações seu mestre obtivesse mais ele demoraria para querer usar os poderes da pequena kwami. Com toda a franqueza, o coraçãozinho da pequena Éffys talvez não pudesse suportar mais outra onda de atrocidades cometidas com seus poderes.

000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000

No dia seguinte, Alya foi correndo falar com Marinette sobre o que havia acontecido na tarde de ontem.

(Alya, super-animada): Você não vai acreditar no que aconteceu comigo ontem, amiga! A Ladybug pediu minha ajuda para solucionar um caso! Ela disse “Ei, eu ouvi falar que você é muito boa com crianças! Eu preciso de alguém com sua habilidade para ajudar a resgatar três garotinhas! ”

(Marinette, também animada): Puxa vida Alya, deve ter sido incrível, não foi!

(Alya): Foi mesmo muito incrível! Sabe, eu fiquei tão feliz, não só por ter ajudado minha heroína preferida, mas também por ter ajudado aquele garotinho. No final das contas, ele não era mau, só estava com medo, ele só queria amigos.

(Marinette): Fico feliz por tudo ter acabado bem.

Nesse momento, alguém jogou uma bolinha de papel em Alya, as garotas se viraram para o lugar de onde ela veio, mas ninguém parecia suspeito. A garota morena pegou a bolinha, desamassou e começou a ler.

(Alya): “Prezada Alya, sinto muito pelo que aconteceu entre nós dois. Quero me desculpar a sós com você. Me encontre na frente da sala dos professores na hora do intervalo”. Ei, acho que foi o Chevalier Parisien que me mandou isso, então quer dizer que ele estuda aqui no François Dupon.

(Marinette, séria): Eu vou com você, esse “Chevalier Burrán” precisa ouvir umas poucas e boas.

(Alya): Marinette, ele quer se desculpar comigo, de coração. É melhor isso ficar em particular. Olha, eu nunca atrapalhei você em suas conversas com o Adrien, então espero que você retribua isso, ok?

(Marinette): Está bem Alya, eu vou retribuir.

000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000

Na hora do intervalo, Alya foi para o lugar marcado, lá Jacques estava aguardando a garota, com um semblante bem envergonhado.

(Alya): Chevalier?

(Jacques): Sim, sou eu, mas eu quero que você me chame de Jacques, Jacques Olivier.

(Alya): “Olivier”? Então você é filho da comissária de polícia Charlotte Olivier?

(Jacques): Sim, eu sou. Escuta Alya, eu queria pedir desculpas pelo que aconteceu entre nós dois. Eu não queria te assustar, não queria te colocar em perigo.

(Alya, séria): Você me deixou apavorada, Jacques. Eu achei que eles fossem me atacar. Tanto que eu falei para a gente voltar. Me explica, pra quê tudo aquilo?

(Jacques, corado): Porque eu queria te impressionar.

(Alya, corada): C-Como é, garoto?

(Jacques): Eu acompanho o seu blog, o tempo todo. Eu gosto da forma como você fala, da sua personalidade alegre, eu acabei gostando do seu jeito. Eu via como você ficava toda eufórica falando dos heróis de Paris, eu pensei que se você pensasse que sou um super-herói, você fosse gostar de mim.

(Alya): Jacques...

(Jacques, triste): Eu sei, eu sou um idiota. Aposto que você me odeia agora, né?

(Alya): Não Jacques, eu não te odeio. Você devia ter conversado comigo pessoalmente antes, tudo isso teria sido evitado. Jacques, você parece ser um cara muito legal, mas eu não posso corresponder aos seus sentimentos, porque já tem um garoto que eu gosto. O Nino Lahiffe, da minha classe.

(Jacques, triste): Ah...

(Alya): Eu sinto muito.

(Jacques, triste): Não, não precisa se desculpar. Tudo bem, você não era obrigada a corresponder aos meus sentimentos.

(Alya): Não fica triste Jacques. Sei que um dia você vai achar uma garota especial, você parece ser um cara bem bacana.

(Jacques): Obrigado Alya.

Enquanto Jacques se retirava, Nino chegou perto de Alya para entender o que era aquilo.

(Nino): Alya, com quem você estava falando?

(Alya): Com um amigo, nós só estávamos acertando algumas coisas, nada mais.

