Back to Home escrita por Ana


Capítulo 4
Todas juntas, emaranhas e sentidas ao mesmo tempo...


Notas iniciais do capítulo

Tenham uma boa leitura e perdoem os erros que passam despercebidos.



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— Luíza, pega a mochila que nós já vamos. — Regina falou assim que chegou na casa dos pais. Obediente, a menina subiu para organizar a mochila.

— Vocês não vão ficar para jantar conosco? — Cora perguntou.

— Não, nós vamos para casa. A propósito, a Zelena tá aqui? Quero saber se ela vai para casa comigo.  — falou impaciente.

— Ela vai direto para a sua casa depois do trabalho, mas essa sua cara não me engana, você encontrou com ela, não encontrou? — e como resposta Regina engoliu seco. — Vocês conversaram?

— Não. — falou balançando a cabeça em negativa. — Mas eu vi a Luna, mãe. Vi a Luna. — falo se controlando para que as lágrimas não surgissem e entregassem o turbilhão que estava dentro dela.

— O que? Mas...Como?

— Ela apareceu no hospital... Estava com a Mary.

— Como que ela está, Regina?

— Ela cresceu, está tão grande quanto a Luíza.

— Ela ainda parece com você?

— Sim! — falou com um pequeno sorriso nos lábios — Em tudo! Parecia que uma foto minha de quando eu era criança tinha criado vida.

— Elas estão aqui, e vocês duas precisam conversar, Regina!

— Conversar com quem, vó? — Luíza perguntou quando chegou nos últimos degraus da escada.

— Conversar com o seu avô. — Cora se apressou em dizer. — Ele anda muito ranzinza esses dias, não é Regina?

— Pois é, anda muito ranzinza mesmo. — Regina falou virando ligeiramente o rosto.

— Eu não acho que o vovô está ran... Ran... Ranzin...

— Ranzinza, filha. — Regina falou ajudando a menina com a apalavra.

— É, isso aí.

— Ele não está ranzinza com você, porque você é a princesa dele. — Cora falou beijando topo da cabeça da neta.

— Está pronta, Luíza? Nós podemos ir? — Regina perguntou.

— Estou, mãe.

— Então se despede dos seus avós que nós já vamos.

A menina abraçou a avó e foi correndo até a sala de leitura se despedir do avô.

 

— Mãe, o que vai ser o jantar? A tia Zel vai comer com a gente? — Luíza perguntou entrando no quarto de Regina, que terminava o seu banho.

— Eu não sei, mas acho que não, por a hora, acho que ela vai chegar tarde. Mas nós podemos comer o que você quiser. — Ela respondeu de dentro do banheiro.

— De verdade?

— De verdade! — falou quando saiu do banheiro vestida em um pijama.

— Pode ser pizza e hambúrguer?

— Poder, pode. Mas você sabe que não consegue comer o dois.

— Eu como um pouquinho de cada.

— Ok, então. Eu vou ligar e pedir, mas não se acostuma que vai ser só hoje hein. Enquanto isso, você desce e escolhe algo para a gente assistir, tá bom?

— Tá bom. — Luíza respondeu e saiu correndo do quarto.

Luíza sabia que o que a mãe fazia era importante, ela tinha em suas mãos o poder de salvar vidas, então quando na escola a professora perguntava a profissão da sua mãe, a garota respondia sem pestanejar, mas ficava muito feliz quando ela não ia trabalhar, quando conseguia chegar mais cedo, e aproveitava isso ao máximo.

Quando a comida chegou, as duas se aconchegaram no sofá e escolhido por Luíza, comeram assistindo Frozen. A menina era uma grande fã das animações, mas aquela característica não tinha sido herdada de Regina.

Como já era previsto por Regina, Luíza não comeu tudo, e de barriga cheia, pediu colo. Assistiram ao filme juntinhas, enquanto Regina, mexia nos cabelos da filha, mas a sua atenção não estava totalmente ali, ela vagava, e ia de encontro aquele corredor.

Só quando o filme acabou foi que Regina percebeu que Luíza tinha dormido, então apoiou a cabeça da filha em uma almofada e levou os restos de comida para a cozinha.

Não queria acordar ela, então levou ela nos braços para o quarto. Regina pôs a menina cama, ajeitou o seu travesseiro e a cobriu, acendeu a luminária e apagou a luz do quarto. Quando ia sair, se detever na porta, não conseguia tirar os olhos da filha. Olhando ela daquele ponto e desconsiderando o seu tamanho, Luíza podia ser facilmente confundida com Emma, e isso as vezes assustava Regina.

Não conseguindo sair do quarto, se deitou na cama com a menina, mas do que nunca precisava estar ali.

Quando Zelena chegou em casa, todas as luzes estavam apagadas e o silêncio se fazia presente. Com fome, jogou as pastas no sofá da sala e foi direto para a cozinha, e se surpreendeu ao encontrar as caixas de pizza e resto de fast-food lá, afinal, aquela não era uma comida que a sua irmã aprovasse muito, mas já que estava ali, porque não comer?!

Quando subiu as escadas e entrou no corredor, viu que uma luz azul vinha de um dos cômodos, a porta do quarto de Luíza estava aberta, e como costumava fazer, principalmente quando ela era menor, foi ver se a sobrinha dormia bem, tinha criado esse hábito devido a convivência.

Da porta, viu que Luíza não estava sozinha, Regina estava deitava com ela e de costas para a porta.

— Regina? — chamou baixo para não acordar a menina, mas a sua irmã não respondeu, tinha adormecido, então, com cuidado, Zelena entrou no quarto e cobriu a irmã.

