O Passado Sempre Volta escrita por yElisapl


Capítulo 21
Capítulo 20: Inocência de Criança.


Notas iniciais do capítulo

Eu: Olá, bem-vindo ao OPSV! Nesta noite chamo OLIVER QUEEN.
OLIVER: Olá.
E: Como estão as coisas com FELICITY?
O: Muito boas! - animação
E: Algum spoiler para nós?
O: Apenas leiam e descubram, eu não dou spoiler.
E: Único jeito, pessoas. Vamos ao capitulo.



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Você mal sabe que estou tentando melhorar as coisas 
Pouco a pouco 
Você mal sabe que eu, eu te amarei até que o sol morra 

Sete anos atrás:   

Eu apenas soltei o corpo de minha irmã quando a polícia chegou e arrombou a porta. Eu havia me trancado no banheiro e arrastado o corpo de minha irmã comigo. Precisaram de dois homens para me tirar de lá, pois parecia que eu era um animal raivoso. Quando se aproximavam de mim, eu começava a gritar como uma louca, mas não dizia nada que fizesse sentido. Parando para pensar, eu realmente agi como um animal irracional.  

Quando conseguiram me tirar de perto do corpo da minha irmã, quando me arrastaram até para fora, onde muitas pessoas da minha cidade estavam – nem para os infelizes estarem quando mais precisei – foi naquele momento que comecei a balbuciar palavras que para mim faziam sentido, mas ninguém as entendia.   

O sol já estava nascendo e eu nem sequer havia percebido enquanto estava trancada no banheiro. Não acredito demorou tantas horas para a polícia aparecer. Ao menos eu acreditava que havia passado bastante tempo, pois enquanto eu chorava por minha mãe e irmã, a hora tinha parado. Não havia passado e futuro. Apenas aquele presente infeliz.   

Tudo em minha cabeça girava, eu não conseguia compreender a razão de meu pai chamar a polícia. Por que ligar para polícia? O melhor não era simplesmente esconder os corpos e desaparecer? Evitar que as pessoas soubessem desses assassinatos? Era essas perguntas que se formavam em minha cabeça e logo elas foram respondidas.  

— Felicity Smoak, você será mantida presa por assassinar a própria mãe e irmã - declarou um policial.   

— Eu não as matei – falei com a voz baixa. Naquele momento, tudo ficou claro para mim. Meu pai, o único monstro desta história, colocou toda a culpa em mim. Não sabia como e quando conseguiu fazer isto, a única coisa que sabia é que eu não seria presa por algo que não fiz.   

Apenas entrei no carro da polícia e coloquei minha mente para pensar em como escapar daquela situação. Eu não podia deixar que aquele monstro vencesse. Mas eu não conseguia achar algo para me fazer sair impune, pois o sangue de minha mãe e de minha irmã estavam em minhas roupas, minhas digitais nas duas armas que foram usadas para matar e o último que me faz ainda mais culpa, eu estou praticamente ilesa e tentei matar meu pai.   

Não havia como provar minha inocência. Eu seria mandada para alguma casa de adolescentes revoltados ou para outro lugar que me manterá trancafiada, apenas quando completasse dezoito anos que eu seria enviada para a prisão e ficaria em uma cadeia pelo resto da minha vida.  

Para minha surpresa, não me colocaram atrás de uma grade para esperar meu julgamento, na realidade eles me levaram a um lugar muito confortável com café e bolacha, me fizeram sentar em uma cadeira e pediram para mim esperar.   

No entanto, quando ambos policiais saíram, eu me levantei e fui até a janela para ver se havia como escapar por ela, mas era pequena demais para mim passar. Tentei buscar por outra saída, mas não havia nenhuma outra porta ou qualquer coisa que fosse usada para que eu saísse.   

— Está procurando por uma saída? - Ouvi uma voz feminina por de trás de mim e me assustei. Fiquei me questionando como ela havia conseguido entrar sem fazer nenhum barulho.   

— Não estou – falei assustada e ao mesmo tempo observando a mulher que estava em minha frente.  Não era difícil que tínhamos idades diferentes, provavelmente uns seis anos ou mais, seus cabelos são negros ou castanho, não parei para prestar muito atenção, pois eu tinha acabado de ser pega tentando fugir. Isso só me deixa ainda mais com cara de culpada.  

— Uma pena, pois deveria estar procurando. Sua situação não é nada boa – declarou se sentando na mesma cadeira na qual eu estava sentada.   

— Acha que não sei? - perguntei seca e me recompondo, estranhamente, não queria que aquela mulher visse que eu estava fraca e vulnerável.   

— Não se preocupe, eu não permitirei que prendam uma pessoa que não é assassina – suas palavras saíram tediosas, quase como se estivesse decepcionada por eu não ser realmente culpada nisso.   

— Como sabe que não? - inqueri curiosa, ela foi a primeira e a única pessoa que não me acusou de homicídio e naquele momento me deixou um pouco menos melancólica.   

— Digamos que já vi e passo muito tempo com assassinos, por isso eu tenho certeza de que você não é uma  - ela se levantou e caminhou para perto de mim – Irei fazer um favor para você.   

— Favor? - era estranho o fato de não me sentir intimidada com ela, pois de alguma forma, nós duas parecíamos ser iguais. Mas era algo da minha cabeça, pois eu estava de alguma forma tentando reagir a morte de minha família que ainda estava mexendo com minha cabeça.  

— Sim. Irei evitar que você seja mandada para prisão. Você quer isto?   

— Quero – engoli em seco, sabendo que aquela mulher podia me cobrar algo. Eu não via lógica em me ajudar, não via no que ela iria ganhar.   

— A única coisa que precisa fazer é assinar este papel, com isso você estará confirmando que enlouqueceu e acabou matando sua mãe e irmã.   

— Mas eu não fiz isto! Você disse que eu não era uma assassina! - quase gritei, no entanto, opinei por me segurar, não podia vacilar com a única pessoa que de certa forma está estendendo sua mão.  

— Acontece que apenas nós duas sabemos disso. Todas as circunstâncias estão contra você, as suas digitas estão nas armas do crime, o sangue está ainda em sua roupa e você tentou matar seu pai - com sua afirmação, sabendo das coisas eu deduzi que a mulher era uma advogada ou alguém importante para ter as informações de meu caso - Nessa sua situação o único jeito de sair e não passar o resto de sua vida na cadeia, o que na minha opinião seria um desperdício, é assinando e confirmando que você enlouqueceu. Isso irá fazer com que você fique em algum hospício, no qual poderá sair futuramente.   

— Então, eu tenho apenas duas opções: me declarar como uma louca e ir para uma casa de loucos, ou ser condenada assassina e ir para a prisão pelo resto de minha vida?  

— Para seu azar, sim – ela se afastou de mim e foi até sua mesa, pegou uma papelada e esticou para mim – Sei que quer justiça e que acha errado o que está acontecendo, mas neste momento, o melhor para você é o que eu estou oferecendo – notei um certo carinho em suas palavras, o que era confuso, pois a mulher não parece ser do tipo carinhosa.   

— Antes de assinar isto para confirmar que sou louca, o que no fundo devo ser, pode me dizer seu nome? - ela concorda.   

— Meu nome é Nyssa Arguir – um pequeno sorriso se abriu em seu rosto e ela esticou sua mão para me cumprimentar, então a cumprimentei  por educação - É um prazer finalmente conhecê-la – declarou me deixando confusa.  

— Já ouviu falar de mim? - ela assentiu e soltou minha mão, pegou uma caneta que estava em cima de sua mesa e a esticou para mim.  

— Não temos tempo, é melhor assinar – conhecer aquela mulher foi a coisa mais normal naquele dia. Por incrível que parecesse, estar com ela, mesmo que por alguns minutos, me fez confiar automaticamente nela e então, eu assinei o papel tendo em mente que seria mandada para algum. Um terrível lugar.  