Nino e Alya não perceberam, mas enquanto Jacques saía ele ainda olhava para a garota morena. Alya falou para ele que não poderia corresponder aos sentimentos, que ela já gostava do Nino, mas ela se esqueceu de que estava falando isso para um cara que se vestiu de super-herói e tomou uma facada só para impressioná-la. Ele não ia parar tão fácil assim.

(Jacques, pensando): Eu não vou desistir tão fácil assim!

Depois do intervalo, houve uma aula de história sobre a Guerra do Golfo. Ao final da aula, o professor pediu um trabalho.

(Professor de história): Cada um de vocês deve trazer na próxima aula uma pesquisa sobre a guerra do Golfo, com destaque para a participação do nosso país. Por hoje, estão dispensados.

000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000

Naquela tarde, Chloé combinou de dar carona para Sabrina até o Palácio dos Inválidos, um museu sobre guerra, e que lá elas se ajudariam mutuamente a fazer o trabalho, mesmo sendo individual. Porém, dessa vez estava sendo diferente: a ajuda era realmente MÚTUA e não aquele negócio de “você faz tudo e eu só fico lendo revista de moda”. Isso era algo que estava deixando Sabrina confusa, já que a coitada sempre estava sendo explorada em troca de ninharias.

(Sabrina): Chloé, mas você não precisa mesmo de nenhuma ajuda? Eu posso fazer a parte bruta da pesquisa, ou mesmo formatar alguns parágrafos, ou mesmo...

(Chloé): Sabrina, eu já disse, não precisa fazer nada para mim, eu vou fazer o meu trabalho eu mesma.

(Sabrina): Mas nós sempre fizemos assim, e depois você me emprestava aqueles acessórios lindos que você tem.

A loira sentiu sua consciência pesar naquele momento, tantas vezes ela havia explorado inescrupulosamente uma de suas poucas (para não dizer a única) amigas que agora Sabrina parecia não acreditar que Chloé realmente tivesse mudado. Pior: se a própria Sabrina parecia não acreditar, tente imaginar como não deviam estar os outros colegas dela: Ivan, Kim, Rose, Juleka, Nathan... principalmente o Nathan!

(Chloé, chateada): Por que ninguém acredita que eu mudei? Por que todo mundo ainda olha para mim como se eu fosse uma megera?

(Beezy): Chloé, é difícil construir uma reputação sólida. Isso não se faz da noite para o dia. Você passou anos a fio destratando seus colegas, não espere consertar tudo isso apenas em alguns dias.

(Chloé, chateada): Isso é tão deprimente.

(Beezy): Não fique assim, Chloé. Independentemente de tudo o que aconteça, eu vou te ajudar. Você não vai estar sozinha nessa empreitada.

(Chloé, sorrindo): Você realmente sempre está aqui para me ajudar, né Beezy?

(Beezy): É para isso que os kwamis e os amigos servem, e eu sou as duas coisas.

(Sabrina): Chloé, você está falando com quem?

(Chloé): Ah, nada não, estava só pensando alto.

Enquanto conversavam e andavam pelo museu, acabaram esbarrando em um homem. Ele aparentava ter em torno de 50-60 anos, ele tinha uma aparência bem desgastada: tinha uma pele pálida, seu rosto tinha uma aparência seca, quase escaveirada. Seu corpo era bem magro, com uns braços levemente ossudos, parecendo gravetos. Seus cabelos ruivos eram opacos e desgrenhados, e ele tinha um bigode ruivo igualmente surrado. Seus olhos negros tinham olheiras fundas ao redor. Ele estava vestindo uma calça listrada azul-clara e branca e um suéter preto com estampa xadrez. Sabrina ficou um tanto intimidada pelo jeito mal-encarado do homem.

(Sabrina): Desculpe senhor, estamos procurando a parte do museu que fala sobre a guerra do Golfo. Sabe onde fica, senhor...?

(Homem): Uderzo, me chamo Gérard Uderzo. Bem, eu estou indo para lá, vocês podem vir comigo.

(Chloé): Obrigado, senhor Uderzo.

Chegando no lugar definido, as meninas começaram a observar cada peça exposta e a ler cada banner. Chloé notou que Gérard também observada, mas com um olhar diferente: enquanto elas olhavam apenas para buscar informações, ele parecia imerso ao olhar um uniforme militar francês acompanhado de um fuzil padrão.

