Defensores de Paris 2 - As Joias Perdidas escrita por Blue Blur


Capítulo 16
Quebra de Laços


Notas iniciais do capítulo

Depois do ocorrido com Diego, Chloé sente sua consciência lhe acusando de ser conivente com a conduta de Jacqueline. A loira se recusa a encarar essa realidade hostil, mas sabe que terá que lidar com os fantasmas de seu passado, cedo ou tarde, e de maneiras pouco agradáveis.



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Era final de tarde, o sol já estava em seu crepúsculo em Paris. Diego estava no quarto, sentado em sua cama, de castigo por ter quebrado um perfume de 200 euros durante uma discussão. Miguel e Camille, os pais do garoto, estavam tendo uma conversa séria com Diego por conta de sua atitude precipitada.

(Miguel, sério): Diego, posso saber no que raios você estava pensando?

(Diego, cabisbaixo): Desculpe pai, é que eu simplesmente não aguentei ver a sacanagem que aquela riquinha mimada estava fazendo. Ninguém fez nada a respeito, eu tinha que...

(Camille): Diego, não é isso o que estamos discutindo. Nesse aspecto, você tinha toda razão, mas você a perdeu no momento em que danificou uma posse alheia. Não importa com quem você esteja discutindo, destruir posse alheia é vandalismo e isso é crime, sabia?

(Diego): Eu entendo... *tentando melhorar as coisas* mas a Lila disse que ia me ajudar a pagar.

(Camille): E você acha isso uma coisa boa? O que o senhor e a senhora Rossi vão pensar disso? A filha dele desembolsando dinheiro para pagar uma despesa do namorado que se envolveu numa briga no colégio... e com outra garota, ainda por cima.

(Diego, fazendo cara de dor): Ai cara, acho que era bem melhor eu ter ficado quieto. Putz grila, é bem capaz de botarem um segurança para me manter a 50 metros da Lila a partir de amanhã.

(Camille): Não Diego, não teria sido melhor você ter ficado quieto. Intervir naquela situação foi a coisa certa a se fazer, o que foi errado foi a forma como você fez. Uma coisa que eu aprendi estudando medicina: Você sabe qual a diferença do remédio pro veneno?

(Diego): A composição química?

(Camille): A quantidade. Uma dose correta de aspirina pode salvar uma pessoa de um infarto, uma overdose pode matá-la de hemorragia. Uma dose correta de insulina mantém um diabético vivo, uma dose errada, mesmo que por pouco, mata-o por hipoglicemia.

(Miguel): Nunca deixe de ajudar aqueles que precisam, filho, mas também se lembre de sempre agir pelas vias corretas. Entendeu, filho?

(Diego): Entendi, pai.

(Camille): Bom, agora como castigo você vai ficar duas semanas sem videogame.

(Diego, falando para si mesmo): Bom, podia ser pior.

(Miguel): E você vai ajudar a pagar o dinheiro que a sua namorada te emprestou.

(Diego): Mas eu não tenho o suficiente! Como vou juntar dinheiro?

(Camille): Vejamos, acho que vendendo alguns desses seus jogos velhos você consegue uns duzentos euros fácil, tipo esse aqui (https://static.giantbomb.com/uploads/scale_small/8/87790/2331114-box_gow2.png), com esse sujeito com essas lâminas horripilantes. Tem muito sangue aqui! Você não devia jogar isso!

(Diego, tomando o jogo): Mãe, isso é um clássico! Eu tenho a trilogia completa contando a saga do guerreiro Greyton! Eu não vou vender isso não!

(Miguel): Bom, você pode vender esse aqui então (http://i.imgur.com/nT0y5.jpg). Sei lá, agora que você tem namorada, não me parece muito certo jogar esse tipo de jogo.

(Camille, pegando o jogo, meio irritada): Então é por isso que você tranca a porta quando vai jogar videogame?

