Back to Home escrita por Ana
Notas iniciais do capítulo
Como eu falei no capítulo anterior, nesse tem um flashback, acredito que as coisas começarão a clarear agora.
Tenham uma boa leitura e perdoem os erros que passam despercebidos.
Seis anos atrás...
— Você deveria ter me contado! — Emma esbravejou assim que chegaram em casa após uma noite de plantão.
— Como que eu ia te contar? Eu não podia, não dava Emma!
— Você sabia que eles iriam cortar o orçamento para o meu estudo e não me contou. Você me fez de idiota.
— Emma, eu faço parte do conselho agora, e a decisão não foi minha, ela foi tomada por a grande maioria, fora que interceder diretamente por você seria conflito de interesse, se eu estou no conselho, meu dever é com o hospital.
— Conflito de interesse? Não estamos em um tribunal, e o seu dever é com o hospital? Você casou com ele quando? E eu não estou ouvindo isso, Regina, não de você.
— A culpa não é minha.
— Você faz ideia do tempo que eu passei lendo e estudando? Das inúmeras horas de sono perdidas? Eu tenho dedicado tempo a isso desde quando eu era interna, e quando o projeto finalmente é aceito, cortam ele com pouco tempo.
— Os cortes não foram aleatórios, Emma, o seu projeto era novo e ainda não tinha apresentado resultados.
— É claro que ele ainda não tinha apresentado, é óbvio que não tinha! Mas isso não quer dizer que não apresentaria. E você está falando exatamente como uma deles agora.
— Talvez porque agora eu seja um deles! Há a possibilidade do seu projeto ser retomado no futuro, pensa que agora você vai ter mais tempo para fazer cirurgias ou para ficar com as meninas.
— Ah, agora eu entendi. A minha carreira vai afundar em função da ascensão da sua.
— É claro que não, Emma, eu não disse isso.
— Como não? Então olha nos meus olhos e me diz se não é exatamente isso que está acontecendo. Você agora faz parte do conselho, e olha o que me aconteceu.
— Emma...
— Viu, você não consegue porque é verdade. Você entrou para o conselho e o meu projeto foi cortado, depois você se torna chefe do conselho e da cirurgia, e eu, pobre coitada, sou demitida. E nisso tudo eu fico onde? Em casa, sendo dona de casa por tempo integral enquanto a sua carreira decola. Eu não quero isso, Regina, e nem vou aceitar que aconteça, não serei como nossas mães que ficaram em casa vendo seus sonhos morrerem enquanto nossos pais trabalhavam. Não vou ficar a sua sombra!
Dias atuais...
Emma fazia uma leitura simples do DNA de um paciente para testar as suas predisposições e testar os aparelhos, quando a porta do laboratório foi aberta sem que ela percebesse.
— Espero que esteja bem alojada e que tudo esteja do seu gosto.
Ouvir aquela voz, fez com que o seu sangue gelasse, seu coração batia tão acelerado que achava que ele poderia romper o seu peito. Respirando fundo, Emma se virou na cadeira lentamente em direção a voz.
— Regina.
— Olá, Dra. Swan. — Regina falou encarando ela — A sua lista foi atendida? Falta algum aparelho? — em seus lábios havia um desenho sério, não expressando emoção alguma, mas em seus olhos, juntamente de uma das sobrancelhas erguidas, denunciava tudo que ela poderia estar sentindo.
— É assim que você quer proceder, Regina?
— Enquanto o assunto for o hospital, sim!
— Então sim, a minha lista foi atendida.
— Que bom que somos dignos do seu projeto. — falou irônica.
— Porque eu estou aqui, Regina? A direção do George Washington University Hospital disse que a direção do Boston Hospital Center fez questão de receber a desenvolvedora do programa, mesmo havendo várias outras pessoas capacitadas. Então Regina, porque eu estou aqui? — perguntou se levantando e ficando na mesma altura que a chefe do departamento, não olharia Regina de baixo.
— Há dois motivos para você estar aqui, um deles, é que o hospital precisa desse programa de mapeamento e o conselho não abriu mão de ter a mentora, e o outro, é a minha filha.
— Sua filha? Chega a ser engraçado ouvindo você falar “minha filha” com tanta propriedade, quando você apenas ficou aqui! — Emma falou com escarno.
— Você... Você está sugerindo o que, Swan?
— Não ficou claro o suficiente?
— Você saiu fugida daqui Emma, e carregando a minha filha junto!
— E você nem se importou em ir atrás!
— O que? Eu procurei por você, liguei até cansar. Quando você foi embora, eu passei dias e noites te ligando, mas você não se deu ao trabalho de atender para ao menos me dizer como a minha filha estava. A primeira coisa que você deve ter feito foi trocar de número. Eu liguei para Washington, para o hospital que você iria, mas não me deram informações suas, então pedi que algum outro membro do conselho ligasse como se fosse pelo o hospital, eu sabia que você não queria que eles me dissessem nada, mas as respostas foram as mesmas! Você se escondeu, e eu fiquei doente com isso, sem saber onde vocês estavam. Por vezes pensei em ir a Washington, mas eu tinha uma filha aqui, uma criança que precisava de mim mais do que nunca, uma criança que durante dias a fio procurou por a mãe e por a irmã em todos os cômodos da casa. Então não venha me dizer que fiquei aqui e não fiz nada. Você fugiu, porque é isso que você faz, você foge como uma covarde!