Atualmente:  

Desta vez, permiti que Oliver dormisse na mesma cama que a minha (era o mínimo que eu tinha que fazer, pois eu já fiz algumas coisas nada agradável a ele), a única coisa que foi estranha é acordar e sentir seu corpo envolvido no meu, me abraçando como se quisesse me proteger do mundo. Por mais esquisito que soe, eu gostei e muito.   

Para não me apegar a isto, sai do seu abraço e antes de caminhar até o banheiro, admirei Oliver por alguns segundos. É incrível vê-lo tão sereno, sem preocupação e vulnerável. Quando ele dorme, não há nenhum Arqueiro-Verde, é apenas ele.   

Quando ele acabou se mexendo um pouco, notei que minha hora de aprecia-lo chegou ao fim. Entrei no banheiro e tomei um longo e demorado banho, na tentativa de fazer meu coração se acalmar e começar a focar no que irei fazer hoje.   

Será difícil para mim reviver outra vez tudo que me aconteceu, mas eu irei conseguir superar tudo e mostrar às pessoas que elas estão erradas sobre mim. No entanto, para isto preciso de provas e como irei conseguir se o caso foi dado como encerrado há anos? Não importa. Irei dar meu jeito.  

Talvez eu chamasse o melhor detetive que conheço, seria provável que Bruce resolveria tudo isso em questões de poucas horas. Mas, essa situação é problema meu e eu já envolvi Oliver nisto, será errado fazer Bruce vir até aqui e me ajudar. Não, eu conseguirei ser uma detetive, irei resolver isto aqui com minha ajuda e a de Oliver. Não preciso de mais ninguém.   

Termino meu banho, saio do banheiro e noto que Oliver já não está mais na cama, eu devo ter acordado quando liguei o chuveiro. Pego uma roupa confortável, desta vez uma blusa amarela sem desenho e uma saia azul. Eu as visto e começo secar meu cabelo para amarrá-lo.   

—Já acabou seu banho? - pergunta-me Oliver ao entrar no quarto. Eu apenas assinto e sorrio - Ótimo, fiz o café da manhã para nós, venha – pede me puxando com suas mãos, eu apenas me deixo ser guiada por ele.   

—Você está me acostumando mal – declaro ao me sentar na cadeira para provar meu café com pão, manteiga, presunto e queijo.   

—Se dormir comigo, sempre terá algo assim no café da manhã e mais um pouco – acrescenta dando um sorriso e me fazendo revirar os olhos.   

—É melhor eu estar de estomago cheio, hoje o dia será cheio – digo bebendo um pouco de seu café.   

—Já sabemos por onde iremos começar? - inquira para se manter informado.   

—Sim... - suspiro antes de continuar – Vamos até a casa na qual cresci.   

—Será necessário? - noto preocupação em sua voz. Apenas anuo. - Sinto muito.   

—Eu também sinto.   

Nós continuamos a tomar nosso café em silêncio, provavelmente porque cada um começou a pensar em qualquer coisa. Oliver, do jeito que sempre é, deve estar criando alguma maneira de facilitar o nosso lado e deixar para mim menos doloroso as coisas.   

Já a mim, eu estou pensando no que farei depois de ir até minha casa. Está na cara que as pessoas dessa cidade não gostam de mim e não irão facilitar o meu lado. Eu não tenho ninguém que possa comprovar que sou inocente, pois todos que estiveram presentes naquele acontecimento estão mortos.   

Preciso parar de ponderar quando escuto a campainha tocar, me fazendo sobressaltar levemente. Seria possível que alguém quer vir me ofender e dizer que sou a filha do diabo novamente? Não, ninguém acordaria cedo para fazer isto.  

—Eu abro a porta – declaro me levantando e não dando chances alguma para Oliver abrir. Se alguém querer me ofender, eu preciso encarar.   

No entanto, me surpreendo com a pessoa que surge em minha visão ao eu abrir a porta. Nunca pensei que retornaria a vê-la novamente.   

—Nos reencontramos novamente, Felicity Smoak – diz Nyssa, já entrando no local mesmo sem minha permissão - Bela casa.   

—Obrigada – fecho a porta e encaro a mulher, com um olhar confuso. - O que faz aqui? Como soube que estou aqui?   

—As notícias são rápidas nesta cidade – declara sorrindo - É bom falar com você novamente.   

—Nyssa, já faz anos que nos falamos. O que quer comigo? - inquiro, torcendo para que não seja mais algum problema. Não estou com paciência para resolver algo que não seja sobre o meu caso.   

—Eu estou aqui para te ajudar, pois soube que você vai comprovar que é inocente sobre os assassinatos – explica rapidamente e começa a fitar Oliver que está vindo em nossa direção.  

Ouso pensar que ela, de certa forma, se interessou por ele. O que em hipótese alguma pode acontecer. Já basta as outras mulheres, não quero que haja mais uma na lista.   

—O que está acontecendo? - indaga Oliver, parando ao meu lado e me puxando para perto de seu corpo. Yeah, ele está mostrando que de alguma maneira, nós dois estamos juntos.   

—Nyssa Arguir este é Oliver Queen – os apresento e ambos esticam a mão para se cumprimentar.   

— Lamento em dizer, Felicity, mas meu tempo é curto. Diga-me no que posso ajudá-la e eu farei tudo que estiver ao meu alcance.   

—Não entendo, por que irá me ajudar? Já não ajudou no passado?   

—Sim, entretanto penso que se fosse ao contrário, iria fazer o mesmo por mim.   

—Mas nós não se conhecemos direito.   

—Por acaso você acha que irei lhe fazer algum mal? Chegou a pensar que eu iria te machucar? - nego devagar com a cabeça, nunca cheguei a conclui algo do tipo. - De uma estranha maneira e irracional, você confia em mim, mesmo passando anos, estou errada?  

—Está bem, o que está rolando aqui? - questiono me sentindo desconfortável. - Daqui a pouco irá me dizer que eu daria a minha vida por você.   

—Não, isto você não faria – ela solta uma leve gargalhada, rindo de alguma piada que ninguém aqui entende, além dela. - Enfim, diga-me o que precisa.   

Suspiro pesadamente e começo a pensar. Como Nyssa pode me ser útil? Por algum motivo, sinto que ela pode conseguir tudo que eu pedir, uma coisa que eu necessito, mas eu não conseguirei e nem Oliver, mesmo ele possuindo bastante poder.   

—Eu preciso dos relatórios da polícia em relação ao meu caso. Acha que consegue isto? -  um sorriso presunçoso se abre em seu rosto, pelo visto ela deve conseguir.   

—Posso lhe garantir que até o horário de almoço estarei com esses relatórios. Nos encontramos mais tarde – afirma e  ela mesmo abre a porta de minha casa para sair.   

Espero ter certeza de que ela está longe o suficiente para não me ouvir e decido contar a Oliver quem ela é e como me ajudou no passado. Enquanto digo, noto que ela foi a única pessoa naquela época em quem confiei rapidamente e que estranhamente ainda confio. É como se eu conhecesse seu tipo, mas não sei de que tipo de pessoa ela se encaixa. Talvez seja do meu.   

—Isto é esquisito, ela é estranha – declara Oliver após me escutar – Ela age como se conhecesse você a vida inteira – diz o que também chego a pensar.   

—Talvez seja o jeito dela. É como sempre digo: Cada louco com sua loucura – ando até a mesa e pego uma bolsa, na qual estão as coisas que precisarei. - É melhor irmos, quero acabar com a minha loucura hoje – ele apenas concorda e pega as chaves do carro que misteriosamente alugou. Não sei quando.   

Ao saímos da casa, nós a trancamos e fomos direto para o nosso automóvel. Antes de ligarmos o moto, expliquei a Oliver onde minha antiga casa fica. No caminho, ficamos novamente em silêncio, ele não era desconfortável e me permitia pensar direito. Mas é claro que notei em Oliver a preocupação, provavelmente em relação a mim e meus sentimentos.   

