Back to Home escrita por Ana


Capítulo 28
Um Novo Começo


Notas iniciais do capítulo

Perdoem os erros que passam despercebidos.
Tenham todas uma boa leitura



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Aos poucos tudo ia parecendo se encaixar e entrar nos eixos, o medo que Emma sentia de Regina desistir ou achar que não conseguiriam mais seguir em frente juntas ao passar dos dias foi indo embora, o peso que carregava nos ombros foi a abandonando.

No hospital, Além de Lilith que tinha sido a primeira interna a trabalhar no mapeamento do genoma com Emma, Ivy, Ella e Sabine também passaram por o laboratório. Internos eram considerados estorvos para muitos staffs, inclusive para ela mesma quando eles não conseguiam fazer um simples acesso venoso ou uma intubação no trauma, mas no laboratório eles tinham a sua importância, aprendiam um procedimento que traria respostas para muitos casos considerados sem explicação, a coisas que uma tomografia, radiografia ou ultrassom jamais poderiam captar, e ainda poderiam replicar isso quando alçassem os seus próprios voos. De certa forma conseguia ver um pouco de si neles.

O George Washington University Hospital ainda mantinha contato, perguntavam quando Emma voltaria ou se voltaria, o trauma estava ao deus dará, como diziam, e o médico leitor que havia ficado em seu lugar no laboratório de genoma levava mais tempo do que o necessário com a leitura das amostras, tornando mais eficaz pagar a um laboratório particular para fazer o estudo. A pressionavam por a sua volta, mas Emma já tinha a sua resposta, estava em casa, estava bem com as filhas e com Regina, não cometeria o mesmo erro de novo, mas a sua situação no Boston Hospital Center estava em aberto, seu contrato não estava fechado, afinal, tecnicamente estava ali só para implantar o programa de mapeamento genético, e isso fora feito. Por isso tentava falar com Regina desde que começou o seu turno pela manhã, quando ela, Regina, já estava lá desde a madrugada e sairia ao meio dia, mas o trauma estava um caos, o chefe do setor não atendia aos chamados, Emma o comandava e manda cada vez mais pacientes para cirurgia, ocupando Regina e todos do staff.

Já era horário de almoço quando as coisas começaram a se acalmar, os pacientes tinham sido atendidos e os que tinham subido para o centro cirúrgico já estavam com os seus acompanhantes nos quartos.

Emma estava na estação das enfermeiras olhando alguns prontuários digitais no tablete quando Regina chegou conversando com August.

— Vou para casa agora, prometi para as meninas que teríamos uma tarde de filmes, mas eu sei que na verdade só vou dormir sentada, então fique de olho nos pacientes e faça a minha ronda, eu volto a noite, mas se precisar de mim pode me bipar.

— Está certo, Dra. Mills. Tenha um bom descanso.

— Obrigado Wayne. Dia cheio hoje, heim. — disse quando colocou o tablete no suporte e selou os seus lábios com os de Emma.

— Muito. Queria falar com você, já está indo?

— Estou, vou encarar o meu segundo turno agora com Luna e Luíza. Vai ficar com elas a noite, não vai?

— Vou, então trate de cansar elas.

— E te deixar com todo o trabalho fácil, só colocar na cama e pronto? Nada disso. Mas sobre o que você queria falar comigo?

— Eu posso esperar, vai para casa descansar.

— É assunto de “casa”?

— Não, é profissional.

— Então não, vamos subir para a minha sala. O que foi Emma, algum problema? O laboratório... Lilith...?

— Não Regina! Eu só queria falar sobre o meu contrato com o hospital.

— Ah, verdade, inclusive eu já queria ter falado sobre isso com você, mas tínhamos coisas mais importantes para fazer. — disse maliciosa — E o dia hoje foi corrido. Nós queremos que você fique aqui no hospital, que assuma o projeto do genoma, com a transferência de Washington, da sua bolsa e dos investimentos para cá, e que você também assuma a chefia do trauma.

— Mas e o chefe atual?

— Ele está saindo, e isso não foi divulgado antes porque eu precisava falar com você primeiro. Então, o que me diz, Dra. Swan? Dessa vez o Boston Hospital Center e o conselho estão te dando todo o suporte para você ficar?

