Back to Home escrita por Ana


Capítulo 27
Restart


Notas iniciais do capítulo

Se vocês ficaram assustadas com o sonho, imaginem só quem o sonhou.
Música: Chasing Cars - Sleeping at Last
Vamos ao capítulo que muitas estavam esperando.
Perdoem os erros que passam despercebidos.
Tenham todas uma boa leitura



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— Alô, Zelena?

— Oi, Regina, como estão as coisas aí? O evento está legal, cheio dessas loucuras médicas?

— Eu estou no aeroporto, Zelena.

— O que?

— Estou indo para casa, eu adiantei a data da minha passagem, e se o voou sair no horário previsto chego antes do meio dia.

— Mas por que? Achei que só viesse amanhã.

— E ia, mas eu estou voltando antes. Você está com o meu carro, então espero que vá me buscar no aeroporto de Boston, vou chegar bem no seu horário de almoço.

— Tudo bem, claro que eu vou te pegar, mas eu não estou entendendo porque você está voltando mais cedo.

— A gente conversa quando eu chegar.

Regina estava inquieta e ansiosa enquanto esperava o seu voou ser anunciado, lia folhetos, cruzava as pernas, mexia no celular e descruzava as pernas. Ligou para Cora, queria falar com as meninas ou até fazer uma chamada de vídeo, precisava apaziguar a sua impaciência, mas naquele horário as garotas deviam ainda estar na escola, e depois de lá ficariam com Emma, mas com essa preferia apenas falar quando chegasse.

Quando o seu voou foi anunciado, sem demora fez o check in e embarcou. Tentou dormir um pouco durante a viagem já que tinha acordado cedo, mas o sono não vinha, estava hiperativa demais para conseguir pregar os olhos, também tentou comer, mas não tinha vontade, então apenas se manteve olhando pela janela do avião, contemplando o azul anil do céu.

Quando o avião pouso e o desembarque teve início, Regina só faltou pular do seu acento, e quando entrou no espaço físico do aeroporto Zelena já estava de pé no meio da multidão a esperando. Quando chegou perto o suficiente, soltou a mala de mão no chão e abraçou a irmã.

— Eu entendi o que você quis me dizer, eu realmente entendi. — disse quanto estavam abraçadas.

— Porque voltou antes? — Zelena perguntou quando já estavam no carro e na estrada.

— Porque eu tenho mais coisas para fazer aqui do que tinha lá.

— Então eu preciso te dizer uma coisa.

— O que aconteceu, Zelena? — seus ombros caíram cansados, sabia que vinha mais coisas para lidar.

— O Killian me disse que ela está pensando em voltar para Washington.

— Ela não pode! Foi por causa do que eu disse, do que eu fiz... — dirigiu o olhar para o vidro da janela do carro. — Eu não fui a vítima, Zelena, não como eu achei que fosse, todo mundo sofreu, não foi? E não dá para eu continuar nesse buraco em que eu caí e aceitei ficar.

— Vai para o hospital ou vai para casa?

— Nenhum desses lugares, você vai me levar para a casa dos Swan’s.

— Vamos vai pegar as meninas?

— Não, não vamos, e se der certo, elas não vão mais precisar ficarem de um lado para o outro, ninguém mais vai. E cuidado na pista, por favor, fica atenta as faixas de pedestre.

Zelena olhou confusa para a irmã sem entender bem a última parte, mas Regina apenas acenou com a mão e continuou olhando pela janela.

Quando Zelena estacionou em frente à casa dos pais de Emma, puderam ouvir os risos e gritos das meninas que brincavam no jardim do outro lado da cerca viva, ouvi-las fez Regina sorrir.

— Não vai descer? — Zelena perguntou ao ouvirem a voz de Emma também.

Assim como sorriu ao ouvir as filhas, sorriu para a irmã e desceu do carro.

Luíza, Luna e Emma brincavam com Lucy e um novelo de lã que Mary tinha dado as meninas para brincarem com a gatinha, o bichano cheio de energia adorava perseguir o amontoado de linhas. Assim que Regina atravessou a cancela de madeira e entrou no jardim, logo foi vista por as garotas que correram ao seu encontro e a abraçaram quase a derrubando para trás.

— MAMÃE!!! — gritaram.

— Como eu estava com saudade de vocês. — falou se agachando e abraçando as duas.