Quando o carro para, o desconforto começa a surgir em mim e o desespero também. Mesmo estando de manhã, é como se eu estivesse de volta naquela noite. Tudo em minha mente começa a girar e acabo me segurando em Oliver para não cair no chão.   

—Você está bem? - pergunta aflito.   

—Sim, foi apenas uma tontura – explico e volto a andar. Eu não posso desistir de tudo porque simplesmente não quero reviver esta história. É necessário caso eu queira colocar a ela um fim.   

—Tem certeza de que quer fazer isso? - apenas concordo com a cabeça e não digo nada, sinto que se eu falasse, iria acabar me entregando.   

Por fora, a casa parece ser a mesma, mas ao entrar dentro dela, vejo que nunca voltará ser a mesma que era. Tudo está praticamente destruído, só falta derrubar as paredes desta casa, pois não resta mais nada aqui.   

Começo a andar por ela, tomando cuidado para não pisar em alguma madeira podre. Apenas paro quando vejo o local onde o corpo de minha mãe havia ficado sem vida. Era como se ele ainda estivesse lá. Como se eu voltasse aquela noite e novamente a visse morrer em frente a mim e eu não pude fazer nada para salvá-la.   

No entanto, quando sinto o toque de Oliver em minha mão, minha mente volta a funcionar. Eu não posso mudar o que aconteceu, não importa quantas vezes eu reviva aquela noite e busque uma maneira de salvar minha irmã e minha mãe, isto não mudará o fato de que elas já estão mortas. Está na hora de eu aceitar este fato e parar de bater na mesma tecla.   

Estranhamente, escuto um barulho vir do antigo quarto em que eu dividia com Diana. Oliver juntamente a mim começa a andar em direção a ele. Será que foi algum barulho de animal andando? Ou pode haver alguém aqui? Não, ninguém viria a casa que está amaldiçoada.   

Ao menos achei que não, mas me enganei. Pelo visto não só alguém está vindo aqui, como está a usando como uma casa temporária, pois vejo um colchão e algumas coisas jogadas no chão. Isso significa que ele está dormindo aqui, agora preciso procurar por mais alguma informação para me dizer quem é esta pessoa. Oliver também decide me ajudar, provavelmente tão surpreso quanto a mim. Quem iria dormir na casa que todos temem?  

—Ei, posso saber o que estão fazendo aqui e mexendo em minhas coisas? - questiona-nos um garotinho de cabelos preto e olhos castanho escuro. As semelhanças são parecidas com a de Diana quando era pequena.   

—Essas coisas são suas, pequeno? - pergunto, me aproximando dele.   

—São sim, por quê? Há algum problema? - ele cruza seus braços, provavelmente tentando demonstrar confiança, o que me faz sorrir automaticamente.  

—Não há. Mas posso saber onde estão seus pais? - seus olhos desviam dos meus, significa que fiz uma pergunta que não gostou.   

—Eu não tenho pais – responde, tentando parecer forte.   

—Algum responsável?  - tento saber. Quem sabe ele não fugiu de casa?  

—Eu sou responsável por mim mesmo – declara, saindo da minha frente e toma da mão de Oliver a lata com fio que ele acabara de pegar do chão - E isto é meu – me sinto perdida aqui, então olho para Oliver que parece ainda mais perdido.  

—Qual é seu nome, rapaz? - Oliver indaga para tentar tirar a informação dele.   

—Não posso lhe dizer – declara e se senta no colchão sujo. Eu me aproximo do pequeno e decido arriscar.   

—E para mim, você pode? - me agacho para poder olhá-lo melhor.  

—Sim – ele diz, eu sorrio e dou um olhar para Oliver: Pelo visto a criança gostou de mim – Mas você precisa se aproximar, vou cochichar em seu ouvido – apenas anuo e me aproximo – Eu não sei o que é um nome– diz baixinho em meu ouvido.    

Me afasto dele confusa. Como uma pessoa, ou melhor, uma criança como ele não sabia o que é um nome? Seria possível ele estar me sacaneando? Descarto rapidamente esta opção, pois vejo que não há nenhuma diversão em seu rosto, na realidade, parece um pouco triste.   

—Como assim não sabe? - pergunto tentando decifrar, ele apenas deu de ombros. - Nome serve para quando uma pessoa quer falar com você e ela te chama, pelo seu nome.   

—As mulheres do orfanato que cuidavam de mim me chamavam apenas de espertinho. Esse é  meu nome? - nego com a cabeça. - Então eu não tenho.  

—Gostaria de ter?  

—Você tem? - sorrio levemente.  

—Sim, me chamo Felicity.   

—E ele também tem? - aponta para Oliver.  

—O nome dele é Oliver.  

—Então eu quero ter. Escolhe um para mim?  - me levanto assustada. Nunca precisei escolher o nome de alguma criança. Mas seria ruim da minha parte recusar e ser ingrata com a criança. Tento pedir ajudar para Oliver, contudo o seu olhar me diz que não irá opinar. Maldito, ele devia me ajudar nisto e não me deixar sozinha.   

Solto o ar e começo a olhar para o pequeno a minha frente. Não deve ser muito difícil escolher o nome para uma criança, certo? A maioria das mulheres grávidas escolhem o nome dos próprios bebês na hora que nascem e não meses antes.  

—O que acha de Sammy? - pergunto ao chegar em um nome que combina com sua aparecia dócil, mas que consegue se cuidar sozinho.   

—Eu gostei! - responde animado – Obrigado – ele se levanta e me abraça. Eu meio sem jeito, o abraço de volta.   

—Pequeno Sammy, o que acha de ir para uma casa verdadeira? - questiono, sentindo que está em meu dever ajudar está criança.   

—Para a sua? - indaga curioso e eu apenas assinto. - Ante de eu aceitar, preciso lhe fazer três perguntas. - diz e eu quase dou risada, sua atitude me faz lembrar de Oliver.   

—Faça-as, por favor.   

—Primeira: Você tem filhos? - eu nego com a cabeça. - Você tem sobrinhos? - novamente digo não com a cabeça tentando entender aonde chegaremos - Última e mais importante pergunta: Já pensou em adotar um filho? - respiro fundo antes de dizer.  

—Sim, eu já pensei – sorrio condescendente. O garoto não demonstrou nada, apenas me avalia por alguns segundos como Oliver faz.   

—Está bem, eu vou para sua casa – ele pega  uma bolsa meio velha que está no chão e depois dá sua mão para que eu a pegue, hesitando eu faço e me sinto sendo arrastada por ele para irmos pra fora da minha antiga casa – Sabe, eu devia ter gravado suas respostas para caso seja necessário eu provar que você disse isso – comenta com um pouco de diversão e rapidamente seu comentário me faz lembrar de algo muito, muito importante para mim.  

Uma semana antes de meu pai decidir matar minha mãe e minha irmã, lembro-me de pegar minha mãe mexendo no escritório de meu pai. Quando eu a perguntei o que ela estava fazendo, ela simplesmente me respondeu que deixou um gravador para caso quisesse provar algo. Naquele dia eu não tinha entendido nada. Agora eu consigo saber a razão dela fazer aquilo, era para ajudá-la. Mas, ao meu ver, isto parece de muita ajuda apenas para mim.   

—Vocês dois esperem aqui – afirmo soltando a mão do garotinho e o deixando sozinho com Oliver.   

Cuidadosamente, subo a escada (já que há alguns buracos) e vou até o antigo escritório de meu pai. Algumas coisas ainda estão no lugar, isto é tenebroso. Começo a procurar por qualquer coisa, um gravador ou alguma fita. Como eu pude ter me esquecido disso?   

