Defensores de Paris 2 - As Joias Perdidas escrita por Blue Blur


Capítulo 6
Ladybug and the Ink Madness


Notas iniciais do capítulo

Após frustrar o roubo das relíquias no museu do Louvre, Ladybug terá que desvendar o mistério por trás de um garoto que ganhou superpoderes. Um garoto que, por sinal, tem muito medo dela.



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Diante do misterioso chefe daquele grupo de bandidos, um kwami surgiu do brilho dourado. O kwami tinha a aparência de uma pequena águia de cor amarelo-ouro, com olhos vermelhos como rubi.

(Kwami): Você é o meu mestre?

(Líder): Sim, sou eu mesmo.

(Kwami): O meu nome é Éffys, qual o seu nome, mestre?

(Líder): Você deve me chamar de Yamasaki Sensei.

A pequena águia pareceu gelar ao ouvir aquele nome. Não era a primeira vez que ela o ouvia, e aquele nome lhe trazia lembranças horríveis.

(Éffys, aflita): V-V-Você é um deles, não é? Você é um Yamasaki!

(Yamasaki): Sim, eu sou, e já que você me conhece, creio que sabe por que está aqui, não sabe?

(Éffys, angustiada): Eu já disse, eu não quero mais fazer isso! Os Miraculous não foram criados para estes propósitos tão terríveis! Os Miraculous foram criados apenas para o bem da humanidade, independentemente de qualquer povo ou...

(Yamasaki, com um tom sádico): Éffys, pequena aguiazinha tola, deixe-me perguntar-lhe uma coisa: Quem disse que você está no controle de alguma coisa aqui? O seu Miraculous me pertence! É uma herança da família Yamasaki, forjada com o propósito de reconstruir a honra de minha família! E é exatamente isso que vamos fazer, quer você queira ou não! Entendido?

(Éffys, chorando): S-Sim, mestre...

(Yamasaki): Ótimo, por hora você me ajudará a fazer uma análise dos nossos inimigos, bem como me contar tudo o que você sabe sobre as Joias Perdidas na confusão de ontem.

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No dia seguinte, no finalzinho da tarde, Marinette estava numa sorveteria com Adrien, ambos passando um tempo juntos como namorados, após um dia de escola. Ela estava tomando um sorvete napolitano e ele, um sorvete floresta negra

(Marinette): Nossa noite ontem foi bem agitada, não foi, gatinho?

(Adrien): Nem me fale, milady, pior foi que de novo o carro que eu estava perseguindo ontem explodiu! Você sempre fala para eu nunca usar o cataclismo em carros, e eu não usei, mas ainda assim os criminosos se explodiram, é mole?

(Marinette): Hihihi, tudo bem eu acredito em você. Não foi culpa sua.

(Adrien): Obrigado. Sabe, é muito bom passar um tempo assim, só nós dois. Eu gosto disso.

(Marinette): Eu também.

(Adrien): Você quer outra rodada de sorvete? É por minha conta!

(Marinette): Ah não, obrigada, eu já estou satisfeita.

(Adrien): Tudo bem então.

Quando Marinette e Adrien se preparavam para sair da sorveteria, uma notícia na televisão prendeu a atenção dos dois.

(Repórter): Aqui é Nadja Chamack, falando direto da avenida Victor Hugo! Um prédio comercial está em chamas e os bombeiros estão tendo dificuldades em controlar a situação. Foi informado agora que ainda há pessoas presas dentro do prédio, mas que não se sabe quantos são...

O casal de namorados sequer ouviu a notícia até o final. Ambos saíram o mais rápido possível da sorveteria para um beco, a fim de se transformarem

(Tikki): Marinette, isso é uma catástrofe! Nós temos que salvar aquelas pessoas!

(Plagg): A Tikki tem razão, mas eu ainda nem comi. Adrien, se você não me alimentar direito, pode ser que...

(Adrien, sério): Plagg, não é hora para isso! Não podemos perder tempo, eu te dou seu queijo fedido depois, prometo!

— TIKKI, TRANSFORMAR!!! YEAH!!!

— PLAGG, MOSTRAR AS GARRAS!!!

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As chamas furiosas pareciam rugir contra os jatos de água atirados pelos bombeiros. Outros bombeiros socorriam as pessoas que estavam saindo do prédio.

(Chefe do grupo de resgate): O fogo ainda está forte demais! Não podemos mandar nossos homens para os andares mais superiores!

(Chefe do grupo anti-incêndio): Estamos fazendo o possível, mas o fogo é muito forte! Além disso, temos que dispersar os jatos para que os prédios vizinhos não se incendeiem!

