Defensores de Paris 2 - As Joias Perdidas escrita por Blue Blur


Capítulo 20
O Plano de Inuwashi


Notas iniciais do capítulo

Após roubar mais uma das joias perdidas, Inuwashi consegue rastrear mais uma das Pérolas de Ladybug. Para capturá-la, ele cria um engenhoso plano em parceria com o foragido líder da Surveillance, Drygut.



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Em pouco tempo, policiais e enfermeiros estavam presentes no colégio François Dupont. Ladybug e Chat Noir ainda não haviam desfeito suas transformações porque precisavam trocar algumas informações com os policiais.

(Charlotte): Ladybug, o que está acontecendo? Como um sujeito daquele tamanho conseguiu sumir assim, sem mais nem menos?

(Ladybug): É complicado de explicar, mas a verdade é que Inuwashi está atrás de joias mágicas, parecidas com os nossos Miraculous, a fim de ganhar novos superpoderes.

(Masato): E o que exatamente ele busca com esses novos poderes?

(Chat Noir): Olha, aí fica ainda mais difícil de responder. Inuwashi é um sujeito de motivações confusas.

(Ladybug): As únicas coisas que sabemos é que temos que recuperar o máximo de joias antes de Inuwashi, e que tem a outra vilã, Le Paon, que está lutando contra o Inuwashi, mas não está do nosso lado.

(Charlotte): Isso está assim desde aquela tentativa de roubo da exposição do Louvre?

(Ladybug): Sim.

(Charlotte): E quantas joias vocês já têm?

(Ladybug): Eu tenho duas, o Chat Noir tem uma, já o resto... *meio envergonhada* está ou com o Inuwashi ou a Le Paon.

(Masato): Espere um pouco aí, eu ouvi direito? Vocês estão lutando contra dois vilões extremamente perigosos, não sabem nada sobre eles, e estão deixando que eles alcancem os objetivos escusos deles, é isso?

(Chat Noir): Aí, você está sendo injusto! Nós ficamos lutando na linha de frente enquanto você só chega no finalzinho! Ainda se acha no direito de nos criticar? Estamos fazendo o melhor que podemos!

(Masato): Só que esse “melhor” de vocês terminou com uma garota com o ombro perfurado e outro rapaz cheio de escoriações! Vocês estão deixando aquele criminoso tocar o terror em Paris!

(Charlotte): Masato, isso não é verdade! Você acompanhou este caso desde o início, viu o que Inuwashi fez e o que poderia ter feito não fosse a intervenção de Ladybug e Chat Noir.

(Masato, fazendo o cumprimento japonês): Tem razão. Perdoe minha conduta ferina, Mitsubachi-san.

(Ladybug, confusa): Errr... Mitsu-o quê?

(Charlotte): “Mitsubachi” é como os japoneses chamam “Ladybug”.

(Ladybug): Ah sim, tudo bem. Entendemos o quanto seu trabalho é estressante, mas entenda que o nosso também é. Fazemos o possível para proteger Paris e deter Inuwashi e Le Paon, da mesma forma que derrotamos Hawk Moth, mas nós somos pessoas normais por baixo das máscaras, também temos nossas falhas.

(Masato): Entendo... mas de agora em diante, faça uma coisa: sempre que for entrar em ação para ir atrás do Inuwashi ou da Le Paon, nos contatem antes, está bem?

(Chat Noir): Deixa com a gente.

(Charlotte, sorrindo): É melhor vocês me contatarem. Na maioria das vezes Masato não atende o celular.

(Masato, sério): Eu sou um sujeito ocupado, Charlotte. Meu foco é a investigação, não o trabalho em campo. Desculpe se nem sempre tenho tempo para lhe atender.

(Charlotte, rindo): Eu estou brincando com você, seu bobo!

Charlotte deu um abraço no detetive japonês e deu um beijo na bochecha dele, deixando-o meio sem jeito e arrancando risotas dos heróis.

