Bulletproof: The Restart escrita por Jéssica Sanz


Capítulo 3
A solidão é traiçoeira


Notas iniciais do capítulo

Maior verdade, esse título.
Teremos um pouco de Ctrl C diretamente de B-Wings, ok? Mas leiam direitinho que tem mudancinhas.



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Pela manhã, Jin disse que estava com fome, mas ainda não queria sair dali. Ele pediu que Rap Mon fosse comprar comida, e ele atendeu. Faria tudo pelo bem do hyung.

Mas Jin não estava com fome. Jin queria ficar sozinho, e isso foi tudo o que restava para que ele cometesse uma loucura.

Quando Rap Monster voltou com a comida, Jin não estava lá, e a Ranger também não. Ele soltou um palavrão, já arrependido por ter deixado o hyung sozinho. Ligou pra ele, mas não estava chamando. Aquilo era exatamente o que tinha acontecido com Taehyung no dia anterior.

Rap Monster foi a pé procurar Jin. Foi à casa dos pais dele, ligou para Suga e para a empresa, mas não havia nenhum sinal de Jin. Rap Monster não foi trabalhar, nem para a escola. Só no fim da tarde descobriu que Jin estava muito perto do seu ponto de partida: alguns metros para frente, muitos para baixo, cercado de água em volta.

Rap Monster voltou sozinho para o píer, não só porque os outros ainda estavam na escola, mas também porque achou mais seguro. Havia muita gente, polícia, repórteres e a Ranger, mas não havia Jin nem nenhuma informação sobre ele. O líder estava prestes a sair atrás de respostas quando os meninos apareceram, vindos direto da escola. Ele não teve outra escolha: contou que V estava morto e levou-os em sua busca por Jin.

Os cinco foram direto para a casa de Jin. Os mais novos ainda estavam abalados com as recentes e terríveis notícias. Rap Monster chamou várias vezes, mas ninguém atendeu. Depois de algumas tentativas, notaram um carro chegar e estacionar bem em frente à casa. Um homem sério saiu de dentro dele.

— Pois não?

Rap Monster sabia que aquele não era o pai de Jin, mas se apressou em informá-lo.

— Estamos procurando os pais de Seokjin.

O homem olhou Rap Monster dos pés à cabeça.

— Não vão encontrá-los aqui por um bom tempo. Eles acabaram de partir para Gwacheon, para cuidar dos ritos fúnebres.

— Ritos fúnebres? — A voz de Jimin parecia querer sumir. Mais uma vez, eles se entreolharam, sem acreditar, exceto Rap Monster, que mantinha seus olhos fixos no estranho.

— Sim, serão feitos na cidade natal dele — Respondeu o homem. — Ah… Vocês não sabiam?

Rap Monster olhou para os quatro atrás dele, antes de responder com a voz afetada.

— Não. Só sabíamos do... acidente.

— Queríamos que ele tivesse sido mais forte… mas infelizmente não aconteceu. Desculpem, não me apresentei. Sou Kim Chung-Ho, tio de Jin. Vim pegar algumas coisas que os pais dele pediram, e logo mais irei para Gwacheon.

— Nós somos… — Rap Monster tentou dizer, mas foi interrompido.

— Eu sei quem são. Sei que eram amigos dele, mas gostaria de pedir que respeitassem este momento familiar. Nossa família está sofrendo muito.

— Claro… — Disse Rap Monster, com a voz baixa. — Nós… Já estamos de saída. Vamos, crianças.

Rap Monster foi em direção ao ponto de ônibus, sendo seguido pelos outros. Jimin permaneceu na calçada, olhando para o tio de Jin como se esperasse que ele dissesse que era mentira. Mas ele não disse nada.

— Jiminie — chamou J-Hope, em tom de alerta. — Temos que ir!

Jimin virou o rosto para J-Hope, devagar. Finalmente, seguiu-os como se estivesse no piloto automático.

 

 

Rap Monster mandou todos irem para casa. Jimin e J-Hope o fizeram, mas Jungkook os seguiu para o muquifo onde os dois moravam. Assim que chegaram, Suga foi em direção ao quarto. Estava quase fechando a porta quando Rap Monster gritou.

— O que você tá fazendo?

— Mian, eu não tô bem — foi tudo o que disse antes de trancar a porta.