(Sabrina): Senhor Uderzo, o senhor está bem?

(Gérard): Esse uniforme... esse fuzil... eles eram meus. Bem, não esses exatamente, mas eu usava uniforme e fuzil desses mesmos modelos.

(Chloé): Peraí, está me dizendo que o senhor lutou na Guerra do Golfo?

(Gérard): Exatamente, garotinha.

(Sabrina, animada): Puxa, que sorte! Eu e minha amiga estamos fazendo um trabalho sobre a Guerra do Golfo. O senhor poderia nos ajudar?

(Gérard): Com todo o prazer. Sabe, não são muitos jovens hoje em dia que se interessam pelas histórias que gente como eu tem para contar.

Gérard se mostrou bem mais simpático do que as garotas esperavam: ele foi levando as garotas numa espécie de excursão pelo museu, explicando tudo sobre suas experiências no campo de batalha, sobre as peças expostas no museu e tudo mais. Quando as garotas já haviam reunido material suficiente, a tarde já estava findando e elas nem sentiram o tempo passar de tão boa que foi a conversa.

(Sabrina): Senhor Uderzo, muito obrigada pela sua ajuda. Com certeza eu e minha amiga teremos os melhores trabalhos de todos.

(Gérard): Fico feliz em ajudar. Ah, antes que eu vá embora, eu quero mostrar minha dog tag para vocês.

A dog tag de Gérard trazia o nome, o tipo sanguíneo, cidade, telefone e número de registro. Era uma relíquia original que ele guardava desde que havia recebido baixa do exército. Mas também havia algo que Chloé havia notado: havia um furinho na dog tag onde estava encaixado um brinco cor-de-rosa com estampa de joaninha.

(Chloé, intrigada): Onde o senhor conseguiu esse acessório com estampa de joaninha?

(Gérard, sorrindo): Bonitinho, né? Eu sei que originalmente é um brinco, mas você vai ter que me desculpar, eu sou um ex-combatente do exército, eu tenho uma reputação a zelar *risos*, eu fiquei com ele porque me faz lembrar da heroína Ladybug.

000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000

Na volta, Chloé e Sabrina estavam na limusine do prefeito, que estava indo deixar a melhor amiga de Chloé de volta na casa dela. O prefeito Bourgeois estava ao lado das duas meninas.

(André Bourgeois): Então filha, como foi a visita ao museu?

(Chloé): Foi bem legal. Acredita que tinha um veterano de guerra que nos ajudou com o trabalho?

(André): Puxa, é bom ouvir isso.

A conversa foi interrompida quando a vã freou bruscamente, fazendo Chloé bater a cabeça no peito do pai e bagunçar o cabelo. Mesmo sendo uma garota reformada, bagunçar o cabelo da loira ainda era a forma mais eficiente de tirá-la do sério.

(Chloé, brava): Mas por que raios esse motorista freou desse jeito?

(Sabrina): Chloé, olha! Teve um acidente feio lá na frente!

Ao olhar pela janela, Chloé viu que um ônibus e um carro bateram de forma bem feia no cruzamento à sua frente, e os carros estavam parados tentando manter distância. Pior: havia um princípio de incêndio no local do impacto. Se alguém não tirasse os passageiros, eles poderiam morrer numa explosão.

(Chloé, saindo da limusine): Pai, eu tenho que sair, é urgente!

(André): Filha, espere!

Chloé entrou numa lanchonete do lado do acidente e correu para o banheiro dela.

(Beezy): Não sei se você notou, mas eu percebi que aquele motorista do carro parecia estar bêbado.

(Chloé): Como você viu ele? Ele ainda estava no carro!

(Beezy): Tenho uma visão ótima.

(Chloé): Bem, de qualquer forma, não podemos deixar ele sem socorro! Beezy, exibir as listras!

Transformada na heroína Queen Bee, Chloé foi para o resgate, mas antes que fizesse qualquer coisa, viu um sujeito abrindo a porta do carro e salvando o motorista bêbado.

(Sujeito heroico): Tome menina, leve-o para um lugar seguro.

Os passageiros do ônibus foram resgatados neste mesmo esquema: O homem os tirava do veículo danificado, apagando os pequenos focos de incêndio, e os passageiros sob os cuidados de Queen Bee. Todos ao redor começaram a tirar fotos e a filmar com seus celulares, até que os dois últimos passageiros, um homem e uma mulher, foram carregados para fora do ônibus danificado pelos braços musculosos daquele herói.

