Proibida Pra Mim escrita por TessaH


Capítulo 50
43. Brilhante como o sol




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Rose Weasley

Eu estava aliviada de ter terminado de estudar para a prova do dia seguinte e poder, finalmente, me jogar em minha cama.

— Que alegria ter um momento só pra mim! - suspirei feliz e me permiti sentir meu corpo sendo abraçado por meus lençóis.

— É, né, anda tão bem acompanhada esses dias...

Una Stark me alfinetou e fingi não ouvi-la. Estávamos nós duas estudando no fim de tarde, porém eu, diferente dela, já tinha terminado as pendências e fiz questão de lembrá-la disso.

— Minha rainha, já percebi que você está esfregando na minha cara sua inteligência. Pois fique sabendo que eu só não terminei porque não tenho a professora Weasley comigo.

Seu tom insinuador me fez olhá-la descrente.

— Não acredito que está com ciúme do Scorpius, Una. Sabe muito bem por que estou ajudando ele.

— Claro que não estou com ciúme do Malfoy. Me poupe - ela deu de ombros, afetada, e saiu de sua escravaninba para me importunar na cama. - Acontece que a verdadeira razão pela qual você está fazendo isso está sendo omitida por você mesma e é bastante perigosa!

— Meu Deus, deixa de loucura que eu não estou mentindo pra mim mesma! Sabe que ele está fragilizado no momento e...

— E nada! Rose, me preocupo com você de verdade... - Una segurou minha mão e me olhou, solidária e seriamente. - sei o quanto sofreu com a separação, o quanto sofre até hoje pra seguir em frente. Bem me orgulho de você por fingir estar bem a maior parte do tempo, mas já te vi fraquejar, minha rainha. Tem certeza que essa aproximação é boa?

Mordi meu lábio inferior e fiquei pensativa sobre suas palavras. Por que aquela verdade parecia me desnudar?

— Bom, não sei. A verdade é que não sei de nada, só estou seguindo meu coração e...

— Ele pede pra ficar ao lado dele, não é? - Una me olhou com uma mistura de pesar e de compreensão.

— Sim, mas... Você falou isso agora quase como se dissesse que entende exatamente o que está se passando. Por acaso você quer me falar algo, Una?

— Ahn, eu? Oi, Rose, volta pra terra. - minha amiga se fez de desentendida. - De onde tirou isso?

— Estou com bastante evidências esses últimos tempos, na verdade. Não queria ser tão direta porque imaginei que você pudesse me falar, mas já que estamos nessa oportunidade... Sabe que sou sua amiga e vou te apoiar. Está sofrendo por amor também?

Ela me olhou por longos segundos e caímos no silêncio. Quando eu já ia dizer que esperava seu tempo e que estava tudo bem, ela suspirou pesadamente.

— Não sei bem como contar isso a você... Acho que é a única coisa agora minha que não falei abertamente e... Seria estranho dizer que posso estar apaixonada?

— Assim, como uma possibilidade? Sem certezas?

— Hum... Que tal uns... 99%?

— De incerteza se está apaixonada? - arquiei a sobrancelha.

— De certeza! Dios Mio! - Una exasperou, parecendo chateada consigo mesma. - Acontece que ele me afeta muito, e nessas últimas ocasiões da minha vida é a pessoa que está conseguindo me levar adiante.

— E quem seria essa pessoa? Porque parece que ele é o maior delinquente dessa escola, né, amiga, pra você estar nervosa desse jeito! Me diz.

— Você ficaria muito chocada se... - o rosto dela se contorceu. - Se fosse o Alvo?

— Como é que é? O meu primo?!

— Aí, Rose, me desculpa, eu nem sabia que existia essa regra entre nós de não se apaixonar por entes da família! Eu não queria isso! - a voz dela saiu estrangulada e ela escondeu o rosto com a mão.

Não pude evitar a gargalhada escapar de minha boca. Una me olhou, chocada.

— Porque está rindo da minha desgraça?

— Você realmente achou que isso era um segredo, criatura? Está na cara, bem, de vocês dois. Já desconfiava, mas sou bem cautelosa quanto as minhas certezas.

— Ué, quer dizer que você não está chateada?

— Não, amiga, vem cá. Senta aqui.

— Então por que ficou tão chocada quando disse e parecia que ia me matar com uma bazuca?

— Deixa de ideia, menina. - tive que rir com ela. -  Foi só pra te dar um pouquinho de drama nessa história de amor. Mas e aí... Já disse isso a ele? Acho mesmo que é recíproco, hein.

— Ele tem sido outra pessoa comigo desde de todo mundo problema com a bulimia e tudo mais. Rose, não disse nada, embora a gente já tenha se beijado e tudo mais... - Una confessa com um pouco de vergonha e confusão e começo a pular ao seu lado para saber de todos os detalhes.

— Como assim se pegaram e nem me falou? Como posso não saber dessa fofocas para ameaçar meu primo e fazer inveja a Lily?

— Deixa de ser idiota, bambina. Fico um pouco constrangida em falar assim.

— Você foi abduzida? Una, você não fica com vergonha! Estou mesmo perdendo um grande babado!