(Masato): Ei Ladybug, você está ficando sem tempo! Precisa desativar sua transformação!

(Ladybug): Caramba, bem lembrado! Obrigada, detetive!

(Chat Noir): Se cuidem, a gente se vê mais tarde!

(Masato): Charlotte, preciso que você e Roger fiquem na delegacia cuidando da parte investigativa. Eu fico de patrulha hoje, está bem?

(Charlotte): Não precisa Masato, eu posso continuar a patrulha normalmente.

(Masato): Charlotte, por favor. A última coisa que eu quero é que aquele maníaco machuque você!

Charlotte corou levemente. Ela não admitia, mas adorava a forma como Masato sempre se preocupava com o bem-estar dela.

(Charlotte): Está bem, se isso lhe tranquiliza, eu vou ficar cuidando da nossa investigação. Você fica na patrulha, mas se comunique sempre comigo e com o Roger, está bem?

(Masato): Está bem.

Enquanto isso, a médica Camille Broussard estava fazendo um curativo no ombro ferido de Alya, que estava sentada numa maca.

(Camille): Prontinho, você vai ficar boa, nenhum osso foi quebrado, apenas o músculo foi lesionado. Você realmente é uma menina de sorte.

(Alya): Nem tanto, com esse ombro ferido não vou ter como me transformar em Volp... err digo, não vou ter como fazer meu cooper de final de tarde, entende? Meus pais viviam falando que eu precisava parar de passar tanto tempo na frente do computador atualizando meu blog e começar a me exercitar mais.

(Camille): Ah bom, mas talvez isso não seja um problema tão grande. Apenas tome cuidado para não forçar muito o ombro.

Terminando o curativo, Alya foi conversar um pouco com Jacques, que havia feito curativos junto com ela. Por conta do poder protetor de seu Miraculous, Jacques havia ficado apenas com algumas escoriações e uns poucos hematomas.

(Alya): Jacques, você teve muita sorte de só ter tido ferimentos leves! Pela surra que você disse que aquele monstro de deu, eu imaginei que você teria que ser levado daqui por uma unidade paramédica!

(Jacques, sorrindo): O que eu posso dizer, sou um cara duro de matar!

(Alya): Isso e você também teve sorte de ter achado um lugar para se esconder.

(Jacques): Ééééééé, tem isso também. Rapaz, ainda bem que a Ladybug e os parceiros dela apareceram, senão nós dois estaríamos muito piores!

(Alya): Verdade, eu nem sei o que aquele maníaco teria feito comigo se o Ninja Turtle não tivesse aparecido na hora! Ou pior, o que ele teria feito com a minha irmã!

(Jacques): Alya... o que você acha do Ninja Turtle?

(Alya): Bom... ele parece um cara legal, eu não sei. Foi muito legal da parte dele ter aparecido para me ajudar, eu não sei o que teria feito se ele não tivesse chegado na hora H.

(Jacques, sorrindo): E ainda dizem que as tartarugas são lerdas.

(Alya): Hahahahaha! *sente o ombro latejar* Ai, meu ombro!

(Jacques): Alya, você está bem?

(Alya): Estou, só o meu ombro dando problemas de novo.

(Jacques): Por que você não está usando uma tipoia? A doutora Camille não lhe deu uma?

(Alya): Bom, na verdade ela deu, só que depois de um tempo começou a doer meu pescoço, então eu tirei.

(Jacques): Não, não é para tirar, senão seu ombro vai ficar balançando e vai doer ainda mais. Aqui, deixe-me dar um jeito para não machucar seu pescoço.

Jacques pegou a tipoia que Alya havia colocado na mochila e recolocou na garota, ajustando a alça para que ficasse encaixada na gola, a fim de não machucar o pescoço dela.

(Jacques): E então, ficou melhor?

(Alya): Jacques, ficou ótimo.