— Eu ficaria mesmo que vocês não me empregassem, Regina. — se aproximou e a encurralou entre a mesa e o seu corpo.

— Eu nunca deixaria você para trás, Emma, se você tivesse esperado mais um pouco, se tivesse ficado... — falou tocando suavemente o rosto de Emma, que fechou os olhos aproveitando o carinho.

Abria a boca para dizer que sentia muito, que se pudesse voltar atrás teria feito as coisas diferentes, mas Regina a impediu com beijo afetuoso e terno.

— Você vai aceitar? — o beijo já havia sido encerrado, mas mantinham as testas unidas.

— Onde que eu assino? — perguntou sorrindo.

Regina pegou uma pasta na gaveta da mesa e tirou alguns papeis para que Emma os assinassem, todos já estavam em seu nome, faltando apenas a sua assinatura.

— Obrigado, Regina.

— Eu fiz quase nada, Emma, foi uma decisão do conselho. Quiseram você pela a excelente profissional que é e pelo programa bem desenvolvido. Os louros são seus, sempre foram.

Paulatinamente Regina ia se sentindo mais leve, alguém mais parecida com a pessoa que ela era ao conhecer Emma, se desintoxicava, o pesar em seu peito dava lugar a satisfação por a forma como agora via as coisas, por a forma como se via, longe da ótica de sentimentos ruins.

Não tinha esquecido de tudo que tinha acontecido ou de como havia se sentido abandona e dos anos em que sofreu com a ausência da filha e de Emma, e nem esqueceria, mas estava aprendendo a viver sem deixar que tudo isso lhe sufocasse. Haviam reaberto as feridas mal curadas e estavam as tratando dessa vez da maneira correta. Além dos machucados, curavam as suas almas.

Estavam tendo o seu novo começo, mas com a compreensão de quem já se conhecia há anos.

Depois de ter se despedido de Emma foi direto para o elevador antes que alguém a bipasse ou que fosse chamada por alguém médico afim de consulta. Quando o apanhou ele estava vazio, exceto por uma pessoa.

— Olá Dra. Mills.

— Oi Dra. Bauer. — disse apertando o andar do estacionamento.

Kristin nada tinha dito após os acontecimentos, mas Regina não se sentia orgulhosa da situação que tinha criado, muito pelo contrário.

— Como vai?

— Vou bem, e você? — enfiou as mãos nos bolsos do jaleco.

— Estou bem.

— Que bom.

— O Gold me ofereceu o departamento pediátrico, você sabia?

— Sabia, foi conversado no conselho, e eu apoiei, você é uma médica de gabarito.

— Você acha que devo aceitar?

— Como assim você ainda aceitou? É a chefia de uma área cirúrgica!

— Eu sei. Olha, está tudo bem para mim, real, mas está tudo bem para você e para a sua esposa? Não quero acabar sofrendo algum tipo de boicote, se é que me entende.

— Se você quer esse cargo, se acha que pode fazer um bom trabalho aqui conosco, aceite. Se está tudo bem para você, o resto não importa.

— Acho que preciso falar com Gold. — disse quando o elevador parou andar que Kristin havia acionado e ela saltou fora.

...

Dia após dia Emma passava cada vez mais tempo em casa com Regina, Luíza e Luna, as vezes dormia por lá e tomava o café da manhã com elas, davam carona a Zelena, deixavam as meninas na escola e depois iam para o hospital, mas apesar disso as suas coisas continuavam na casa dos pais, o que não a impedia de esquecer uma peça ou outra de roupa na casa de Regina. Mas Emma não tinha pressa, viviam um dia de cada vez e aproveitavam tudo que ele podia oferece-las da forma mais intensa e prazerosa que podiam.

Pela primeira vez em dias estavam tendo uma folga em um final de semana, era um sábado e estavam em um momento Clube da Luluzinha com Zelena. Killian havia feito o pedido tão desejado por muitas, e sem titubear ela aceitou.

— Vou querer que as meninas sejam as minhas daminhas de honra, o que vocês acham? — conversavam na sala depois do almoço, Zelena estava deitada no sofá, Regina sentada na poltrona e Emma sentada no braço da mesma poltrona e encostada em Regina. Falavam sobre alguns detalhes e escolhas para o casamento.