Passo a mão em todo o buraco que encontro, mas não há nada. Seria possível que os policiais tenham encontrado? Não, pois se tivessem, eles saberiam que sou inocente. Ou eles acharam e não havia nenhuma gravação daquela noite e eu continuarei no zero.   

No entanto, para minha felicidade, sei onde minha mãe iria colocar este gravador. Não podia ser obvio, onde meu pai facilmente acharia. Então ela colocou no ventilador que para o meu alivio continua também no lugar.   

Arrasto a mesa do escritório para ter mais altura e começo a passar a mão no ferro das hélices - ainda bem que meu pai quase nunca ligava o ventilador e se eu estiver certa, naquele dia nós não ligamos o ventilador nenhuma vez.  

Meu coração para por um segundo ao sentir algo, eu pego o negócio e vejo que é um gravador. Tento ligá-lo, mas ele não quer ligar, então coloco em meu bolso. Desço de cima da mesa e decido voltar para onde deixei Oliver, para contar minha novidade. A principal fonte que irá me livrar.   

Quando chego no andar de baixo, vejo que Oliver e Sammy não estão conversando. Eu pensei que enquanto os dois ficassem sozinhos aqui, haveria algum papo. Mas pelo que parece, o menino está sendo difícil para ele.   

—Oliver! - o chamo eufórica - Não vai acreditar no que achei – corro até ele e o abraço fortemente, quando paro de abraçá-lo, eu o beijo com intensidade e uma tamanha alegria que palavras não são suficiente para dizê-las e explicá-las.  

Neste exato momento que compreendo que pela primeira vez fiz o certo em deixar Oliver ficar comigo. E ainda bem que Oliver voltou para mim e quer me ajudar, como sempre faz e como sempre fará. Tudo está claro para mim, eu preciso de Oliver e muito.    

—Ei, já chega de se beijar – pede Sammy, nós se viramos para encará-lo e ele está nos olhando assustado – Acho que vou vomitar - ele tamba sua boca com suas mãozinhas.  

—Não vai nada, moleque – diz Oliver rindo e eu o acabo acompanhando na risada.   

—Agora podemos ir para sua casa, Felicity? - pede o pequenino, mudando de assunto.  

—Está vendo aquele carro? - aponto para o automóvel e Sam apenas concorda. - Pegue a chave e entre dentro dele, me espere que já estou indo – o garoto pega a chave e começa andar em direção ao carro.   

Eu me viro para Oliver.   

—O que achou, Felicity? - ele me pergunta e eu puxo de meu bolso – Um gravador velho? - assinto. - Como isto poderá lhe ajudar?   

—Se a sorte estiver ao meu lado, ele poderá ter a gravação da discussão de meu pai com minha mãe e depois de tudo que aconteceu na casa – explico tentando manter minha ansiedade controlada – Vamos, eu preciso ver se há como recuperar este aparelho – puxo sua mãe e nos direciono até o automóvel. Ambos nos sentamos e eu pedi de volta a chave que dei para Sammy, ele me devolve normalmente e se arruma para ficar sentando melhor no banco de trás. Acho interessante como este garoto sabe esconder suas emoções.   

 O carro deu a partida e não demoramos para chegar na casa alugada. Quando Sammy a viu, eu notei uma certa admiração pela casa em seus olhos, mas ele não iria deixar claro isto. Este menino irá me dar trabalho, penso comigo mesma. Enquanto ele acelera seus passos e já está com a chave para poder abrir a casa, eu e Oliver ficamos atrás.   

—Por quanto tempo pretende ficar com ele? - pergunta-me curioso.   

—Até eu resolver a minha situação, depois irei procurar por alguém que possa ficar com ele - o olho um pouco confusa, não há motivos para se preocuparmos tanto.    

—E se ninguém poder? - ele me olha, como se eu fosse dar a ele alguma resposta importante.  

—Nós vemos isso depois, Oliver – encerro o assunto, por hora não quero me preocupar com quem Sammy irá ficar, pois ele ainda está comigo e seguro.   

Eu acelero meu passo, para me encontrar com Sam que apenas abriu a porta e está nos esperando, provavelmente sendo educado, pois não quer ser uma criança curiosa. Mas ele é péssimo em esconder sua curiosidade em relação a casa.   

—Pode entrar, pequeno – lhe dou a permissão e ele abre um sorriso tímido.   

—Quero entrar com você - eu o encaro surpresa – O quê? Não sou mau educado, primeiro as damas, é sempre o que dizem.   

—Olha só, Oliver, acho que encontrei meu príncipe encantado – provoco o homem que está alguns passos atrás de mim e escuto apenas uma risada vindo dele. Eu provavelmente devo estar agindo como uma idiota, mas a culpa não é minha. Crianças sempre foram o meu fraco.   

Quando eu entro na casa, Sam vem logo atrás de mim e começa a olhar o lugar apenas com seus olhos, não se move para descobrir mais ou explorar. Não entendo este menino. No entanto, não posso me preocupar com seus modos diferentes, preciso descobrir se o gravador que encontrei me será útil como espero que seja.   

—Felicity, faça o que tem que fazer, eu irei fazer o almoço para nós - encaro Oliver assustada. Como ele sabia o que eu estava pensando? Apenas anuo e sorrio.   

—Pequeno Sammy, fique com Oliver ou de uma volta na casa para explorá-la, eu preciso fazer uma coisa que vai precisar de muito esforço e volto quando o almoço estiver pronto, está bem? - o garoto apenas me olha com suas íris castanhas e concorda levemente com a cabeça.   

Me dirijo até o quarto, onde está tudo que irei usar.   

Depois de meia hora tentando ligar o aparelho, eu consegui. Começo a colocar a fita para tocar com uma ansiedade que me fazia sentir vontade de vomitar. No começo, apenas tinha silêncio, deve ter sido porque provavelmente nós não estávamos em casa ou porque a gravação simplesmente não estava pegando.   

A cada minuto de silêncio senti um aperto no coração. Não acredito que pude colocar tanta esperança em um aparelho velho que pode estar muito bem estrago.   

''Hoje é dia 11 de dezembro, aniversário de minha filha Diana, acabei de chegar em casa e vamos cantar parabéns para ela. Por hora, Kurt não está aqui''. Eu pulo da cama ao escutar a voz da minha mãe tão nítida e tão real. É como se ela estivesse aqui e um aperto começa a surgir em meu coração, pois nunca pensei que fosse ouvi-la de novo, nem mesmo em uma gravação.   

Começo a avançar para frente o áudio, pois escutei cantarmos parabéns para minha irmã e as conversas que estávamos tendo, pensando que seria mais uma noite normal. Apenas paro de avançar quando escutei perfeitamente a voz de meu pai.   

''-Eu não me importo! Estou farto desta vida, eu nunca quis isso para mim. Eu irei levá-la para lá e você não irá me impedir. Chega dessas discussões.   

—Sabe que não pode fazer isso sem minha permissão!  

—Sim, eu posso! E irei fazer por bem ou por mal, Ellen.    

—Não. Você não irá tirá-la de mim. Eu não permitirei.  

—Então é isso, Ellen. Nossas vidas juntas chegam ao fim de uma vez por todas. Acabou.''  

Paro de escutar ao escutar o grito de minha mãe, eu já sei o que acontece em seguida e não preciso escutar tudo com detalhe.  

Essa foi a primeira parte que preciso, volto a avançar novamente e esperando que tenha gravado a outra parte, se o aparelho ainda está vivo, é claro que ele tenha gravado a segunda parte da noite. Um barulho de tiro me fez se assustar e perceber que cheguei na parte em que desejo.   

''Diana. Por que fez isso? Minha irmãzinha, minha princesa. Vamos, você precisa acordar. Era para mim te proteger, não ao contrário!''   