Jacques deu uma mexida nos cabelos de Alya e ficou encarando os belos olhos dourados da garota. Aquilo fez ele corar, e depois Alya corou de nervosismo porque Jacques havia corado, e ambos começaram a rir de nervosismo. Aquele ciclo estranho e engraçado foi interrompido quando Nino chegou de repente.

(Nino): Alya, graças a Deus eu te achei! Você está bem? *olha para o ombro* Apesar do seu ombro?

(Alya, sorrindo): É, eu estou bem sim. O Ninja Turtle apareceu e me ajudou a escapar daquele homem-águia.

(Nino): Alya, eu estou tão feliz porque nada de pior lhe aconteceu!

(Alya): Que bom que aquele louco não fez nada com você.

Os dois começaram a rir e trocar selinhos, o que deixou o Jacques meio chateado e o fez sair de perto.

— AAAALYAAAAA!!!

Uma garotinha morena de mais ou menos metade do tamanho de Alya praticamente se jogou em cima dela e a abraçou com todas as forças.

(Alya, sentindo o ombro meio dolorido): Ai Ágatha, cuidado! Eu estou machucada!

(Ágatha, chorando): Me desculpe, eu sinto muito, eu não devia ter sido tão respondona com você nem ter te chamado de nerd chata! Me desculpe Alya!

(Alya, tentando acalmar a irmã): Calma Ágatha, é claro que eu desculpo você. Mas eu também preciso que você me desculpe. Eu fui muito dura com você. Eu não devia ter dito aquelas coisas ruins, principalmente sobre o fato de que a Volpina nunca gostaria de você. Eu sei o quanto você gosta dos heróis de Paris, e o quanto isso significa para você.

(Ágatha, enxugando as lágrimas): E você acha que ela gostaria de mim?

(Alya, sorrindo): Depois de como você foi corajosa hoje? Tenho certeza!

Ágatha ficou extremamente feliz com o pedido de desculpas de sua irmã mais velha, depois disso, o trio foi atrás de Marinette e Adrien, que tinham um péssimo hábito de sumir nesse tipo de ocasião. Enquanto isso, Jacques foi para outro canto, buscando ficar isolado, ainda bastante chateado, fato que chamou a atenção de Wayzz.

(Wayzz): Mestre, você ficou chateado por conta da Alya e do Nino?

(Jacques): Um pouco, Wayzz, mas confesso que estou mais chateado comigo mesmo.

(Wayzz): O que aconteceu, mestre?

(Jacques): Eu fui fraco, Wayzz. Eu devia ter enfrentado o Inuwashi como um herói, não ser o saco de pancadas dele!

(Wayzz): Mestre, a culpa não foi sua. Inuwashi é um oponente muito poderoso.

(Jacques): Mas a Ladybug consegue enfrentar! Como uma garota mais nova consegue dar conta daquele brutamontes e eu não?

(Wayzz, confuso): Você está chateado porque a Ladybug é habilidosa? O que há de errado nisso?

(Jacques, irritado): Não há nada errado com ela, Wayzz! O erro é comigo! Eu devia ser mais forte que ela! Eu sou um homem!

(Wayzz): E porque uma mulher não pode ser forte, Wayzz?

(Jacques, irritado): Você não entende! Você nunca vai entender!

(Wayzz, sem perder a calma): Talvez eu entendesse se você me explicasse

Apesar de ser um kwami milenar, Wayzz achava bastante complicado entender as motivações de Jacques, mas por sorte ele era bastante paciente, o que era um equilíbrio perfeito para a personalidade forte (até demais) de Jacques. Fosse Wayzz mais parecido com Plagg ou Tuggi e a conversa teria um rumo meio tenso, e foi justamente essa personalidade calma de Wayzz que fez Jacques se acalmar e começar a se explicar normalmente.

(Jacques): Algum tempo atrás, eu entrei no quarto da minha mãe e peguei o diário dela para ler. Eu não sabia que era um diário até que eu comecei a ler. Havia vários trechos onde ela falava do meu pai.

