Back to Home escrita por Ana


Capítulo 6
Eu só soube, senti...


Notas iniciais do capítulo

Nesse capítulo nós vamos ver o que há por trás do choque de monstros do capítulo anterior.
Tenham uma boa leitura e perdoem os erros que passam despercebidos.



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Durante o tempo que passou em expediente no laboratório com Lilith, Emma buscou ocupar a mente. Desde que soube que teria que voltar à Boston, passou a imaginar as possíveis reações de Regina ao encontra-la, apesar do tempo e da distância, conhecia Regina o suficiente para não esperar que ela fosse passional, mas Emma só não sabia como ela mesma ficaria após o reencontro.

Emma chegou em casa distraída, ouviu vozes vindas da cozinha, mas preferiu subir e tomar um banho primeiro. Quando desceu, se surpreendeu com quem viu na sala de estar jogando no notebook com Luna.

— Killian! — falou se jogando nos braços do irmão.

— Emma! — ele disse tirando a irmã do chão. — Que saudade que eu estava de você. —falou pondo ela de volta ao chão.

— Eu também estava. Estou vendo que a Luna já conheceu você.

— Sim! Ela está enorme, cresceu muito.

— Ele é legal mãe. — a menina disse em um sussurro que acreditou que só a mãe poderia ouvir, quando na verdade todos ouviram e riram da ação da criança.

— Sim, ele é filha, mas da próxima vez tenta ser mais discreta, tá bom? — Emma falou rindo.

Killian ficou brincando com a sobrinha até ela dar os primeiros indícios de sono, depois disso, Emma subiu com a Luna para o quarto, que demorou a dormir, queria continuar brincando com o tio, mesmo caindo de sono. Quando finalmente a filha dormiu Emma desceu, sem a possibilidade de Luna ouvi-los, agora eles poderiam conversar.

— Como está o trabalho? E a viagem? — perguntou ao irmão sem ir direto ao assunto.

— Está corrido, mas assim que é bom, gosto de estar ocupado, e o mais importante, gosto do meu trabalho. A empresa matriz está desenvolvendo um novo modelo de painel eletrônico para carros e fui acompanhar um dos testes.

— Logo devem trazer para a filial para aqui.

— Sem dúvidas, o que vai facilitar para mim, devido a locomoção.

— Ah bonitão, nossos pais estavam falando ontem sobre você ter uma namorada.

— É o que?

— Isso mesmo! Dizem que você fica falando no telefone até altas horas da madrugada. Não acredito que você não me contou nada!

— Isso é coisa da cabeça da nossa mãe, ela que estava morrendo de saudades de você e queria a todo custo que eu trouxesse uma nora para ela chamar de filha.

— Aham, sei!

— Sério, não tenho ninguém, não podia deixar que ninguém tomasse o seu posto de filha. Mas ela me contou algo que eu sei que é verdade Emm’s, a mamãe me disse o que aconteceu no outro dia.

— É claro que ela ia contar, e eu sei que ela fez de propósito, queria forçar uma situação.

— Ela disse que a Regina não fez e nem disse nada.

— É, não fez.

— Fiquei surpreso, esperava outro tipo de reação, algo bem oposto, para ser mais exato, mas também, depois de tanto tempo, acho que ela... — ele dizia, mas Emma o interrompeu.

— Ela foi no meu laboratório hoje, e o que não disse ontem disse hoje, ela não foi passional, cordial e nem ficou em choque como sugeriram, ela foi bem ela mesma em todos os sentidos.

— Vocês conversaram sobre vocês ou sobre as meninas? Você tem que ver a Luíza, ela está tão parecida com você quanto a Luna com a Regina.

— Aquilo passou muito longe de ser uma “conversa” — disse fazendo aspas com os dedos — Foram só... Só acusações, a Regina cuspiu aquelas palavras afiadas dela na minha cara, disse que eu me escondi dela, ela me acusou de ter fugido e me chamou de covarde. E eu quero mais que tudo ver a Luíza.

— A Regina esteve reprimida esses anos todos, Emma, é até compreensível ela agir assim.

— Eu sei Kill, mas eu não vou deixar que ela me destrate por ter ido atrás de uma oportunidade, por ter buscado um sonho. Não vou deixar que ela torne isso um erro.

— Emma, faziam seis anos que vocês não se viam e nem se falavam, acho que esperar por uma ação cortês dela era presunção sua.