Paro de escutar, é doloroso demais para mim escutar isto. O que eu já ouvi é o suficiente para comprovar minha inocência. Significa que esse gravador é uma prova verídica de que não sou culpada. Se possível, a única que me faz ser impune disto tudo. Faço uma cópia da gravação por garantia e saio do quarto, para dizer a Oliver que consegui o que queria.   

No entanto, me surpreendo ao ver Nyssa novamente aqui. Essa mulher mexe comigo de um jeito que não entendo, sinto como se a conhecesse, antes de conhecê-la em seu consultório, mesmo não a reconhecendo. Minha memória não costuma falhar, mas quando o assunto é ela, é como se houvesse uma nuvem nublada me impedindo de ver claramente.   

—Olá, Felicity – me cumprimenta com um sorriso no rosto e automaticamente abro um para ela – Aqui está o que me pediu – ela indica com a cabeça um direção e eu sigo com o olhar já vendo  um monte de papelada. Caramba, isso vai ser um pouco demorado.   

—Como conseguiu tão rápido? - pergunto surpresa. Novamente ela me dá o sorriso e  o olhar do tipo: eu consigo fazer tudo. - Obrigada!   

—De nada – ela se levanta da cadeira e se aproxima de mim – Vamos começar a ler tudo? - concordo com a cabeça. Mais uma para me ajudar, isto facilitará o meu lado.    

No entanto, noto que Sammy está nos olhando com curiosidade. Não posso deixá-lo ficar vendo essas coisas terríveis. É provável que ele não saiba do que aconteceu naquela casa e por isso que se residiu nela.   

—Pequeno, tem como pegar seu prato de comida e ir para aquele quarto? - indago com cuidado e apontando para o quarto que no outro corredor, ele me avalia por alguns segundos e concorda, se levanta e pega o prato que provavelmente deve ter sido Oliver que colocou para ele. Eu espero ter certeza de que fechou a porta para não poder escutar – Nyssa, eu encontrei uma prova - estico o gravador em sua direção e ela o avalia.   

—Ainda pega? - inquira levantando sua sobrancelha esquerda.  

—Não só pega como também possui a gravação daquela noite! - digo eufórica. É ruim ficar feliz por achar uma evidencia que provará que sou inocente e não matei ninguém? Acho que poucas pessoas sentem essa felicidade fora do normal.   

—Isso pode ajudar – declara ela pegando o gravador e o avaliando – Mas é melhor termos outra prova, pois poderão pensar que você a falsificou – concordo levemente com a cabeça e decido pegar a papelada. Rapidamente divido uma parte para cada um ler e começamos a bancar os detetives.  

Começo a ler e mesmo concentrada, noto que Oliver está um pouco estranho. Será que está desconfortavel com a presença de Nyssa? Ou será outra coisa? Penso em perguntá-lo, mas acabo lendo uma coisa interessante e percebo que pode ser outra prova que estou precisando.   

—Pessoal, escutem isto: Kurt, pai da assassina, foi ferido duas vezes no ombro, com duas facas diferentes. Apenas uma das facas foram encontradas. - pego a outra parte para ler. - ''Não foi encontrado a faca que usaram para matar a mãe''. - espero alguma reação deles, Oliver parece estar confuso e Nyssa já parece ter entendido tudo – Parem e pensem comigo, isto é um furo, além de que, a faca que meu pai usou para esfaquear minha mãe, foi a mesma que usei para feri-lo. Mas por que esconder apenas uma faca e deixar a outra exposta? Isso não faz sentido.   

—Você consegue se lembrar de algo que havia de especial naquela faca? - pergunta-me Nyssa, provavelmente tentando me ajudar de alguma forma.  

Repasso e repasso em minha mente, mas não consigo me lembrar se havia algo de especial nela. Naquele momento de tensão, não reparei tanto na faca. Mas ela devia ter algo, pois meu pai não daria o trabalho de escondê-la.  

—Sam, volte agora para o quarto – escuto a voz de Oliver dizer e eu paro para encarar o mocinho que está nos olhando e segurando sua bolsa.   

—Eu quero ajudar você, Felicity – diz olhando para mim, ignorando completamente Oliver e quase me fazendo rir, claro se a situação não estivesse tão confusa.   

—Não se preocupe, príncipe – digo calma. - Pode voltar para o quarto.   

—Lamento, mas não irei – ele começa a abrir sua bolsa e tira um pano envolvendo algo, ele entrega para mim, ansioso – Escutei você dizendo que uma faca sua sumiu, talvez eu posso oferecer a minha – eu pego de sua mão o pano e começo a abrir, fico até contente com a inocência deste pequeno.   

—Obriga... - me corto antes de agradecê-lo, pois ao ver a faca, eu a reconheço na hora. Isto é possível? Não tem como ser a mesma daquela noite. - Sam, onde encontrou esta faca? - o encaro esperando a resposta.  

—Eu estava subindo a escada daquela casa antiga e a madeira acabou quebrando sem querer, quando eu olhei para o buraco que fiz, ela estava lá dentro junto com este pano. Por quê? Ela não vai servir para você? - eu abro um imenso sorriso e decido abraçar o garoto na minha frente.   

—Você é incrível, príncipe Sammy – digo quase esmagando o menino, apenas paro de abraçá-lo quando escuto uma tosse vindo de Oliver – Pessoal, esta é a faca sumida que milagrosamente Sam encontrou.    

—Isto é possível? - Oliver me faz a mesma pergunta que fiz para mim mesma. Eu apenas concordo, pego a faca e mostro para ele e Nyssa a prova de que ela é a mesma daquela noite. - Iniciais KM, o que significa?   

—Kurt Monestar – o respondo. - Este é nome de meu pai – vejo um sorriso se abrir em seu rosto, significando que ele está pensando o mesmo que a mim.   

—Nós podemos provar sua inocência - eu concordo também abrindo um sorriso.   

—Se vocês acharam tão útil a faca, há mais coisas na minha bolsa – diz Sammy sem saber exatamente do que estamos falando, ele começa a vasculhar suas coisas – Isso aqui pode ser útil, eu nem a abri, pois não é para mim – ele estica para mim uma carta e rapidamente arregalo os olhos, eu reconheço muito bem esta letra. Pode ter passado anos, mais ainda sim sei de quem a pertence.   

—Onde a encontrou? - pergunto pegando na carta.   

—Estava na caixa de correio, foi ontem à tarde que chegou – eu aperto a carta. Como pode ser possível que essa carta seja de minha mãe? Eu deveria abrir? E se o que conter aqui dentro acabar mudando meu mundo? Não, eu não irei ler. Já tenho provas suficientes e esse dia foi demais, não irei aguentar ler algo que minha mãe escreveu há anos atrás.   

—Obrigada, Sammy. Você é incrível - ele me abre um grande sorriso ao me ouvir elogiá-lo, me viro para Nyssa e Oliver que estão me observando, provavelmente querendo saber se eu irei abrir a carta - É melhor irmos, precisamos dizer aos policias e a todos na cidade que sou inocente.   

Ambos concordam, provavelmente não quiseram discutir comigo ou porque notaram o quanto a carta conseguiu mexer comigo. Pegamos todas as provas e a gravação, mas antes de sair da casa, guardei a carta em minha mala e sai às pressas para chegar na delegacia.  

Nós fomos bem recebidos, ninguém me julgou ou fez alguma ofensa a mim, eles apenas não estavam acreditando que Felicity Smoak havia retornado à cidade. Quando os dois policiais que me arrastaram até o consultório de Nyssa me viram, ficaram de bocas abertas.  

Deixei que Oliver e Nyssa explicassem todas as provas que encontramos e fiquei com Sammy - nós tivemos que levar ele conosco, seria insensato deixá-lo sozinho na casa. E eu senti que precisava dele. Tê-lo por perto me alegra.  

