Back to Home escrita por Ana


Capítulo 26
Estou Voltando


Notas iniciais do capítulo

Seguimos com o overpost
Perdoem os erros que passam despercebidos
Tenham todas uma ótima leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/736706/chapter/26

 

 

As coisas com as meninas não poderiam estarem melhores, Luíza e Luna dificilmente brigavam por alguma coisa, fosse algum brinquedo, pelo o canal da TV ou pela escolha do filme que assistiriam, se ajudavam nas tarefas de casa, Luna ensinava a irmã quando a professora pedia para ser feita alguma pesquisa na internet, e Luíza ajudava Luna na interpretação do textos, brincavam juntas, compartilhavam seus livros e brinquedos, e não se permitiam mais serem separadas, se arrumavam para ir para escola juntas, e enquanto suas mães trabalhavam ficavam as duas na casa dos Mills ou dos Swan. As garotas eram diferentes em muitos aspectos, aquilo era visível para qualquer um, até mesmo para quem não convivia diariamente com elas, mas agora elas mesmas tinham aprendido a lidar com as diferenças e particularidades uma da outra.

A relação entre elas não poderia estar melhor, mas o mesmo não podia ser dito da de Emma Regina, apesar de não discutirem mais, aquilo não queria dizer que necessariamente fosse bom, pois tinham velado seus sentimentos, estavam indiferentes a eles, principalmente Regina. Antes Emma acreditava que o primeiro passo para ela e Regina se entenderem seriam as garotas passarem a se relacionar com as irmãs que eram, mas agora que isso tinha acontecido, ela percebeu que as coisas não seriam assim, já que agora Regina estava a um passo de ficar com Kristin.

Alguns dias tinham se passado, poucas tinham sido as vezes em que Emma e Regina se cruzaram pelos os corredores do hospital, e esse era um esforço realizado por as duas, Emma temia desabar sob a mínima possibilidade de estarem só no mesmo cômodo ou trabalhando com o mesmo paciente, e quando estavam, convencia a si mesma de que ali era qualquer uma, menos a mãe de suas filhas, enquanto Regina ainda pensava sobre a decisão que tinha tomado, não se permitia pensar muito na pessoa de Emma, mas todos os dias acordava e se persuadia de que tinha feito o certo, sentia que isso era única coisa que fazia com que suportasse tudo que ainda pairava em sua mente, e também vinha tentando praticar o que Zelena havia lhe dito.

Ao contrário do que acontecia com Emma, Kristin se tornava cada vez mais próxima de Regina, juntas acompanhavam o paciente do transplante de cólon, que por sinal ia muito bem, a contagem de linfócitos estava ótima, ele não tinha apresentado nenhum indício de rejeição ou infecção, e elas já começavam a trabalhar no artigo que relataria o caso e que seria discutido no evento.

Com a viagem e os quatro dias que Regina passaria fora, todo tempo livre que tivesse do hospital Emma aproveitaria para ficar com as meninas, e era nisso que buscava consolo, já que o amanhã parecia tão incerto, e também aproveitava para dar um descanso ao irmão e a Zelena, que ficavam com as garotas quando estavam de folga, e agora que tinham contado para Mary, Henry, David e Cora, que havia pasmado, queriam desfrutar do tempo livre que tinham para fazer os programas clichês que todos os casais faziam. Apesar de sentir a sua parcela de culpa, Emma se sentia feliz por o irmão.

A viagem de avião para Springfield tinha sido relativamente rápida, durando uma hora e vinte minutos. Durante o voou Regina e Kristin definiram e finalizaram os pontos da sua apresentação, falaram sobre o que abordariam e como fariam isso. Elas chegaram no hotel onde aconteceria o evento tendo tempo suficiente para se alojarem em seus quartos, estavam em quartos separados, mas um de frente para o outro, e se alimentarem antes do início das apresentações dos painéis.

