Defensores de Paris 2 - As Joias Perdidas escrita por Blue Blur


Capítulo 4
O Cavaleiro de Paris


Notas iniciais do capítulo

Enquanto Marinette, Adrien e Diego estão em viagem, Chloé Bourgeois se tornou praticamente a única heroína ativa em Paris por um curto espaço de tempo. Em uma Paris livre de akumas, fazer patrulhas rotineiras parece ser algo fácil para Queen Bee, mesmo estando sozinha. Mal sabia ela que se meteria em sérios problemas por conta de um garoto, a paixonite dele e o desejo dele em se tornar um super-herói.

Nota do autor: Este capítulo se passa simultaneamente aos capítulos "A Lenda Chinesa" e "De Volta ao Lar"



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Era uma bela manhã em Paris, tudo estava na mais perfeita calma. No Hotel Le Grand Paris, em um dos quartos da cobertura, Chloé estava arrumando os cabelos. Seu kwami Beezy percebeu que a loira parecia estar aborrecida com alguma coisa.

(Beezy): Chloé, tem alguma coisa errada com você?

(Chloé): Não Beezy, está tudo bem comigo.

Não, Beezy sabia que tinha alguma coisa errada com sua mestra, e ele queria saber. Ele se importava com ela.

(Beezy): Chloé, tem algo a ver com aquele garoto mexicano, não tem?

(Chloé, aborrecida): Que droga, Beezy! Quer fazer o favor de parar de falar no maldito Broussard? Se você só quer saber de falar nele, some da minha frente!

(Beezy): Desculpa Chloé.

Beezy ficou chateado por ter sido tão inconveniente para com sua mestra, então resolveu sair do quarto.

(Chloé, amolecida): Beezy, espera, volta aqui.

(Beezy): Mestra?

(Chloé): Me desculpe por ter gritado com você.

(Beezy): Se você não quiser falar sobre isso, eu...

(Chloé): Não, tudo bem, eu falo, acho que eu preciso botar para fora. Beezy... eu gosto do Diego, gosto muito mesmo. Mas o pior é que eu só descobri isso quando era tarde demais. Eu tentei esquecer ele, mas eu simplesmente não consigo, isso tá acabando comigo!

(Beezy): Ah Chloé, não fica assim não. Você é uma garota bonita, eu tenho certeza de que se nós formos sair por aí nós vamos...

(Chloé): É aí que está o problema, Beezy. Todos os garotos me conhecem: “Chloé Bourgeois, a filha mimada do prefeito. Ou você faz o que ela quer ou ela liga para o papai para garantir os caprichos da filhinha abusada”, entende o que eu quero dizer?

(Beezy): Bem, olhando por esse lado...

(Chloé): O Diego era o único garoto que ainda não tinha essa visão pejorativa de mim. Ele inclusive... voltou para me ajudar mesmo quando eu destratei ele. Eu tive uma chance de redenção e joguei ela fora, você entende isso?

(Beezy): Chloé, você não jogou sua chance de redenção fora. Eu sou testemunha disso. Você se tornou uma grande super-heroína, o seu caráter mudou bastante nesse tempo que estivemos juntos. Você, com certeza, se tornou uma pessoa melhor.

(Chloé, sorrindo): Obrigada, Beezy.

(Beezy): Além disso, se o Diego não quis ficar com você, talvez seja porque ele não era o cara certo. Sei que se você mostrar às pessoas que você agora é diferente, elas vão voltar a se aproximar de você. Talvez não seja fácil, mas eu sempre vou estar aqui do seu lado para te apoiar.

(Chloé): Beezy, muito obrigado mesmo pelo seu apoio. Você realmente conseguiu levantar meu astral hoje. Quer saber, vou aproveitar que estou de bom humor e passear um pouco pela cidade.

(Beezy): Mas será que os seguranças vão deixar você sair sozinha?

(Chloé): Bem, a Chloé Bourgeois não, mas segurança nenhum vai manter a Queen Bee presa. Beezy, exibir as listras!