— Aguentem firme, a ajuda chegou!

Todos os presentes olharam para o céu e gritaram de alegria ao ver os dois heróis favoritos de Paris surgindo para o resgate.

(Bombeiro 1): Ladybug, Chat Noir, graças à Deus vocês estão aqui! Tem dezenas de pessoas lá dentro, e eu não consigo mandar meus homens para lá porque o fogo está muito intenso!

(Chat Noir): Deixe com a gente, nós salvaremos quantas pessoas conseguirmos!

(Ladybug): Não temos tempo a perder, vamos Chat Noir!

Ladybug e Chat Noir correram velozmente em direção às chamas furiosas que lambiam o prédio.

(Ladybug): Chat Noir, procure pessoas aqui nesse andar e no andar seguinte. Você deve ficar nestes andares mais baixos a fim de abrir caminho com seu Cataclismo caso nossa saída fique congestionada. Eu vou para os andares mais altos.

(Chat Noir): Entendi, vamos manter contato, milady!

Ladybug correu até o quarto andar. A tensão dela era visível: as labaredas e o cheiro forte de fumaça tiravam toda a concentração dela na hora de procurar por vítimas. Parte de seu cérebro dizia “temos que salvar as pessoas! ”, a outra parte dizia “Vaza desse inferno antes que você vire joaninha torrada! ”.

Porém, a concentração dela voltou ao normal ao ouvir o choro de um garotinho de aproximadamente cinco anos. Ladybug correu até uma seção do prédio, onde se vendia móveis. Ela abriu um armário de madeira, que estava perigosamente cercado pelas chamas das paredes. Lá dentro estava um garotinho de cinco anos, com uma pele morena clara, cabelos vermelhos, parecidos com o da Alya, mas de uma tonalidade mais escura. Ele tinha olhos lilases, estava vestindo uma camisa branca, manchada pela fuligem e uma bermuda azul-marinho, e tênis laranjas. Ele parecia bem assustado, e motivos não faltavam para isso

(Ladybug): Aguenta firme, vou tirar você daqui!

 De forma inexplicável, o garoto parecia estar com mais medo da Ladybug do que do incêndio ao redor dele.

(Garotinho): Não, me larga! Me larga, sua estranha! Eu não te conheço! Eu quero minha mãe! Sai daqui sua estranha!

(Ladybug): Se acalma, garoto! Eu quero te ajudar!

O garoto se debatia como se Ladybug fosse uma monstra querendo comê-lo vivo! Ela teve que amarrar ele com um ioiô para leva-lo direito para fora.

Do lado de fora, Ladybug se encontrou com Chat Noir, que estava transportando uma mulher em estado semi-consciente para a ambulância. Uma outra mulher, negra de cabelos encaracolados, correu na direção da Ladybug, aparentemente era a mãe do garotinho.

(Mulher): Ladybug, graças a Deus você trouxe o René de volta!

Os dois heróis novamente voltaram para o prédio em chamas, para resgatar mais pessoas. Ao todo, Ladybug e Chat Noir conseguiram resgatar 15 a 20 pessoas cada. Todos os presentes, bombeiros, socorristas e as próprias vítimas ovacionaram a dupla de heróis, que cumprimentaram de volta todos os presentes.

(Ladybug): Nós realmente somos uma dupla e tanto, não somos, Chat Noir?

(Chat Noir): Bem, o que posso dizer? Você faz a maior parte. Não fosse o seu talismã naquela hora, aquela idosa poderia ter morrido asfixiada.

(Ladybug): Mas se não fosse seu Cataclismo, eu teria ficado presa debaixo daquelas tábuas que iam cair em cima de mim.

Enquanto continuava acenando de volta para a multidão que aplaudia, Ladybug voltou seu olhar ao garotinho que foi o primeiro a ser salva por ela. Ele estava com a mãe e com o pai, ambos sendo tratados pelos socorristas.

(Ladybug, sorrindo): Oi garotinho, eu espero que você esteja melhor.

Ainda assim, de maneira bizarra, o garotinho ainda demonstrava estar com muito medo da Ladybug, o que era bizarro. A heroína até ficou constrangida com a reação dele.

(Pai do garotinho): Vamos René, fala com a Ladybug. Você não gosta dela, filho?

O garotinho, que se chamava René, continuou encolhido, agora abraçado ao pai.

(Mãe de René): Queira me desculpar, Ladybug. O nosso filho... ele é um garoto especial por assim dizer. Ele costuma ficar amedrontado assim diante de pessoas que ele não conhece, não é nada pessoal. Obrigada por salvar meu filho.

