Back to Home escrita por Ana


Capítulo 29
Hermione, Coraline, Cowgirl e a Arqueira


Notas iniciais do capítulo

Avisei no twitter que o capítulo seria postado um pouco mais tarde, as minhas aulas voltaram, tudo mais voltou, porque isso que atrasou um pouco.
Perdoem os erros que passam despercebidos, e talvez tenha um pouco mais do que o normal, porque eu estou grogue de sono devido a minha insônia, e é por isso que o capítulo vai saindo bem mais cedo do que o que eu costumo postar, porque vou dormir como a princesa que eu sou daqui a pouco
Músicas: Home - Phillip Phillips e To Build A Home - The Cinematic Orchestra
Fiz uma playlist no youtube com as duas ( https://www.youtube.com/watch?v=HoRkntoHkIE&list=PLhNus2fzZ-iOwuGnPIOxk2C-VYX7W0cei&index=1), mas vocês podem encontrar ela pesquisando com o nome do capítulo, tá?
Tenham todas uma boa leitura.



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— Qual é o caso? — Regina perguntou ao entrar na sala de cirurgia.

— Acidente de carro, trauma abdominal gravemente hipotenso desde a chegada. — Ruby respondeu.

— A ultrassonografia indica fluido no quadrante superior esquerdo, muito fluido. — August olhou o exame.

— Vai ser uma longa noite. — a mais jovem suspirou.

— Nem me fale, eu não durmo há 48hrs, e ainda precisei resolver algumas coisas da festa das meninas.

— Não tinha ido para casa mais cedo?

— Saí de um de 18hrs para chegar em casa e achar a Luíza com o último dente mole e com receio de arrancar, Luna ligada no 220w sem conseguir dormir, a minha casa parecendo um ateliê com as coisas para o casamento da minha irmã e para o aniversário, e quando finalmente deitei para dormir eu recebi a ligação. Então talvez seja melhor estar aqui, Lucas. E você?

— 4hrs de lise de aderência, depois um aneurisma aórtico, e um baleado no abdômen.

— Wayne, pega o hemostático para mim. — Regina pediu.

— Abrindo a fácia. — Ruby anunciou.

A sala foi tomada pelos apitos das máquinas.

— Encha de gases aqui. — a chefe da cirurgia geral mandou.

— A hemorragia está muito grande. — August disse passando as gases.

— Afastador aqui agora! — o instrumentista os entregou a Ruby. — Não consigo ver.

—Estou tentando te dar mais visibilidade, Dra.

— Mais gases lá dentro. — Regina reforçou a ordem. — Precisamos de um recuperador de sangue. Enxuguem!

— Fiquei sabendo que estão precisando de um par de mãos. — Emma entrou no centro cirúrgico e teve as luvas colocadas.

— Que ótimo, se estiver disponível. — aquele era o muito obrigado de Ruby.

— Você já deveria estar em casa. — Regina levantou o olhar.

— Você também, se não estou enganada, mas vamos, o que posso fazer? O que temos na mesa?

— Laceração nível quatro da veia hepática, tríade da morte parece intaquita, está com gases nos quatro quadrantes. — August a atualizou.

— Uou, o fígado está...

— Destruído. — Regina completou o que Emma dizia.

— Hematoma indo para a área epinéfrica.

— Wayne vamos fazer uma rotação medial das vísceras direitas.

— Claro Dra. Mills. Grampo médio, por favor

— Quantas bolsas já usamos? — Ruby perguntou.

— Já usamos no mínimo uma dúzia, Dra. Luca. Quero mais dois grampos.

— Ele está sangrando toda a transfusão que vocês fizeram. Mais gazes. — Swan pediu.

— Afastador. — Luca precisa de mais visão. — Aspira ali.

— Eletrocautério. — o cheiro de carne sendo queimada subiu no ar.

— Dra Mills... — Wayne começou a dizer.

— O rim se partiu ao meio.

— Dá para salvar?

— Não

— Precisamos controlar melhor a hemorragia, Dra.

— Vamos tirar ele fora.

— Não Dra. Luca, posso colocar um grampo no hilo ou fazer uma nefractomia parcial.

— Seria inútil, Swan.

— Eu vou concertar o rim.