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Na Rue de la Paix, Jacques Olivier estava sozinho em casa, mexendo no computador da sua mãe. Jacques estava acessando o site Ladyblog, onde se encontravam dezenas de postagens sobre a heroína Ladybug e os parceiros dela. Mas Jacques não estava interessado em nada sobre a Ladybug, nem Chat Noir, nem herói algum, ele havia aberto alguns vídeos para assistir, mas só para prestar atenção na blogueira, que era ninguém menos que Alya Césaire. Já fazia algum tempo que o garoto suspirava em segredo pela fã número 1 de Ladybug. Jacques não sabia dizer quando aquilo havia começado, mas a verdade é que às vezes ele gostava de rodar os vídeos apenas para ouvir a voz de Alya.

Jacques foi despertado de seus devaneios sobre sua paixão virtual por uma notificação sobre uma postagem nova no Ladyblog. Era uma filmagem ao vivo, feita por Alya, sobre uma heroína do quarteto de Defensores de Paris: Queen Bee.

(Alya, na filmagem): Gente, olha só que irado! A Queen Bee está de patrulha aqui, a apenas alguns quarteirões do hotel Le Grand Paris! Será que alguém pediu para ela ficar protegendo o prefeito? Seja lá o que for eu tenho que falar com ela!

Jacques acabou tendo uma ideia, uma grande ideia, ou pelo menos uma grande ideia idiota. Ele sabia que sua mãe havia deixado ele de castigo por ter lido o diário dela sem permissão (não se lembra disso? Leia a oneshot “Debaixo da Farda”) e, por isso, ele não poderia sair de casa para ficar andando por Paris. Porém, ele pensou que sendo cuidadoso o suficiente, sua mãe nunca descobriria. Rapidamente ele desligou o computador, trancou a porta de casa e saiu correndo até o lugar onde Queen Bee estava, como se sua vida dependesse daquilo.

Não são incríveis as burradas que um adolescente apaixonado pode fazer?

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Enquanto isso, no lugar onde Queen Bee estava, a heroína já tinha acabado de falar com Alya.

(Alya, animada): Caramba Queen Bee, muito obrigado mesmo por essa conversa! Esse material vale muito para o Ladyblog!

(Queen Bee): Disponha, agora se me der licença, preciso continuar minha patrulha. Até mais.

Enquanto seguia sua patrulha andando em cima de seu peão mágico por cima dos prédios, ela viu um garoto correndo esbaforido pelas ruas. Pior, ele havia atravessado um sinal vermelho e agora tinha um carro quase em cima dele. Com reflexos incríveis, Queen Bee arremessou seu peão contra o garoto, retirando-o bruscamente do meio da pista, depois foi se juntar a ele para dar uns sacodes no sem noção, que era ninguém menos que Jacques Olivier.

(Queen Bee, aborrecida): Qual é o seu problema, seu estrupício? Você está afim de morrer, é isso? Você quase foi atropelado! Se eu não estivesse de patrulha, você poderia...

(Jacques, ignorando totalmente as repreensões de Queen Bee): Queen Bee! Ainda bem que eu te achei! Preciso falar contigo, é urgente!

(Queen Bee): Ok, mas vamos sair daqui. Segura em mim, nós vamos para cima de um desses prédios.

Depois de subir em cima de um dos prédios, a heroína e o filho da comissária de polícia continuaram a conversa.

(Queen Bee): Seja rápido, eu preciso continuar minha patrulha.

(Jacques): Escuta, Queen Bee, você conhece a comissária de polícia, Charlotte Olivier?

(Queen Bee): Sim, eu conheço, nós já trabalhamos juntos algumas vezes.

(Jacques): Que bom, é que eu sou filho dela. Eu pensei, já que vocês duas se dão muito bem, ela pediu para que você fizesse um favor por ela.

(Queen Bee): Que seria?

(Jacques): Eu, digo, ela quer que você me treine para ser um super-herói!