(Diego, tomando o jogo): Não é nada disso mãe, eu posso explicar.

(Camille, irritada): Então vamos lá, me explique o que essa pornografia barata está fazendo junto com os seus jogos?

(Miguel): Camille, deixa o garoto. Meninos são assim mesmo.

Os dois pais saíram do quarto. Diego, meio aborrecido por causa da ideia de vender alguns de seus jogos, foi revisando quais iriam ser vendidos.

(Diego, segurando o jogo “pornográfico”): Pensando bem, meu pai tem razão. Eu tenho namorada agora, não posso ficar consumindo esse tipo de conteúdo, é quase um desrespeito.

— Engraçado, essa ruiva aí parece a Lila, só que branca.

(Diego, embaraçado): Não inventa moda, Tuggi! Anda, me ajuda a escolher alguns jogos para vender.

(Tuggi, pegando outro jogo): Olha, você tem outros desses jogos com meninas voluptuosas. Ei Diego, acha que a roupa dessa ruiva aqui ficaria boa na Lila? (http://vignette4.wikia.nocookie.net/vsbattles/images/7/71/DOA5_Kasumi_Render.png/revision/latest?cb=20170130100519)

(Diego, da cor de um tomate): Droga Tuggi, pare de estragar o pouco de inocência que ainda me resta!

(Tuggi, rindo): Ei, calminha aí, Dieguito! Não vá se estressar e quebrar esses jogos igual você quebrou o perfume daquela patricinha!

Tuggi esperava outra reação histérica do seu amigo humano, mas Diego simplesmente ficou sério e ignorou. Tuggi detestava quando suas brincadeirinhas não surtiam efeito, e era nessas horas que ela buscava conversar com seriedade.

(Tuggi, séria): Ei Diego, desculpa se você ficou chateado. Eu só queria...

(Diego): Não, tudo bem Tuggi. É que eu ainda estou meio chateado pelo que eu fiz com a Chloé. Eu fui muito duro com ela. Eu tentei falar pelo Whatsapp com ela, mas ela visualiza e não responde.

(Tuggi): Acho que esse tipo de coisa você devia acertar cara a cara, não numas mensagens por celular.

(Diego): Tuggi, eu não posso. Eu não consigo fazer isso, a Chloé não vai querer nada de mim depois de eu ter humilhado ela na frente da escola inteira, eu...

(Tuggi): “Eu não posso”, “eu não consigo”, “eu, eu, eu...” Será que o problema é a Chloé ou é você?

(Diego): Como assim?

(Tuggi): Eu começo a pensar que o problema maior não é a Chloé perdoar você. É que você não está conseguindo perdoar a si mesmo. Já dizia Shakespeare: “Às vezes não basta ser perdoado pelo outro, você tem que perdoar a si mesmo. ”

(Diego): É, você tem razão, Tuggi. Tudo bem, eu vou falar com a Chloé amanhã de manhã. Eu vou me desculpar com ela. Vou botar tudo nos eixos. Mas por hoje vamos ir separando alguns jogos para botar no sebo, ok?

(Tuggi): Ok. Ei, por que você não bota aquele jogo ali do Speeder? Você sempre reclama que ele é todo bugado.

(Diego): Verdade, e aquela cena do beijo é indigesta. Não sei no que raios a Seiga estava pensando quando fez aquela bodega.

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Naquela mesma noite, Chloé e Jacqueline já estavam no restaurante do hotel Le Grand Paris. As duas estavam vestidas de forma casual, para um encontro de amigos. Porém Jacqueline estava meio reticente com aquele visual, já que ela havia insistido (sem sucesso) para que Chloé vestisse algo mais elegante e sofisticado.

(Jacqueline): Chloé, amiga, por que você se vestiu desse jeito? Não acha meio... simplório demais?

(Chloé): Jacqueline, é assim mesmo que eu me visto para ocasiões casuais. É só um encontro de amigos: você, eu e o Adrien.