— A mamãe falou que você só voltaria amanhã à noite. — Luíza disse.

— Mas ela voltou mais cedo. — Luna comemorou e abraçou Regina novamente.

— Voltei, voltei porque eu estava com muita saudade, e porque eu precisava falar com você.

Emma que assistia a cena de pé na grama e com os braços cruzados no peito, se surpreendeu quando ela se levantou e veio caminhando em sua direção.

— Comigo? — perguntou desentendida.

— Sim, com você mesma. Você não vai voltar para Washington, você tá me ouvindo, Emma Swan? — falou empurrando de leve o ombro dela.

— Nós vamos voltar para Washington, mãe? Eu não quero. — Luna falou batendo o pé.

— Você vai embora de novo, mãe? — Luíza perguntou exasperada.

— Como você...? — Emma não precisou terminar a pergunta ao ver Zelena parada logo atrás de Regina.

— Meninas, o que vocês acham de assistirmos a um desenho? — Zelena disse pondo a mão nos ombros das meninas.

— Me solta tia. — Luíza falou se livrando da mão de Zelena.

— Luíza e Luna, as mães de vocês precisam conversar, e é uma conversa de adulto, depois vocês podem fazer todas as perguntas que quiser, que elas vão responder, não vão?

— Claro. — Emma e Regina responderam afim de tranquilizarem as filhas.

A contragosto as garotas entraram na casa com Lucy em seu encalço, deixando as mães sozinhas no jardim.

— Você não pode chegar falando assim, Regina — a repreendeu — Não viu que assustou as meninas, não era assim que eu queria falar sobre esse assunto com elas. Por acaso você ouviu o que a Luíza perguntou? Aliás, você não deveria estar em outro lugar e com outra pessoa? — Emma disse séria.

Chasing Cars ♪

— Não, eu estou exatamente onde eu deveria estar, e você também. Você não vai voltar para Washington de novo, mas nem por cima do meu cadáver, Swan.

— E que diferença faz se vou ou se fico? Por acaso você esqueceu da nossa última conversa? — se manteve impassível a encarando.

— Não, não esqueci, eu não paro de pensar nela, na verdade não paro de pensar em todas as conversas ou discussão que tivemos.

— Cadê a Kristin? Você e ela não deveriam estar juntas?

— Não existe Kristin e eu.

— Mas ela está apaixonada por você, e você por ela. — disse amarga.

— Ela podia estar, mas eu não, eu nunca estive.

— Não foi o que me pareceu. — enfiou as mãos nos bolsos da frente da calça de moletom.

— Eu não estou apaixonada por ela, mas confesso que eu quis estar, porque assim iria ser mais fácil para mim, eu não ia precisar lidar com o meu orgulho ou dar o meu braço a torcer. — Emma permaneceu em silêncio. — Você está bem? — perguntou se aproximando ao lembrar do sonho.

— Pareço estar bem? E você não respondeu que diferença faz se vou ou se fico.

— Ir embora não é a solução, Emma.

— E abstrair fingindo que nada aconteceu no dia seguinte é, Regina?

— Não, não é — era uma frase curta, com três palavras apenas, mas ao dize-las sentiu como se um enorme peso tivesse sido tirado de seus ombros, começava a assumir para si a verdade — Mas acontece que foi mais fácil para mim agir dessa maneira, foi como criar uma capa, que evitou que algumas coisas entrassem e que muitas outras saíssem. Você melhor do que ninguém sabe dos meus bloqueios.

— Eu melhor do que ninguém sei do quando você pode ferir. — corrigiu.

— Eu precisei de muita ajuda para me reerguer quando você foi embora, Emma, mas quando você voltou eu me senti voltando para o mesmo poço onde eu estava, e agi na defensiva.

— Você não acha que foi um pouco vil comigo, não, Regina? Céus, sei bem de tudo que aconteceu entre nós, mas você fez aquilo para me atingir. Foi vingança isso? Você me teve, tivemos uma a outra e você passou por cima disso como um rolo compressor. Você diz que ficou no fundo do poço, mas você precisava mesmo cavar um ainda mais fundo e me jogar nele? Se você tivesse colocado esse povo final antes de eu ter visto aquilo, ou logo que o que você e ela tinham começou a acontecer, teria sido bem menos duro e amargante, sabe?