(Queen Bee, sem acreditar): Charlotte Olivier quer que eu treine o filho dela para ser um super-herói?

(Jacques): Sim, é isso mesmo!

(Queen Bee): Um super-herói tipo eu, a Ladybug, o Chat Noir e o Chapolin Colorado?

(Jacques, muito animado): EXATAMENTE!!!

A reação de Queen Bee não foi bem o que Jacques esperava: a heroína abelha começou a gargalhar ao ouvir tudo aquilo.

(Jacques, aborrecido): Posso saber do que raios você está rindo?

(Queen Bee, enxugando uma lágrima de riso): Você mente muito mal! Charlotte MATARIA qualquer um de nós que tentasse levar o filho dela a ir lutar contra bandidos! Aquela mulher te protege feito leoa! Se você dissesse que quer ser um super-herói por vontade própria, eu acreditaria, mas por vontade da Charlotte? Faça-me o favor!

(Jacques, constrangido): Bom... se eu disser que sou eu que quero ser um super-herói, você ainda pode me treinar mesmo assim?

(Queen Bee): É claro que não, garoto! Como é que você vem me pedir uma coisa dessas? Eu tenho cara de instrutora, por acaso? Além do mais, você sequer tem um Miraculous para te ajudar, como espera se tornar um herói que nem a gente?

Agora Jacques começou a se aborrecer. De repente, aos seus olhos a heroína abelha começou a parecer só uma menininha petulante fantasiada.

(Jacques): Vem cá, e por que você acha que eu não conseguiria? Só porque eu não tenho um brinquedinho ridículo que nem o seu? Só porque eu não saio por aí com fantasia de inseto colada no corpo?

(Queen Bee, ofendida): Mas quem você pensa que é para falar comigo nesse tom, cidadão? Não se trata só de ter uniforme, ou de ter uma arma, se trata de ter habilidade, convicção, poderes especiais para usar contra o mal! Sem isso, não tem como você enfrentar os vilões que a gente enfrenta e sair vitorioso! Ou você quer sair por aí fantasiado achando que vai impressionar as garotas?

Jacques ficou vermelho nessa parte. Teria sido aquilo uma indireta?

(Jacques, corado): Não interessa por que eu quero virar um super-herói! Eu vou conseguir isso, com ou sem sua ajuda!

(Queen Bee): Que seja, agora se manda.

(Jacques, muito aborrecido): Você me deixou no topo de um prédio e quer que eu desça sozinho? E eu pensando que aquele negócio de toda loira ser burra era só um estereótipo.

Queen Bee desceu o Jacques de volta para a rua, mas não sem antes deixa-lo com um olho roxo por conta de tamanha petulância. Jacques voltou para casa aborrecido, mas bastante determinado.

(Jacques): Abelha idiota, quem ela pensa que é para me tratar daquele jeito? “Ain, você não pode ser super-herói porque não tem ‘joinha miraculosa’, nem ‘habilidades’, nem ‘poderes mágicos’, então você é um fracote”. Porcaria, eu poderia derrotar de boas ela e a joaninha num X1 com uma das minhas mãos presas na costa. Mas ela vai ver! Eu vou sim virar um super-herói... e com certeza eu vou impressionar a Alya.

As definições de “adolescente apaixonado só faz burradas” logo, logo seriam atualizadas.

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Já em casa, Jacques começou a revirar suas coisas, pensando em como ele faria para se tornar um super-herói.

(Jacques, pensativo): Vejamos, eu não tenho superpoderes, então preciso ter habilidade na hora de lutar. *se gabando* Bom, eu já sou bom de briga, posso dar conta de pequenos bandidos e ladrões de bolsa no geral. Agora eu preciso de uma arma, vejamos... ah, acho que isso aqui vai servir!

Jacques pegou um taco de beisebol em ótimo estado que ele tinha.

(Jacques): Agora eu preciso de um uniforme bacana, algo que seja imponente e que oculte a minha identidade secreta. Vejamos, se eu fosse um super-herói, qual seria a melhor roupa para mim?