(Wayzz): O que tem seu pai?

(Jacques): Meu pai era policial, e um dia ele morreu em ação, quando eu ainda era um bebê. Depois disso minha mãe nunca mais foi a mesma.

(Wayzz): O que aconteceu?

(Jacques): Minha mãe passou a dedicar corpo e alma para se tornar a maior policial de Paris. Ela treinou com minha tia arduamente. Eu li no diário dela o quanto ela teve que apanhar, literalmente, até aprender a lutar. Minha tia Anansi é faixa preta em karatê e ainda luta kickboxing.

(Wayzz): Céus! E por que sua mãe aceitou se submeter a isso?

(Jacques): Porque eu era fraco Wayzz, apenas um bebê. Ela achava que esse era o único jeito de me proteger. Claro que se arriscar da forma como ela fez não foi um bom exemplo maternal, mas ela conseguiu. Um dia, eu vou me tornar igualmente forte! Não, eu tenho que me tornar mais forte que ela, assim eu não precisarei mais ser protegido por ela, e ela não vai mais ter que se submeter a tudo isso!

Wayzz ficou surpreso com o que Jacques externou a ele: era essa sua real motivação. Não tinha nada a ver com conquistar garotas ou ser famoso. Bom, talvez até tivesse, mas a verdade é que Jacques queria preencher aquela sensação de impotência que o incomodava constantemente. Queria ser alguém forte para ajudar sua mãe, para que ela não tivesse mais que lutar por ele. Queria ser forte para que aqueles com menos poder de luta não tivessem que fazer das tripas coração para que seus direitos ecoassem.

(Wayzz): Sua motivação é bastante nobre, mestre Wayzz.

(Jacques): Obrigado, Wayzz.

(Wayzz): Mestre, eu vou dizer algo agora que talvez lhe desagrade: você tem certeza absoluta de que esta é sua real motivação?

(Jacques): Certeza absoluta, Wayzz.

(Wayzz): Porque eu estava pensando: e se toda essa sua paixão por Alya for apenas seu subconsciente buscando a aprovação de alguém nessa sua missão?

(Jacques): Como assim?

(Wayzz): Nunca lhe falei isso para não lhe chatear, mas a verdade é que, além de eu não achar certo essa obsessão que você tem pela Alya, eu nunca entendi como você começou a gostar dela. Vocês não estudam na mesma classe, quase não se falam. É estranho você começar a gostar de uma garota com quem você quase não conversa assim, sem mais nem menos.

Jacques ficou pensativo, depois olhou para Wayzz e admitiu a realidade que ele tanto se recusou a aceitar.

(Jacques): Você tem razão Wayzz. O que eu sinto pela Alya não é amor, nunca foi. O Nino é que a ama de verdade. Essa obsessão por ela realmente não está fazendo bem para mim.

(Wayzz): Que bom que você finalmente ouviu a voz da razão, mestre Wayzz.

Wayzz subitamente se escondeu assim que ouviu mais alguém se aproximando, mas dessa vez não era Chloé.

(Charlotte, abraçando Jacques com força): Meu filho, graças a Deus não aconteceu nada pior com você! Quando a doutora Camille me falou sobre você ter sido atacado...

(Jacques): Eu só estava tentando defender a Alya, só que minhas técnicas de caratê não surtiram muito efeito.

(Charlotte): É claro que não surgiram, você ainda está na faixa branca! Além disso, você estava lutando contra um vilão com superpoderes, você devia ter deixado isso com a Ladybug.

(Jacques): Mas mãe, a Ladybug não tinha chegado a tempo, eu tinha que fazer alguma coisa ou Alya ia se machucar seriamente!

(Charlotte, sorrindo): Você realmente puxou o seu pai: prefere entrar numa briga com poucas chances de vencer do que ver uma garota se machucando. Sua coragem é admirável, mas você tem que começar a ser mais prudente, do contrário você só será mais uma vítima do vilão.