— Concordo com a Luca, Emma.

— Eu posso, Regina. — toda a confiança que tinha foi passada para Regina através de seu olhar sobre a máscara.

— Ok, vamos fazer.

— Afastador. Me conte a história dele, August. — Emma pediu.

— O que, Dra. Swan?

— Criamos empatia quando sabemos algo sobre o paciente.

— Ok, envolvido em um acidente de carro, um dos motoristas perdeu o controle e atingiu outro carro fazendo com que entrassem os dois dentro de um boliche.

— E com quem nós estamos?

— Com um dos motoristas.

— Qual dos dois?

— O que teve o carro atingido.

— O lobo direito ainda está sangrando, Swan.

— Desse lado também. — Ruby observou.

— Tirem as mãos. — ordenou.

— O que?

— Tesoura.

— Ele não precisa de mais incisões.

— A hemorragia não diminuiu Dra. Luca.

— Wayne, aspire isso melhor.

— A pressão está caindo, Dra. Mills.

— Vamos nos concentrar na área retohepática,vamos tentar reparar as lesões vasculares primeiro.

— Não, Swan, vamos fechar, quando ele estiver mais forte voltamos. Olha esse sangue, como acha que vai conseguir colocar um grampo atrás do fígado. Vamos fechar e esperar o corpo se recuperar para ele poder ter condições de entrar na lista de transplante.

— E um de urgência.

— Não Wayne, ele rejeitaria imediatamente. — Ruby explicou.

— Então vou continuar com o encherto, me dá só mais um minuto, por favor. Preciso da pinça de rendom agora, vou isolar o fígado e pinçar a veia cava acima e abaixo do fígado.

— Rápido Emma, já não temos mais tempo.

— Me apressar assim não vai fazer com que realmente seja mais rápido... Consegui.

— Dra. Swan, tira o fígado fora. — Wayne disse sério, mas se pudessem ver através da sua máscara, veriam que ele engoliu em seco ao dizer aquilo.

— O que? — Ruby olhou incrédula para o interno.

— Isso mesmo August, tira o fígado, Emma. — Regina o apoiou.

— Regina, você mesma falou que para o estado dele o transplante não é uma opção.

— Um transplante heterotópico não, mas um autotópico...

— Foi nisso em que pensei, Dra. Mills.

— O lóbulo direito está destruído, e o esquerdo não está essas coisas todas por baixo.

— Mas se tirarmos vamos conseguir reparar melhor, além do mais você já fez muito nele, Swan.

— Tudo bem.

— Ruby, repara e prepara as anastomoses para a reimplantação, Wayne vem comigo, e eu também preciso de uma enfermeira para irrigar com soro.

 

— Eu nunca teria pensado nisso, pelo menos não na pressão do centro cirúrgico.

— Foi um golpe de sorte, Dra. Luca, a insistência de Dra. Swan em trabalhar nele foi o que deu condições para o transplante.

— Reparei com outra coisa em mente, também não tinha pensado nisso. Você mandou muito bem. — Emma o elogiou.

— Depois do transplante das Dras. Mills e Bauer, eu comecei a ler mais sobre eles, e na hora esse me veio à cabeça.

— Wayne, se continuar na dela, você pode aprender muito.

August sorriu em resposta a Emma.

— Você foi muito bem hoje, August, foi uma ótima ideia e salvou a vida do paciente. — Regina disse com a mão em seu ombro.

— Obrigado Dra. Mills.

 

— Eu estou exausta. — Emma disse enquanto caminhava pelos corredores com Regina e Ruby.

— Fiquei sabendo que teremos uma festinha por esses dias.

— Inha? Se depender da Luna ela fecha o quarteirão. — todas riram do que Regina disse. — Vamos juntas? — perguntou a Emma.

— Com certeza, não vejo a hora de chegar em casa e subir para o quarto.

Ruby fez uma expressão maliciosa, agora que as duas, Emma e Regina, estavam bem, estar no mesmo lugar que elas, não carregava mais o ar, a tensão havia se dissipada.

— Deitar na cama e dormir. — deu uma cotovelada no flanco da outra.