Jacques começou a dar uma olhada em alguns gibis e mangás que ele tinha em busca de alguma inspiração. Ele notou que alguns super-heróis norte-americanos compartilhavam um traço em comum entre eles.

(Jacques): Muitos desses super-heróis homenageiam o símbolo de sua pátria. E se... eu fosse assim também?

Jacques continuou olhando os gibis até ver outra série que ele curtia muito também, sobre um grupo de jovens que usavam moedas poderosas e ganhavam armaduras hi-tech para lutar contra alienígenas. Em parte, eles lembravam o grupo da Ladybug, a diferença é que eles pilotavam robôs gigantes.

(Jacques): Algo que homenageie a minha pátria... algo que tenha tanta imponência quanto esses heróis de armadura hi-tech.... Ah, já sei!

Jacques pegou uma camisa com a bandeira da França que ele tinha, uma calça jeans azul, um par de botas brancas, um par de luvas azuis parecidas com às daqueles pilotos de motocross e um capacete vermelho, depois ele colou um brasão de flor de lis em seu peitoral. Ele vestiu tudo e ficou mais ou menos assim: (http://pre01.deviantart.net/564f/th/pre/i/2017/177/b/3/le_patriot_ranger___2_by_12345laurakarolyne-dbe47mc.jpg)

(Jacques): Nada mal. Nada mal mesmo.

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Com o taco de beisebol na mão ele saiu de casa pronto para fazer sua patrulha. Enquanto ele andava, ia pensando num nome de super-herói para usar. Estava tão imerso em seus pensamentos que nem notou que todo mundo ao seu redor estava achando a aparência dele bizarra. Bom, pelo menos ele estava com o rosto coberto.

(Jacques, falando sozinho): Vejamos... “Le Patriot Ranger”? Não, muito bizarro. Que tal “Triforce Warrior”, em alusão às minhas três cores? Não, acho que a parte do “Triforce” soa muito nerd. Já sei, “Chevalier”! Mas Chevalier de quê? Preciso de um segundo nome legal.

— Ladrão, pega ladrão!

O grito de uma senhora chamou a atenção de Jacques, que viu um sujeito correndo com uma bolsa na mão. De posse de seu taco de beisebol, o garoto deu um giro de 90 graus para a direita, atravessou a rua numa velocidade absurda, assustando um motorista que freou bruscamente, e se jogou sobre o ladrão com a força de um jogador de futebol americano.

(Ladrão): Quem é você, maluco?

(Jacques): Maluco é você, por ter roubado uma senhora bem no meu turno.

Jacques deu várias pancadas com o bastão no ladrão, até ele começar a gritar por misericórdia. Uma pequena multidão se reuniu, incluindo o Capitão Roger.

(Roger): Ei rapaz, obrigado por ter agarrado esse ladrão. Qual é o seu nome?

(Jacques, animado): Bem policial, eu me chamo Jac... Chevalier. Você pode me chamar de Chevalier Parisien! Eu sou o novo herói de Paris!

A pequena multidão

— O que está acontecendo? Já pegaram o ladrão?

Queen Bee havia aberto caminho entre o grupo de pessoas e deu de cara com Jacques todo fantasiado. Lógico que ela não fazia ideia de quem era por trás do capacete.

(Chevalier Parisien): Ah, como vai Queen Bee? Você demorou um pouquinho para chegar aqui, não?

(Queen Bee): Quem é você?

(Chevalier Parisien, arrogante): Ah, eu não posso dizer minha identidade secreta para as fãs, mas você é boa, acho que eu poderia ter você como parceira.

Além de Queen Bee, havia mais uma garota presente, uma em particular.

(Alya): Caramba, você é um super-herói novo?

Jacques ficou surpreso por Alya ter aparecido tão rápido, mas tratou de manter a pose de herói para esconder seu acanhamento perto da garota que ele paquerava virtualmente.