— Sei que era, conheço Regina, afinal eu que era casada com ela, e ainda sou... — falou mais para si do que para o irmão — Mas não que eu esperasse isso, a forma como eu fui foi dura, eu sei, mas eu precisava ir, por mim...

— Mas permanecer aqui não foi fácil para ela, permanecer na mesma cidade, na mesma casa em que vocês viviam e continuar convivendo com pessoas que lembravam você não foi fácil, Emma.

— Recomeçar sozinha é que não foi.

— Ok, eu não vou tomar partido, tá? Você é a minha irmã e ela é alguém por quem tenho apresso e é mãe das minhas sobrinhas, então vou ficar na minha, mas o que você pretende fazer?

— Todos vocês querem que a gente sente e converse, quando a gente nem consegue ao menos permanecer na mesma sala sem nos atacar, mas eu sei que é isso que a gente tem que fazer, só fico pensando no quão difícil vai ser.

— Você vai pedir o divórcio?

— Eu não voltei para isso Killian, e na verdade também não voltei por causa do hospital, voltei por a minha família, por você, o papai e a mamãe, voltei por as minhas filhas, e por a Regina. Temos muito, muito mesmo o que conversar, e sei que talvez não consigamos, mas eu quero estar com a família que eu formei novamente. Eu nunca quis me separar de verdade dela, olha, talvez, só talvez, eu tenha imaginado que depois desse tempo ela pudesse ter me entendido, sabe?... É muita pretensão minha querer a minha família de volta? — perguntou encolhendo os ombros?

— Eu sou o seu irmão, eu nunca vou dizer que não, mas a Regina, eu já não sei.

Emma tinha se decepcionado com Regina, acreditava que para tudo em sua vida poderia contar ela, mas quando precisou de seu apoio para os seus projetos e sonhos profissionais, não foi bem isso que ela encontrou, mas nunca, em nenhum desses seis anos, deixou de amá-la.

— Quando eu vi a Regina naquele corredor meu coração parou, Kill — falou olhando fixamente para algum ponto na sala. — Ela e a Luna ali, no mesmo lugar... Eu não sabia o que fazer, só me deixei ser puxada pela Luna, e quando ela entrou hoje no laboratório e disse o meu nome, até os meus ossos congelaram, foi uma mistura de mágoa e saudade que parecia que ia me engolir, mas eu não vou me sentir culpada por seguir um sonho, Kill... Não posso.

 

Normalmente, uma retirada de cálculos biliares de emergência e a checagem de pôs operatórios não cansariam tanto Regina, mas por um fator em especial, aquele dia tinha sido desgastante, psicologicamente ela estava exausta. Durante todos esses anos, ouviu de sua família que ela e Emma precisavam conversar, mas elas não tinham passado nem perto disso.

A raiva nutrida desde a partida de Emma, por muito tempo foi o combustível para Regina, até perceber que estava injetando em si mesma doses diárias de veneno e esperando que outro morresse, então depois de muito tempo sofrendo, velou as suas mágoas sob concreto armado e viveu sua vida em prol da sua filha e do seu trabalho, mas um dia, há não muito tempo, em uma reunião, o conselho do hospital decidiu que trariam Emma Swan de volta para desenvolver o seu projeto de codificação do genoma. Regina ainda tentou argumentar contra, trazer ela de volta a sua vida seria como mergulhar em um mar revolto e instável de emoções sem ter a esperança de sair viva, mas como chefe, ela tinha que fazer o melhor para hospital, e aquela seria uma forma de ter a sua filha de volta. Desde então, tudo tem estado à flor da pele.

Por ter saído tarde do hospital, sabia que Zelena já tinha pegado Luíza na casa de Cora e levado ela para casa, então foi direto para lá.

Quando chegou tirou os sapatos, os deixou no assoalho de entrada e jogou a bolsa em um dos sofás. Como sempre, a casa estava silenciosa, Luíza já estava dormindo e Zelena estava no seu quarto, se não fosse por duas luminárias de tomada, uma na sala e outra no pé da escada, a casa estaria imersa em completa escuridão. Regina subiu as escadas sem fazer barulho e foi direto ao quarto da filha, a luminária como sempre acesa, o cabelo comprido espalhado pelo travesseiro e Luíza dormia como anjo. A menina era uma versão pocket de Emma, e apesar de todo o ocorrido, era capaz de trazer sempre as melhores lembranças a Regina.