(Jacqueline): Por isso mesmo! O Adrien! Adrien Agreste, o filho do maior estilista de Paris! Escuta amiga, eu sei que desde criança você tinha um abismo por ele – eu tinha uma quedinha, claro, que garota não tinha? – Mas vocês ainda eram crianças! Agora é diferente! Qualquer garoto daria tudo para estar com você, e se o Adrien não te notar mesmo assim, ele só pode ter um problema.

Chloé riu, mas sem graça. Ela sabia que tinha que pensar num jeito de contar para Jacqueline a verdade sobre o porquê de não estar namorando o Adrien, mas a verdade é que no fundo ela tinha medo de como sua amiga reagiria.

(Chloé): Sobre isso, Jacqueline, tem uma coisa que eu preciso te contar... é sobre o Adrien...

(Jacqueline): Espera, deixa isso pra depois amiga, olha só quem acabou de chegar!

(Adrien): Oi meninas, como vocês estão?

Adrien havia acabado de chegar, acompanhado de sua namorada, Marinette. Chloé fez uma expressão de nervosismo. Lembrou-se de todas as vezes que atormentou a pobre mestiça com sua postura esnobe e arrogante, e não conseguia imaginar Jacqueline agindo de forma diferente. Extremamente nervosa, mas tentando disfarçar, Chloé olhou para Jacqueline, que tinha um olhar de confusão.

(Jacqueline, cochichando para Chloé): Escuta, eu convidei só o Adrien, quem é essa garota aí com ele?

(Chloé, nervosa): B-B-Bom Jacqueline, errr, essa garota aí é a...

(Adrien): Oi Jacqueline, há quanto tempo! Como é que você está?

(Jacqueline): Bem melhor agora que você chegou, Adrikins. Escuta, quem é a sua amiga?

(Adrien): Jacqueline, essa é Marinette Dupain-Cheng, minha namorada.

(Jacqueline): Sua... namorada...?

Chloé ficou mais nervosa do que nunca, principalmente pela expressão facial de Jacqueline: a garota tinha um sorriso extremamente forçado na cara, sem falar que o olho dela estava com uma tremedeira na pálpebra.

(Marinette): Jacqueline, você está bem?

(Jacqueline, falando bem rápido): Se eu estou bem? Claro que eu estou bem. Por que não estaria? É tão bom ver o Adrikins com uma garota linda como você de namorada. Tudo de bom. Se eu estou bem... pfff, é claro que sim, por que não estaria?

(Adrien): Então tá, né?

(Jacqueline): Mas e aí, Marinette, como vocês se conheceram? Tipo, o Adrien é um modelo famoso, ele tem uma rotina bem ocupada. Imagino que deve ter dado um trabalhão pros seus pais conseguirem uma reunião profissional com o senhor Agreste.

(Marinette): “Reunião profissional”?

(Jacqueline): Óbvio, só gente rica e importante consegue chegar perto de um Agreste, é o que minha mãe sempre diz. Agora nem tanto, já que o Adrien agora estuda naquele colégio meia-boca com aquele monte de fracassados...

Nessa parte, Adrien e Marinette torceram o nariz para a grosseria de Jacqueline, enquanto Chloé afundou a cara nas mãos.

(Jacqueline): ... mas antes era diferente: só a nata da nata da sociedade parisiense conhecia a família Agreste, então imagino que você também seja, tipo, uma de nós. Diz aí, seus pais trabalham com o quê?

(Marinette): Bom, meus pais trabalham com uma padaria.

(Jacqueline): Jura? Estranho, não conheço ninguém que tenha feito fortuna com uma rede de padarias. Seus pais devem ser bem talentosos!

(Marinette, nervosa): Errr, Jacqueline, eu não sou rica como você está pensando.

(Jacqueline): Como é?

(Marinette): Minha família não tem uma rede de padarias, é uma só. Meu pai trabalha como padeiro e minha mãe ajuda ele.