(Chevalier Parisien): Ei, você não é aquela blogueira famosa? Alya, não é? Olha, você faz um ótimo trabalho cobrindo as aparições da Ladybug, sabia?

(Alya, empolgada): Outro super-herói que acompanha meu trabalho? Alguém por favor me belisque!

(Chevalier Parisien): Beliscar você? Tsc tsc, seria um crime contra uma garota tão cheia de charme!

Aquele comentário deixou Alya levemente corada, e fez Queen Bee desconfiar de alguma coisa. Ela agarrou o “herói” e o levou para a cobertura do hotel Le Grand Paris para ter uma conversa a sós com ele.

(Queen Bee, séria): Tá legal, Jacques, agora você passou dos limites! Era para isso que você queria ser super-herói? Para xavecar a Alya?

(Chevalier Parisien): Jacques, quem é Jacques? Eu sou o Chevalier Parisien, e aquela garota é um charme, ela é supersimpática, super alto astral, qualquer um consegue ver aquilo, não me admiraria se esse tal de “Jacques” também visse isso.

Queen Bee ficou impaciente e arrancou o capacete na marra, revelando o garoto loiro de olhos azuis por baixo da fantasia, ainda com o olho roxo.

(Queen Bee): Você perdeu a cabeça, Jacques? No que é que você estava pensando?

(Jacques): Ué, você não disse que eu tinha que ter um daqueles “binaculous” para ser um super-herói? Pois é, eu consegui ser um herói apenas com uma fantasia artesanal e um taco de beisebol, e ainda por cima roubei seu kill.

(Queen Bee): Jacques, eu estou falando sério! Isso é perigoso, você pode acabar se machucando feio!

(Jacques, sem dar bola): Qual o problema, beeblade? Invejinha? Você nunca se machucou lutando só com esse piãozinho, nem o Chat Noir se machucou. Por que eu me machucaria?

Queen Bee ficou extremamente incomodada porque Jacques chamou ela usando o mesmo apelido que o Diego costumava chamar quando estava transformado em Chapolin Colorado. Ela teve que se controlar para não deixar o outro olho dele roxo.

(Queen Bee, séria): Se você não parar com isso, eu vou contar para a comissária de polícia Olivier que o filho dela fica zanzando por aí fantasiado de super-herói.

(Jacques, com um sorriso debochado): E eu conto para a Alya que a Queen Bee me deu um murro na cara. Ao contrário de você, eu tenho uma prova *aponta para o próprio olho*. E então, o que vai ser? No máximo eu ganho outro castigo, mas você vai perder toda a sua reputação.

Queen Bee estava furiosa, se coçando para gritar “realeza” e mandar seu soldado dar uma coça no rapaz petulante à sua frente.

(Queen Bee, nervosa): Jacques, eu vou te descer, depois disso some da minha frente! Não fica brincando de super-herói, isso é coisa séria!

(Jacques): Pfff, me obriga então, abelhinha.

Depois de voltar para casa, Jacques teve problemas explicando para a mãe como conseguiu aquele olho roxo, mas pensou numa mentira convincente: ficou se debatendo na cama e bateu a cara na quina do criado mudo. Por sorte, sua mãe não perguntou nada sobre o novo herói de Paris. Aparentemente, a ameaça de Jacques convenceu Queen Bee a não dar com a língua nos dentes.

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Os dias foram passando e Jacques continuava sua rotina atuando como super-herói. O rapaz foi esculpindo sua reputação de baixo: parando pequenos batedores de carteira, salvando crianças que brincavam no meio da rua, ajudando idosos a atravessar a rua. Às vezes ele também ajudava a polícia a achar crianças perdidas na rua. Com isso, ele foi criando uma pequena, mas animada fanbase em torno do nome “Chevalier Parisien”, e adivinhe quem era uma das integrantes dessa fanbase? Sim, a própria Alya. Como fã inveterada de super-heróis, ela acompanhava cada nova ação do novo super-herói em ascensão. Houve até um dia em que Jacques se vestiu de super-herói e foi até o zoológico onde o pai de Alya trabalhava só para ceder uma entrevista surpresa para ela.