O primeiro dia do evento foi dedicado a apresentações de trabalhos científicos e estudos, o primeiro painel a ser apresentado foi “A Importâncias das Inovações Tecnológicas na Medicina”, que também falou sobre o Hanking Hipócrates de Inovação Hospitalar e parabenizou a Dra. Mills por levar o setor cirúrgico do Boston Hospital Center ao primeiro lugar na premiação, que foi ovacionada pelos que assistiam. O segundo quadro abordou “Cirurgias Bariátricas e a sua Crescente Procura”, e a terceira foi “Transplante de Cólon em Casos de Colectomia”. Regina e Kristin explicaram todos passos que seguiram, em quais trabalhos se basearam, e falaram sobre como o garoto reagia bem no pós-operatório. Muitas foram as perguntas que surgiram no painel delas, a grande maioria era a respeito do estado do paciente, já que nas demais cirurgias os pacientes não sobreviviam ao quarto dia, eram acometidos por infecções causadas pelas bactérias presentes no órgão do doador, ou então eram rejeitados.

A programação do segundo dia foi preenchida por workshops, como de Tipos de Suturas, Implante de Próteses, Técnica Cirúrgica em Fissuras Palatinas, Instrumentação Cirurgia, entre outros. Regina palestrou em dois deles, um pela manhã e outro à tarde, e nos intervalos participou como ouvinte de outros, estava em um lugar se socialização de saberes, então aproveitou todo o tempo que tinha.

Após o jantar subiu direto para o seu quarto, estava cansada e não tinha paciência para ouvir os comentários presunçosos e maliciosos de alguns dos participantes do evento, muitos profissionais de prestígios estavam lá, e a briga de egos era quase inevitável.

Estava sentada na beirada da cama lendo a programação do dia seguinte em um arquivo em PDF no iPhone quando bateram na porta do seu quarto.

— Está aberta.

— Oi, posso entrar? — Kristin perguntou colocando a cabeça dentro do quarto.

— Claro.

— Você sumiu lá de baixo. — entrou e fechou a porta.

— Não estava com muita paciência para alguns de lá.

— Eu entendo. Fizemos uma boa apresentação ontem, não acha?

— Fizemos mesmo, e o mais importante é que o John está bem. — falou se levantando.

— Verdade, inclusive o August me mandou mensagem, disse que temperatura sem mantem na média, linfócitos ok, sem rejeição. É... Eu queria falar sobre uma coisa, Regina, e ela foge um pouco do transplante.

— Pode falar.

— Bom, você já me beijou duas vezes, Regina, e fico pensando que isso talvez queira dizer alguma coisa.

— E-eu? Que direta você. — disse pondo as mãos dentro dos bolsos.

— Acho que eu preciso ser. — sorriu torto — Nós nos demos muito bem, eu admirava você pela profissional que é, e quando comecei a conviver com você passei a te admirar ainda mais, e dessa vez pela pessoa que você é, que se mostrou ser totalmente diferente do que eu ouvi. Você merece ser amada Regina, amada de verdade. E eu quero fazer isso, quero muito, porque eu me apaixonei por você, e eu queria que você realmente deixasse eu me aproximar, não quero que sejamos só um caso, alguns beijos trocados em um corredor deserto do hospital e uma transa eventual e casual, você merece muito mais que isso.

— Só por ver tudo isso em mim já faz de você uma pessoa incrivelmente sensível. Consegue ver tanto em mim, por isso os beijos, mas Krist... — Regina falou quase em um suspiro, não esperava que os beijos trocados fossem levar a tanto e tão rápido  — Você consegue ver claramente onde você está tentando entrar? Eu tenho duas filhas, sendo que uma delas é um caso especial e que as vezes ainda tenho receio que saia do meu controle, tenho uma ex esposa que é suficientemente presente na minha vida e que sempre vai ser por causa das nossas filhas, e tenho a chefia do departamento cirúrgico, que me suga, que faz com que as minhas filhas vejam mais os avós do que eu. Você consegue se imaginar estando com alguém mais enrolada do que eu?

— Sim, eu consigo, mas acontece que as suas filhas não são um problema, você poderia ter mais cinco, sobre a Emma, ela também é mãe das garotas, mas é a sua ex-esposa, isso não me incomoda, cão que muito ladra não morde, quanto a você ser chefe, você está querendo dizer que é muito ocupada? Porque eu espero que seja isso.

— Sim, estou...

—Isso não é nada, trabalho no mesmo hospital que você, lembra? Posso sempre te ver entre uma cirurgia e outra, entre troca de plantões... Será que eu não sei onde estou me metendo?!

— Você já estava com tudo isso ensaiado?

— Acho que eu já conheço você o suficiente para te dizer que você não precisa ter medo. — falou se aproximando, e tocando seu rosto completou: — Eu não sou ela, não sou a Emma, e estou longe de ser.