— Dormir, sério? Já tentei isso, e não vai dar, e o amanhã vai chegar antes que você possa fechar os olhos. É... Ruby, como inda faltam algumas horas para o seu plantão acabar, fique atenta ao paciente, e depois dê todas as instruções ao August, ele já tem uma certa experiência em pós-operatórios de transplantados.

— Acho que nenhuma de vocês vem amanhã, não é?

— Não, amanhã seremos inteiramente delas, e enquanto você estiver aqui, os meus pacientes serão seus.

— E mesmo assim, amanhã são as nossa 24hrs de “descanso”, porque essa aqui daqui a pouco vai estar dormindo em pé. — Emma pegou na mão de Regina e se direcionaram ao elevador que levava ao estacionamento.

Quando chegaram em casa, não se ouvia nem um pio, todas as luzes estavam apagadas, assim como as meninas, Zelena também dormia. Quando subiram para o quarto, Regina foi a primeira a entrar no banho, enquanto Emma aproveitou para checar os seus e-mails.

— Emma, a sua mãe vai vir a tarde? — perguntou enquanto tirava o excesso de água dos cabelos com a toalha em frente ao espelho.

Com a falta de resposta de Emma, ao voltar para o quarto, Regina concluiu que tinha acontecido o que já esperava, ela tinha dormido com o celular sobre o rosto. Regina pegou o parelho e o colocou no criado mudo, ainda de roupão, deitou ao lado de Emma, e sem que pensasse muito, rapidamente caiu em um sono profundo.

...

— Espera, Luna. — Luíza sussurrou, não queria acordar ninguém na casa.

— O que foi? — se virou para trás, já estava com a mão na maçaneta da porta do quarto das mães

— A tia Zelena disse ontem que elas iam chegar tarde e que iam tá cansadas, lembra?

— Ah, mas foi ontem, e hoje é hoje.

— Elas tão dormindo ainda, e eu também ia tá se você não tivesse me acordado. — disse coçando os olhos.

— Mas é que eu tô com fome. — se deu por vencida.

— Tem biscoito de chocolate no armário. — soou sapeca.

— Mas é que a mamãe sempre me acorda com presentes no dia de hoje. — fez biquinho.

— Vai ver elas estão cansadas por causa do trabalho mesmo.

— Ou ela esqueceu dessa vez, e o pior, esqueceu de nós duas. Como alguém pode esquecer de duas?!

— Luna. — parou a irmã no terceiro degrau da escada. — eu sei que você só quer os presentes.

— Será que a gente vai ganhar um Xbox novo?

— Luna!

— Vamos, eu tô com fome. — pularam os últimos degraus da escada e entraram saltitantes na cozinha prontas para atacarem os armários.

— SURPREEEESAAA! — Emma, Regina e Zelena gritaram quando as meninas entraram na cozinha.

Home ♪

A canção de “parabéns para você” encheu a cozinha, animada e acompanhada pelas as palmas de Regina, Emma e Zelena. Eufóricas, as meninas subiram nas cadeiras da mesa, que estava apinhada de presentes embrulhados que tinham chegado mais cedo e os dados pelos os avós, e com um super-café da manhã onde tinha tudo o que gostavam.

— Será que tem que um Xbox novo aí no meio? — Luna perguntou quando a canção chegou ao fim.

— Luna! — Regina disse prendendo a filha dentro do um abraço apertado.

Na prática, não era a primeira vez que abraçava a filha ou que a parabenizava nesse dia, mas em seu coração sentia como se fosse, Emma que abraçava Luíza, também sentia o mesmo. Estarem ali, juntas, e com as filhas, era algo em que sempre pensava quando essa data chegava no calendário, pensava em Luíza, em Regina e em Luna que nada sabia das duas, mas ali com uma das filhas nos braços, e com a outra enlaçada em Regina, espantou todo e qualquer pensamento desse cunho, a realidade agora era muito mais bela e agradável.