(Jacques): Está bem mãe, prometo que vou aperfeiçoar mais.

(Charlotte): Agora vamos para casa, vou conversar com seus professores para que eles liberem você para ficar de repouso e curar esses machucados.

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Longe dali, pelas ruas de Paris, o foragido ex-líder da Surveillance, Drygut, trafegava pelas ruas de Paris num Sedan cor de prata, quando recebeu uma ligação de um número desconhecido. Porém, ele já sabia do que se tratava.

(Drygut, atendendo o telefone): Monsieur Inuwashi, já esperava uma ligação sua. Acabei de ver uma notícia fresquinha sobre seu ataque ao colégio François Dupont.

Inuwashi usava um modulador de voz para manter sua identidade em sigilo, mas dava para perceber que ele mostrava uma espécie de desprezo pelo comentário do comparsa, meio que um “dane-se se você sabe disso, pouco me importa. ”

(Inuwashi): Eu achei uma das joias lá e fui atrás, não devo satisfação nenhuma a você. Agora me escute, tenho uma nova missão para você.

(Drygut): Que seria...?

(Inuwashi): Depois de terminar aqui no François Dupont, eu fui atrás de mais pistas sobre as joias que estou procurando. Eu achei em um shopping um brinco parecido com o Miraculous da Ladybug, só que de cor azul. Eu vou atacar esse shopping daqui de dentro e preciso de sua ajuda.

(Drygut): Você tem uma armadura de ouro, força sobre-humana e novos poderes dados por essas joias, como se regenerar e ficar invisível. Por que raios você precisa da minha ajuda?

(Inuwashi): Se eu atacar agora, tanto a Ladybug quanto a Le Paon virão para cima de mim. Porém, se você também criar uma distração, atrairá a atenção de Ladybug, enquanto que eu vou poder cuidar de Le Paon.

(Drygut): Como você tem tanta certeza de que isso dará certo? Quem garante que essa Le Paon não vem atrás de mim e a joaninha irritante não vai atrás de você?

(Inuwashi): Porque para Le Paon as joias são prioridade. Se ela me ver, saberá que há uma joia por perto e irá me confrontar. Quanto à joaninha... como toda heroína petulante que se preze, ela é movida por uma tola moralidade que coloca os cidadãos de Paris acima dos próprios interesses. Além do mais, eu dei um jeito num dos ajudantes dela, o que deve facilitar as coisas para você.

(Drygut): Parece um bom plano, mas eu não sei se é vantajoso para mim lutar sozinho contra, deixa eu ver, cinco moleques fantasiados.

(Inuwashi): Façamos assim então: mandarei um outro agente para lhe ajudar na luta, usando a joia da invisibilidade que eu tenho. Também te darei a liberdade de fazer o que quiser para chamar a atenção da joaninha.

(Drygut): Hummm, agora isso ficou interessante.

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Mais ou menos na hora do almoço, Charlotte e Roger foram para um restaurante almoçar e também conversar um pouco para relaxar.

(Charlotte): Roger, esse peixe é uma maravilha! Mais uma vez muito obrigada pela cortesia!

(Roger): De nada, eu vi você dando um duro danado na investigação, que por sinal era do Nakajima, e achei que você merecia um bom almoço depois disso.

(Charlotte): Obrigada, é muito gentil da sua parte.

(Roger): Mas por que você estava fazendo todo o trabalho do Nakajima?

(Charlotte): Ele disse que precisava fazer uma investigação de campo e pediu para que eu fizesse uma análise nas pistas que já foram reunidas.

(Roger): Descobriu alguma coisa?

(Charlotte): Não muita. Sabemos que tudo isso está interligado: o ataque ao Louvre, os bandidos presos, o homem-águia... mas não temos como provar isso.

(Roger): Esse tempo todo e o Nakajima não descobriu nada?

(Charlotte): Pois é... estranho, né?