(Sujeito heroico): MWAHAHAHAHAHAHA!!! Agora vocês podem ficar tranquilos! Sabem, por quê? Porque eu vim para o resgate!

Agora que todos estavam a salvo, Queen Bee pôde observar melhor o sujeito heroico que a estava ajudando: ele usava uma calça listrada azul clara e branca, com várias correntes enroladas em volta de sua barriga. Andava sem camisa, exibindo o enorme e maciço peitoral e os braços musculosos. Usava um majestoso bigode ruivo e um como um capacete de soldado, de onde saíam longos cabelos ruivos, brilhantes como labaredas. Aquele sujeito era incrivelmente familiar para Queen Bee, e ela viu algo que confirmou suas suspeitas.

(Queen Bee): Aquilo no pescoço dele, é a dog tag do senhor Uderzo, com a Pérola da Ladybug!

Mesmo que Queen Bee precisasse buscar respostas o mais rápido possível, aquele não era o momento mais apropriado para aquilo. Seu pai a estava esperando no carro, então ela não teve outra escolha a não ser se destransformar e voltar para a limusine.

(Sabrina): Amiga, onde foi que você se meteu?

(Chloé): Me desculpem, mas é que aquilo me deixou nervosa e eu tive que ir ao banheiro.

(André): Tudo bem, mas não faça mais isso sem me avisar antes, mocinha.

000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000

De volta à sua casa, Chloé pegou o telefone e começou a mandar mensagens no grupo de WhatsApp que eles haviam criado para falar sobre os assuntos dos Miraculous.

(Chloé): Pessoal, eu acabei de encontrar outra Pérola da Ladybug. É um brinco rosa, ele está com um veterano da guerra do Golfo que eu e Sabrina conhecemos no Palácio dos Inválidos.

(Marinette): Eu vi vídeos na internet, você e ele resgatando aquelas pessoas do acidente de trânsito. Também tem alguns vídeos dele salvando pessoas de outras situações perigosas e também parando criminosos.

(Adrien): Para um veterano de uma guerra de 20 anos atrás, ele tá bem conservado.

(Chloé): Mas ele não tinha aquela aparência. Ele parecia mais velho quando eu o encontrei, bem mais velho. Ali ele estava parecendo um super-soldado de 20 e tantos anos.

(Diego): Provavelmente deve ser efeito daquela pérola. Olha só, Ladybug, você me desculpe, mas eu vou ficar com aquela pérola. Lila vai adorar minha nova forma musculosa!

(Marinette): Diego, isso é sério! O mestre Fu disse que se essas joias forem usadas por civis, podem haver efeitos colaterais sérios.

(Diego): Eu bem que queria um físico daqueles como efeito colateral.

(Adrien): A Marinette tem razão Diego, isso não é brincadeira. Ei Chloé, você acha que se formos agora todos juntos, há alguma chance de encontrarmos esse sujeito?

(Chloé): Não sei se ele vai estar de patrulha em algum lugar, mas não custa nada tentar.

000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000

Naquela noite, o quarteto de heróis estava saindo em patrulha, em busca do misterioso sujeito que estava fazendo atos de heroísmo por toda a Paris. Enquanto procuravam, Chat Noir avistou o sujeito na praça da Torre Eiffel conversando com uma garota morena de óculos e cabelos levemente ruivos.

(Chat Noir): Ei gente, eu achei o nosso herói. Ele está conversando com uma garota, e parece que eu conheço ela.

(Ladybug): É a Alya!

(Chapolin Colorado): Caramba, mas ela é boa mesmo em seguir super-heróis!

(Queen Bee): Pfff, ela fazia isso direto com o Chevalier Parisien, vocês não fazem ideia do sufoco que era ficar seguindo essas duas malas sem alça!

Os quatro heróis discretamente pousaram em uma das plataformas da Torre Eiffel, para ouvirem melhor a conversa abaixo deles.

(Gérard, nervoso): Ei, ei, ei, ei menina! Já chega disso! Você fica me seguindo esse tempo todo! Não vai parar, não?

(Alya, bem animada): É que você é um herói incrível! A forma como você salvou aquelas pessoas do ônibus em chamas!