Jacqueline ficou encarando Marinette por alguns segundos. O olhar da garota era enigmático, era difícil dizer no que ela estava pensando, mas de qualquer forma o olhar era desconfortável, não só para Marinette, mas para todos os presentes, principalmente pelo silêncio tenso que se formou.

(Jacqueline): Legal. Escuta, eu preciso trocar uma palavrinha com a Chloé, é sobre algo que eu me lembrei, muito importante.

Jacqueline e Chloé saíram para um lugar a sós. Chloé estava nervosa com a tensão que emanava da postura corporal e da expressão de Jacqueline.

(Chloé): Jacqueline, escuta...

(Jacqueline): Amiga, me responde uma coisa: por que o Adrikins, aquele modelo lindo que nós conhecemos desde crianças, que você dizia que ia namorar quando crescesse, está de mãos dadas com aquela piolhenta filha de dois pobretões que ganham a vida esmurrando farinha de trigo?

(Chloé): Jacqueline! Isso é inaceitável!

(Jacqueline): É isso o que eu estou dizendo! Se você acha que eu vou ficar parada vendo minha melhor amiga segurando vela para o pior casal da história, esqueça! Eu vou dar um jeito nisso, não se preocupe, deixa com sua melhor amiga aqui!

(Chloé): Jacqueline, não!

A melhor amiga de Chloé voltou para a mesa onde Marinette e Adrien estavam, em seu rosto estavam estampados um sorriso e um olhar característicos, como se estivesse prestes a escrever o nome da Marinette num caderno da morte.

(Jacqueline, sem disfarçar o desprezo na sua voz): Então, Marinette, você é a namorada do Adrien. Interessante, o Adrikins aqui nunca me contou nada sobre ter uma namorada.

(Adrien): Bom, é porque ficamos muito tempo sem contato.

(Jacqueline): É verdade... escuta, Marinette *cada vez que pronunciava o nome de Marinette, Jacqueline agia como se estivesse pronunciando uma palavra vulgar*, como namorada do Adrien imagino que você deve ser bem atenciosa, né? Tipo, você já deu algum presente de aniversário para o Adrien? É que o pai dele nunca foi bom com presentes. Teve um aniversário que eu dei esse conjunto de grife que ele está usando, e a julgar pelo tanto que ele usa, é muito bom.

(Marinette, meio acanhada): Bom, no penúltimo aniversário eu dei um cachecol que eu mesma fiz.

(Jacqueline, debochada): Ah, um cachecol feito à mão, que adorável! Eu só espero que você tenha se lembrado de lavar as mãos, já seria constrangedor para um modelo famoso como o Adrien vestir um trapo, se ele estiver sujo de farinha de trigo, nossa, ele seria motivo de chacota por onde passasse!

Aquilo deixou Marinette extremamente para baixo. A mestiça já havia sofrido muito bullying de Chloé Bourgeois, mas devido ao apoio de Alya ela sempre tinha uma resposta na ponta da língua. Agora Jacqueline era diferente: a garota não só era esnobe como parecia ter uma “aura de segurança”. Chloé humilhava os outros para se autoafirmar, Jacqueline não, era como se ela realmente fosse poderosa.

(Adrien): Aí, isso não foi legal!

(Jacqueline, ignorando o Adrien): Escuta, Marinette, como são os encontros entre vocês dois? Tipo, o Adrien te leva na limusine dele, mas e você? Você leva ele para passear em que tipo de carro?

(Marinette): ...

(Jacqueline): Você pelo menos tem um carro, não tem?

(Marinette): ...

(Jacqueline): Ah não, me diz que você não leva o Adrien para passear na garupa de uma bicicleta? Será possível que você é tão pobretona assim?

(Marinette): ...

Marinette se sentia impotente, era uma sensação horrível. Jacqueline não era como a Chloé, ela era mais... segura de si, mais imponente, por assim dizer. Talvez nem a Alya conseguiria pensar em alguma resposta na lata para dar, pensou ela.