(Alya): Então, como foi que você ganhou seus superpoderes?

(Chevalier Parisien): Meus únicos superpoderes são a coragem, a bravura e o altruísmo para defender aqueles que precisam.

(Alya, admirada): Peraí, está dizendo que você NÃO tem superpoderes? Isso é incrível!

(Chevalier Parisien): Os heróis nada mais são que pessoas que fazem o que é necessário, enfrentando as consequências.

(Alya): Você até citou a frase da Comissária de Polícia Olivier.

(Chevalier Parisien): Vamos dizer que ela foi uma grande inspiração para mim.

(Alya, extremamente animada): Se você se tornou um super-herói sem poderes, então isso significa que eu também posso ser uma heroína sem poderes?

Ok, isso pegou Jacques desprevenido. Sua consciência começou a acusa-lo de estar indo longe demais com aquilo, que leva-la para combater criminosos poderia colocar Alya em perigo. Jacques estava com a resposta na ponta da língua para dizer à Alya que não seria possível.

Por outro lado, ele não estava fazendo nada de perigoso. Ele estava ajudando crianças, velhinhos e velhinhas e, no máximo, batendo em um ou outro arruaceiro. Na verdade, aquilo era quase fácil demais. Havia chegado a hora de subir um pouco mais o nível.

(Chevalier Parisien): Sim, você também pode se tornar uma grande heroína. Por isso vou te treinar. Hoje à noite, eu venho até aqui te buscar, para nós irmos em nossa primeira patrulha juntos. O que você acha?

(Alya): Isso seria perfeito!

Subir o nível dos vilões, derrota-los, conquistar a blogueira e se tornar um super-herói tão famoso quanto a Ladybug. O plano parecia perfeito.

Mas só parecia, Jacques não sabia, mas se arrependeria profundamente do que iria fazer naquela noite.

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Naquela noite, depois de jantar com sua mãe, Jacques quis fazer um pedido para sua mãe antes de ela sair para mais um plantão.

(Jacques): Mãe, eu posso sair hoje à noite?

(Charlotte): Esqueceu que você ainda está de castigo por ter mexido nas minhas coisas?

(Jacques): Mãe, por favor, isso já faz mais de uma semana! Além disso, eu fiquei de me encontrar com uma garota que...

(Charlotte): Espera aí, você disse que vai se encontrar com uma garota? Tipo, um encontro mesmo?

(Jacques): Isso mesmo.

(Charlotte): Por que você não disse antes? Quem é a felizarda?

(Jacques): Alya Césaire, a garota do Ladyblog.

(Charlotte, feliz): Ah filho, isto é ótimo, finalmente meu garotinho está amadurecendo!

(Jacques, constrangido): Mãe, menos, tá? Eu já tenho 16 anos.

(Charlotte): Olha filho, aqui tem 30 euros para você se divertir com a Alya, está bem? Se arrume e vá para o carro, eu te deixo lá.

(Jacques, nervoso): N-Não precisa mãe, eu vou com a minha bicicleta mesmo.

(Charlotte): Bicicleta, pfff, essa é boa. Você não vai ao seu primeiro encontro levando sua parceira na garupa de uma bicicleta, me recuso a deixar essa barbaridade acontecer.

Jacques passou um sufoco danado tentando despistar sua mãe: ele teve que levar seu traje de herói numa sacola plástica. Quando Charlotte deixou Jacques na frente da casa de Alya, ele teve que esperar sua mãe ir embora para se esconder num beco e colocar o traje de super-herói. Então mandou uma mensagem de Whatsapp para Alya, que saiu para encontra-lo.

(Chevalier Parisien): Está pronta para nossa primeira patrulha juntos?

(Alya): Pode apostar que sim.

(Chevalier Parisien): Então pega sua câmera e vamos em frente. Muitos malfeitores se escondem pela nossa cidade, e nós vamos caçá-los.