— Bom, se você conseguir fazer com a que Luna fique quieta com todas aquelas saias embaixo aquele vestido, sem se sujar e sem derrubar nada durante a cerimônia, ela é toda sua. — Regina conhecia a filha o suficiente para saber da inquietude de Luna.

— Você vai se comportar, não vai filha? — Emma perguntou.

— O que, mãe?

Luna e Luíza jogavam xadrez em cima da mesinha de centro da sala. Empolgado por ter as duas netas em casa, Henry as ensinava o jogo sempre que ficavam com ele.

— O que uma daminha faz? O cavalo se move em L não é? Ele pode ser deitado?

— Não vale pedir ajuda, Luíza! — Luna reclamou.

— As damas de honra levam as flores e as alianças. Eu posso responder a Luíza, Luna?

— Não tia Zelena, não pode.

— A Luna não pode ficar com as alianças, porque se não ela vai perder e você e o tio Killian não vão mais conseguir casar. E eu vou mexer ele assim. — e moveu a peça para o F2.

— Então Luna, você vai ajudar os seus tios? — Emma perguntou novamente.

— Eu vou poder tirar o vestido depois?

— Depois da cerimônia e algumas fotos sim. — Regina respondeu.

— Muitas fotos. — Zelena corrigiu. — Vai ser praticamente a primeira festa em que todo mundo vai estar aqui. — falou um pouco mais baixo.

Regina olhou para cima procurando o olhar de Emma que logo foi de encontro ao seu, entendiam o que ela queria dizer.

— A gente vai tia, e a gente amarra ela dentro vestido. Vai Luna, é a sua vez.

— O vovô Henry disse que não pode ficar apressando o outro assim, e vocês estão atrapalhando a gente. — Luna falou com o olhar fixo no tabuleiro.

— Nós? — Regina perguntou fingindo estar ofendida.

— É, vocês ficam falando de flores e vestidos.

— Você vai ficar linda em um vestido todo rodado. — Luíza se debruçou sobre a mesa e apertou a bochecha da irmã.

— Sai, você tá igual a vovó Mary.

— E o seu vestido, já escolheu, Zel? — Regina falou passando o braço envolta da cintura de Emma.

— Dei uma olhada em algumas lojas e também andei pesquisando na internet, eu queria mesmo era a sua ajuda nisso, Regina, você é a minha irmã mais velha e tem que me acompanhar nisso. — disse com manha.

— Eu? Em que horário? Cinco da manhã saindo de um plantão?

— Você precisa encaixar isso em algum horário, você vai ser a minha madrinha.

— Vou?

— Claro que vai, e você também Emma.

— Aceito com prazer, mas porque você não arrasta a Cora para isso? Não é a mãe da noiva que ajuda nessas coisas? Eu lembro que da última vez foi assim. — falou lembrando das preparações para o seu casamento com Regina.

— Deveria, mais eu lembro como foi com a Regina. Lembra que você quase expulsou ela de dentro do provador?

— Verdade, a mamãe é muito mandona, por ela tínhamos casado de burca, Emma, e talvez ela esteja ainda mais, porque né...

— Nem me fale, o Killian ainda não consegue sustentar o olhar dela sem desviar.

— E quem além de você duas e do pai de vocês conseguem, Zelena?

— Luíza e Luna. — Zelena respondeu a Emma.

— Porque ela as ama.

— Porque você não chama a Mary? Digo isso por experiência própria, porque na minha época como se já não bastasse cuidar da Emma, ela também quis me acompanhar nas provas e em todas as outras coisas.

— Então, Regina... Emma, não me entenda mal, por favor, adoro os seus pais, principalmente a minha sogra, mas ela é um pouco empolgada demais para a minha sobriedade — se sentou e olhou para cunhada com uma cara de culpada.

Emma gargalhou, sabia que o que Zelena dizia era a mais completa verdade.

— Xeque mate. — Luíza disse fazendo yes.

— Como você pôde ganhar se nem lembrava como movia o cavalo?!

— Mas eu ganhei, e o vovô disse que você não deve ser uma perdedora ruim.