(Gérard, arrogante): Hu, aquilo não foi nada! Eu poderia fazer com uma das mãos amarrada nas costas!

(Alya): Por favor, só mais uma pergunta, prometo que vai ser a última!

(Gérard): *suspiro* Tudo bem, mas só mais uma pergunta.

(Alya): Será que... alguém como eu... um dia... pode acabar fazendo essas coisas incríveis, que você, a Ladybug, todos esses heróis de Paris fazem?

Ladybug ficou ouvindo a conversa. Ela notou que o sujeito não parecia muito tranquilo na presença de Alya, como se escondesse alguma coisa. Notou também que ele demorou para responder. Por fim, aquele homem respirou fundo e começou a gargalhar, não uma risada forte e inspiradora como a que ele deu para tranquilizar as pessoas no acidente, mas uma gargalhada de puro deboche.

(Alya): Por que você está rindo? Qual é a graça?

(Gérard): Você é a graça! “Ain, será que algum dia eu poderei ser uma super-heroína como a “Leribâg”? ” Hahaha, você acha que isso aqui que eu faço é uma palhaçada igual ao que a joaninha e os amigos dela fazem?

Alya era uma garota legal, mas falar mal da Ladybug na frente dela era a melhor maneira de enfurecer a morena. Vide o incidente com o Émile Charpentier/Satírico.

(Alya, brava): Como é que é? A Ladybug não é palhaça! Ela é uma super-heroína!

(Gérard, debochado): É, e eu sou o Jagged Stone. Entende o que eu faço é coisa séria, não se resolve balançando um ioiôzinho mágico por aí e fazendo umas poses legais. É trabalho de homem, não é coisa que uma mulher poderia fazer, ainda mais uma garotinha como você. Nessa idade você devia estar brincando com bonecas com suas irmãzinhas!

Além de Alya, Ladybug estava muito brava pelos comentários sexistas do homem. Pior: ele havia de destratar a melhor amiga dela!

(Alya, revoltada): A Ladybug é muito melhor do que você, seu canalha machista! Eu me arrependi de ter perdido meu tempo aqui falando contigo!

Alya arrancou de seu caderno as folhas que usou para anotar sua entrevista com Gérard, amassou-as e jogou tudo no rosto dele, que continuou rindo enquanto a morena saía batendo os pés. Os quatro heróis aproveitaram que Alya saiu para tirar satisfações com Gérard.

(Chat Noir, revoltado): Pode me explicar o que foi tudo aquilo que você disse para a garota?

(Queen Bee): “Não pode ser super-heroína porque isso não é coisa de garota”, de que século você foi descongelado, seu retrógrado?

Antes que Gérard pudesse responder, ele sentiu um arrepio correndo sua espinha. Ao olhar para sua dog tag, viu que o brilho da Pérola rosa de Ladybug estava se apagando, enquanto isso pequenas nuvens de vapor emergiam da pele de Gérard.

(Gérard, praguejando mentalmente): Cacetada, putz grila, droga, agora não!

Enquanto isso, os heróis continuavam discutindo, ou melhor, monologando com Gérard.

(Ladybug, brava): Só porque você é forte e habilidoso, isso não quer dizer que você seja um herói! Você não inspira as pessoas, você é arrogante, destrata as outras pessoas, se achando melhor do que todos os outros! Humilhou aquela menina que veio até você com toda a boa vontade do mundo de entrevistar! Um herói de verdade não faria essas coisas!

Ao se virar para Gérard, Ladybug viu uma nuvem de vapor se dissipando e revelando Gérard em sua forma real, mas dessa vez ele estava ainda mais envelhecido: de tão magro, parecia até raquítico, sua pele estava ainda mais enrugada e ligeiramente amarelada. Seus olhos, com olheiras profundas, estavam secos e seu cabelo ruivo, opaco e desgrenhado, agora tinha algumas mechas esbranquiçadas. Diego foi o primeiro a comentar, mas de tão assustado, suas palavras saíram até cômicas.

(Chapolin Colorado): Mas o que é isso que está aparecendo na minha frente? Eu não, não acredito nisso! O QUE É ISSO???

(Chat Noir, sem saber o que dizer): Errr, meu senhor, eu não fazia ideia de que estava aqui! A gente estava falando com um cara alto e musculoso, mas você se veste igual a ele então confundimos os dois!