Por a proximidade com o halloween, o tema escolhido para o aniversário das meninas foi uma festa a fantasia com o próprio tema como decoração. Desde de cedo o jardim começou a ser a organizado para a festa, pessoas passavam com tampos, apoios de mesa e cadeiras, as bases de apoio e o cume das tendas que seriam usadas devido a imprevisão do clima de Boston. Com a chegada da decoração, tudo ia tomando forma enquanto as meninas assistiam através das janelas de casa, Regina havia pedido que elas não saíssem para o jardim enquanto tudo não estivesse devidamente montado, pois tinha medo que elas pudessem se machucar ou tropeçar em alguma barra de ferro deitada no chão, mas a pesar disso, o dia não foi menos divertido, abriram os presentes que chegaram mais cedo e estrearam os brinquedos novos, animadas mostravam todos as mães.

Quando morava em Washington com a Emma, Luna sempre comemorava o seu aniversário em algum restaurante, além dos presentes que ganhava da mãe, ganhava o poder de naquele dia comer todas as besteiras que podia juntas, gostava muito daquilo, achava incrível passear por o self-service de sorvetes e colocar tudo que queria no prato, com todos os sabores, coberturas e acompanhamentos. Algumas vezes não era apenas ela e Emma, as vezes também comemorava com alguns amiguinhos da escola, mas no final do dia restavam apenas as duas. Luna não sabia que iria gostar tanto de ter mais pessoas para comemorar aquele dia até o momento em que teve uma irmã, duas mães, os tios e os avós.

Não houve um ano em que Regina não comemorasse o aniversário de Luíza, de início eram apenas com a família, ainda estava sob o efeito de tudo que tinha acontecido entre ela e Emma, e Luíza ainda era pequena demais para lembrar de alguma coisa, mas à medida em que ela foi crescendo, as festinhas passaram a serem maiores e com todos os amigos da escola convidados. Luíza sempre gostava da data, além dos presentes, brincava muito com os amigos, ganhava ainda mais carinho dos avós, e a sua mãe sempre passava o dia inteiro em casa. Logo que a irmã chegou, achou que perderia tudo que tinha para ela, mas quando passaram realmente a conviverem, percebeu que seria ao contrário, tudo havia sido duplicado, as brincadeiras, a diversão, inclusive os presentes.

No finalzinho da tarde tudo estava pronto, quando saíram correndo como jatos no jardim para começarem a receber os convidados, Luíza e Luna tinham os seus olhos vidrados em toda a decoração,  todo o jardim estava iluminado por luminárias de abóboras que traziam uma iluminação alaranjada, das árvores pendiam teias de aranha com aranhas e morcegos de borracha, balões de fantasmas, e sob a tenda principal, as mesas estavam cobertas com panos de mesa nas cores laranja e preto, as mesas temáticas tinham snacks, cupcakes, biscoitos e doces de lápides, caveiras, zumbis, minhocas, olhos espetados em garfos e algodões doce com as cores do halloween, todos sugeridos pelas garotas. Fora da tenda tinham uma grande piscina de bolinhas, uma cama elástica, boliche, onde os pinos tinham o desenho de esqueletos e a bola era um crânio, um tobogã inflável e um play tombo.

— Meu Deus, como vocês estão lindas, estariam ainda mais se estivessem usando as fantasias que a vovó queria. — falou Mary abraçando as netas.

Rindo, rolaram os olhos, em vez de estarem vestidas de princesas como Mary sugeriu, Luíza estava fantasiada de Hermione, vestia o uniforme da Grifinória, o suéter e a saia cinza escura, as meias pretas, a gravata listrada nas cores amarelo e vermelho e a capa preta com o capuz baixo, o brasão da casa dos corajosos de Hogwarts preso no peito, e uma varinha, já Luna, indecisa sobre o que usaria, vestia a fantasia de uma personagem de uma animação que tinham assistido há algumas semanas depois de trocar de fantasia três vezes, o personagem escolhido havia sido Coraline Jones, usava um pullover  azul escuro de mangas compridas e com desenhos de estrelas, uma calça jeans com as barras para dentro das galochas amarelas, e uma capa de chuva da mesma cor, a garota do desenho em questão tinha o cabelo na cor azul, e insistente como era, Luna também pintou o seu com um tinta temporária e lavável, que Regina tinha certeza que se sujaria tudo de azul mais tarde. Já Emma estava fantasiada de cowgirl, com uma camisa xadrez, uma calça jeans com as barras dentro de uma bota marrom de cano alto, um chapéu na cabeça e lenço no pescoço, uma corda dado voltas e presa no passador da calça, e uma pistola de brinquedo presa em um coldre na cintura. Regina havia se fantasiado de arqueira, usava uma túnica verde musgo presa com um sinto na altura da cintura, uma legging preta com botas de couro de cano alto e com pouco salto também da mesma cor, uma capa curta com capuz baixo, e nas costas, a aljava e o arco pendurados.