(Ladybug): Tudo bem, moça. É um prazer ajudar.

Chat Noir havia visto toda a situação, e enquanto sua parceira e ele se retiravam do local, é claro que o senso de humor felino ácido dele não iria deixar passar aquela situação constrangedora.

(Chat Noir, rindo): Muito bonito, hein Ladybug? Assustando pobres crianças que mal sobreviveram a um incêndio! Espera só até eu contar pro mestre Fu para que você está usando seu Miraculous, sua aprendiz de Hawk Moth!

Ladybug não respondeu à piada do parceiro, e a expressão dela denotava uma discreta tristeza, porém não discreta o bastante para Chat Noir não notar.

(Chat Noir, sério): Milady, você está bem? Eu só estava brincando.

(Ladybug, meio triste): Eu fiquei meio chateada pela forma como ele ficou. Não queria assustar ele daquele jeito.

(Chat Noir): Ladybug, não fica assim. O garoto só está assustado, isso é normal, ele acabou de sair de um incêndio. Aposto que amanhã ele já vai estar atrás de nós para pedir autógrafos. No final das contas, ele é apenas um garoto como qualquer outro.

(Ladybug, sorrindo levemente): É, pode ser. Ei, nosso tempo está acabando, nós temos que ir! *começa a se afastar rapidamente para um local escondido*

(Chat Noir): Ei, espera por mim.

“Apenas um garoto como qualquer outro”, foi esse o termo que Chat Noir usou para se referir ao René. Quem dera fosse verdade, isso teria tornado tudo muito mais fácil.

Naquela noite, na casa de René. O garoto estava em seu quarto, quieto. Havia vários brinquedos, mas nenhum parecia interessa-lo. Aliás, já era do conhecimento de seus pais: René era um garoto muito diferente dos outros, em vários aspectos. Um deles é que René não dava a mínima para nenhum brinquedo. Era como se ele não soubesse o que fazer com os bonecos, os animais de pelúcia, os carrinhos... mas tinha algo que aquele garoto gostava muito de brincar: numa caixinha de plástico, ele guardava uma espécie de brinco, que ele havia achado no meio da rua. O brinco era lilás, e tinha umas pintinhas pretas, parecidas com uma estampa de joaninha. Ele prendeu o brinco na camisa, como se fosse um broche. Ainda de dentro da caixinha, ele tirou uma caixinha de tintas guache e algumas folhas de papel. Com os próprios dedos, ele foi pintando alguns desenhos usando a tinta guache nas folhas de papel. A princípio, eram só borrões sem sentido, mas à medida que ele desenhava, o brinco que ele usava como broche emitia pequenos brilhos que iam aumentando de intensidade.

Da sala de estar, os pais de René ouviam gritos de alegria do filho e sorriam, sabendo que o filho estava feliz.

(Mãe): Nosso garotinho é tão especial!

(Pai): É uma pena que o mundo não dê muita chance para alguém como ele. Muitos o desprezam só porque ele é diferente. Acham que nosso filho é louco.

(Mãe): Nosso filho é um rapaz inteligente e criativo, que vive em seu próprio mundo, porque este mundo não merece alguém com a doçura que ele tem.

Mesmo amando o filho deles do fundo de seus corações, esses dois pais teriam um ataque se soubessem a forma como René “brincava”.

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No dia seguinte, René estava na escola. Como sempre, ele se sentava no fundo da classe, isolado das outras crianças. A professora já havia tentado várias vezes fazê-lo interagir com os colegas, mas era quase inútil. A maior parte do tempo ele ficava fazendo desenhos com a tinta guache. Muitas crianças o achavam um esquisitão de marca maior, exceto três menininhas: Manon e as gêmeas Ágatha e Agnes, as irmãs caçulas de Alya. Elas chegaram perto do garoto para ver o que ele estava desenhando dessa vez, era um pequeno grupinho, algo que parecia ter saído de um desenho infantil: havia uma fadinha, pintada de rosa, que usava um vestido que ia até um pouco acima dos joelhos, um par de botas e uma tiara; havia um tigre humanoide, pintado de marrom, que usava calça e sapatos, e por último, um duende pintado de verde folha vestindo uma roupa que um duende costumava usar, e com as características orelhas pontudas.

(Ágatha): René, quem são esses que você desenhou?

René ficou constrangido, era a primeira vez que mais alguém via os desenhos dele. Claro que às vezes ele conversava um pouco com aquelas meninas, mas nunca havia mostrado os desenhos. Isso era algo muito pessoal para ele.