Primero, mostraram a faca que a polícia não havia encontrado. Depois explicaram exatamente onde estava e a quem pertencia, também disseram que batia exatamente com a arma que foi usada para matar minha mãe. Eles falaram tudo que expliquei aos dois. A última informação, a que serviu para colocar a culpa em meu pai, foi que esta faca ficava sempre em seu escritório trancado que apenas ele e minha mãe tinham acesso.   

Não foi difícil comprovar a informação, pois meu pai fez uma declaração contando a história na sua versão. Na sua história, ninguém entrou no seu escritório, porque ele era o único a ter acesso, desta forma, comprovando minha verdade. Outra mentira em sua declaração é que a faca que usei para matar minha mãe era vermelha e possuía iniciais de um nome, não disse qual. E este detalhe comprova que a faca que trouxemos é a verdadeira do crime.   

A última prova foi usada, o gravador. Eu deixei apenas os áudios que deixam explicitamente os acontecimentos e enquanto todos escutavam, o olhar de Oliver se encontrou com o meu e eu não desviei, ficamos nos fitando até o áudio acabar.   

Fico me perguntando o que estava passando em sua cabeça. Mas de certa forma, eu sei. Provavelmente se sentiria culpado, mesmo ele não me conhecendo na época e muito menos podendo fazer algo, depois viria o sentimento de querer me proteger. Saber que a mulher que ele tanto acreditou que nunca viu algo tão ruim, presenciou a morte de sua família e foi julgada como culpada.   

Pela primeira vez, contar para Oliver sobre uma parte de meu passado, não foi tão dolorido, muito pelo contrário, está me ajudando a superar e seguir em frente. Anos e anos fiquei me culpando, mas agora consigo ver claramente, não havia como eu ter feito algo. Aquilo seria inevitável.   

Quando as provas da minha inocência acabaram, os policias não fizeram outra coisa a não ser reabrir o meu caso e depois declarar o verdadeiro culpado, graças as novas evidencias. No jornal da manhã seguinte sairá tudo, mas eu não posso aguentar esperar para que as pessoas saibam que sou inocente, além de que, eu quero voltar para Starling City.   

Pedi aos policiais, educadamente para que divulgassem às pessoas hoje mesmo, mas eles recusaram, então Nyssa entrou novamente na conversa e os convenceu facilmente. É engraçado o fato dela fazer eles a temerem, a mulher não parece tão perigosa ou assustadora para mim.   

Nós e a polícia fomos até o centro da cidade, onde misteriosamente as pessoas já estavam lá (alguém deve ter avisado, o povo não aguenta uma fofoca). Subimos em cima do palco e o capitão começou a dizer palavras sobre o caso Smoak, falar as antigas provas que eles tinham, mas as pessoas nem sequer prestavam atenção a ele, os olhos das pessoas estavam em cima de mim.    

—Está preparada para isto? - pergunta-me Oliver, preocupado. Enquanto o capitão diz suas palavras desnecessárias, em vez de ir ao ponto final, eu e o resto do pessoal decidimos nos sentar na cadeira.  

—Esperei anos por isto, Oliver – afirmo pegando em sua mão - Não há com que me preocupar, você está aqui comigo – digo abrindo um sorriso e automaticamente seus lábios também se curvam fazendo um sorriso.  

Sinto alguém pegar em minha mão e noto ser meu príncipe Sammy, ele está sorrindo e eu o olho com admiração. É graças a este pequenino que eu consegui arranjar uma prova importante e graças a ele e Oliver, reviver todo aquela noite não se tornou no meu pior pesadelo, pois se tornaria se eu fizesse aquilo sozinha.  

O Capitão começa a dizer sobre as novas provas, fazendo assim prender a atenção de todos. É agora que as pessoas irão saber da verdade, saber quem é o verdadeiro monstro e que foram uns hipócritas em me julgar.    

No final, a informação é dada: Felicity Smoak não assassinou sua mãe e irmã, ela é inocente. O verdadeiro culpado é Kurt Monestar. O caso finalmente se encerrou''. Eu não pude e nem quis esconder meu sorriso e o prazer de ver a culpa surgindo no rosto de todos os moradores da cidade.   

Para mais um prazer a mim, o Capitão me oferece o microfone para falar e eu nem hesito em aceitar. Já está na hora dessas pessoas me escutarem, quero dizer algumas coisas para esses hipócritas.   

—Como todos me conhecem, eu sou Felicity Smoak, alguns me chamam de filha do diabo e, infelizmente, podem estar certos. Meu pai não foi nenhum anjo, muito pelo contrário, ele foi o monstro da história, ele destruiu minha família. Mas, Kurt não foi o único. Vocês o ajudaram e apoiaram a decisão dele em me mandar para um lugar horrível. Não se importaram com o que aconteceria comigo – digo seca e fria – No entanto, eu não guardo rancor. Para terem certeza disto, eu estou aqui pessoalmente dizendo que abrirei uma empresa. Smoak Technologies, este é o nome da nova empresa e podem ter certeza, muitos frutos virão dela - forço um sorriso e decido que está na hora de ir embora – Obrigada pela atenção e pela oportunidade de me ver a culpa surgir no rosto de cada um.   

Eu caminho até Sammy e pego em sua mão para sairmos daqui, logo atrás vem Oliver com um semblante sério e Nyssa com um sorriso de satisfeita. Essa mulher é doidinha.   

Nós estávamos entrando dentro da minha casa alugada quando Nyssa me chamou e pediu para conversar comigo a sós. Eu concordei e mandei Oliver e Sammy entrar, pois já iria, nenhum se opôs a mim.   

 -Não tive tempo de dizer, mas obrigada pela ajuda, Nyssa - falo primeiro.  

—Quando precisar é só me ligar – ela pega um papel de sua bolsa e me entrega, nele contém seu número.  

 -Não diz isso que eu acabo fazendo mesmo - brinco meio sem jeito, já sei onde esta nossa conversa irá nos levar. Nós estamos nos despedindo, outra vez.   

—É o que espero – ela declara e suspira – Preciso ir embora agora, Felicity.   

—Uma pena. Sua companhia estava tão boa – brinco sorrindo – Para onde vai? Há outro caso de assassino para resolver? - ela nega com a cabeça.   

—Já acabei o que tinha que fazer nesta cidade. Para mim ela não tem mais graça, então vou voltar para minha verdadeira casa – explica e dou uma risada. Apenas essa mulher para achar que resolver um assassinato é diversão. E apenas ela para esperar anos para poder resolver o caso.  

 -Então, por agora acho que é um adeus – digo um tanto melancólica, pelo visto eu realmente estou apegada de alguma maneira a ela. Foi complicado dizer um adeus para ela na primeira vez, pois para mim, Nyssa tinha sido a única que acreditou em minha pessoa desde o início. Foi ela a última pessoa que vi antes de entrar no carro de meu pai e ir para Gotham e parar em uma casa de prostituição.     

 -Não - responde ela - Por enquanto é um nos vemos em breve - ela pisca e me dá um sorriso de quem sabe das coisas. Por algum motivo, eu acabo a abraçando sem pensar. Claro que meu ato a surpreendeu, mas ela me deu o seu melhor abraço que podia me dar.   

—Nos vemos em breve – disse abrindo um sorriso e começo a andar para a casa alugada. Quando fecho a porta por de trás de mim, fecho minhas pálpebras e suspiro levemente. Hoje o dia foi tenso.   

Ao abrir meus olhos, vejo Sammy e Oliver me encarando, esperando qualquer comando meu. Esses dois me enlouquecem aos poucos.  

—O que deseja fazer agora, Felicity? - inquira Oliver curiosamente.   

—Eu quero voltar para casa – digo sem pensar e fico surpresa com minha declaração. Há muito tempo não chamo um lugar ou uma cidade de casa, como um lar. Antes era porque não havia motivos, mas agora vejo dois em minha frente e mais outros me esperando na volta.  

—Para casa? - Sammy repete minha fala. - Você não mora aqui?   