(Jacqueline, ríspida): Ei, mendiga, eu estou falando com você! Responda quando alguém da alta sociedade perguntar!

(Chloé): Chega Jacqueline!

O grito de Chloé chamou a atenção de Jacqueline e de Adrien. A loira estava furiosa, já fazia tempo que ela queria chamar a atenção de sua “melhor amiga”, mas nunca conseguia. Agora, vê-la humilhando a Marinette NA FRENTE DO ADRIEN, aquilo tinha sido a gota d’água.

(Chloé, furiosa): Quem você pensa que é para falar assim com as pessoas, Gagnon?

(Jacqueline): Ora essa, você acabou de responder: eu sou Jacqueline Gagnon, filha da maior família de...

(Chloé, mais furiosa ainda): Para de ficar se gabando da porcaria de empresa dos seus pais! Eu estou pouco me lixando para quem são seus pais, eu estou falando de você: essa criatura cretina, nojenta e metida que se sente bem humilhando os demais!

Marinette, desconfortável ao extremo, saiu de perto, sendo seguida pelo Adrien. Jacqueline ficou perplexa, sem saber como responder ao que Chloé disse. Apesar de todos os defeitos de caráter que tinha, Jacqueline era totalmente sincera no que dizia respeito à sua amizade por Chloé.

(Jacqueline, perplexa): C-Chloé, v-você está falando igual àquele rufião mexi...

(Chloé): Aquele “rufião mexicano” tem um nome, Jacqueline! O nome dele é Diego Rodríguez Broussard! E ele é meu amigo! Aquela “piolhenta filha de dois pobretões que ganham a vida socando farinha” também é minha amiga, e o nome dela é Marinette Dupain-Cheng! Se você acha que, depois de todos esses anos fora, você pode voltar apenas para humilhar os poucos amigos que eu fiz, então pode ir embora de volta para Madrid!

Nem Chloé acreditava no que tinha acabado de dizer. Toda aquela revolta, toda aquela fúria... se Hawk Moth ainda fosse uma ameaça, ele teria mandado pelo menos uns cinco akumas atrás de Chloé. Jacqueline não tinha mais aquela postura debochada e arrogante de antes, agora sua expressão facial era um misto de fúria e mágoa.

(Jacqueline, com os olhos marejados): Então é assim que vai ser, Bourgeois? Depois de tudo o que passamos juntas, você vai me abandonar por esse bando de trastes? Então vá! É isso o que você merece! Que você passe o resto da sua vida vendo o garoto dos seus sonhos saindo com essa esfarrapada enquanto você fica para titia! Eu te odeio!

Quando Jacqueline foi embora, Chloé se virou para ir para o quarto. Uma mão tocou-lhe suavemente e disse umas poucas palavras que mexeram demais com a loira.

(Marinette): Chloé... obrigada pelas coisas que você disse sobre mim.

Chloé não respondeu, nem se virou para olhar nos olhos de Marinette. Ela foi andando rápido, quase correndo para o quarto, estava prestes a soltar algo e se alguém visse seria o suficiente para lhe tirar o pouco de dignidade que lhe restava. Entrando no quarto, Chloé se jogou na cama e começou a chorar profusamente. Dane-se se aquilo borrasse sua maquiagem, dane-se se alguém a ouvisse, nada mais parecia importar.

(Chloé, chorando): Eu perdi a minha melhor amiga na primeira semana que ela voltou!

Chloé não era a única que estava triste. Para Beezy, ver sua mestra naquele estado era algo de partir o coração. Ele voou para perto do rosto da garota, que estava deitada numa posição quase fetal e cobrindo o rosto.

(Chloé): Eu a conhecia desde que éramos crianças! Ela e o Adrien eram uns dos poucos amigos de verdade que eu tinha!