(Roger): Às vezes eu acho que o Nakajima está jogando tudo nas suas costas.

(Charlotte): Não diga uma coisa dessas, Roger! Ele já me ajudou várias vezes! Ele avisou sobre o ataque ao Louvre, ele me ajudou a bolar um plano para enfrentar o criminoso, e várias outras coisas. Masato é um detetive empenhado, inteligente, cordial, gentil... *sussurrando* bonito.

Roger percebeu que Charlotte havia ficado levemente corada quando começou a elogiar o Masato. O capitão da polícia ficou com um pouco de ciúmes, mas conseguiu disfarçar.

(Roger): Bom, mas vamos mudar de assunto. Como está o Jacques?

(Charlotte): O Jacques? Ele está muito bem. Sabe que ele começou a praticar caratê?

(Roger): Legal, estou até imaginando ele lutando igual a você.

(Charlotte, rindo): Ele ainda vai ter que levar muito cascudo da Anansi para lutar igual a mim.

(Roger, surpreso): Anansi? Você está falando de Anansi Olivier, a tricampeã de caratê e bicampeã de kickboxing?

(Charlotte): Essa mesma. Ela é tia do Jacques e agora é a professora de artes marciais dele.

(Roger, rindo): Charlotte, acho melhor você parar de pagar as mensalidades da academia da Anansi e guardar dinheiro para o plano funerário do seu filho.

(Charlotte, rindo): Para de palhaçada, Raincomprix. Comigo foi pior e eu não morri!

(Roger): Ainda bem.

Os dois ficaram rindo por algum tempo, e Roger ficou apreciando aquilo. Talvez soe estranho, mas Roger achava a risada de Charlotte um tanto... melodiosa. Tanto tempo servindo ao lado de sua antiga capitã (e agora comissária) fizeram com que ele apreciasse bastante a companhia dela. De fato, ele via Charlotte como uma boa companheira, uma boa amiga... talvez até um pouco mais que isso.

(Charlotte, abraçando Roger): Muito obrigada por ter me pagado esse almoço delicioso. Eu fico te devendo uma.

(Roger): Ora essa, que tipo de cavalheiro eu seria se cobrasse favores de uma dama?

(Charlotte): Tchau Roger, nos vemos outra hora no trabalho.

Ambos trocaram um beijo na bochecha e, depois de pagarem a conta, cada um foi seguir seu caminho, disfarçando um leve rubor que ambos criaram no rosto. Charlotte entrou no carro e foi para casa. Lá, entrou discretamente porque certamente Jacques estaria repousando para se curar de seus ferimentos (eles nem tinham sido tão graves assim, mas vocês sabem como as mães são). Depois de se trocar, Charlotte levou para seu quarto algumas coisas que havia trazido da delegacia e começou a colocar tudo na sua escrivaninha: pastas com arquivos impressos, fotos batidas pela equipe de perícia criminal, fichas dos criminosos capturados, evidências e um objeto particularmente destoante: uma caixinha com uma lente de contatos dentro. Isso mesmo: não era um par de lentes de contato, era uma única lente de contatos, numa caixa.

(Charlotte): Por que cargas d’água Masato tinha isso guardado na mesa dele?

Charlotte não sabia explicar por que, mas segurando aquela lente de contato, sentiu um impulso inexplicável para colocar aquilo no olho. Para não correr o risco de pegar conjuntivite ou terçol, Charlotte foi até o banheiro, lavou adequadamente a lente de contato e a colocou no olho esquerdo. Ao se olhar no espelho, não notou nada de estranho, a não ser um reflexo estranho que saiu de seu olho esquerdo e, ao bater no espelho, a ofuscou momentaneamente.

(Charlotte): Estranho uma lente de contato refletir luz... acho melhor voltar ao trabalho.