— Só você é? — perguntou Namjoon, furioso. Depois, virou para Jungkook. — Ele acha que só ele tá mal, realmente? É muito egoísmo.

Jungkook parecia fora de si. Muito abalado, ele ficava andando pela casa sem nenhuma expressão, como se fosse uma alma penada. Por fim, sentou na cadeira na sala de jantar. Rap Monster foi atrás dele.

— Você tá com fome? — perguntou ele, ainda irritado, mas Jungkook não respondeu. — Tem comida na cozinha. Não muita coisa. Eu vou beber alguma coisa, se não eu sei lá o que eu faço da minha vida.

Rap Monster foi na cozinha e abriu o armário, encontrando facilmente a única garrafa de absinto que tinha. Pegou a taça que sempre usava e foi para a sala de jantar. Sentou no outro extremo da mesa e se serviu. Jungkook ficou olhando para ele.

— O que você veio fazer aqui, mesmo? — perguntou Rap Monster.

— Eu vim buscar um pouco de apoio — respondeu o maknae, com desprezo da própria decisão. Com certeza teria sido melhor ir pra casa.

Rap Monster riu.

— Acho que você está no lugar errado. Mas talvez eu ainda possa fazer algo por você.

Rap Monster já estava começando a sentir os efeitos da bebida. Sabia que se tinha alguma coisa que o impediria de tomar o mesmo rumo que Jin e V era sair de si.

— Eu não vou beber — disse Jungkook, em tom monótono.

No entanto, Rap Monster ainda tinha um pouco de lucidez para notar que em breve deixaria Jungkook sozinho, e tinha aprendido nas últimas horas que os efeitos da solidão poderiam ser irreversíveis.

— Será melhor se você beber — disse Rap Monster, se levantando. — Eu sempre faço tudo pelo bem do grupo, lembra?

Jungkook não respondeu. Ele não fez nada. Apenas deixou que o líder o forçasse a beber o líquido verde e amargo.

 

 

Depois de algum tempo no quarto, Suga decidiu que não deveria se isolar. Eles precisavam uns dos outros naquele momento. Talvez os outros estivessem precisando dele.

Então, ele abriu a porta e estava prestes a sair quando tomou um susto. Jungkook passou voando em direção ao banheiro. Suga não precisou de muito tempo para perceber que ele precisava de ajuda, então o seguiu, desesperado para entender o que estava acontecendo com seu maknae.

Assim que entrou, o viu vomitando uma coisa verde.

— Kookie! — Chamou ele, abaixando-se ao seu lado.

Jungkook levantou a cabeça, mas não olhou para o hyung. Ficava olhando fixamente para a frente, parecia perdido no tempo. Suga o chacoalhou e tentou chamar sua atenção de todas as maneiras, mas ele parecia estar em outro mundo.

— Jungkookie! — Suga estava bastante preocupado com o estado do mais novo, mas enquanto tentava trazê-lo de volta, ele o empurrou.

— Me solta!

— Kookie?

— Sai daqui.

Pela primeira vez, Suga sentiu seu hálito.

— Você bebeu — murmurou ele, ao se dar conta. — Você bebeu absinto.

— Eu disse pra sair daqui — disse ele, com a voz muito afetada. — Vai embora!

— Tá — murmurou Suga, já se levantando. Ele queria muito ajudar Jungkook, mas Jungkook não parecia querer ser ajudado. Então, o deixou e foi atrás do líder, que estava na sala. — Rap Mon, você acredita que o Kookie… — Ele se interrompeu quando notou Rap Monster com a garrafa na mão, curtindo como se houvesse algo muito divertido acontecendo. — Eu não acredito! Você deu absinto pra ele? — Rap Monster riu e murmurou algo que Suga não conseguiu compreender. E ele estava cansado de ser ignorado, então berrou. — Mas que tipo de líder é você? Por que você está deixando o grupo de lado? Eu desisto, eu desisto de você, eu desisto de todos vocês. Vocês não têm um pingo de maturidade.

Suga andou furioso para a porta e a bateu ao sair.

— Hyung?

Só então, olhou para trás. Não esperava encontrá-lo, mas a simples visão de alguém lúcido o fez se acalmar.


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Notas finais do capítulo

Quem sois vós?
Quem vocês acham?



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