Não era a primeira vez que fazia aquilo e também não era a primeira vez que via aquela cena. Durante o período de quase um ano, Regina adormeceu todos os dias ao lado da filha, e se naquele dia aquilo tinha se repetido, significava que o dia não tinha sido fácil, e sem precisar de muito, Zelena já sabia o motivo.

 

Quando chegaram e casa, Emma mandou Luna direto para o banho, pois na sorveteria, tinha se melado inteira de sorvete. Emma não tinha trocado muitas palavras com a mãe, e isso não passou despercebido por Mary.

— Como foi hoje? — David perguntou a filha.

— Nada além do normal, só conheci o espaço e a equipe que vai trabalhar comigo. — respondeu deixando que o seu corpo caísse no sofá.

— Você encontrou...

— Por muito pouco não consegui passar o dia ilesa. Porém, para mais detalhes, pode perguntar a minha mãe.

— Não seja infantil, Emma! — Mary repreendeu.

— Eu sei que você fez isso de proposito, você queria que ela visse a Luna!

— Não fiz de proposito, ela queria buscar você no trabalho, queria conhecer o hospital. Mas sim, eu queria que a Regina visse ela, assim como quero que veja a Luíza, mas não queria que fosse desse jeito, vocês deveriam conversar.

— E nós vamos, vamos em algum momento, mas não naquele. Vou subir para ver se a Luna já tomou e banho e também vou tomar o meu, ainda estou exausta da viagem.

—Você fez de caso pensado, não fez, Mary? — David perguntou a esposa assim que Emma sumiu no andar de cima.

— Em partes, eu levei a Luna na esperança de que Regina pudesse vê-la, mas não sabia que eu ia conseguir que isso acontecesse, e também fiz porque eu conheço as duas, e sabia que se evitariam o dia inteiro. Elas iam precisar de um empurram.

— Regina disse algo?

— Não, ficou em estado de choque, eu acho.

— Seis anos é muito tempo. Não sei se a Emma veio para ficar, mas elas precisam se acertar, por elas e por as garotas. Essa situação tem sido um inferno para todos nós.

Durante o jantar, David e Mary paparicavam a neta. Durante o tempo em que elas estiveram fora, receberam fotos e vídeos da menina, mas nada se comparava a tê-la ali, em casa, mais uma vez depois de tanto tempo. Emma os observava, mas entre uma garfada e outra, seu pensamento viajava ao hospital, mas precisamente, ao seu encontro com Regina. Tanta coisa adormecida que ela tentou a todo custo soterrar tornaram a brotar

— Mãe. Mããe!

— Oi Luna. — Emma falou ao ser despertada do seu transe.

— Cadê o meu tio? Você disse que eu ia ver ele também.

— Eu não sei Luna, ele já deveria ter chegado de viagem, não era mãe?

— Ah, esqueci de avisar a vocês, a tarde ele ligou dizendo que tinha perdido o voou e que deixaria para vir amanhã. — Mary respondeu.

— Será que dessa vez ele vai trazer a namorada para a gente conhecer? — David disse.

— Namorada? Como assim namorada? Quando a gente conversou e ele não me falou nada! — Emma falou indignada, pois ela e o irmão sempre foram próximos e aquele não era um mero detalhe.

— Ele também não contou nada a nós. — Mary disse com um olhar repreensivo ao esposo. — Mas acontece que as vezes, durante a madrugada, ouvimos ele conversando com alguém no celular, nunca ouvimos nada revelador, mas estar ao telefone às duas da manhã com alguém, não é tão comum assim.

— Hum... Quando ele chegar amanhã ele vai me contar isso direitinho.

Deitadas e vestidas em seus pijamas, Luna jogava no tablete e Emma olhava fixamente para a parede do quarto.

— Mãe, a gente vai ficar aqui por muito tempo?

— É...Acho que sim, filha. — falou se virando para a menina. — Porque? Você não está gostando?

— Estou, mas eu não conheço ninguém aqui.

— Você conhece a vovó, o vovô e o seu tio que logo vai chegar.

— Ninguém fora eles, mãe! Eu não vou para a escola não?

— Vai, claro que vai! Eu só... só preciso me organizar. Nós chegamos ontem, se você me der um tempinho, eu prometo organizar tudo, tudo mesmo. E você logo vai ter alguém com quem brincar, além disso aqui. — falou tirando o aparelho das mãos da menina. — Está na hora de ir dormir.

— Mas eu não tô com sono. — falou em protesto.

— Se você ficar quieta, o sono vem.

— Tá bom! — disse emburrada e puxando a coberta.

Emma ficou olhando para Luna, e pôde perceber quando a respiração dela mudou. Ela havia adormecido.

Depois de todos esses anos, não esperou que Regina fosse estar exatamente igual a quando foi embora, nenhuma marca de expressão a mais ou a menos, fisicamente a mesma, o que fez Emma lembrar do dia em que disse adeus, do quão difícil, mas necessário foi para ela.

Emma sentia tantas coisas, todas juntas, emaranhas e sentidas ao mesmo tempo, achou que quando tornasse a ver Regina carregaria no peito o mesmo sentimento de quando precisou ir, mas não era nem de longe o que ela achava, era mais, muito mais.

Fisicamente Luna era a cópia de Regina, e depois de tanto tempo, ver a duas no mesmo lugar, fez Emma se questionar pela primeira vez se ela não poderia ter agido de maneira diferente no passado.


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Notas finais do capítulo

Acredito que no próximo capítulo teremos um flashback para esclarecer algumas coisas, então não percam.
Bjus e até o próximo capítulo.