(Beezy): Chloé, eu sinto muito... é difícil perder uma amizade. Mas você fez o que era certo.

(Chloé, chorando): Eu não queria ter feito o que era certo! Eu só queria que não fosse assim.

(Beezy): As coisas infelizmente não são assim, Chloé. Em muitos momentos, fazer o certo será algo doloroso, mas será muito melhor do que não fazer.

(Chloé, chorando): Sabe qual é a pior parte? É que, desde o início, eu já via essa postura arrogante e ríspida da Jacqueline. A forma como ela esnobava e destratava os outros... mesmo assim eu não fiz nada, eu continuei sendo amiga dela. Ela me influenciou, foi por causa dela que eu me tornei tão mesquinha e má com os outros. Ela era minha única amiga!

(Beezy): Eu entendo, as crianças ricas geralmente são muito solitárias. Você não foi minha primeira mestra a ser assim, e infelizmente não será a última.

(Chloé, chorando): Eu afastei todos de mim ao longo desses anos, e agora afastei a Jacqueline também. Eu nunca mais vou ter amigos.

(Beezy): Não é verdade. Viu como a Marinette reagiu? Ela gosta de você, o Adrien gosta, o Diego gosta, mesmo depois do que aconteceu eu tenho certeza de que ele gosta.

Chloé não disse mais nada, apenas continuou chorando, e Beezy ficou ali, a consolando em silêncio.

Enquanto isso, nas ruas, Jacqueline andava sem destino, tentando esquecer tudo aquilo. Lágrimas escorriam pelo seu rosto e se perdiam em meio à chuva.

(Jacqueline, chorando): Como você pôde fazer isso? Depois de tudo o que vivemos juntas? Você é uma cretina, Chloé!

Um carro passou numa velocidade razoavelmente alta por uma poça de água, respingando água para todo lado, um montão mesmo.

(Jacqueline): Aaaahhh, minha roupa!

Mas antes que a roupa dela ficasse realmente molhada, um pequeno brilho surgiu de seu brinco dourado com estampa de joaninha. Asas possantes, como as de uma águia, possuindo um leve brilho dourado, surgiram e protegeram Jacqueline da enxurrada.

As pessoas ao redor ficaram abismadas. Muitos começaram a pegar seus celulares e a tirar fotos. Jacqueline estava bastante coberta pelas asas, sendo que as câmeras não conseguiam focalizar seu rosto. Ainda perplexa, Jacqueline tratou de voar para longe das pessoas. Mais calma, ela pousou sobre o hotel Le Grand Paris.

(Jacqueline): C-Como essas asas apareceram em mim?

Ela viu com sua visão periférica um pequeno brilho saindo de seu brinco dourado. Jacqueline o tirou para ver melhor, mas ao fazer isso suas asas sumiram.

(Jacqueline, perplexa): Não, não pode ser! Será que...?

Jacqueline recolocou o brinco, mas nada aconteceu. Ela tentou se concentrar, visualizando mentalmente as asas saindo de suas costas. Deu certo.

(Jacqueline, sorrindo): Esse brinco... ele me deu essas asas! Nossa, e eu pensando que era só um brinco que meu pai me comprou em homenagem à Ladybug! Eu posso fazer muita coisa com isso!

Um nome veio à cabeça de Jacqueline, o nome do garoto que a humilhou na frente de todo mundo no colégio François Dupont, o garoto que fez sua melhor amiga se voltar contra ela.

(Jacqueline, sorrindo maldosamente): Diego Rodríguez Broussard, não é mesmo? Foi você que fez sua amiga se virar contra mim! Você não perde por esperar, seu cretino! Amanhã, vai pagar muito caro por essa gracinha!

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Algumas horas depois

Na delegacia de Paris, Masato Nakajima trabalhava duro no caso de Inuwashi. Charlotte já havia voltado para casa, bem como grande parte da equipe que trabalhava com ele, sendo que agora ele estava basicamente dividindo a sala com uma equipe totalmente diferente, estando alheio ao que ela fazia.