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Jacques e Alya percorreram um longo caminho de ônibus até chegar em Montmartre, um bairro boêmio de Paris. Jacques, como Chevalier Parisien, estava animado para finalmente se tornar um “herói de verdade”, mas Alya já estava começando a ficar desconfortável com aquilo.

(Alya): Chevalier, eu não estou achando uma boa ideia, vamos voltar, eu pago a passagem de volta.

(Chevalier Parisien): Não fica com medo, Alya. Eu estou aqui, eu vou te proteger.

Andando pelo bairro boêmio, os jovens começaram a procurar por chances para um super-herói lutar contra criminosos. E a chance surgiu: Jacques viu dois sujeitos tentando arrombar um carro, aquela era a chance perfeita, mas Alya não achava que aquilo era uma boa ideia.

(Alya): Chevalier, vamos embora, eu estou com medo!

(Chevalier Parisien): Já disse para não ficar com medo, veja como se faz.

Um dos bandidos viu o Chevalier Parisien olhando para ele e caiu na gargalhada ao ver a fantasia.

(Bandido 1): Mas o que raios você está procurando aqui, seu maluco?

(Chevalier Parisien): Dois cretinos, filhos da mãe, que se acham o máximo por arrombarem carros de trabalhadores parisienses honestos!

(Bandido 2): Como é que é? Dá o fora daqui maluco, nós não queremos briga com retardados!

(Chevalier Parisien): Nem eu, então só se afastem do carro e vão embora que podemos fingir que nada disso aconteceu.

(Bandido 1): Mas é um maluco mesmo!

Jacques acertou o primeiro bandido com o taco de beisebol, derrubando-o no chão, depois foi para cima do segundo, e também o encheu de porrada pela cara.

(Alya, aterrorizada): CUIDADO, CHEVALIER!!!

O primeiro bandido havia se levantado de novo agarrou o “herói” e deu uma facada na barriga dele. Jacques, com muita dor, acabou largando o bastão, e o segundo bandido pegou o bastão e acertou a cabeça de Jacques, fazendo o capacete sair fora e o garoto cair no chão. Vendo toda aquela cena, Alya ficou tão transtornada que começou a chorar.

(Bandido 1): Ei você, garota! O que é que está olhando?

(Bandido 2): Vamos aproveitar e roubar ela também.

Antes que Alya pudesse correr dali um guerreiro humanoide com aparência de abelha apareceu ali, comandado por Queen Bee. Falando na heroína, ela tratou de ir correndo socorrer Jacques.

(Queen Bee, desesperada): Meu Deus Jacques, ainda bem que eu resolvi te seguir! Eu sabia que você era burro, mas não que era tão idiota assim!

(Jacques, sangrando): Q-Queen B-B-Bee... me ajuda...

(Queen Bee): Alya, liga para uma ambulância agora! Rápido!

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A noite acabou da forma mais desastrosa possível: A família Césaire foi buscar sua filha mais velha em um estado de estresse traumático, acompanhada de um amigo que foi esfaqueado por tentar bancar o super-herói. No leito, Jacques se sentia o cara mais idiota do mundo.

(Doutora): Você tem visita.

Queen Bee entrou no quarto de Jacques mostrando estar profundamente preocupada com o garoto.

(Queen Bee): Jacques, você está bem?

(Jacques): Queen Bee, eu fui um idiota.

(Queen Bee): Na verdade, um idiota não teria ido tão longe assim.

(Jacques): Olha Bee, me desculpa por aquelas coisas que eu te disse antes, está bem?

(Queen Bee): Jacques, ser herói é coisa séria. Não se trata só de colocar uma fantasia legal e sair por aí lutando contra criminosos. Eu temia que você acabasse se machucando, como aconteceu agora!

(Jacques): Você me perdoa pelo vacilo?

(Queen Bee): Tudo bem Jacques, mas não é para mim que você tem que pedir desculpas, é para ela.