— Você não me ouviu, não tivemos nada, aquilo não foi nada, não de verdade.

 — Nunca fui próxima dela, e sou muito menos agora, mas você usou a Kristin para isso.

— Não! Isso não foi uma vingança e eu não a usei — foi enfática — Eu estava confusa, eu realmente estava Emma, eu olhava para você e só via dor, só via um passado ruim, e eu queria alguém que me fizesse esquecer dele, que me fizesse acreditar que eu podia fazer com que alguma coisa desse certo, que eu era mais do que o meu cargo no hospital. O meu maior erro foi procurar tudo isso em alguém quando eu deveria procurar em mim mesma, eu queria me curar, mas como que iria fazer isso se eu continuava me magoando por estar sempre me apegando a lembranças ruins?! Eu ainda acho que não somos nós que vamos curar uma a outra, pelo menos não sozinhas, mas com as nossas filhas, com a nossa família.

— Regina...

— Eu também não quero mais viver de passado, não quero mais me sentir presa a sentimentos ruins, não quero apodrecer por dentro. Nós precisamos seguir em frete, eu preciso seguir em frente, mas não é com outra pessoa que eu vou conseguir, porque por mais que eu tente ou que eu queria... Que quisesse — se corrigiu — Eu não vou conseguir me apaixonar por outra, porque eu já amo alguém, e isso faz mais de uma década. Onze anos, Emma, onze anos, e não houve dor, mágoa, raiva ou orgulho que me fizesse parar de te amar.

Apesar dos olhos marejados, Emma permanecia em silêncio, já havia falado tanto, que agora chegara a sua vez de ouvir o que Regina carregava consigo.

— Você estava mesmo certa quando disse que estávamos exaustas disso tudo, tem sido cansativo e um ciclo vicioso.

— Que você o encerrou. — foi tudo que se importou em dizer.

— Não, eu não encerrei, ficamos sem nos falar por dias, mas tenho certeza que tudo continuou formigando na sua cabeça, como ficou na minha

— Foi para isso que você voltou mais cedo? Porque você “acordou”? — tirou as mãos dos bolsos e cruzou os braços sobre o peito.

— Eu precisei ouvir mais algumas coisas de quem estava de fora, você ficou em ruinas, mas eu que precisava ser salva, salva de mim mesma, do meu orgulho e do meu medo. Eu tive um sonho ruim, um pesadelo, e... Eu não posso perder você de novo, não posso e não vou deixar, eu acordei e eu vou lutar, por você, por nós e pela a nossa família, não vou deixar ser derrubada dessa vez. E dessa vez sou quem preciso que você me diga que também quer o mesmo, que você ainda quer a gente e que não vai voltar para Washington de novo.

Regina se aproximou ainda mais, e com delicadeza, descruzou os braços de Emma e segurou em suas mãos, que chorava em silêncio enquanto respirava por a boca.

— Por favor, Emma, me diz alguma coisa.

— Você tem certeza, Regina, tem certeza de tudo que você está me dizendo? Porque se você acordar amanhã pela manhã, decidir que vai fingir que nada disso aconteceu e me jogar de volta aos lobos por causa de um erro cometido há seis anos, eu não vou mais conseguir aguentar.

Devagar Emma puxou as suas mãos liberando das dela, tinham tido vários momentos onde acordou no dia seguinte achando que as coisas estariam melhores, quando na verdade não estavam, e aquele poderia ser só mais um deles, estava com medo.

— Emma, esses dias eu entendi que perdão não se trata necessariamente de perdoar outra pessoa, mas é sobre se perdoar, perdoar a si próprio, o que é bem difícil porque na maioria das vezes nós nem sabemos que precisamos fazer isso. Mas eu me perdoei, Emma, me perdoei pelas as coisas que era culpada, pelo o que eu realmente tive a minha parcela de culpa e pelas as quais achei que era. Eu me perdoei, porque só dessa maneira eu vou conseguir viver em paz comigo mesma, porque só assim se vive bem com os outros. E eu acho que você também precisa, Emma, você precisa se perdoar.

— Mas eu já fiz isso, Regina, fiz isso quando percebi que tinha perdido você, e que não tinha mais nada que eu pudesse fazer, a não ser isso.