Respirando fundo, Regina fechou os olhos e sentiu o calor do toque de Kristin. O afago lhe trazia conforto e segurança, coisas que ela não sentia juntas há muito tempo, mas tinha suas reservas, as quais guardava bem no fundo, fora de alcance de qualquer um, e as escondeu ainda mais quando resolver abrir a boca e responder Kristin.

— Não é, realmente não é, mas eu vejo em você tudo que eu queria que tivesse nela. — confessou culpada.

— Para que então vocês duas podessem voltar? — perguntou se afastando um pouco. — Depois de todo esse tempo, de toda mágoa que ela parece ter te causado, você ainda a ama, e ela ainda ama você, porque eu vi nos olhos dela o quanto ela desejou me arrastar para longe no dia em que ela trouxe as meninas para o hospital, e também vi como ela ficou depois de ter visto o nosso beijo.

— Não é bem assim, demos um fim, colocamos um ponto final.

— Será mesmo que colocaram? Você prestou atenção no que acabou de me dizer? Está claro que não, mas eu entendo. — falou cabisbaixa — Quer dizer, não tudo, porque se esse amor que vocês sentem uma pela outra foi tão forte ao ponto de resistir a tudo isso, a todos esses anos e a dor, como ele é tão fraco que se rende ao orgulho? Você está se negando a começar algo novo comigo porque ainda a ama.

— Mas eu não disse não a você.

— E nem precisou, se você tivesse visto a sua cara de assustada quando eu disse que estava apaixonada...

Regina olhou para porta atrás de Kristin, para o abajur ao lado da cama, para o roupão estendido na poltrona, para todos os lugares, menos para cara dela, e quando sentiu finalmente o olhar de Kristin pesar sobre si, respondeu: — Eu só não esperava que você fosse me dizer isso, que já fosse me dizer que estava apaixonada.

— Você não acha que também não fiquei surpresa quando percebi?! Os seus beijos pareceram me dizer tanto... Nesse momento para você pode parecer muito, mas podemos ir devagar, passo a passo, e eu posso esperar Regina, posso esperar desde que não seja em vão, desde que você e ela realmente tenham colocado um ponto final como você disse, porque apesar de estar apaixonada, eu não sou masoquista.

Regina não a respondeu, ficou calada a encarando, apesar de ter os seus olhos fixos em Kristin, os seus pensamentos estavam em outro lugar a alguns quilômetros e horas de distância dali, pensava na última conversa que tivera com Emma, que fazia dias que tinha acontecido, mas que todas as palavras ainda estavam vivas não só na mente de Regina, mas em seu coração também, pesando como se quilos e mais quilos estivessem atados a ele.

— Me desculpa, eu achei fosse estar pronta. Achei que estaria pronta para você.

— Mas você não está, talvez até queria um pouco, mas não está pronta, e possivelmente nem fique. Acho que os beijos só quiseram dizer que você estava tentando lutar desesperadamente contra o que ainda sente por ela. Eu não sou amiga da Emma, não fui nem quando trabalhávamos juntas em Washington, mas eu sou sua, pelo menos acho que sou, então eu vou te dizer que talvez você esteja sendo a covarde agora. Já que esse sentimento é tão forte assim para durar até hoje, se dê por vencida, Regina, não dá para passar a vida inteira lutando contra algo que é muito maior do que você, você vai só se cansar, e fora que, se for amor, não haverá perdedores.

— Eu não quis brincar com você, de verdade, você é...

— Eu sou incrível e o problema não sou eu, é você.

— Desculpa.

— Fico triste que não fosse o que eu estava pensando, mas desejo sorte a vocês, e se não der certo de novo, se não for amor, eu ainda vou estar aqui. — sorriu gentil para Regina e saiu do quarto, deixando-a sozinha.

Quando Kristin saiu, o silêncio pareceu ser angustiante, então Regina ligou a televisão e se deitou de costas na cama, não prestava muita atenção no que passava nela, mas o barulho era reconfortante. A sua mente trabalhava de modo incessante, algumas das palavras de Kristin agiam como eco sendo repetidas, principalmente a respeito do orgulho, n outros momentos e conversas vinham a sua mente, como a que tivera com Zelena e a necessidade de deixar o que a prendia ao passado para trás e lhe fazia tão mal, sentimentos ruins não podiam mais ser o seu combustível. Lapsos de conversas com Emma também a invadiam, conversas essas que sempre acabaram em ânimos exaltados e dolorosas farpas trocadas, mas que mostraram o quão magoadas estavam ou ficaram quando se separam, e que também deram a Regina a visão do que aconteceu no outro lado, em uma noite que em que todos os sentimentos ficaram à flor da pele e falaram sobre a aflição de suas almas.