(Gérard): Meu nome é Gérard Uderzo, eu sou o tal cara alto e musc... *escarra um pouco de sangue*

(Chapolin Colorado, dando pití de novo): CREEEEDO, QUE NOJO!!!

(Gérard): Sabe quando aqueles machões de piscina ficam flexionando e fazendo pose para impressionar as garotas? Pois é, é basicamente isso que eu faço.

(Ladybug, intrigada): I-Impossível, não teria como você fazer tudo isso sozinho!

(Gérard): Verdade, foi por causa desse brinquinho que eu achei jogado num canto. Ele brilha e do nada eu volto a ser jovem.

(Queen Bee): Mas você não estava tão velho assim quando nos encontramos hoje de manhã! Como isso aconteceu?

(Gérard): Você quer mesmo saber, abelhinha?

Gérard removeu as correntes que ele amarrava em sua barriga, revelando uma cicatriz horrível que atravessava verticalmente boa parte da ala direita de sua barriga. A pele ao redor tinha aspecto de várias rachaduras e era mais escura do que a pele ao redor.

(Gérard): Eu consegui essa cicatriz na guerra do Golfo. Eu fui para cima de um soldado iraquiano para salvar um garotinho órfão e acabei levando uma rajada curta de metralhadora. Foi curta, mas fez um estrago danado. Fiz diversas cirurgias na ala de emergência do hospital militar, mas não houve muita coisa a se fazer: eu perdi meu rim direito inteiro, pelo menos 20% do meu fígado, incluindo minha vesícula. Também perdi todo o canal pilórico do meu estômago, e uns pedaços dos meus intestinos grosso e delgado.

Os heróis ficaram estarrecidos ao ouvir a história do veterano de guerra Gérard Uderzo, e ele continuou revelando tudo.

(Gérard): Eu sinto dor todos os dias, preciso tomar doses de cavalares de morfina para amenizar um pouco meu sofrimento, e volta e meia preciso ficar escarrando sangue que fica subindo para minha boca. Tudo isso porque eu quis bancar o herói, que nem vocês fazem. Eu fui trazido de volta para a França, aposentado por invalidez. Além de terem estraçalhado meu corpo, estraçalharam minha mente: acabei num asilo de veteranos, por causa de meus pesadelos constantes, consequência da guerra. Até que um dia encontrei essa joia, descobri que ela me regenera de meus ferimentos e me rejuvenesce, por um período de 10 minutos. Infelizmente, cada vez que o efeito passa, eu acabo envelhecendo com mais rapidez do que antes.

(Queen Bee): Eu sinto muito!

(Gérard): Eu fui arrogante com aquela garota para desencorajá-la a seguir esse caminho. Ela é jovem, tem um futuro promissor, todos vocês têm. Apenas abandonem este caminho sem volta.

(Chapolin Colorado): Mas não podemos parar, nós ainda temos que...

(Gérard): Derrotar os criminosos? A polícia pode fazer isso sozinha. Os policiais fazem isso muito tempo antes de super-heróis mascarados surgirem. Além do mais, já faz muito tempo que não aparecem akumas. O tal do Hawk Moth se foi, vocês também devem ir. Pendurem as máscaras enquanto ainda é tempo, ou irão acabar como eu.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eu gostaria de ter colocado mais coisas, mas ia ficar muito longo. Tipo, vocês dariam conta de ler um capítulo de 8000 e tantas palavras? Creio que não, nem eu daria conta de escrever, então vamos parar por aqui.

Esses novos personagens com super-poderes (vamos chamá-los de prodígios) terão uma maior complexidade psicológica que os vilões akumatizados da série original. Haverá vilões, óbvio, mas também haverá heróis, e haverá sujeitos que querem apenas se divertir com os novos poderes. Em todo caso, cada joia trará um risco para seu portador, por isso elas devem ser recuperadas.

Duas curiosidades: todos os poderes das Pérolas de Ladybug são oficiais, eu tirei da wiki de Miraculous Ladybug. A outra curiosidade é que o nome Gérard Uderzo é uma homenagem à Albert Uderzo, o criador do personagem Obelix, que serviu de inspiração para esse meu personagem com a jóia da Ladybug, e à Gérard Depardieu, o ator que interpretou a versão "carne e osso" do Obelix.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Defensores de Paris 2 - As Joias Perdidas" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.