(René, envergonhado): Ah, n-não é nada não, deixa para lá.

(Agnes): Ah, por favor, conta, vai! Eu gostei dessa rosinha aqui.

(René): B-Bem, eles são... meus amigos imaginários. Essa aqui *aponta para a fadinha* é a Pixie, esse aqui *aponta para o tigre* é o Barry, e esse aqui *aponta para o duende* é o Benny. Eu criei eles um dia desses, e agora nós brincamos todo dia juntos.

(Manon): Você brinca com eles? Mas como?

(René): A gente conta histórias, a gente canta músicas juntos, jogamos jogos de tabuleiros. Sabe, acho que vocês iam gostar deles, acho que eu posso falar de vocês para eles! É que vocês são as primeiras que me veem falando de amigos imaginários e não riem de mim.

(Ágatha): Mas como vamos fazer para ver eles?

(René): Eu posso fazer com que eles fiquem visíveis para vocês, e também para todo mundo.

(Agnes): Não brinca!

(René): É sério. Me digam onde vocês moram, hoje à noite eu vou mandar um dos meus amigos imaginários levar vocês para a minha casa. Vai ser um animal grandão!

(Manon): Oba! Eu quero andar num animalzão!

(Garoto aleatório): Pfff, que idiota, aposto que ele está falando daqueles amigos imaginários idiotas.

(Ágatha): Não liga para ele, René. Nós queremos conhecer seus amigos. Vai ser muito legal.

(René): Eu prometo ligar para vocês. Se eu não ligar, vocês podem me visitar nesse endereço *anota para as garotas*

Algumas horas depois, no início da tarde, umas 14:30, René estava no seu quarto, com o estranho brinco lilás de joaninha preso na sua camisa e desenhando com a tinta guache. Ele queria desenhar um bicho grande o suficiente para carregar suas amigas. Enquanto folheava um livro, ele viu uma imagem de um simpático cachorro, com um textinho dizendo que ele era o melhor amigo do homem. Folheando mais um pouco, ele viu uma foto de uma formiga, com uma legenda falando da incrível força que ela possui. Querendo misturar o carisma do cachorro com a força da formiga, ele começou a desenhar um animal de aparência um tanto disforme e sinistra: o animal era um cachorro gigante, de seis patas, três de cada lado. René não soube desenhar um rosto, então simplesmente deixou um buraco negro no lugar do rosto. Apesar da aparência intimidadora da criatura, René parecia estar bem feliz com aquilo.

(René, empolgado): Eu vou te chamar de “Fourchien”!

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Extremamente alegre, com o vento soprando em seus cabelos e o sol reluzindo em seu rosto, René cavalgava alegremente nas costas de sua criatura Fourchien pelas ruas de Paris. Ele nunca este tão feliz, não apenas por ver mais um de seus amigos imaginários ganhar vida, mas porque agora ele poderia compartilhar essa alegria com alguém, com suas três melhores amigas. Infelizmente, a inocência de René não o permitia ver como estavam as coisas ao redor dele: todo mundo estava apavorado ao ver aquela criatura monstruosa metade formiga metade cachorro correndo pelas ruas com um garoto nas costas. Algumas ruas atrás, ele havia passado correndo por Marinette, Adrien, Diego e Chloé que, ao verem aquela cena, não hesitaram em se transformar em super-heróis e perseguir o monstro.

(René, sem perceber nada): Vamos Fourchien, a casa da Manon está bem perto, nós só temos que cruzar mais umas duas ruas e...

— PARADA AÍ, SUA ABERRAÇÃO!!! LARGUE O GAROTO!!!

A voz era de Queen Bee. Os quatro heróis haviam saltado no meio do caminho de René. O garoto não havia reconhecido Chat Noir, Queen Bee nem o Chapolin, mas ao ver a Ladybug liderando o grupo toda a alegria que ele estava sentindo acabou se transformando em pânico.

(René, assustado): Fourchien, vamos embora daqui! Me tira daqui Fourchien!

(Ladybug): Ah, você não vai não!

A criatura deu meia volta e tentou correr, apenas para ter um ioiô amarrado na sua perna central do lado esquerdo. Queen Bee jogou seu peão, que atravessou a cabeça de Fourchien como uma bala, fazendo o impacto derrubar René no chão!

(René, desesperado): Parem! Parem com isso!

(Chapolin Colorado, pegando o garoto): Vem aqui, garoto, a gente te salva desse monstro!

(René, transtornado): Me larga, seu estranho! Eu não te conheço! Deixa a Fourchien em paz!