Passava das duas da manhã quando se atentou ao horário, tomou um banho quente, vestiu uma camisola limpa, e antes de dormir pensou em mandar uma mensagem para casa perguntando como as meninas estavam, mas não sabia de certeza onde estariam, e não queria mandar uma mensagem para Emma, pelo menos ainda não, então mandou para Zelena, não esperava que ela fosse ser respondida prontamente, mas em poucos minutos Zelena respondeu dizendo que as garotas estavam em casa com ela porque Emma estava de plantão, e que estavam bem e dormiam a um bom tempo. Sorriu imaginando que Killian estivesse em casa com ela, estava contente por os dois finalmente não precisarem mais se esconder.

Quando deixou o celular de lado o sono veio sem muita demora, estava cansada fisicamente das atividades do evento e também estava mentalmente por causa da brainstorm que tinha provocado, mas não sem antes ansiar por voltar para casa, mal podia esperar para chegar e pôr em prática tudo o que tinha pensado.

Estava distraída falando no celular do outro lado da avenida em frente ao hospital, falava com Cora a respeito das meninas, perguntava se já tinham almoçado quando Luíza pediu para falar com ela. A garota perguntava se mãe chegaria a tempo para o jantar quando Regina começou a atravessar a rua.

Emma caminhava por a calçada do lado hospital, vinha com um copo grande de café na mão que tinha comprado na cafeteria da quadra de baixo, podia ter comprado dentro do hospital, pensava, mas estava cansada dos olhares disfarçados direcionados a ela depois da corrida em prantos que tinha realizado há algumas semanas no hospital. Tinha parado para dar alguns trocados a um mendigo quando a viu. Regina atravessava a avenida praticamente de frente para ela, estava distraída no celular e não prestava atenção na pista quando o sinal abriu e uma picape deu partida.

Achando que daria tempo de a pedestre passar, o motorista não se importou, e o sinal já estava aberto mesmo, mas aérea, Regina não notou.

— Regina! — Emma gritou, mas ela não ouviu.

Os seus pés se moveram em uma agilidade que ela não esperava, o copo de café quebrou ao cair no chão, e ela correu em direção a Regina. Emma a empurrou, mas não teve tempo de ver onde ela caiu ou se ela se machucou, o carro a atingiu no flanco, roubando todo o ar dos seus pulmões e a fazendo voar a metros de distância.

Seu corpo deixou de pesar, Emma se sentia tão leve quando uma pluma, a gravidade era zero, até o momento em que ela sentiu o segundo impacto, seu corpo quase inerte se depositou pesadamente sobre o asfalto, sentia dor, muita dor, mas se lhe perguntassem, não seria capaz de dizer precisamente onde doía. Pode ouvir uma voz, mas ela parecia tão longe, tão distante. Se perguntava porque o ar estava rarefeito, estava tão difícil de respirar, cada vez que os seus pulmões se enchiam e o seu diafragma dilatava, pontadas lhe acertavam o corpo, se perguntava se tinha ido parar sobre uma poça de água suja, porque sentia suas roupas encharcadas, e frio, sentia muito frio.

Regina não teve tempo de notar quem a tinha empurrado, havia sido jogada no asfalto e ralado as mãos, os braços e o joelhos, o celular, não tinha nem esperança de acha-lo funcionando. Quando se virou procurando entender o que tinha acontecido, não foi capaz de emitir um som. Emma foi arremessada bem na sua frente a metros de distância, o som de pneus freando encheu o ar, e quando o seu corpo atingiu o chão, sentiu seu coração explodir dentro do seu peito.

O dia. Era um dia bonito, devia ser por volta de meio dia, ele estava claro e sem muitas nuvens, seria um dia perfeito para ir ao parque com as garotas e com Lucy, por certo elas adorariam. Emma pensava quando uma sombra surgiu sobre ela, junto da sombra, a voz também pareceu ficar alta, mais próxima. Um rosto se materializou no seu campo de visão, ela o conhecia, conhecia muito bem.

— Emma! — gritou correndo em direção ao corpo jogado no chão.