Depois de finalizada a partida, Luíza que tinha ganhado da irmã começou uma nova contra Emma. Regina e Zelena que tinham engatado no assunto do casamento subiram para o quarto da mais nova, e Luna foi atrás.

Estava na vez de Luíza quando a campainha tocou e a menina se levantou correndo para a abrir a porta. Já estava com a mão na maçaneta quando Emma a repreendeu: — Luíza, você não pode sair abrindo a porta assim, sem nem ao menos saber quem está do outro lado.

Acenou positivamente e então perguntou: — Quem é?

— O melhor tio desse mundo.

— Só porque você é único que a gente tem. — disse quando abriu a porta e se jogou nos braços de Killian.

— A Zelena está aqui?

— Ela tá lá em cima com a mamãe e a Luna. — Luíza respondeu prontamente.

— E você pode chama-la para mim?

— Aham — saiu correndo em direção ao cômodo.

— Se tivesse chegado um pouco mais cedo tinha almoçado com a agente. — Emma disse quando se levantou e abraçou o irmão.

— Ah, mas tudo bem, eu tive tempo de passar em casa e almoçar com os nosso pais, que a propósito reclamaram porque fazem alguns dias que não te veem, você não tem dormido muito em casa.

— Tenho estado ocupada com a chefia do trauma e todos os outros casos.

— Aham, e você também tá dormindo no hospital. Eu vou fingir que acredito que é só isso.

— Tá ansioso para o casório?

— Muito, talvez até mais que a Zelena. Não vejo a hora de estarmos morando juntos, sabe?

— Eu sei. — disse sorrindo para o irmão, mas aquela era mais uma resposta pessoal sua do que uma resposta para ele.

— Como estão as coisas?

— Estamos bem, de verdade. — sorriu abertamente.

— O fim que você via para isso mudou de contexto?

— Nem vejo mais um fim, Kill, só quero viver isso e estar aqui com elas.

— Tudo parece finalmente estar dando certo para todos nós.

— Sim, e o meu irmão mais velho está finalmente desencalhando. — disse indo para cima e bagunçando o cabelo dele como fazia quando eram crianças.

— Regina, tá tudo bem mesmo ou corre o risco de eu chegar e a casa estar de cabeça para baixo e você arrasada? — perguntou em um tom baixo para que Luna não ouvisse.

— Se a casa estiver de cabeça para baixo, garanto que vai ser por outro motivo.

— Deus, eu não precisava saber disso, esperem pelo menos as meninas dormirem.

— Assim como você esperava eu e a Luíza estarmos dormindo para abrir a porta para o Killian?

— Não está mais aqui quem falou.

— Tive até uma ótima ideia, o que você acha de eu dizer isso no meu discurso de irmã mais velha no seu casamento?

— Aham, aí o nosso pai e a nossa mãe me matam antes mesmo da minha lua de mel.

— Principalmente a mamãe. Olha Zel, eu sei que ela fica um pouco ácida as vezes, mas é porque ela se preocupa, principalmente depois de tudo que aconteceu... Mas ela está feliz por você, e acho que por mim também.

— Tia Zelena — Luíza entrou correndo e gritando no quarto. — O tio Killian está lá embaixo esperado a senhora.

Quando desceu, ela e Killian se despediram delas e saíram, tinham os seus próprios planos para o final de semana.

— Emma eu preciso de algumas coisas para o nosso jantar, faz tempo que não passamos um dia inteiro em casa, então a dispensa está precisando de compras. — falou enquanto enchiam uma bacia com água no jardim para dar banho em Lucy.

— De verdade, eu não me incomodo em comer as sobras do almoço de hoje, e as meninas lancharam a pouco tempo, nem devem estar com fome. Mas eu posso pedir algo se você quiser. — Lucy se debatia em seus braços já prevendo o que fariam com ela.

— Não era bem do jantar das meninas que eu falava.

Emma disse um “ah” silencioso.

— Tudo bem, eu posso ir comprar. Certo, quem vai comigo no supermercado? — perguntou às meninas.

— Eu não, eu vou ficar e dar banho na Lucy com a mamãe. — Luna falou pegando a gata dos braços de Emma.

— Eu vou com você, mãe.