A cabeça de Fourchien se regenerou (até porque é uma criatura feita de tinta guache). Percebendo a angústia de seu mestre, a criatura assumiu posição de ataque, atirando jatos de tinta do buraco de seu rosto! Chat Noir foi bloqueando os jatos com giros do seu bastão. A criatura, já rugindo, começou a tentar esmagar o herói felino com suas patas.

(Chapolin Colorado): Ladybug, nós temos que derrubar essa criatura o mais rápido possível, ela é muito forte!

(Ladybug): TALISMÃ!!!

Um secador de cabelos sem fio com estampa de joaninha acabou surgindo. A visão mágica de Ladybug indicou que ela deveria disparar o jato de calor diretamente na criatura. Dito e feito: a criatura começou a enrijecer porque o jato de calor fez a água evaporar, endurecendo a tinta.

(Ladybug): Agora, Chat Noir):

(Chat Noir): CATACLISMO!!!

O poder corrosivo de Chat Noir reduziu a criatura a míseras pedras de tinta seca caídas no chão.

(Queen Bee): Que estranho. Era só isso? Nenhum vilão vai aparecer para assumir a autoria?

(Chapolin Colorado): Não faz sentido isso! Se Hawk Moth não tem mais o Miraculous dele, então não devia haver mais akumas do mal!

(Chat Noir): Seja lá o que for isso, certamente não é um akuma.

(Ladybug): Chat Noir, olha, o garoto que a fera sequestrou é o mesmo que eu salvei ontem.

Ladybug chegou perto do garoto para acalmá-lo depois de ter “salvado” ele do “monstro”.

(Ladybug, sorrindo): Está tudo bem, já acabou. Eu salvei você do monstro malvado.

Ladybug não tinha ideia do que tinha acabado de fazer. Claro, ela tinha a melhor das intenções, mas “de boas intenções o inferno está cheio”, já dizia o sábio. O garoto, que antes tinha medo da Ladybug, agora estava furioso com a heroína. Ele pegou um pedaço da tinta endurecida de Fourchien e jogou na cara da heroína pintada.

(René, chorando furioso): Sua monstra, bruxa sem coração! Por que você fez isso com ela? Some, some da minha frente, sua malvada! Eu te odeio!

(Chat Noir, nervoso): O que deu em você, garoto? Não vê que a Ladybug acabou de te salvar?

René continuou berrando enquanto atirava os outros pedaços de tinta sólida contra os heróis, que foram embora completamente desnorteados. Já em cima de um dos prédios, eles começaram a conversar.

(Queen Bee, brava): Eu não acredito que aquele pirralho atirou tinta seca na gente! Essa porcaria, mesmo seca, grudou no meu cabelo! Vai dar um trabalhão tirar isso!

(Chapolin Colorado): Por que você não corta as mechas sujas?

(Queen Bee, vociferando): E tirar toda a simetria do meu cabelo? Você é louco, Diego?

Enquanto a abelha e o gafanhoto batiam boca, eles nem notaram a sua líder com um astral muito baixo. Era a primeira vez que Ladybug se sentia mal por ter salvado alguém.

(Chat Noir): Milady, o que houve?

(Ladybug, triste): Eu só queria ajudar. Por que aquele garoto me odeia tanto?

Poucas coisas aborreciam Marinette tanto quanto ver seu alter-ego sendo associado a algo ruim. Da primeira vez, ela ficou chateada com Émile Charpentier e suas sátiras, mas nem se comparava a agora.

(Chat Noir): Marinette, eu não sei, mas nós temos que descobrir. Olha, vai ficar tudo bem, nós vamos resolver isso.

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Ainda naquela tarde, Manon, Ágatha e Agnes foram visitar o amigo no quarto dele, porque ele simplesmente disse que falaria com elas depois, mas acabou nem retornando. Manon viu que René parecia ter chorado muito.

(Manon, triste): René, o que foi que aconteceu?

(René): Lembra o animalzão, que eu ia criar de presente para vocês? Destruíram ele?

(Ágatha, chocada): Quem fez isso?

(René): Foi uma garota cruel de máscara vermelha.

(Agnes): Que triste.

(René, sorrindo levemente): Mas eu tenho uma outra surpresa para mostrar para vocês.

René foi até o closet, pôs a mão na porta e começou a abri-la.

(René): Eu já apresentei o Benny para vocês?

(Benny): OLÁ AMIGUINHAS!!! É HORA DA DIVERSÃO COMEÇAR!!!

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Marinette estava triste, passeando sozinha por Paris. Ela estava pensando em tudo que aconteceu envolvendo aquele garotinho. Ela realmente ficou incomodada com aquilo. O que ela fez de errado?