— Você sabe muito bem porque eu fui, mas isso não importa mais, pelo menos não agora. E você, Regina, baixe o seu tom para falar comigo, porque eu não estou aqui como um dos seus subordinados que devem bater continência para você sempre que você bate o pé, como eu acho que fazem. A priori, independentemente de você ser a chefe do departamento ou não, eu estou aqui como uma convidada do conselho para implantar o programa de genoma, então me trate de igual para igual, já que você disse que vai proceder assim quando o assunto for o hospital.
— E você realmente acha que merece esse respeito? Depois de ter agido como uma covarde?
— As nossas questões pessoais são só nossas! — falou alterando o tom de voz. — Mas agora como profissional você vai ter sim que me respeitar, eu não aceito nada menos que isso, pois isso é o mínimo, e eu lutei por isso, lutei para ser respeitada nesse meio.
— Lutou? Lutou abadando a sua família e fugindo com a minha filha! É preciso ter muito sangue frio para dizer isso olhando nos meus olhos.
— Você me deve respeito porque eu ainda sou a sua esposa. — esse não era um argumento que Emma quisesse realmente usar, mas era verdade, ainda estavam casadas, talvez ao menos a isso devessem respeito. — O que tivermos para resolver, vamos resolver, mas você não vai me diminuir por causa disso, não vou deixar que faça.
Emma e Regina discutiam a pleno pulmões, e devido a adrenalina, não se deram conta que à altura que estava falando, poderiam ser facilmente ouvidas do lado de fora da sala, como estavam sendo. Do outro lado da porta estavam Robin e Lilith Page, a interna que auxiliaria Emma. Lilith de olhos arregalados, olhou para o staff que levou o dedo indicador aos lábios.
Robin sabendo das reservas de Regina, e que a mesma não suportava a ideia de misturar a sua vida profissional com a pessoal, resolveu entrar no laboratório e encerrar aquela discussão, antes que mais alguém pudesse ouvir.
— Você acha que só porque ... — Regina falava ferozmente quando Robin abriu a porta.
— Olá doutoras. — Robin se fez ouvir. — Vim trazer a Dra. Page para conhecer a Dra. Swan, ela vai substituir um outro interno aqui no laboratório.
A contragosto e sentindo que poderia explodir, Regina recuperou a sua postura, seu sangue ainda fervia e pedia por aquela discussão, discussão essa adiada há anos, mas ela teria que esperar.
— Pois não, Dr. Locksley. — Emma falou com a compostura que a minutos atrás tinha perdido. Sabia que quando encontrasse com Regina, não seria as boas vindas que iria receber.
— Bom, só vim mesmo me certificar de que a Dra. Swan está bem alojada. Por ora, não vou mais tomar o seu tempo. — Regina falou passando por entre Robin e Lilith, e saindo do laboratório.
Quando Regina passou por Lilith, a interna chegou até a prender a respiração, e diante da animosidade da chefe da cirurgia que passou sem lhe dirigir nem ao menos um olhar, Lilith se sentiu completamente invisível, e pode concluir que o apelido dado a chefe fazia jus a sua personalidade.
Dama de ferro era totalmente compreensível.
— Então, Dra. Page, você fez medicina em qual instituição? — Emma falou fingindo avaliar algumas analises. Sabia muito bem que a garota tinha ouvido a discussão, então quis desconversar.
— Na Boston College Alumni.
— E você está aqui no meu laboratório só porque foi remanejada para cá, e não porque quis, estou certa?
— Eu, é...
— Tudo bem, Page, eu também já fui interna e sei como funciona isso, somos jogados para todo lugar que precisam de uma mãozinha.
— Não posso discordar. Eu estou aqui por que o Booth foi chamado para a neura e o Dr. Locksley me trouxesse para cá.
— Sei... Seja bem-vinda, Page. Eu estou fazendo alguns testes simples para testar a leitura dos equipamentos, eu não sou de poupar interno de trabalho, como eu já disse, eu já estive do outro lado, e mostrando como faz e te colocando para fazer, é a melhor maneira que eu posso contribuir com a sua aprendizagem, concorda?
— Totalmente, Dra. Swan.
— Então vamos trabalhar.
— Próxima vez que você for discutir com alguém, faz isso na sua sala, lá é à prova de som. — Robin falou ao alcançar Regina no corredor.
Regina não se deu ao trabalho de responder a ele, apenas o olhou de canto de olho e continuou andando.
— Ah, e também não custa nada ser mais... Como eu posso dizer... Humana, com os internos.
— Não me faça perder a paciência com você também, Locksley.
— Até porque é muito difícil isso acontecer, não é?! — falou sarcástico.
— Você abusa! — falou ao virarem um corredor.
Os sons dos sapatos da chefe da cirurgia eram inconfundíveis, e fazia com que todos que não a conheciam antes de assumir o cargo se retesarem e focarem em suas atividades.
— Da próxima vez eu deixo vocês juntarem uma multidão do outro lado da porta.
— Obrigado Robin. — falou olhando para o amigo.
— Você poderia ser mais convincente.
— Não abusa.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Só me deixem saber o que vocês acharam e se agora está mais claro.
Bjus e até o próximo capítulo.