—Não, eu não moro – noto em seu olhar uma pequena tristeza. Será que ele pensa que eu vou deixá-lo aqui, sozinho? - Por isso irei lhe uma pergunta Sammy – apenas recebo uma concordada com a cabeça - Você gosta de mim e de Oliver?  

—De você sim, daquele ali não - diz e eu dou uma olhada para Oliver que está com seu semblante sério. Os dois não se deram muito bem.   

—Por que não? - pergunto me aproximando dele, para ele me contar sem se preocupar com que Oliver ouça. Não que Oliver ligasse para isso.   

—Ele tem cara de mau – responde simples assim. Desta vez não consigo me segurar e acabo gargalhando.   

—Não se preocupe, Oliver Queen não é nem um pouco mau – sussurro para o pequenino e agora volto a dizer normalmente - Você gostaria de morar comigo? - os olhinhos dele brilham, mas ele tenta manter sua expressão normal, ele apenas concorda com a cabeça.   

Estranhamente, escuto Oliver pigarrear e o encaro, franzindo o cenho.   

—Felicity, você não tem exatamente uma casa. Esqueceu-se? - inquira.   

—Posso comprar uma, eu tenho dinheiro – respondo prontamente.   

—Por que não fica na minha? Ela grande e não mora ninguém além de mim – explica para mim e meus olhos começam a arregalar lentamente, absorvendo a informação.   

É impressão minha, ou Oliver acaba de me convidar para morar com ele? Não só eu, como também o príncipe Sammy? Wow, isto está ficando interessante.   

—Oliver, isso é muito, nós nem se quer estamos namorando. Morar junto é a etapa três de um relacionamento – invento uma desculpa, pois tenho certeza de que se eu morar com ele, irei me acostumar em acordar ao seu lado e com mais coisas.   

—Felicity, nós já sabemos tudo um do outro. Não há mais alguma coisa que precisamos saber um do outro, essa parte de namorarmos nem é necessário - explica e se aproxima de mim, pegando em minha mão. - Lembra-se que foi você quem pediu para que eu voltasse a morar em minha própria casa? Agora eu estou pedindo que more comigo, por favor – sinto minhas pernas virarem gelatina. Não tem como recusar.   

—Certo, eu irei morar, desde que o príncipe Sammy também possa – o incluo, mesmo sabendo que Oliver já tinha feito isto. Eu quero apenas ter certeza de que o pequenino ficará conosco.   

—No que está pensando? Irá adotar o garoto? - vejo curiosidade em seu olhar.  

—Ninguém nesta cidade é bom o suficiente para cuidar dele. Eu sou – digo novamente me surpreendendo comigo mesma. Onde está a antiga eu que queria afastar todo mundo, pois eu era o perigo? O que está acontecendo comigo? No que estou me tornando? Isto é culpa de Oliver?  

—Está bem, o garoto pode morar conosco – declara sorrindo para mim. Será que Oliver também está notando o que eu notei? Se sim, significa que eu estou ferrada.   

Para evitar que eu enlouqueça aqui e agora, me viro para encarar o pequenino e me agacho para olhá-lo melhor.   

—Vá pegar as coisas que irá precisar, nós vamos embora desta cidade e em algumas horas estaremos em casa.   

—Nós seremos como uma família? - ele me questiona e automaticamente, viro minha cabeça para encontrar os olhos de Oliver e sinto meu coração bater mais rápido.   

—Sim, seremos – digo passando a mão em sua cabeça, fazendo seus cabelos bagunçarem, ele apenas ri disto. - Agora vai - não preciso mandar mais uma vez e o vejo caminhando para o quarto que deixou suas coisas.  

Volto a me virar para Oliver e começo a me aproximar dele.   

—Sabia que você é um homem maravilhoso? - pergunto e envolvo meus braços em sua volta, o admirando encantada. Não é qualquer um que aceitaria uma criança, juntamente com uma mulher meio doida da cabeça morar em sua cabeça. Ainda bem que Oliver não é qualquer um.   

—Eu sempre soube, apenas você que demorou para perceber – o encaro assustada. Desde quando Oliver Queen faz tantas brincadeiras? Pelo visto eu não sou a única que está mudando. Aparentemente, nós dois estamos e parece que é para melhor.  

—Não, eu percebi desde o dia em que coloquei os meus olhos em você. Mas preferi não aumentar seu ego convencido - abro um sorriso.   

—Ego convencido? - ele ri, me fazendo o olhá-lo como uma idiota. No entanto, ele para de rir e começa a me olhar como se estivesse vendo minha alma – Eu estou perdidamente apaixonado por você, Felicty – declara, quase me fazendo cair dura no chão.   

—O quê?   

—Eu estou perdidamente e loucamente apaixonado por você, Felicity.   

Não acredito no que estou ouvindo.  

—Isso eu compreendo, mas não entendo como se apaixonou por mim – digo assustada. - Você viu que sou uma mulher difícil de lidar e cheia de problemas, mas ainda sim se apaixonou por mim. Como?  

—Sabe que eu também sou assim, certo?  

—Sim, mas eu não afirmei que estou apaixonada por você! - falo a primeira coisa que vem a minha mente, quando sai da minha boca, vejo um sorriso aparecer no rosto de Oliver, um sorriso que conheço muito bem e que diz: Sério mesmo, Felicity?  

—Está dizendo que não é apaixonada por mim? - seu sorriso se aumenta.  

Começo a fitá-lo, enquanto penso. Não tem como eu sentir minhas pernas fraquejaram e borboletas no meu estomago quando eu o vejo, não tem como eu sentir a necessidade de tê-lo por perto e não tem como eu não estar apaixonada por ele. Merda. Estou muito ferrada.  

—Oliver Queen, eu estou profundamente e insanamente apaixonada por você - declaro e vejo seus olhos brilhar com minhas palavras.  

—Então eu consegui roubar seu coração? Logo a mulher que achou que nunca iria se apaixonar?  

—Não - respondo prontamente. - Eu entreguei meu coração para você.  

—Prometo que irei cuidar dele com muito amor.   

Apenas sorrio e me surpreendo quando Oliver inclina sua cabeça para frente, fazendo nossos lábios se encontrar e os meus lhe dar passagem para explorar minha boca novamente, uma de suas mãos puxa minha perna e começa a apertar minha coxa, fazendo com que eu incline um pouco para baixo, já sua outra mão começa a entrar por de baixo da minha blusa e acariciar minha barriga.  

—Pronto, Felicity – escuto Sammy dizer, me fazendo parar o beijo e se afastar de Oliver assustada, viro meu rosto em direção a Sam e sinto minhas bochechas ganhar cor, estou me sentindo como se eu acabasse de ser pegar fazendo algo muito pervertido – De novo estão se beijando?   

—Acostume-se, garoto – diz Oliver, me fazendo sentir um pimentão. No entanto, ignoro isto e acabo de reparar que Sam está segurando muitas coisas.   

—Por que você pegou o colchão da cama? - pergunto indo até ele.   

—Disse para eu pegar as coisas que irei precisar, eu precisarei de um colchão - ele joga no chão e vejo que pegou também o lençol.   

—Não! - começo a rir e vejo sua testa frisar. - Você não vai precisar dele, na casa de Oliver já tem tudo, agora vamos, precisamos colocar as coisas de volta no lugar – o pequeno apenas concorda e começa a andar, eu pego o colchão e antes de entrar no quarto, viro-me para dizer a Oliver – Ligue para o piloto e guarde nossas coisas – ele apenas concorda sorrindo, me fazendo ficar atordoada por um segundo e eu decido que é melhor ajudar o pequenino em vez de ficar olhando Oliver como boba.  

No quarto, Sammy começou a fazer algumas perguntas, do tipo: Qual é a cidade? Ela possui quantas pessoas? Por acaso lá tem sorveteria? Me senti um pouco afobada por tantas perguntas, mas não era de se duvidar que ele iria fazer isso, pois ele está totalmente ansioso. Nunca deve ter saído desta cidade.   