(Tikki): Marinette, você ainda está triste por causa daquele garotinho?

(Marinette): Muito, Tikki. Eu só queria ajudar ele, mas ele me odeia. Eu nunca vi ninguém odiar a Ladybug antes. Bem, exceto o Hawk Moth... e os agentes da Surveillance... mas ele não é um vilão, é só um garotinho inocente, e é isso o que mais me incomoda.

(Tikki): Sabe Marinette, eu notei que aquele garoto ele é muito diferente dos demais.

(Marinette): Como assim, Tikki?

(Tikki): Toda vez que alguém agarrava ele, ele chamava a pessoa de “estranho”, e dizia que não conhecia ela. Além disso, ele falava daquele monstro como se o conhecesse.

(Marinette): Isso pode ter alguma a coisa a ver com o comportamento dele. Eu queria conhecer alguém que soubesse lidar com crianças.

Nesse momento, uma ideia veio à cabeça de Marinette.

(Marinette): Peraí, mas eu conheço alguém! Minha amiga Alya pode me ajudar!

(Tikki): Isso é uma ótima ideia, Marinette!

(Marinette): E eu conheço alguém a quem a Alya não recusaria ajuda. Tikki, transformar!

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De tardinha, Ladybug foi até a casa de Alya pedir ajuda para sua fã número 1. Depois de ouvir toda aquela história da Ladybug, Alya estava empolgada: ela iria mesmo ajudar sua heroína favorita numa missão.

(Alya): Isso vai ser incrível! Eu vou mesmo ajudar a Ladybug numa missão, eu nem acredito nisso! Ah não, essa com certeza deve ser uma missão importante, eu não posso desapontar, ainda mais porque pode ter algo a ver com minhas irmãs que...

(Ladybug): Alya, se acalma, tá?

(Alya): Desculpa, eu estou meio nervosa. Aconteceu uma coisa preocupante com minhas irmãs: elas foram na casa de um amigo delas da escola e até agora não voltaram. Já faz umas duas horas. Meus pais disseram que sempre que eles tentavam entrar na casa de um tal de René para tirar elas de lá, eles eram atacados por “monstros de tinta”, parecidos com o que você enfrentou hoje. Já ligamos para a polícia, mas os policiais não puderam fazer nada contra as criaturas!

(Ladybug): Eu vou salvar suas irmãs deste tal de René! Eu sou uma heroína, e essa é minha missão!

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Alya e Ladybug foram até a casa de René e viram os pais dele do lado de fora da casa.

(Pai do René): Ladybug, você não deve entrar aí. O René nos expulsou de casa com umas criaturas gosmentas porque nós pedimos para que ele deixasse as amiguinhas irem para casa, mas ele insiste em querer ficar brincando com elas.

(Ladybug): Senhor, você tem que me dizer algumas coisas sobre esse garoto. Por que ele me odeia tanto? Ele lhe contou algo? De onde ele controla esses monstros?

(Mãe do René): Ladybug, acho que sei porque ele te odeia. O nosso filho é especial... ele foi diagnosticado com uma síndrome do espectro autista.

(Ladybug, chocada): O quê?

(Mãe do René): Ele tem medo de ser tocado por qualquer um que não conheça, além disso, ele diz que tem vários amigos imaginários. Acho que o monstro que você eliminou era um deles.

(Ladybug): E como ele cria esses mons... esses amigos imaginários?

(Pai do René): Não sabemos. Nós só vemos ele segurando umas folhas de papel, uns potes de tinta e um brinquinho lilás com estampa de joaninha.

Estampa de joaninha? Ok, agora era oficial, tinha algo errado, e a heroína tinha que dar um jeito naquilo!

(Ladybug): Alya, vem comigo.

(Alya): Ladybug, mas o que...

(Ladybug): Eu chamei você aqui porque você sabe lidar muito bem com crianças, ao contrário de mim. Preciso que você converse com o René, tranquilize ele. Ele tem uma joia com a minha marca, e algo me diz que eu tenho que recuperá-la!

(Alya, nervosa): Farei o meu melhor.

(Ladybug): Ótimo, agora fique atrás de mim, ele pode estar armando uma emboscada.

Ladybug deu um chute na porta e entrou rapidamente com Alya. Lá dentro estava apenas René e ninguém mais. Ele havia arredado os móveis, criando um amplo espaço livre lá dentro.

(Alya): Oi René, eu sou a Alya. A Ladybug me contou que você estava meio triste e com medo, então ela me trouxe aqui para ser sua amiga. Podemos ser amigos?