Masato era o principal responsável pelo caso de Inuwashi, então mesmo que Charlotte e toda sua equipe estivessem fora, ele deveria dar continuidade. Sua mesa era abarrotada de coisas, que iam desde fichas criminais até evidências, como algumas das relíquias roubadas, incluindo aquela estranha caixinha que continha uma lente de contato dentro. Masato não havia aberto a caixinha, ele sabia que havia uma lente de contato lá dentro porque foi informado disso. Ele não viu necessidade para investigar mais sobre a tal lente, embora fosse intrigante o fato de UMA ÚNICA lente de contato estar sendo vendida como relíquia.

Masato agora investigava as redes sociais. Ele imaginava que o suspeito por trás de Inuwashi stalkeava as redes sociais em busca das atividades misteriosas envolvendo pessoas com superpoderes. Embora não fizesse ideia de como as pessoas ganhavam esses poderes, pelo menos ele teria uma possibilidade de prever qual seria o próximo ataque do vilão.

E a pesquisa deu resultado: Masato começou a achar várias postagens no Twitter com a hashtag #fille_ailée (“garota alada”). Ao analisa-las, viu que todas se referiam à uma garota que havia ganhado asas de águia de forma misteriosa. Masato pegou uma das fotos e, usando um aplicativo da polícia, fez uma varredura, tentando identificar a pequena parte que aparecia do rosto da garota, numa das fotos, e comparando com o banco de dados. Os resultados apontaram para Jacqueline Gagnon.

(Masato): Céus, a filha dos Gagnon será o próximo alvo!

Masato pegou o telefone e ligou para Charlotte, que atendeu sonolenta do outro lado.

(Charlotte, sonolenta): Por Deus, Masato, são quatro da madrugada! O que aconteceu?

(Masato): Charlotte, é urgente! Eu descobri quem será o próximo alvo do homem águia: Jacqueline Gagnon!

(Charlotte, parecendo bem mais desperta): A filha dos empresários Gagnon? Céus, isso é uma emergência!

(Masato): De uma forma misteriosa ela acabou ganhando esses poderes! Temos que planejar uma armadilha para capturar Inuwashi! Além disso também temos que capturar a joia antes dele, quanto mais joias dessas tivermos, mais saberemos sobre as relíquias roubadas no museu.

(Charlotte): Eu já estou a caminho, Masato.

Masato desligou o telefone. Teria que planejar uma operação policial contra um vilão capaz de enfrentar quatro heróis de igual para igual, isso sem falar na Le Paon e na própria Jacqueline com superpoderes. As coisas estavam difíceis, mas ele teria dar um jeito!


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Notas finais do capítulo

Céus, demorei para postar esse capítulo, né? Desculpe, estudar neurologia está sendo um sufoco, é tanta coisa que vocês nem imaginam. A faculdade está simplesmente sufocante, talvez com o fim desse módulo as coisas acalmem um pouquinho e eu volte a publicar mais vezes.

A personagem de Jacqueline acabou se tornando uma das mais importantes, e acho que devo agradecer à MusaAnônimas12345 por isso, porque ela criou uma daquelas personagens que nós amamos odiar. Vocês ainda vão ouvir falar muito dela.

Pode ser que hajam personagens sendo negligenciados à medida que a história vai sendo narrada, se for o caso não se esqueçam de me dar um toque, eu compensarei assim que puder.

À propósito, eu deixei uma pequena peça de quebra cabeça solta pela história, e ela vai ter grande impacto num futuro próximo, vão caçando ela porque quando chegar a hora vocês vão se surpreender.

Até o próximo capítulo, caros leitores, e vamos torcer para que a 2ª temporada de Miraculous seja lançada logo, ou pelo menos para que o Monsieur Zag pare de ficar brincando com a gente ao lançar essas datas fictícias.



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