— Acho que fazem alguns anos que elas não gostam mais dessas princesas, Mary, a gora se me der licença... Parabéns minhas meninas, ter vocês duas aqui tem feito a vovó muito feliz. — Cora também abraçou as netas.

— Cadê o tio Killian? — Luíza perguntou a Zelena, que estava fantasiada de pirata.

— Ele vai chegar daqui a pouco, precisou resolver algumas coisas meu bem.

— Ele não vai demorar, vai?

— Não.

— Emma, essa tinta azul vai sair do cabelo dela, não vai? — David perguntou receoso.

— Claro pai, isso saí com água.

— Eu achei que combinou bem com ela. — o outro avó piscou com um olho só para Luna que tentou repetir o gesto.

— Olha lá o Henry e a Grace. — os amigos da escola das garotas tinham chegado acompanhados por os pais, que ao se aproximarem, cumprimentaram Emma e Regina, e parabenizaram as meninas.

— A gente já pode ir brincar? — os olhos de Luna cintilavam por todos os brinquedos.

— Claro que podem, vão lá, e aproveitem. 

— Isso é de vocês. — Regina completou a fala de Emma.

Muitos outros convidados começaram a chegar, e sempre que viam os amigos, as meninas siam correndo seja lá de onde estivessem para chamá-los para brincarem também, além de tudo, brincavam fingindo ser os personagens aos quais estavam fantasiados. Luíza lançava inúmeros feitiços, enquanto Luna, furtiva, havia raptado Lucy e andava para cima e para baixo com a gata nos braços, fingindo que ela era O Gato, e seus amigos laçavam raios pelos olhos, ficavam invisíveis ou voavam.

— Para quem não está de plantão, “suco de cevada”, para quem vai volta para o hospital, suco de abobora. — Regina disse ao chegar na mesa em que os médicos e amigos do hospital estavam sentados.

Ela e Emma andavam cumprimentando os convidados em suas mesas, e Emma em especial, reencontrava conhecidos que ainda não tinha tido a oportunidade de ver.

...

— Tio Killian! — entraram correndo e gritando na tenda quase derrubando um garçom que passava com uma bandeja em mãos, quando viram o tio chegando com um embrulho.

— Meu Deus, uma bruxa de Hogwarts , não me atinja com um avada kedavra, por favor.

— Talvez só um cruciatus. — Luíza balançou a varinha perigosamente na frente do rosto do tio. 

— E uma... E esse cabelo azul? — perguntou olhando para irmã

— Ela questão de estar a caráter.

— Que por sinal está derretendo. — Regina limpou com um guardanapo um fio de tinta azul que escorria pela têmpora de Luna, devido ao suor causado por todas as brincadeiras.

— Ah, isso aqui é para vocês.

Luna tomou o embrulho nas mãos e balançou.

— Você vai quebrar antes da gente abrir, Luna. — Luíza tomou o presente a irmã. — A gente pode abrir? perguntou olhando para as mães.

— Vocês já abriram tantos, né... Podem. — Emma respondeu.

Regina segurou o a caixa e Luíza começou a abrir o presente

— Rápido, Luíza.

— Você quer que eu rasgue tudo?

— Quero! — Luna respondeu como se fosse óbvia aquela resposta.

Antes que Luíza pudesse terminar de tirar a caixa de dentro do embrulho, Luna já começou a saltitar.

— É um Xbox, Luíza, a gente ganhou um vídeo game novo.

— Como é que se diz, meninas?

— Obrigado tio, Killian. — responderam em uníssono e se jogaram nos braços do tio.