Charlotte foi juntando as peças, tentando achar alguma pista que não conseguia ver antes, mas foi tudo inútil. A comissária de polícia tentou achar algum padrão naquela bagunça, mas nada parecia fazer sentido. Depois de ficar uns 30 minutos batendo cabeça, a comissária, já cansada, começou a esfregar os olhos, meio sonolenta.

(Charlotte, cansada): Só mesmo uma revelação miraculosa para eu entender essa bagunça.

— EU OUVI ALGUÉM PEDINDO UMA REVELAÇÃO MIRACULOSA???

Uma voz feminina, porém, assustadora e imponente rimbombou pelo quarto de Charlotte. Uma sombra assustadora, parecendo um monstro marinho se formou sobre toda a papelada que Charlotte colocou na mesa.

— GRITE DE TERROR ANTE MINHA PRESENÇA!!!

(Charlotte, apavorada): AAAAAAHHHHHHHH!!!

(Jacques, sonolento): Mãe, o que aconteceu.

Charlotte lembrou-se na hora de que seu filho ainda estava dormindo e que seu grito provavelmente o acordou. Rapidamente tratou de reverter a situação como pôde.

(Charlotte): Desculpe filho, eu me assustei com uma barata.

(Jacques, sonolento): Ah...

— PREPARE-SE CHARLOTTE, PORQUE UMA GRANDE FONTE DE PODER FOI COLOCADA DIANTE DE SEUS OLHOS. ENTÃO OUÇA MINHAS PALAVRAS: É SEU DESTINO VENCER INUWASHI E RESTAURAR A PAZ EM PARIS!!!

Charlotte ficou desconfiada pelo fato daquele monstro saber o nome dela.

(Charlotte): Vem cá, desde quando eu conheço você?

— ORA ESSA, CHARLOTTE, EU FUI MANDADA PARA VOCÊ PELA PRÓPRIA LADYBUG!!! EU SOU A HEROÍNA QUE NUNCA DESISTE!!! SOU A ONIPOTENTE, A LINDÍSSIMA, a imortal Undee.

Charlotte ficou mais confusa ainda quando viu a cena seguinte: o tal monstro na verdade era só um bichinho voador minúsculo, com uma joia negra no lugar do olho esquerdo, que estava fazendo sombra na lâmpada de seu quarto.

(Charlotte, confusa): Errr... a Ladybug me mandou uma peixinha voadora para me ajudar?

(Undee): Tubarão. Tubarão! Nada de “peixinha”, eu não saio por aí comendo minhocas.

(Charlotte): Mas você é tão...

(Undee): Incrível? Descolada?

(Charlotte): ...minúscula!

(Undee): É claro que sou, todos os kwamis são assim. Mas não subestime meus poderes humana. Eu sou capaz de fazer muita coisa: eu posso voar, eu não envelheço, e eu posso atravessar superfícies *atravessa a escrivaninha da Charlotte* eu posso atravessar seres vivos *atravessa o peito da Charlotte* Uau, apesar de ser uma senhora de meia-idade você realmente é alguém muito digna de res-PEITO!!!

Entendendo o trocadilho maldoso de Undee, Charlotte deu um tabefe na kwami, que se estatelou no chão.

(Undee, irritada): Quer saber? Desgraça, que caía desgraça sobre toda sua família! Pode anotar aí: Desgraça para você, desgraça para o teu catarrento, desgraça para...

(Charlotte, silenciando a kwami): Para! Desculpa, eu estou estressada, passei o dia todo trabalhando duro, eu estou meio estressada.

(Undee): Então mulher, é melhor você se acalmar aí, viu?

(Charlotte): Está bem.

(Undee): Seguinte, eu sei que disse que a Ladybug me mandou, mas foi só um truque para chamar sua atenção. A verdade é que meu Miraculous ficou perdido por bastante tempo e você foi a primeira a encontra-la depois do que pareceu uma eternidade.

(Charlotte): Mas não fui eu que encontrei você e sim o Masato.

(Undee): Quem é Masato?

(Charlotte): Masato é o meu... não, deixa para lá.