“Ela”, a quem Queen Bee se referia era a mãe de Jacques, Charlotte Olivier. Ao ver a feição de sua mãe, um complexo misto de raiva, tristeza, preocupação e alívio, ele imaginava o que viria pela frente.

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Jacques e Charlotte chegaram em casa, sem trocar uma única palavra pelo caminho. Só lá dentro, Charlotte entrou diretamente em seu quarto e disse uma única palavra.

(Charlotte, ríspida): Jacques!

Jacques foi andando lentamente, tanto pela tristeza que sentia, tanto pela dor do ferimento. Ele se sentou na cama, de frente para sua mãe, que carregava uma expressão séria.

(Charlotte, séria): Jacques, eu estou muito brava com você! O que você fez foi uma barbaridade inconcebível!

(Jacques): Desculpa, mãe.

(Charlotte): Você fingiu ser um super-herói, foi lutar contra bandidos de verdade, acabou sendo esfaqueado e pôs sua amiga Alya em perigo! Você tem ideia de como eu fiquei tentando explicar tudo para os pais dela? Eles quase abriram queixa contra mim, sabia disso?

(Jacques): Eu só queria mostrar que eu também podia ser um herói corajoso. Eu só queria impressionar ela.

(Charlotte): Jacques, coragem é usada para agir em nome da justiça, para proteger os fracos. Isso que você está falando não é coragem, é pura bravata. Uma pessoa corajosa não se coloca em perigos apenas para provar alguma coisa.

(Jacques): Eu queria mostrar para ela que eu não tenho medo de nada.

(Charlotte): Coragem não é ausência de medo. O nome disso é loucura. Diga-me Jacques, você acha sua mãe uma mulher corajosa?

(Jacques): Sim.

(Charlotte): Pois hoje eu tive muito medo. Eu tive medo de perder você. Como castigo, você não terá mais permissão de sair de casa, e eu vou confiscar seu celular até segunda ordem. Entendeu bem?

(Jacques, triste): Sim, mãe.

(Charlotte): Ótimo. Esta noite eu quero que você durma comigo, e também vamos orar para agradecer por nada pior ter acontecido com você.

Naquela noite, Charlotte dormiu abraçada firmemente com seu filho. Jacques demorou para pegar no sono. Ele tinha que pensar em uma forma de se desculpar com Alya.


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Notas finais do capítulo

Depois do que eu fiz na oneshot "Debaixo da Farda", eu achei que deveria desenvolver mais o personagem Jacques Olivier, o filho de Charlotte. Eu fiquei meio relutante enquanto escrevia esse capítulo, porque eu pensei se seria algo convincente um garoto de 16 anos (inclusive ele é ligeiramente mais velho que os Defensores de Paris) sair por aí bancando o super-herói para impressionar uma garota. Porém, eu lembrei que uma situação semelhante acontece com o Nino, que manifesta um comportamento um tanto infantil em "Homem-Bolha" e revela bruscamente ter uma paixão pela Marinette em "Animan", então eu só fiz me aproveitar desse conceito que já é oficial.

Referência engraçada: numa das cenas é dito que um dos atributos que o Jacques mais gosta na Alya é a voz. Eu fiz isso porque na versão brasileira a Alya é dublada pela Luisa Palomanes, que deu vozes a outras personagens como a Katara de "Avatar - A Lenda de Aang" e a Estelar de "Jovens Titãs", e eu particularmente acho a voz da Luisa Palomanes muito linda.

O conceito desse capítulo teve pequenas, digo, grandes inspirações em um famoso filme de super-herói classificação +18. Vocês conseguem dizer qual?

Antes que eu me esqueça, gostaria de agradecer à MusaAnônima12345 por estar colaborando comigo nesta fanfic. Ela que fez a arte conceitual do uniforme de herói do Jacques (inclusive o desenho está com o nome beta de super-herói) e também fez e está fazendo a arte conceitual de outros personagens que aparecerão futuramente na história.
Por enquanto é só, até o próximo capítulo. Não se esqueçam de deixar seus comentários, teorias e sugestões. Até o próximo capítulo.



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