— Emma. — Regina a chamou quando ela já alcançava a calçada da rua com Luíza.

— Oi. — respondeu voltando para perto dela.

— Segura a mão dela na hora de atravessar a rua, e não solte mesmo se ela puxar.

— Tudo bem. — disse sem entender Regina, é claro que não soltaria a mão da filha.

— E olha para os dois lados na hora de atravessar.

— Tá bom, Regina. — selou os seus lábios com o dela, pois sabia que ela não iria parar falar ou de dar recomendações.

— Fica quieta, Lucy!

Haviam começado a tarefa banho e Luna reclamava com a gata que se debatia e a arranhava sem querer entrar em contato com a água.

— Me dá aqui ela, filha. — passou a gata para mãe que começou a fazer carinho em Lucy, acalmando o animal, e sem força-la a entrar no banho, Regina foi pegando a água com a mão e molhando o pelo da gatinha aos poucos, para que ela não se assustasse quando fosse posta dentro da bacia. — Viu Luna, tem que ser assim, se não você vai sair toda arranhada e ainda pode levar uma mordida.

— Assim, mãe? — e fez o mesmo que Regina, pegava a água em uma conchinha feitas com as mão e molhava devagar a gatinha.

— Isso, desse jeito. Assim como você, ela também parece não gostar muito de banho.

— Mas eu tomo banho!

— Obrigada, né, Luna. Pega o shampoo para a gente passar nela.

— Posso colocar nela direto?

— Não, põem primeiro na mão, passa uma na outra depois passa no pelo dela. Isso, muito bem. — Regina que continuava segurando a gatinha, a essa hora já estava ensopada.

— Mãe, qual é a diferença do que você faz para o que a mamãe faz no hospital? — perguntou enquanto massageava o pelo de Lucy e criando espumas.

— Bom, ela é quem recebe as pessoas que se acidentam na estrada, ou batem carros e mortos, não que eu também não trate deles, mas Emma fica com o que são mais... Hã, mais... — procurava uma palavra para definir bem o trauma, mas que fosse suficientemente clara para explicar a Luna em vez de assustá-la.

— Sério?

— Feio. Eles tratam de umas lesões bem feias, nos braços, pernas e abdômen.

— E você, com o que fica?

— Eu fico com tudo que tá aqui dentro. — apontou para barriga da filha.

— O vovô Henry também.

— Aham, antes de se aposentar ele também era cirurgião geral.

— Eu quero ser como você e o vovô, também quero cuidar do que fica aqui. — apontou para a sua própria barriga com a mão cheia de espuma.

— Mas você não precisa ser como nós, filha, você pode ser o que quiser. — sorriu largo ao ouvir o Luna lhe dissera, mas não queria a sua filha se sentisse obrigada a fazer algo só porque ela também fazia.

— Então eu quero ser igualzinha a você, não posso?

— Claro que pode.

— Então eu vou ser cirurgiã geral e chefe, porque você e a mamãe são e eu também quero ser.

Depois que enxaguaram Lucy, já a colocando diretamente na água, entraram para secá-la com o secador. Luna subia as escadas na frente com a gatinha enrolada em um pano, atrás, Regina era só sorrisos pelo o que tinha ouvido da filha.

— A sua mãe disse que precisa de brócolis, cenoura, pão ciabatta, batata noisette, bacon e linguiça calabresa daquela fininha. Certo... — depois de terem chegado ao supermercado seguindo todas recomendações de Regina, Emma olhava perdida para todos aqueles corredores, era a primeira vez que entrava naquele supermercado e as identificações em nada lhe ajudavam.

— Mãe, a gente acha os brócolis, as cenouras e as batatas ali, junto com os outros legumes. — Luíza apontou para o corredor a esquerda, para onde se dirigiram.

— O que seria de mim sem você?!

— É que eu já vim aqui com mamãe e venho as vezes com a vovó Cora.

— Você é muito inteligente, sabia? Se parece muito com a sua mãe.

— Não, eu me pareço com você. Olha, o nariz é igualzinho, e as sardinhas também. — Luíza se olhava no espelho do expositor de hortifrúti, e através dele também olhava para a mãe que escolhia os legumes.