— Regina. — Emma também gritou, mas ainda assim ela pareceu não escutar — Regina! — Ela não a escutava.

Algo tinha acontecido, alguma coisa estava errada, Emma podia ver em seu rosto, Regina chorava, grossas lágrimas banhavam o seu rosto, deixando caminhos molhados em suas bochechas.

— Eu tô aqui, não chora.

E só ao tentar levantar a mão para acariciar o rosto de Regina e ela não obedece-la, foi que ela percebeu o porquê de ela não ser ouvida.

— Regina, eu estou aqui, me escuta, me ouve! Por favor me escuta.

E gradativamente Regina foi sumindo, a sua imagem perdeu a nitidez e o foco foi diminuindo, diminuindo, diminuindo, até só restar a Emma a escuridão.

— Alguém me ajuda! — Regina gritava desesperada — Emma, fica comigo, por favor, fica comigo. — os olhos delas se fecharam e o seu corpo esmoreceu.

— Ela precisa ser estabilizada. Ela parece ter fraturas, chamem o Neal, e... E ela também pareceu bater a cabeça com muita força no chão, Robin... O Dr. Locksley, bipem ele. Vamos, chamem o Cassid e o Locksley. Agora! A sua chefe está mandando. Possivelmente alguém órgão visceral tenha sido lesionado, vou me preparar. — Regina gritava enquanto corriam com a maca pelos os corredores do hospital.

— Mills...

— Ruby!

— Mills para. Para!

— Ruby, ela precisa... Ela precisa de mim

— Regina, você não pode entrar, você não vai operar a Emma.

— Eu sou a sua chefe e você não pode me dizer o que fazer!

— Posso, posso quando a minha chefe está incapacitada de discernir entre as coisas. Liga para o pais ela, avisa a família e espera com eles. E se você ainda não estiver decidido se vai fazer o que eu estou dizendo ou não, pensa nas suas duas filhas, Regina.

Regina ficou parada no corredor com os braços estendidos ao lado corpo vendo a maca se distanciar até sumir por entre as portas do elevador.

— Emma!

Foi desperta pelo o seu próprio grito, Regina acordou ofegante, os lençóis e os travesseiros estavam ensopados, ela estava envolta em uma poça de suor, seu coração descompassado ribombava em seu peito.

— Foi só um sonho, só um sonho ruim. — disse se sentando com as pernas para fora da cama e tirando os cabelos encharcados que estavam presos no rosto por causa do suor.

Sua cabeça zunia, estava acordada, mas o sonho ainda estava vívido em sua mente, ele pareceu tão real.

Pegou o celular na cabeceira da cama, 5:45 am., e não havia nenhuma mensagem, pelo menos não de quem ela esperava ou realmente interessava, ficou alguns minutos em silêncio olhando para a porta do quarto, piscava ainda atordoada enquanto esfregava as mãos no rosto.

O sono havia ido embora.

Calçou os chinelos e foi direto para o banho, precisava esfriar a cabeça e anuviar a mente que continuava a voltar para o pesadelo.

Fez toda a sua higiene matinal tentando se concentrar o máximo possível no que fazia, mas flashs do sonho a tingiam como dardos disparados por todos os lados, e era agoniante porque a imagem de Emma deitada em uma poça formada pelo o seu próprio sangue surgiam claras como água cristalina.

Quando saiu do banheiro trocou de roupa e começou a juntar tudo que era seu e que estava espalhado pelo quarto, jogava as coisas sem zelo algum dentro da mala de mão, pegou os objetos de higiene pessoal, a camisola, a toalha e os chinelos.

— Kristin? — a chamou batendo apressadamente na porta do quarto dela — Krist... — cortou a palavra quando ela abriu a porta vestida em um roupão.

— Bom dia, Regina. — disse notando o quão cedo ainda era e que Regina já estava pronta e com a mala na mão.

— Desculpa, eu... Eu vou voltar para Boston.

— O hospital te chamou, estão precisando de você lá? Foi alguma coisa com o John?

— Não, o hospital não, mas a minha família sim, quer dizer, eu que estou precisando dela. Se os organizadores perguntarem por mim ou algo assim, diga que precisei voltar antes do previsto, por favor.

— Tudo bem, eu digo. E ah, boa sorte, Regina, boa sorte para todas vocês. — disse sincera.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bju grande, até amanhã.