Falando no Masato, a conversa entre Charlotte e Undee foi interrompida justamente por uma ligação de Masato. Ao atender, ela percebeu que havia algo muito errado.

(Masato, agitado): Charlotte, acabei de ter notícias de um assalto! Você tem que ir me encontrar no banco de Paris imediatamente!

(Charlotte): Acalme-se homem, já estou a caminho!

Charlotte começou a se arrumar na maior pressa, mas foi interrompida por Undee.

(Undee): Espere um pouco aí amiga, não está se esquecendo de nada?

(Charlotte): Verdade, não posso sair sem minha pistola!

(Undee): Estou falando de mim. Eu estou aqui para te ajudar nessas coisas. Você achou que eu seria só sua mascotezinha, é?

(Charlotte): Como assim “me ajudar? Do que você está falando, Undee?

(Undee): Seguinte: se coloque em posição de pé e ereta.

(Charlotte): Está bem.

(Undee): Agora ponha a barriga para dentro e esse seu belo peito para fora!

(Charlotte): Está bem... ei! O que você quis dizer com...?

(Undee, interrompendo Charlotte): Agora estenda sua mão e grite: “Undee, lança da justiça!”

(Charlotte, estendendo a mão): Undee, lança da justiça!

A kwami de Charlotte entrou na lente de contato colocada em seu olho esquerdo. Uma máscara, parecida com a de Ladybug, apareceu em seu rosto, só que de cor azulada. Seu olho direito ficou com a esclera amarela e com a pupila verticalizada, enquanto seu olho esquerdo ficou tapado por um tampão preto. Uma barbatana dorsal de tubarão apareceu nas costas dela. Charlotte também ganhou um traje azul com detalhes cinzas, bem como uma yari (tipo de lança japonesa), mas a mudança mais drástica, que a tornou praticamente irreconhecível, foram seus cabelos, que mudaram de loiros para ruivos.

(Charlotte, transformada): Uau, eu... eu estou incrível! Eu virei uma super-heroína! Será que eu tenho algum superpoder? Quem sabe... “Ataque de tubarão”? *nada acontece* Errr, está bem, talvez... “Terror dos oceanos”? *nada acontece* Ora, vamos lá, a Ladybug cria objetos, o Chat Noir tem aquele toque corrosivo, a Queen Bee cria um soldado, não é possível que eu...

Outra ligação de Masato apareceu no celular de Charlotte, anunciando que ela deveria parar de brincar de super-heroína e partir logo para sua missão.

(Charlotte): Quer saber, eu descubro isso depois! Agora tenho que cuidar de uns assaltantes!


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Notas finais do capítulo

Ahahahahahaha!!! Esse capítulo foi um deleite para escrever! Essa personagem já estava no baú há um tempão, apenas esperando seu momento para sair! Quando eu criei Charlotte minha intenção era que todo mundo a odiasse porque ela ficava toda hora caçando a Ladybug, mas no final ela conseguiu um monte de fãs. Por isso decidi dar a ela algo a mais para gostarem: um Miraculous! A forma heroica de Charlotte, bem como a kwami dela, foram desenhadas pela MusaAnônima12345, e a arte conceitual pode ser encontrada aqui: https://pre00.deviantart.net/9862/th/pre/i/2017/177/b/4/requim_femme_by_12345laurakarolyne-dbe49u3.jpg

Fato curioso: A versão heroica de Charlotte foi inspirada na personagem Undyne, de Undertale.

Espero que tenham gostado do capítulo. Deixem seus comentários: críticas, sugestões e teorias são sempre bem-vindos. Até a próxima.

A propósito, as duas novas fanfics que eu disse que ia lançar já estrearam. A primeira: "Além de Rainhas e Generais", está disponível na categoria dos Originais. A segunda, "Sangue, Suor, Lágrimas e Estilhaços" é uma fanfic de Steven Universo ambientada na Guerra Gem. Não deixem de ler.



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