Emma sorriu ao perceber que a filha lhe olhava pelo reflexo no espelho, que também sorriu. É, eram iguaizinhas mesmo.

Depois de terem feito as compras, quando saíram do supermercado Emma segurou a mão de Luíza para atravessar a rua, que assim como veio, voltou saltitando as rachaduras nos pisos das calçadas, só que dessa vez carregando umas das sacolas.

— Você e a mamãe estão namorando? — perguntou quando já chegavam perto de casa, parando e se virando de uma vez para Emma, que também interrompeu os passos no susto.

— Porque você está perguntando isso, Luíza?

Ela e Regina nunca tinham tido a preocupação de estabelecer algo ou esclarecer o que tinham para as meninas, meses atrás a preocupação em se tornarem mães das crianças e fazerem com que agissem como irmãs eram os seus maiores receios.

— Antes a gente ia ficar com você na casa da vovó Mary, mas agora você tá sempre aqui em casa. — voltou a caminhar, Emma também caminhava ao seu lado.

— Você não gosta disso?

— Gosto, agora tá todo mundo junto. Mas vocês estão?

— Acho que sim. Você aprova?

— Vocês duas namorando? Aham. — foi enfática também afirmado com a cabeça. — A mamãe antes ficava sozinha, e eu acho que ficava triste por isso, mas agora ela tem você e a Luna, e a mim e todo mundo. Mas não conta para ela que eu te disse isso, porque a vó Cora me disse que ela não gosta, tá?

— Tá, temos um segredo. Mas você achava mesmo que ela estava triste?

Luíza acenou em positivo com a cabeça.

— Ela tava muito séria, e as vezes ficava sozinha na sala bebendo suco de uva. Ela não tava muito feliz, mas agora ela tá.

Emma sabia que o que Regina tomava podia até ser derivado da uva, mas não era suco.

— Vai devagar, filha.

— Mas eu nem tô correndo. — falou sem entender.

— Não disso, mas de crescer. Eu mal voltei e você já mudou e cresceu tanto.

— Ué, mas eu já vou fazer nove anos e já vou ser uma pré-adolescente, eu tenho que crescer.

— É verdade. — disse afagando o cabelo da filha com a mão livre de sacolas.

— Vocês vão casar como o tio Killian e a tia Zelena?

— Mas nós já somos casadas, meu amor.

— Ah, verdade. Espera, mas se vocês já são casadas, como é que vocês namoram?

— Eu também não sei, Luíza, acho que estou descobrindo isso agora.

Já estava escuro quando chegaram em casa, e na cozinha, Luna estava sentada em um canto perto do comedouro e bebedouro de Lucy, brincava com a gatinha agora limpa, enquanto Regina despejava o queijo roquefort picado para o fondue e acrescentava o conhaque. A mistura na panelinha fumegava.

— Trouxemos tudo, mamãe. — Luíza disse ao entrar na cozinha e colocar a sacola que trazia sobre a mesa, Emma que vinha atrás fez o mesmo.

— Vocês conseguiriam dar banho nela? — Emma perguntou e fez um carinho na pelagem da gatinha.

— A mamãe conseguiu, olha só o que ela fez em mim. — Luna mostrou a mãe e a irmã alguns arranhões superficiais avermelhados que tinha nos braços.

— A Luna queria enfiar a gata dentro da bacia de uma vez, mas no final deu tudo certo, conseguimos dar o banho dela e já limpamos os arranhões.

— Meu Deus, que mulheres mais valentes essas. — Emma se aproximou de Regina e depositou um beijo em sua nunca, fazendo com que os pelos dela se arrepiassem.

— Você pode cortar os legumes para mim e coloca-los o vapor para cozer? — perguntou em meio a um suspiro.

— Claro.

Como Emma já tinha previsto, as meninas não tiveram muita fome, depois das besteiras liberadas no final de semana e de sanduíches com suco de laranja não quiseram mais nada, quando chegou a hora de dormir foi ela quem subiu para dar banho e coloca-las na cama, já que Regina ainda cuidava do jantar que seria a noite do fondue. Depois que as meninas pegaram no sono, encostou a porta do quarto deixando Lucy lá dentro e foi para o quarto de Regina, ainda não conseguia dizer que era se e nem sabia se devia, afim de tomar um banho antes de descer para comer, mas o chuveiro estava ligado, Regina já tinha subido para tomar o seu banho, então pegou uma muda de roupa e foi tomar banho no banheiro de Zelena, que ainda não tinha chegado, e que provavelmente aproveitaria o resto do final de semana com Killian.

