Kaidan 2068 - Contos em Cyberpunk escrita por Sabonete


Capítulo 5
Renascido em alta velocidade


Notas iniciais do capítulo

Não sabia bem como escrever esse Conto. Na minha cabeça havia muito mais coisas pra dizer sobre ele. Mas não achava uma motivação, sem antes apresentar algumas informações.

Então ele ta realmente bem curtinho, mas acho que é o suficiente pra apresentar essa faceta do mundo

Bem (haha), espero que gostem. E adoraria ver comentários.

Falo mais sobre o conto, nas notas finais! Boa leitura!



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Algumas vozes discutem baixinho. Estão mexendo em alguma coisa, tentando quebrar algo bem resistente, mas o ambiente escuro não permite ver o que é.

Vocês podem me chamar de Ben... Hoje eu atendo por esse nome.. — O som da voz rompe o silêncio do estacionamento escuro em alguma cidade subterrânea próxima à costa. Os ideogramas japoneses quase totalmente ocultos, pela falta de iluminação, entregam pelo menos essa informação.

O som de um fósforo riscando leva o olhar a se aproximar do clarão inflamado por ele. Por um curto instante a figura é revelada, o rosto coberto por um o gorro felpudo de um casaco escuro, a feição cansada de alguém que já entrou em muita confusão.

Barba por fazer, a cicatriz no olho direito, e a chama ardendo em seus olhos.

Um trago longo. Apenas a ponto flamejante do cigarro se mantem visível.

O sutil som do assopro da fumaça se destaca em meio ao silêncio.

Mas.. — Um curto movimento seguido da brasa ficando várias vezes mais incandescentes.

Se vocês continuarem a mexer na minha moto  vão conhecer o nome que eu carregava no passado.. — Falou com a voz presa, terminando por expelir a fumaça que retinha dentro de seu corpo.

Sons de correntes e do que parece algo pesado batendo no chão ecoam no estacionamento escuro.

Isso facilita a vida pá nois tio— Falou alguém de forma jocosa e debochada.

Agente vai te arrasta nessa moto, pesco?— Outra voz, um pouco mais grave, ameaça.

—--

Alguns minutos depois dois seguranças entram correndo no local, que tem, por sessões, suas luzes acesas.

Ei!— Grita um deles.

Pare de bater nesses caras!— Exige o segundo.

A figura encapuzada socava repetidamente um homem com aparência oriental, que parecia não estar mais acordado. Ao seu lado, outro rapaz com a mesma aparência se contorcia de dor, enquanto segurava com uma das mãos, a outra, que parecia estar virada ao contrário.

Ben olha para o lado, deixando apenas uma pequena parte do seu rosto a vista, o suficiente para os seguranças repararem em um sorriso um tanto quanto perturbado.

Um último soco, e o corpo do delinquente cai no chão feito bosta.

Você ia mata-los!—O segurança mais baixo grita.

Matar? Você sabe que se eu quisesse matar, eles já estavam mortos, né seu guarda?!— Agora era Ben que usava o tom jocoso dos delinquentes.

Coma iluminação ligada era possível ver o rosto de Ben, que assim como todos ali, entre acordados e desmaiados, era oriental. Olhos escuros, cabelo comprido e bagunçado, que se misturava com o capuz felpudo, como se fossem feitos de pequenas penas.

O segurança mais alto, e um pouco gordo, saca uma espécie de pistola.

Ben sabe que aquilo ali é taser, já viu muitos daqueles.

Não me obriga a usar isso, cara.. — Falou relutante.

Ben fica de frente, revelando que apenas traja o sobretudo com capuz, uma calça jeans surrada e um par de coturnos. Ele está sorrindo orgulhoso do que fez, mas mostra que não pretende oferecer perigo, erguendo os braços.

O segurança baixo vai se aproximando com cautela, as luzes piscam, e tanto ele quanto outro se assustam, recuando.

Vira de costas e encosta na moto!— Grita o que tinha sacado a arma não letal.

Era o que o motociclista queria. Nas costas o escudo de sua antiga casa, os Noventa e Nove Demônios.

Porra!— Os seguranças exclamam em unisono.

É rapaziada, agora que vocês já viram, ta na hora deu ir — Fala Ben, um segundo antes das luzes da moto de três eixos ligarem sozinhas, fazendo barulho e iluminando poderosamente todo o lugar.

A dupla da segurança se assusta, e seus olhos são ofuscados.

Não conseguem ver nada por alguns momentos, mas podem ouvir em alto e bom som, o barulho do potente motor da moto acelerando e levando o motociclista para longe dali.

—--

Do alto a moto pega uma autovia vazia pelo tarde horário da noite, deixando pra trás um rastro vermelho, enquanto cruza o asfalto negro.

Cada vez mais próximo, é possível ver o sobretudo se debatendo graças à alta velocidade, o cabelo sendo jogado furiosamente para trás, e um par de óculos de proteção, impedindo que o vendo cegue o motociclista.

Visto de frente, a forma da moto é perfeita para cortar o vento, fazendo atingir grandes velocidades.

"..É bom pensar nos velhos tempos.."

Em alta velocidade Ben ergue seu tronco, saindo da posição semi deitada que a moto exige.

"..Me faz sentir mais vivo.."

Ele abre os abraços para sentir a velocidade.

"..Me faz lembrar de como eu sou de verdade.."

E então tira com cuidado seus óculos de proteção.

"..Um monstro, solto num mundo monstruoso.."

Abre os olhos lentamente, só vendo os vultos que a alta velocidade faz com que a cidade a sua volta pareça.

"..Um dos Noventa e Nove Demônios.."

E então ele começa a gritar com toda a força que seus pulmões permitem.

A porra de um demônio!— A voz transmite ódio, fúria, angustia e força.


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Notas finais do capítulo

Bem (!!), talvez não tenha ficado claro que tipo de personagem o Ben é, mas sem dúvidas, uma ou outra coisa vocês podem ter pescado de referência de algumas obras que compõe o que ele é.

Claro, que como falei nas notas do capítulo, tinha muita coisa pra falar do Ben. Mas não conseguia inseri-lo em algo que fizesse sentido - na minha cabeça. Ele é muito mais do que isso, e representa algo que eu gosto muito.

Bem, o que vocês acharam? O que pensam sobre ele, a moto, o sobretudo?
Espero que tenham curtido!



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