Luna e Luíza corriam de um lado para o outro, se divertiam com as outras crianças, roubavam doces das mesas, onde Luna os pegava e Luíza dava cobertura, brincavam nos brinquedos e estavam sempre correndo de um para o outro. Luna como a sapeca que era, sempre ia direto na pessoa responsável por observar as crianças enquanto brincavam, dizia que era a aniversariante e logo passava na frente de quem estava na fila, enquanto Luíza ria e dizia que não ela não podia fazer aquilo, mas acabava seguindo a irmã.

Na hora dos parabéns, de tanto brincar, a tinta azul do cabelo de Luna já escorria manchando a capa amarela de azul, mas ela nem ligava, estava tão eufórica com a diversão e a proximidade de comer o bolo que aquilo nem a incomodava. Em cima do banquinho para que pudessem ficar à vista de todos, Luíza subiu o capuz da capa e ficou com a sua varinha empunhada, enquanto a irmã catou Lucy e a manteve no colo. Quando viu a filha com o gato, o primeiro ímpeto de Emma foi repreender Luna, tinham deixado Lucy dentro de casa para que ela não fugisse ou se assustasse, mas ela parecia bem tranquila ali, além do mais, as filhas estavam tão felizes e com um sorriso tão aberto, que não queria fazer nada que estragasse aquilo.

Após os parabéns, com todos juntos a mesa do bolo, quando questionadas de quem seria o primeiro pedaço, Luíza cochichou algo no ouvido da irmã que acenou com a cabeça.

— Como nós somos duas, acho que a gente tem direito a dois pedaços, né.

— O primeiro poderia ser meu, esse bolo parece tão gostoso. — Luna salivou.

— Não mete o dedo no bolo, Luna — alguém gritou.

— Mas não vai ser dela não, os nossos primeiros pedaços vão para... — mas Luna não deixou que a irmã terminasse.

— As nossas mães, porque a gente tem duas.

— Eu que deveria ter ganhado. — Killian disse antes que Regina se juntasse às meninas com Emma. — Eu dei o que elas queriam.

— Mas na última vez em que eu chequei, fui que as pari. — cutucou as costelas do cunhado com o cotovelo.

Pousaram para as fotos, e antes que saíssem, Luíza falou para a fotógrafa: — Moça, tira mais, que é para gente colocar no lugar das dos anos que não tem fotos.

Com as meninas no meio, Emma e Regina se olharam, um suspiro em conjunto foi dado.

Enquanto as mesas eram servidas, Luíza sentou no colo de Emma e Luna no Regina para comerem o bolo, estavam todos a mesa, Cora, Henry, Mary, David, Zelena e Killian, o clima era afável, tenro e conciliador, celebravam mais um ano de vidas das meninas e o fato de estarem juntas e em casa agora. Cora que estava receosa com a relação de Zelena com o irmão de Emma, começava até a achar que formavam um bonito casal, e quanto a outra filha, via que ela estava feliz por estar reconstruindo a sua família, mas ainda se sentia um pouco apreensiva quando a ela, Cora era mãe, quem poderia culpá-la.

— Mãe, vamos brincar com a gente nos brinquedos. — Luna pediu a Regina depois de se empanturra com tanto bolo e doces.

— Acho que eu estou muito grande para isso, filha.

— Ah, vamos mãe, por favor. — foi a vez de Luíza pedir fazendo biquinho.

— Vamos Regina, vai ser divertido. — Emma disse se levantando com Luíza, e Luna logo pulou do colo da mãe para o chão.

— Ok, eu vou. — se deu por vencida.

To Biuld A Home ♪

As meninas saíram arrastando as mães até o tobogã inflável. As garotas que subiram correndo na frente, logo escorregaram gritando e agitando os braços ar.

— Vem! — Luíza gritou quando chegaram embaixo.

— Eu preciso mesmo descer por aqui? Não posso voltar e descer por a escada do outro lado? — Regina perguntou quando ela e Emma se sentaram.

— Mas é claro que não, já subiu aqui, vai ter que escorregar. — Emma disse sorrindo de orelha a orelha, gostava daquilo tanto quanto as filhas. — Vamos. — pegou na mão de Regina e desceram.

— Ai meu Deus! — gritou enquanto os seus cabelos eram fustigados pelo vento.

Como pinos de boliche, as meninas caíram por cima das mães na parte plana do brinquedo no momento em que foram atingidas por elas, e como uma vingança traquina, ficaram de pé, aproveitando a letargia de Regina e Emma para se para se erguerem, começaram a pular em voltar delas impedindo que elas se levantassem.