— “Não tinha mais nada” porque era a minha vez de fazer alguma coisa, e eu estou aqui, Emma, estou bem aqui na sua frente, dizendo que eu ainda te amo mais do que o meu coração pode aguentar, e sinto que ele pode explodir de tanto amor que sinto por você e pelas nossas filhas. Não foi a chegada de Kristin na minha vida que fez com que eu me abrisse ou que os cadeados se destrancassem, foi a sua volta, Emma, nós estamos aqui agora, e olha como as meninas estão, nós conseguimos, elas conseguiram, acho até que são mais inteligentes que nós duas, souberam logo quando foi hora de parar de brigarem e se entenderem, e eu não vou acordar e voltar atrás no que disse, quero um futuro para nós, temos um passado, e nele há lembranças boas e ruins, o presente está acontecendo, o futuro tá aí para construirmos. O que você tem a me dizer, Emma Swan Mills?

— O que tenho a te dizer é que queria pular nos seus braços como fiz quando operei o meu primeiro teratoma e a paciente sobreviveu. — confessou com os olhos inundados.

— E porque não faz? — disse se afastando e abrindo os braços.

— Porque eu tenho medo de tudo isso se dissolver como uma nevoa.

— Não vai, Emma, eu te prometo que dessa vez não vai.  — mas ela se manteve parada com os braços estendido ao lado do corpo. — Vem Emma.

Sem se permitir pensar em mais nada, Emma fechou os olhos e pulou no colo de Regina, com os braços envolta do pescoço dela e as panturrilhas enlaçando a cintura, Emma apertou ainda mais os olhos enquanto sentia o cheiro dela, que não vinha de perfume algum, mas da própria pele, era natural.

Regina a segurava como se segurasse algo precioso, a agarrava firme quando sentiu o corpo dela tremer, e também chorou, não por tristeza, mas por liberdade. Finalmente se sentia liberta, livre para viver, para amar e se entregar a isso.

E a beijou, Regina a beijou como se sua vida dependesse daquilo, que sedenta foi correspondido por Emma.

— Eu... Eu acho melhor a gente entrar e explicar para as meninas essa história de Washington. — Emma disse recuperando o ar ainda meio zonza depois do beijo.

— Claro. — sorriu.

— Você vai voltar com a Luna para Washington? Você vai deixar a gente aqui de novo? — Luíza perguntou assim que as mães entraram na sala.

Durante todo o tempo em que Regina e Emma haviam ficado conversando do lado de fora, Luna e Luíza passaram perguntando a tia se Luna voltaria para Washington ou se Luíza seria levada dessa vez, e tudo que Zelena respondia era “Vamos esperar as suas mães”, mas sorriu ao vê-las entrarem de mãos dadas na casa.

— Não, Luíza, não vamos, nem eu e nem a Luna vamos sair daqui. — falou soltando da mão de Regina e se agachando para ficar na altura da menina — Vem cá Luna. Eu não vou separar vocês, não vou deixar vocês, e nem você — completou olhando para Regina. — Nunca mais.

— Não vai? — Luna perguntou.

— Não meu bem, não vamos mais nos separar, nenhuma de nós vai.

— Está tudo bem? — Zelena perguntou se aproximando da irmã, que sorrindo, acenou positivamente com a cabeça e se juntou a Emma e as filhas.

— O que vocês estavam fazendo antes de eu chegar, heim?

— Nós estávamos brincando com a Lucy no jardim. — Luíza respondeu prontamente.

— Não tiveram aula hoje?

— Todo mundo foi liberado mais cedo hoje. — Emma falou.

— Já almoçaram?

— Ainda não, mãe, a gente estava só com a mamãe, e você sabe que ela não sabe cozinhar.

— Luna! — Emma a repreendeu. — Eu estava indo preparar o almoço delas quando você chegou.

— Bem vi que estava indo. — disse rindo. — Mas eu posso ajudar se quiserem.

— Você pode fazer lasanha e torta de maçã para a sobremesa, mamãe? — Luíza perguntou dando pulinhos.

— Se me ajudarem, eu posso fazer.

— Nós ajudamos sim. — Luna respondeu eufórica e saiu puxando a irmã para a cozinha.

— Bom, acho está na minha hora de ir. — Zelena caminhou até a porta.

— Fique e almoce conosco, Zelena, parece que teremos lasanha. — Emma sorriu para Regina.