Regina saía do quarto da filha quando Zelena abriu a porta do seu quarto se assustando.

— Ai meu coração, que susto Regina! — falou ao se deparar com a irmã. — Você não pode chegar desse jeito, não.

— E como é que eu tenho que chegar na minha casa? Com um sino no pescoço? — disse mal-humorada entrando em seu quarto.

— Não seria tão má ideia. — Zelena falou indo atrás. — Ontem quando eu cheguei você estava dormindo com a Luíza.

— E o que tem? — Regina falou de dentro do banheiro.

— Não vem com essa, Gina, quero saber o que aconteceu. Quando eu fui pegar a Luíza, a mamãe falou que você tinha visto a Luna. Como assim você viu a Luna? Você falou com ela? Falou com a Emma?

— Se você conseguir esperar que eu tome ao menos um banho — falou com a cabeça na porta do banheiro — Eu posso contar.

— Não demore!

Quando Regina saiu do banheiro, Zelena estava sentada no meio da cama da irmã e esperava ansiosamente para ouvir sobre tudo que tinha acontecido.

— Como que isso aconteceu? — Zelena perguntou.

— Ela passou correndo por mim em um dos corredores do hospital. — disse se jogando na poltrona de frente para cama.

— Com assim, correndo?

— Correndo, correndo! Ela estava com a avó, vi quando foram embora, e quando ela viu a Emma sair do elevador, saiu correndo para ir encontrar com ela.

— E o que você fez? Você falou com ela?

—Eu não fiz nada, Zelena, absolutamente nada. Eu só fiquei lá, parada entre elas duas, enquanto via a Luna que antes parecia correr em minha direção, diretamente para os meus braços como fazia depois que aprendeu a andar, desviar de mim e se jogar nos braços de Emma. Depois as duas passaram por o meu lado, e eu só fiquei lá, olhando a minha filha se afastar de mim de novo, me sentindo completamente invisível e impotente.

— Como você soube que era ela?

— Eu só soube, senti... — falou com pesar. — Tive certeza antes mesmo de ver a Emma.

— Vocês já conversaram? Como foi hoje?

— Ontem eu tentei evitar ela de todas as maneiras que pude, mas hoje... Hoje eu fiz questão de ir no laboratório montado para ela.

— E...?

— E foi a pior coisa que eu podia ter feito, Zelena. — falou apoiando os cotovelos nos joelhos e a cabeças nas mãos.

— Brigaram?

— Óbvio, mas não foi por isso, não necessariamente por isso. Eu não estava pronta para ver ela, definitivamente não estava Zel. Quando eu entrei na sala ela estava de costas para mim, só por vê-la ali, parada, eu já senti um nó na garganta, o ar ficou rarefeito e por segundos eu esqueci como que respirava, e depois eu fui revivendo toda a magoa e a sensação de abandono, mas quando ela abriu a boca eu só senti raiva. E ela ainda disse que tenho que respeitar ela por ela ainda ser a minha esposa, você consegue acreditar nisso?

— Vocês precisam acalmar os ânimos e conversar, por as meninas... — mas as palavras de Zelena não chegaram nem a serem registradas por Regina.

— Durante seis anos ela não lembrou que tinha uma esposa, não lembrou da Luíza, e por que eu tenho que lembrar agora?! — falou para si — Ela foi embora sem pensar em mim, ou em nós... —falou fechando os olhos.

Os primeiros tremores do choro atingiam os seus lábios.

— Ei — Zelena disse descendo da cama e abraçando a irmã na poltrona.

— Eu não vou conseguir, não conseguir fazer isso de novo.

— Vai, vai sim, e você vai ser forte por você, por a Luíza e por a Luna, que mesmo estando tanto tempo afastada vai precisar de você, então não se afunde Regina, não faça isso de novo.

Toda a família tinha presenciado a partida de Emma e o quanto tinha sido difícil para Regina seguir adiante com a sua vida, mas ninguém como Zelena tinha visto tão de perto. Zelena tinha acompanhado os rompantes de choro e soluços ocorrentes nas madrugadas, as crises de autoestima e os ataques aos porta-retratos da casa, e devido a fraternidade, acabou ficando por lá.


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Notas finais do capítulo

Vocês acreditam que o que a Emma quer é possível?
TeamEmma ou TeamRegina? Ou nenhuma ta certa?
Bjus e até o próximo capítulo.