Quando saiu do banho nua, uma corrente de ar entrou por a janela entreaberta do quarto fazendo com que tremesse de frio. Regina havia acertado em escolher algo quente para o jantar.

Enquanto descia as escadas logo sentiu o clima mudar, o aquecedor estava ligado tornando o ar mais agradável. Quando estava a poucos degraus de chegar a sala, Regina saiu de dentro da cozinha com duas taças em uma mão e uma garrafa de vinho branco na outra, ela vestia um suéter cinza de mangas compridas com listras brancas e detalhes pretos como peça única que ia até um pouco antes do meio da sua cocha. Emma a achava terrivelmente sexy vestida daquele jeito, o que fez com que olhasse e fizesse uma careta para a sua camiseta acinzentada e para calça de moletom surrada da mesma cor, pareciam mais que eram uma peça só.

— Você fica linda de qualquer jeito, até mesmo com um avental cirúrgico e a touca de patinhos. — Regina disse depois de colocar as coisas no centro de mesa ao perceber o que ela tinha feito.
Esticou a mão, que depois de descer os degraus que faltavam Emma a segurou.

— São cisnes. — havia ruborizado.

— Tudo bem. — selaram os seus lábios com doçura, quando se separaram alguns sorrisos foram dados.

A sala estava com uma iluminação franca que vinha de um abajur, na mesa de centro estava o aparelho de fondue com os dois garfos, a farofa de cubinhos de bacon, os pães e legumes picados, dois pratos, o vinho e as taças e duas velas, uma em cada extremidade da mesa. Sentaram no espaço entre a mesa e o sofá, onde tinha algumas almofadas espalhadas que ajudaram no encosto.

— Não acredito que fez tudo isso só no tempo em que eu subi.

— Isso não é nada.

— É claro que é, amor.

Sorriu ao ser chamada daquela forma, amor.

— Faz as ordens?

— Claro. —  passou a garrada de vinho e saca-rolhas para Emma.

Com as taças cheias, começaram a ser servirem, espetando os acompanhamentos e os mergulhando no fondue de queijo. As vezes alguns assuntos triviais surgiam e eram conversados com suavidade, mas minutos de silêncio também se seguiam, e que não eram nada desconfortáveis, muito pelo contrário, eram preenchidos com olhares apaixonados e risos leves.

— Eu posso propor um brinde? — Emma perguntou quando tornou a encher as taças.

— Claro, mas deixa só eu limpar o canto da sua boca que tá suja de queijo. — Emma fechou os olhos sob o toque quente de Regina. — Pronto.

— Obrigada — disse quando abriu os olhos — Eu quero brindar a isso — olhou ao redor — Ao momento que estamos tendo, às nossas filhas que crescem bem diante dos nossos olhos... — suspirou, tinha tanta coisa ao que brindar e a agradecer.

— À segunda chance que nós nos demos. — Regina ergueu a sua taça.

— À segunda chance que nós nos demos. — suas taças tintilaram.

Pós a sua taça sobre a mesa e tomou o rosto da outra em suas mãos, afagava a bochecha de Emma com o dedo enquanto se perdia naqueles olhos-oceanos revoltos. Esquadrinhava com os olhos todas as linhas presentes ali, mesmo com a certeza de que jamais voltaria a perde-las, fazia questão de decorar cada traço. Só percebeu que mordia o lábio inferior quando Emma o tocou e a trouxe mais perto para um beijo, a língua dela pediu passagem que prontamente foi cedida. Seus beijos eram ritmados, suas bocas se conheciam de anos.

Só interromperam quando a necessidade de ar se instaurou, Emma encostou a cabeça curva do pescoço dela e Regina a abraçou passando um braço por trás, que trouxe Emma mais para perto, e o outro por a frente.

— A Zelena tinha falado sobre o casamento dela ser a primeira festa em que todo mundo iria estar aqui, em que as meninas vão estar juntas aqui, mas tem outra coisa também. — devido a proximidade, Emma sentia as cordas vocais de Regina vibrarem sobre o ato da fala.