(René, seco): Saia da minha casa, sua estranha.

(Alya, nervosa): R-René, não fale assim, eu só quero ser sua amiga.

(René): Eu não preciso de você como amiga. Você é amiga dessa bruxa.

(Alya): René, a Ladybug não é uma bruxa, ela se preocupa com você, ela só quer...

René interrompeu a conversa jogando vários tubinhos de tinta guache destampados na direção das duas garotas. A tinta começou a escorrer pelo chão, então ele ergueu o brinco lilás com estampa de joaninha, que emitiu um brilho, fazendo a tinta se mexer pelo chão e tomar a forma de um duende.

Um dos três amigos imaginários que René ia apresentar para Manon, Ágatha e Agnes.

(Benny, o duende): Vem cá, qual parte de “Saia da minha casa, sua estranha” as madames não entendem? O René não quer essa baratona vermelha como amiga!

Ladybug ficou pasma com a cena. Aquela joia tinha o símbolo da Ladybug! Seria aquele brinco uma espécie de Miraculous?

(Ladybug, séria): René, esse brinco com você, eu preciso dele!

René fechou a mão com força, determinado a manter o brinco com ele.

(Benny): *Tsc tsc tsc*, ainda por cima uma ladra? Ora essa, vou te mostrar como tratamos ladras por aqui. Música, maestro!

René criou um piano de tinta e começou a tocar uma música animada. Vários resquícios de tinta começaram a se erguer também na forma de monstros com vários formatos e tamanhos. Enquanto isso, o duende Benny apenas dançava e cantava uma música um tanto sinistra.

(Benny, cantando): Mães aflitas pediram

Para as filhas você resgatar

Mas pro seu azar, isso não vai rolar

Pois a diversão acabou de começar

Veja um por um se erguerem

Vários amigos imaginários

Recrutados

Convocados

Seremos seus adversários.

(Ladybug): Alya, fica atrás de mim!

Os monstros de tinta foram para cima de Ladybug, Alya pegou uma vassoura para tentar se defender, mas estranhamente os monstros de tinta a ignoravam, atacando apenas a heroína.

Você vem me dizer

Que salvar Paris é o seu dever

Mas tudo o que vi você fazer

Foi magoar o pobre René

Fourchien não está mais aqui pois você a eliminou

Com seu ioiô

Não hesitou

Sem piedade a assassinou!

 

Vivo afinal!

Me tornei real!

Sua “heroína”

Cretina

Hey!

A sua maldade

Nós vamos aniquilar!

Fora de nossa casa ou você sofrerá!

Apesar de serem frágeis, os monstros surgiam em grupos de dez, vinte, até mais. Pouco a pouco eles começaram a subjugar Ladybug, até que num momento a heroína deixou seu ioiô cair. Alya pegou o ioiô e tentou arremessar contra Benny, que simplesmente absorveu a arma em seu corpo de tinta.

(Benny): Ah, mocinha, você não devia ter feito isso.

Pouco a pouco o duende foi crescendo e assumindo uma aparência bem sinistra.

(Ladybug, toda coberta de tinta): Alya, corre!

Tudo parecia estar perdido, até que uma outra voz começou a gritar.

— Pare com isso, René! Larga a nossa irmã

O garoto olhou para trás e viu as gêmeas Césaire correndo para salvar Alya de Benny. Manon também estava vendo a cena e começou a tentar puxar Ladybug do monturo de tinta. Por razões óbvias, as criaturas de René não moveram um dedo para machucar as garotinhas. Por trás das menininhas, vinham uma fada e um tigre antropomórfico.

(René, sério): Pixie, Barry, eu disse para vocês ficarem brincando com minhas amigas no meu quarto!

(Barry): Desculpe mestre, mas elas fugiram rápido demais!

(Ágatha): Como você pode dizer que somos suas amigas quando você manda esses bichos feios atacarem nossa irmãzona?

(Manon): E porque você estava atacando a Ladybug? Ela é minha amiga também! Amigos não atacam os amigos de outros amigos!

René não aguentou ver suas novas (e provavelmente únicas) amigas gritando com ele. O garoto começou a chorar e correu para o quarto.

(Ladybug): René, espera!

Ladybug e Alya entraram suavemente no quarto de René, ainda sendo encaradas pelos olhares bravos de Barry, Pixie e Benny. Ver aquele garotinho, mais ou menos da idade de Manon, chorando estava partindo o coração das duas.

(René): Por que você me odeia, Ladybug?

(Alya): A Ladybug não te odeia, René, ela se preocupa muito com você.