Quando acabamos de arrumar as coisas, Oliver já arrumou as nossas malas e avisou que o jato já estava aqui, pois enquanto eu conversava com Nyssa lá fora, ele ligou para o piloto.    

Nós fomos com o carro alugado até o jato e entramos rapidamente. Confesso que de certa forma, estou ansiosa para voltar à cidade, quero ver Sweet Pea. Aposto que enlouquecerá quando souber que eu contei a Oliver Queen sobre estar apaixonada por ele e, pirará ainda mais, quando eu dizer que adotei uma criança. Realmente, eu estou diferente. Como posso ter mudado tão rápido em menos de dois dias?  

—Isto é demais! - diz Sammy, quando já estamos no ar. Deixei que ele ficasse ao lado da janela e eu estou sentada do seu lado, enquanto Oliver está de frente para nós. - Esse jato é seu, Felicity? - nego com a cabeça e ele me olha confuso. - De quem é?  

—De Oliver. Não sou tão rica para ter o meu próprio jato – digo rindo.  

—Você sempre anda de jatinho, Oliver? - inquira o pequeno, mas desta vez a pergunta não é para mim, o que acaba surpreendo a mim e Oliver. Nós dois trocamos olhares, para ter certeza de que escutamos certo e que não estamos loucos. Sammy está querendo conversar com Oliver? Com o olhar, indico para que ele responda o menino.    

—Apenas para fazer viagens de negócios - responde Oliver, hesitante.   

—Então, o que você estava fazendo na cidade era negócios? - garoto esperto, sabe que Oliver não está aqui especificamente para o trabalho.  

—Algumas vezes abro exceção para usá-lo para outras coisas - explica.  

De repente, o pequeno me encara com os olhos ansiosos.   

—Felicity, eu poderei ir para uma escola? - sua expressão e voz continua normal, apenas os seus olhos lhe entregam. Como ele consegue fazer isso? Esconder suas emoções.   

—Lógico. Por quê? - me arrumo para poder olhá-lo melhor. Ele apenas dá de ombros.   

—No orfanato, eu era o mais inteligente. Além do mais, se eu for querer um jato particular igual ao de Oliver, precisarei estudar muito.   

—Não precisa se preocupar com isso – afirmo e ele apenas concorda.   

Seus olhos param de me focar e vão para Oliver.   

—Você pode me ensinar a lutar? - questiona, mudando de assunto novamente. Não sei se ele está tentando nos conhecer, ou apenas gosta de variar o tema da conversa. Ou ele simplesmente não se importar em ficar perguntando tudo que quer perguntar.   

—Por que acha que eu luto? - indaga Oliver.   

—Seus músculos não são apenas por treinar em academia e as pessoas sentem medo de você - diz como se fosse o óbvio, apesar de realmente ser.   

—Eu assusto você? - Oliver arruma sua postura e o encara.   

—Não - responde e lhe dá um pequeno sorriso tímido.   

—Então por que não falava comigo? -  a sobrancelha de Oliver se ergueu, significando que esta questão realmente o deixa curioso.   

—Você não me parecia confiável, tem esta cara de mau - ele faz movimentos com a mão sobre o próprio rosto - Mas Felicity me disse que não é um homem ruim. E então, vai me ensinar? A Felicity também podia fazer parte! Imagina nós três lutando? - incita.   

—Eu? Desculpe, Sam, mas eu não tenho nenhuma habilidade em lutar – minto. Até que seria interessante fazermos esses treinos juntos. Aposto que seria engraçado e divertido.   

—Sério? - ele me encara como se soubesse que eu estou mentindo.   

—Sim. Por que pensou que eu saberia lutar? - agora esta foi minha vez de ficar curiosidade.  

—Apenas pensei – dá de ombros e vejo seus olhos começarem a piscar lentamente – Felicity, eu vou colocar minha cabeça na sua perna, mas não vou dormir. Apenas quero deitar um pouco – declara ele se espreguiçando e logo em seguida deitando sua cabeça em meu colo – Isto que dá eu ficar acordado a noite inteira – murmura baixo.  

—Por que ficou acordado? - questiona Oliver.  

—Eu queria ver se naquela casa havia fantasmas, as mulheres do orfanato tinham dito que a casa é mal-assombrada, mas é tudo mentira - isso quer dizer que não faz muito tempo que Sammy fugiu do orfanato?  

—Sam, há quanto tem você fugiu do orfanato? - indago preocupada e começo a acariciar seu cabelo para ajudá-lo a dormir.   

—Desde ontem de manhã - diz coçando seus olhinhos – As mulheres falaram que iam me mudar de orfanato e eu sei que não há outro na cidade. Então, antes de eu ir embora da cidade, eu precisava de uma aventura para me lembrar de algo bom.   

Começo a ponderar. Isto significa que as pessoas estarão à procura dele, amanhã de manhã vejo como resolver a situação, não quero que o pequeno volte ao orfanato. Quero que ele fique comigo, mesmo sabendo que minhas circunstâncias não estão boas. Posso manter Sammy seguro.  

—Acho que o pequeno dormiu – declara Oliver sussurrando, eu apenas concordo - Nós iremos ter trabalhado para cuidar dele, principalmente por causa do que fazemos pela cidade.  

—Já estou pensando em tudo perfeitamente. Primeiro, irei fazer a papelada para confirmar a adoção, depois irei matriculá-lo em uma escola e por último, irei deixá-lo na casa de sua irmã, até nós acabarmos o turno de vigilância.   

—Na minha irmã? Por quê? - ele me olha com um sorriso no rosto.   

—Para Thea saber como é cuidar de uma criança, pois querendo ou não, um dia ela será mãe. Será uma boa experiência para ela e de grande ajuda para nós.   

Por poucos segundos, Oliver me fita e parece pensar, provavelmente decidindo se irá ou não falar. No final, decide que é melhor questionar o que tanto tem duvida.   

—Felicity, você realmente já pensou em adotar um filho?   

—Sim, mas a ideia não durou muito. Eu não tinha estabilidade de moradia fixa e nem econômica para cuidar de uma criança - explico, escondendo outras informações, como por exemplo, dediquei um tempo meu para vingar a morte de minha mãe e minha irmã, outro tempo fiquei presa em uma casa de prostituição, apenas detalhes que não podem e nem precisam ser ditos agora. -Por quê?  

—Apenas queria saber – ele dá de ombros, me fazendo sorrir, pois fez igualzinho a Sam.   

Nós continuamos em um silêncio, apenas olhando um para o outro e então me lembro de que preciso dizer outras coisas a ele.  

—Oliver, eu quero agradecer por hoje e ontem – digo abrindo um pequeno sorriso – Sei que deve ter sido um tanto desconfortável tentar resolver um caso que você nem soube o que aconteceu.   

—Não se preocupe, Felicity. Eu não precisei saber detalhe por detalhe para ter certeza de que você não era a culpa – ele fala com sinceridade.   

—Obrigada, isto é muito bom de se ouvir – meu sorriso se aumenta. - Oliver, eu quero que saiba o que aconteceu comigo, preciso lhe contar para finalmente tirar este peso que carrego.   

—Eu não tenho pressas, Felicity. Estarei aqui para quando estiver pronta – diz calmo e me dando um olhar carinhoso.   

—Acontece que estou pronta e irei contá-la para você - afirmo e ele apenas concorda com a cabeça, pronto para me ouvir contar sobre minha tragédia.  

No entanto, desta vez não vejo problema em ele saber. Nada em seu olhar está diferente, ele não me vê como alguém defeituosa, apenas me vê como alguém que precisa ser protegida e amada. E isto é o quero dele, sua proteção e seu amor.   

 


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Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem até aqui!
Agradeço a todos os comentários, favoritos e acompanhamentos!



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