— O que?

— O aniversário das meninas, as duas estão aqui esse ano, estão juntas. Vai ser a primeira vez desde que...

— Eu sei. — disse em meio a um suspiro. — Não podemos deixar passar em branco.

— E nem vamos, amanhã vamos falar com elas, perguntar o que elas querem ou que acham.

— Adianto que a Luna gosta de festa, gosta de doces e de muita bagunça.

Regina sorriu e Emma deu um beijo em sua mandíbula.

— Hoje eu percebi o quanto a Luíza tá crescendo, sabe, e eu não sei se eu tô pronta para ver isso acontecendo com nenhuma das duas, ainda temos tanto pra descobrir, para aproveitar, você sabe...

— Quando a Luíza teve aquela paixonitezinha eu vi que vai acontecer e que a gente não tem muito o que fazer, e se prepara, porque quando a Luna despontar, ninguém mais vai segurar.

— Hoje eu vejo tanto de você nela, quer dizer, além dela ser uma Regina mirim. Na verdade vejo muito de você nas duas. — ainda com a cabeça deitada na curva do pescoço dela, Emma sentiu Regina sorrir. — O que foi? — perguntou tirando a cabeça dali e olhando para ela.

— Nada não. — disse mesmo sabendo que ria por momento que tinha tido com Luna. — Eu só estou feliz, muito feliz.

— Isso é o que mais desejo para nós, felicidade.

— É... Eu sei que você tem passados algumas noites aqui durante a semana, mas não é como se realmente tivesse volta, como se morasse aqui, então Emma, volta a morar comigo e deixa essa casa, o quarto e a cama voltarem a serem nossos. — falou de uma vez sem ao menos parar para respirar.

Emma ficou alguns segundos em silêncio, abria e fechava a boca procurando palavras, mas elas simplesmente não vinham, finalmente estava acontecendo.

— Você não quer? Não acha seja uma boa ideia ainda? — Regina perguntou apreensiva.

— Não, quer dizer... Quero, é tudo que eu mais quero, Regina, voltar para cá, morar com você e as meninas. É óbvio que eu quero.

E sorrindo mais do que a boca podia, se jogou sofre Regina fazendo com que ela deitasse no vão entre o sofá e a mesa. Os beijos que trocavam eram quentes e cheios de agradecimentos e de amor. Eram mãos que viajavam sem mapas, línguas que provavam o gosto já conhecido e os corpos calorosos que dançavam ritmados. Sentiam que o que estavam vivendo era quase o início de um namoro, mas com a experiência dos erros já cometidos.

Emma se afastou um pouco e apoiou o seu peso nos braços, viu que Regina tinha um sorriso doce nos lábios, mas a malicia crepitava em seus olhos, e sorriu quando as mãos dela começaram a serpentear por baixou da sua camiseta até aos seus seios desnudos de sutiã. Gemeu perdendo um pouco as forças nos braços quando Regina os apertou e desceu com as unhas arranhando a pele alva. Emma pós uma de suas pernas entre as de Regina, fazendo com que a dela também ficasse entre as suas, e começaram a roçar uma na outra. Mesmo por cima das roupas os seus sexos relavam na perna da outra causando deliciosos frisos.

Como estava só com o suéter e tinha apenas a sua calcinha como impedimento, Regina já delirava com os olhos fechados, e ao abri-los se surpreendeu por a expressão de Emma não ser maliciosa como a sua deveria ser naquele momento, mas apaixonada, completamente apaixonada, fazendo com que Regina corasse.

Emma aliviou o restante da força que tinha nos braços, deitou o seu corpo sobre o dela e começou a alisar os cabelos dela esparramados no tapete.

— O que foi, Emma?

— É só que... Hoje a vida sem você me assusta, e eu não quero mais isso, não quero mais viver daquele jeito. O mundo sem você e nossas filhas faz cada vez menos sentido para mim.


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Notas finais do capítulo

Não sei vocês, mas além de ser pelo casal, sou apaixonada por as minhas gêmeazinhas
Agora é com vocês.

Bjus, até a próxima.



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