— Luíza! — Emma queria soar séria, mas era desarmada pelos os seus próprios risos e pelos de Regina.

Só conseguiram se levantar depois de Regina conseguir derrubar Luíza e enche-la de cócegas, que pediu socorro a irmã, mas Luna também fora atacada por Emma.

Mais uma vez foram arrastadas pelas as meninas para mais um brinquedo, dessa vez foram para o play tombo. A colocada no banco foi Emma.

— Tem certeza que esse banquinho me aguenta? — perguntou a moça responsável pelo o brinquedo, que sorrindo acenou em positivo com a cabeça.

De repente uma chuva de bolinha coloridas começaram a ser disparadas contra ela, mas nenhuma acertava o alvo.

— Meu Deus, vocês estão muito fracas e ruins de mira. — provocava as meninas, até que uma bolinha a atingiu na testa — Au, essa doeu, Luíza. — disse esfregando o local onde tinha sido atingida.

— Ei, mas não foi eu, não. — se defendeu.

— Foi a mamãe. — Luna gargalhou.

— Regina! — Emma disse fingindo falsa indignação.

— Desculpa. — encolheu os ombros culpada.

Descontroladamente e sem mira alguma continuaram jogando as bolinhas que iam em todas as direções, menos na correta, e quando finalmente alguém acertou, estavam muito ocupadas rindo de Emma para descobrirem quem tinha acertado.

Quando as garotas correram para a cama elástica, Emma e Regina disseram que dessa vez iam ficar apenas olhando elas brincarem, pois não tinham mais o mesmo pique que elas. Luíza e Luna pulavam e giravam, uniam as mãos e saltavam juntas, Luna dava cambalhotas e mostrava a irmã como fazer. As capas preta e amarela pareciam ter vida própria quando flutuavam no ar.

Elas ficaram ali, paradas, por longos minutos, apenas contemplando o que tinham feito de melhor, suas filhas, o motivo pelo qual acordavam todos os dias iam em busca de um mundo melhor para elas. Se Regina pudesse as colocaria em um potinho de geleia e guardaria para sempre sobre a lareira, aquecendo, acolhendo e as protegendo de qualquer coisa que pudesse fazer mal a elas, mas Emma sabia bem que não dava, não acreditava no ditado de que se criam os filhos para o mundo, mas compreendia que tinham que dar a elas ao menos subsídios para viver nele, para viver entre aqueles que caminham à esmo e de coração vazio, mas sem permitir que endureçam ou que percam o desejo que faz com a maior preocupação delas seja conseguir brincar em todos os brinquedos, ou provar ao menos um sabor de cada doce.

— Ei, olha o que eu sei fazer. — Luíza aqueceu a cama-elástica pulando, e quando achou ser o suficiente, caiu de costas e tornou a se pôr de pé.

Regina bateu palmas e Emma assoviou com os dedos na boca.

— Eu acho que agora é a minha vez de querer que elas parem de crescer. — Regina uniu a sua mão a de Emma, que a apertou de leve.

— Está tudo bem, elas vão continuar sendo nossas, sempre serão. — trouxe as suas mãos unidas até perto da boca e beijou o dorso da mão de Regina. Ela agora tinha os olhos fixos naquele par de olhos hipnotizantes que eram os de Emma.

— Você está feliz, Regina? — perguntou pensando em uma das conversas que tivera com Luna na volta do supermercado.

— Hoje, só o fato de acordar pela manhã ou de voltar de um plantão e encontrar todas vocês em casa, é o suficiente para eu sentir que posso explodir de tanta felicidade.


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Notas finais do capítulo

É isso gente, esse é o nosso antepenúltimo capítulo, vou fazer de tudo para finalizar o capítulo 30 e postar ele semana que vem,mas como eu disse lá em cima, minha rotina acadêmica voltou, mas eu vou tentar. Qualquer coisa aviso por o twitter.
Agora me contem o que acharam.

Bjus, até a próxima.

Twitter @xnxruth, https://twitter.com/xnxruth
IG: anxruth, https://www.instagram.com/anxruth/



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