— Acho que Regina pode levar um pedaço para mim depois, daqui a pouco dá a minha hora de voltar para o trabalho.

Zelena abraçou Emma e Regina, se despediu das meninas e antes de sair disse ao ouvido da irmã: — Vou falar para o Killian ficar lá em casa em vez de vir almoçar aqui.

Daria aquele momento a Regina, Emma e as meninas, sabia que todas precisavam, e já que Mary e David não estavam em casa, também tiraria o Killian.

Na cozinha, as meninas já estavam de joelhos sobre as cadeiras só esperando as ordens para começarem a pôr a mão literalmente na massa. Começaram preparando uma massa fresca e sovando com toda a força que tinham, que Regina depois a abriu com o rolo. Como mexiam com massa, foi inevitável não aprontarem sujando uma a outra e tentando salpicar os cabelos das mães.

— Sem bagunças dessa vez, heim meninas, da outra vez sobrou tudo para mim. — Emma cortava as maçãs para adiantar a torta que Luíza tinha pedido, enquanto Regina preparava os molhos para a lasanhas depois de ter colocado o macarrão para cozinhar.

Enquanto cozinhavam, sempre buscavam o olhar uma da outra com risos leves e singelos, ainda haviam palavras no ar, ainda tinham coisas a serem ditas, mas o momento era tão confortável e aconchegante que poderiam ficar para depois.

— Quem vai querer provar o meu molho?

— Eu! — as meninas gritaram erguendo alto os seus braços.

— Ah, eu também quero. — Emma falou se levantando e chegando perto do fogão.

O aroma que subia da panela era delicioso, e a fez lembrar dos dias em que acordavam tarde nos dias de folga e ajudava Regina a fazer a mesma lasanha, mas dessa vez era diferente, agora faziam com as suas filhas.

— Ei, não coloca o dedo sujo aí dentro.

— Mas eu lavei a mão para pegar nas maçãs. — e sem que percebesse acabou encurralando Regina entre a pia e ela, que gerou uma pequena e deliciosa tensão entre elas. — Minhas mãos estão sempre limpas.

— Eu sei, mas ele está quente. Volta lá para as maçãs, vai Emma.

— Não vai nem me deixar provar?

— Espera. — Regina pegou uma colher com molho, soprou e deu para Emma provar.

No paladar dela o gosto ainda era o mesmo, talvez até mais saboroso, ou talvez fosse só a saudade mesmo.

— Está aprovado?

Emma queria dizer que sempre o aprovaria, mas Luna a interrompera.

— Deixa eu provar também, mãe.

— Claro. — também deu a colher com molho para as garotas experimentassem.

— Qual está melhor, o que nós fizemos para a nossa salada ou esse? — Emma perguntou.

Luna se articulava para fazer alguma brincadeira, mas Luíza fora mais rápida.

— Os dois estavam ótimos.

Emma sorriu com a filha, talvez Luíza ainda não entendesse o quanto que aquela resposta poderia ser apaziguadora, mas era, e se orgulhava da filha por isso.

Depois que a massa foi cozida as garotas ajudaram a montar a lasanha para enfim leva-la ao forno, e enquanto Regina terminava a torta com Lucy miando em seus pés, Emma subiu com Luíza e Luna para tomarem banho, além de estarem sujas de farinha, estavam suadas por terem brincado no jardim.

Enquanto ainda estavam no andar de cima, ela também preparou uma salada fresca, e quando desceram, tudo estava posto a mesa.

A lasanha sobre a mesa e a torta ainda no forno e perfumavam a cozinha.

— Que cheiro bom, mãe. — Luna entrou saltitante na cozinha seguida da irmã e de Emma. — Já posso provar a torta?

— Ainda não, só depois que você almoçar e comer a salada.

Sentaram-se a mesa a mesa e Reina as serviu, inclusive Lucy com leite, depois da sobremesa que as meninas repetiram, voltaram todas para o jardim.

Brincaram com as garotas e a gatinha até que o enfado pós almoço as atingiram, então subiram e colocaram as meninas na cama para descansarem.

— Mesmo com a Luíza vindo para cá dia sim e dia não, faz tempo que não subo aqui. — Regina disse quando voltaram para o andar de baixo. — O seu quarto continuou o mesmo, a sua mãe não mexeu em nada.

— Você também não mudou muita coisa na sua casa.

— Nossa casa. — a corrigiu.