(René, soluçando): Ela matou a Fourchien.

(Ladybug): Eu não sabia que ela era sua amiga, eu pensei que ela tinha te sequestrado.

(Alya): Além disso, a Fourchien não está morta. Se ela era sua amiga imaginária, então ela ainda está aqui *aponta para a cabeça de René* e aqui *aponta para o coração*. Você só precisa desenhá-la de novo.

(René, se animando): Então eu posso usar aquele brinco mágico de novo?

Ladybug ficou sem saber o que dizer, porque ela precisava tirar aquele brinco dele. As duas se entreolharam e Alya lançou um olhar de “eu tenho um plano”.

(Alya): René, aquele brinco não tem nada de mágico. A mágica está dentro de você. Foi sua mente brilhante que trouxe eles à vida. Só que... aquele brinco é da Ladybug, ela perdeu e estava procurando. Você é um garoto bondoso, não é? Você vai devolver o que ela perdeu, não vai?

(René): Mas se eu devolver o brinco, eu nunca mais vou ver meus amigos! Nem o Benny, nem a Pixie, nem o Barry, ninguém mais!

(Ladybug): Mas agora você tem novas amigas: A Manon, a Ágatha, a Agnes, a Alya. Eu também quero ser sua amiga. Me desculpe se eu fiz coisas que te magoaram, não foi minha intenção. Olha, eu quero te dar um presente.

Ladybug ficou de pé e lançou o ioiô para cima, usando o poder do talismã. Os olhos de René brilharam ao verem o que a heroína tinha criado!

(René): É um boneco do Benny!

(Ladybug, entregando): René, algumas vezes você nos chamou de “estranha”, só depois eu fui entender que é porque você não nos conhecia. Oi, meu nome é Ladybug, esta é a minha amiga Alya. Qual é o seu nome?

Segurando o bonequinho de pelúcia, ele deu um abraço muito apertado nas duas garotas, chorando de alegria.

(René): Meu nome é René Villefort! É um prazer conhecer vocês!

(Alya, olhando para Ladybug): Ladybug, você está chorando?

(Ladybug, disfarçando): Dá um tempo, Alya, foi só um cisco no meu olho!

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Ladybug, Alya, Manon, Ágatha, Agnes e René saíram da casa, sendo recebidos pelos pais do garotinho e das garotinhas, bem como pelos policiais que haviam montado um perímetro. Ah, Chat Noir também havia aparecido.

(Chat Noir): Ladybug, eu vim assim que fiquei sabendo de tudo! Está tudo bem?

(Ladybug): Sim, Chat Noir, está tudo bem. O René está bem agora.

(Chat Noir, apontando para o brinco roxo): O que é isso na sua mão?

(Ladybug): É isso o que eu quero descobrir. Chame o Diego e a Chloé, diga para eles nos encontrarem na academia de yoga do Mestre Fu.

Mal sabia Ladybug que o Mestre Fu estava no meio daquelas pessoas o tempo todo, apenas observando tudo, principalmente a forma como Alya conversou com o garoto.


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Notas finais do capítulo

Caraças, lembram quando eu disse que o capítulo anterior foi meio curto em relação ao que escrevo normalmente? Esse aqui ficou tão longo que até me incomodou, mas foi divertido escrevê-lo, por vários motivos.

René foi um dos primeiros conceitos de Prodígios (essas pessoas ganhando superpoderes sem terem relação com Hawk Moth e seus akumas) que eu desenvolvi. A inspiração para ele veio depois que eu assisti o filme "Nise - O Coração da Loucura" numa aula no curso de Medicina. Eu queria criar um antagonista que não pudesse ser derrotado nem por força bruta nem por estratégia calculista, mas sim pela empatia. No capítulo, René não é um garoto mau, ele apenas é diferente devido ao fato de ter síndrome do espectro autista. Porém, pouca gente o compreende, o que acaba gerando vários mal-entendidos entre ele e a heroína. Esse era para ser um capítulo emocionante, então espero ter alcançado isso.

Foi o capítulo que eu mais tive que editar antes de colocar aqui: em alguns conceitos excluídos, quem revelaria sobre o autismo do René seria a doutora Camille Broussard, a mãe do Diego. Outro conceito original seria de que os quatro heróis entrariam na casa e seriam surpreendidos por vários "jumpscares". Ainda bem que o principal conceito eu mantive, que foi o da Alya ajudando a consertar a situação.

Há referências a um jogo indie de terror nesse capítulo, mas obviamente eu tive que suavizar as coisas. Alguém aí quer receber o selo "Capitão América" de "eu entendi a referência"?



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