— Faz tempo que ela é mais minha.

— A casa ainda é nossa, ela ainda está no nosso nome, então... Achei que você tivesse se perdoado.

— Me perdoei, mas acredite ou não, a minha preocupação é com você, mal posso acreditar no que vivemos agora a pouco com as nossas filhas, ou que você me disse tudo aquilo. Eu sinto que tudo pode se liquefazer, evaporar e sumir bem aqui na minha frente ou nas minhas mãos. Vem cá, Regina. — disse pegando na mão dela e indo até o sofá para que se sentassem. — Agora que os ânimos acalmaram um pouco, você tem certeza, tem certeza disso? Talvez você esteja pensando melhor, reconsiderando o que me disse. É muito para se conviver.

— Você consegue conviver com isso, Emma?

— Eu voltei para isso.

— Ótimo, mas eu não vou conviver com isso, você não ouviu o que falei sobre recomeçar? Sei que ninguém vai esquecer o que aconteceu, mas, Emma, já passa da hora de eu cultivar bons sentimentos em mim, em nós. Eu nadei muito e achei que tivesse chegado a praia, mas não passava de uma ilha pequena, ainda não era a praia — disse lembrando da conversa que tivera com a irmã — Vamos zerar o jogo, dar um restart e começar de novo, mas juntas dessa vez. E a casa ainda é sua, Emma. — se aproximou e selou sutilmente os seus lábios.

— Que saudade que eu estava disso. — falou ainda de olhos fechados. — Você falou como a Luna agora. — sorriu quando os abriu.

— Talvez sejamos mais parecidas do que você pensava, e não vai mais precisar sentir.

Regina se aproximou dela, aponto de beijá-la, mas não o fez, ficou observando cada trejeito aquele rosto, cada linha de expressão por mínima que fosse que tinha surgido nesses anos, aqueles dois oceanos que ela tinha como olhos estavam serenos de uma forma que ela ainda não tinha visto.

Abriu a boca para dizer algo, mas esqueceu do que se tratava quando Emma a beijou, era muito mais do que o gosto de casa ou de lar, era cálido, suas línguas eram hábeis, versadas uma na outra, era a sensação de pertencimento, de união de destinos.

Emma foi depositando o seu peso sobre o de Regina até que ela estivesse deitada no sofá, suas mãos serpenteavam por baixo da camisa preta de algodão com mangas compridas que ela vestia, enquanto as suas bocas não se separavam, enquanto Regina a excitava por cima da calça de moletom que ela vestia. Não havia presa nas caricias, tudo acontecia sob a perspectiva da sabedoria de já se conhecerem. Desfazia o laço da calça dela quando a corrente em que o pingente de relicário e a aliança estavam pendurados saiu de dentro da camisa de Emma e praticamente balançaram sobre os olhos de Regina, que o segurou.

— Quando você mostrou ele para as meninas, achei que fosse só para me desestabilizar.

— Não, nunca foi esse o intuito — disse saindo de cima e deitando ao lado dela no sofá. — Ele sempre esteve aqui, tive medo de perder ou da Luna perder, ela sempre mexe em tudo, então eu deixei ela comigo, junto das meninas. Você ainda tem a sua?

— Tenho, guardo ela na minha caixa de joias junto com algumas outras coisas que você me deu.

— Achei que tivesse jogado fora.

— Eu confesso que pensei em fazer isso, até tentei, mas dela eu não consegui me desfazer.

— Que bom que não fez isso. É... Você disse que teve um sonho, Regina, mas tinham tantas outras coisas para serem ditas... O que você sonhou?

— Não foi um sonho bom, ele foi ruim demais para ficar sendo repetido ou lembrando, Emma.

— Não quer me falar sobre ele? — Regina negou lentamente com a cabeça.

— Mas ele foi suficientemente ruim para que eu acordasse e voltasse.

Permaneceram em silêncio ouvindo apenas o som da respiração de uma da outra.

— Emma.

— Hum?

— Quando eu estive com você — falou se virando para que pudesse olhar nos olhos de Emma. — Eu estive só e inteiramente com você, não tinha mais ninguém em minha mente, Emma, mais ninguém, a não ser você.


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Notas finais do capítulo

Agora é com vocês, me contem o que acharam e quais são as suas expectativas.

Bjus, até aamanhã



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