— Claro, né, falando de como tô me pegando com seu primo não é nada normal, minha rainha, você entende, né? - a carinha que Una fez conseguiu me convencer e fui capaz de apaziguar minha curiosidade.

Dei batidinhas de leve em sua mão e assenti.

— Estarei esperando pelos detalhes quentes outra hora então. - comentei e ela riu até ficar vermelha. - Só espero ainda saber antes de dona Lily!

— Pode contar com isso. - minha amiga me abraçou. - Obrigada por ser tão... Rose!

— Você nem sabe o quão difícil está sendo ser essa garota. - suspirei, meio brincalhona e meio séria. Era a mais pura verdade. - Sabe do que me recordei hoje enquanto revirava meus livros?

— De quê? Não acredito que andou remexendo na poeira daqueles livros!

— Precisava estudar, garota! - me defendi. - E, voltando... A carta de Henry do começo do ano.

— Henry?! Henry o ex-namorado idiota de Harvard??! - os olhos de Una saltaram.

— Esse mesmo. Será que ele estava falando sério sobre ir até a minha casa nessas férias? Seria a última coisa que eu gostaria, socorro!

— Aí, Rose, credo, vamos fazer promessa pra ele estar brincando. Aquele idiota sem tamanho! Vamos esquecê-lo, amiga. É isso.

— Espero. - respondi e olhei no relógio me lembrando da hora. - Nossa, a tarde passou como um flash! Preciso descer, Una.

— Ah, lá vai ela dar uma de professora pra cima do Malfoy. Você se olha bem, hein, minha rainha, por favor.

— O quê?! Me sinto ultrajada em vê-la pensar isso de mim. - coloquei uma mão no peito como se estivesse ofendida mas Una nem ligou. Ela nem me conhecia.

Tinha virado hábito eu me encontrar com Scorpius depois que sua visita no hospital terminava e, bom, eu tinha me acostumado.

Despedi-me de Una sob seus comentários ardilosos e, como no automático, eu já estava sentada, sozinha, esperando ele passar pelos portões como todo dia.

Em que momento da minha vida meu coração tinha dado aquela guinada? Eu não conseguia dizer sim à segunda chance que Scorpius pedia a mim, mas não conseguia impedir meu coração de descompassada toda vez ao imaginar mais um encontro nosso.

A verdade é que me permiti ficar em cima do muro por uma vez na minha vida, simplesmente porque eu não sabia o que fazer ou como fazer algo. Dessa forma, faria somente o que tinha vontade.

A figura loira de Scorpius irrompeu pelos portões e levantei na mesma hora. Respirei fundo para acalmar o nervosismo tão costumeiro ao vê-lo caminhar até mim.

Os lábios se abriram em um sorriso que fazia sentir em casa, embora os olhos não estivessem bem.

— O que houve? - foi minha primeira pergunta quando ele puxou minhas mãos para as suas e as aqueceu.

— Por que está me perguntando isso? Está gelada. - ele apertou meus dedos.

— Sua cara demonstra. Quer... Conversar? - indaguei e seus ombros caíram, como se estivesse muito cansado para isso.

— Não, eu só... Fiquei sabendo de muita coisa esclarecedora hoje. Só isso, furacão. Vem cá. - como de costume, seus braços me puxaram para um abraço igualmente quente.

Era tão reconfortante estar em seus braços que eu simplesmente esquecia do resto do mundo.

— Vamos entrar? - perguntei contra seu peito.

— Vamos. Rose... Pode me fazer companhia hoje? - os olhos cinzentos me fitaram. Estavam tão tristes que não fui capaz de negar.

Também não sei se seria ainda que estivessem felizes.

(...)

Eu estava tão feliz pelas provas terem terminado que meu alívio não cabia em mim e, certamente, não cabia em em Lily, que saiu pulando como um coelho por todo o colégio após a última prova.

— EU PASSEI, CAMBADA DE IDIOTA! NÃO ACREDITARAM EM MIM, FUI LÁ E FIZ! - ela gritava loucamente ao jogar cada caneta de seu estojo pro alto.

— Alguém para essa menina, Dio Mio. - Una reclamou ao meu lado.

— Vamos deixá-la comemorar, nós merecemos, não é? Férias! - fui capaz de dar meu próprio grito de alegria e Una riu, ainda que tivesse ficado com vergonha por termos atraído olhares.

— Não sei como sou amiga de vocês. Sou tão pacífica e discreta.

— Aposto que é. - para nossa surpresa, fomos interrompidas por meu primo que fez Una dar um pulo ao reconhecer a voz.

— Olá, garotas.

— Alvo, pelo amor de Deus, se anuncie!

— Me desculpe por te assustar. - meu primo colocou as mãos em torno dos braços de minha amiga e acariciou. O gesto foi tão automático e íntimo, que certamente meus olhos ficaram grudados mesmo que eu soubesse que estava rolando algo entre eles.

— Se eu não soubesse de nada antes, agora saberia com certeza. - murmurei, parecendo estourar a bolha em que Alvo e Una tinham criado sem perceber.

— Saberia do quê, garota? Como você está? - Alvo tentou sorrir como antes e se afastou rapidamente de Una para bagunçar meu cabelo.

— Para, Alvo! E deixe de ser mentiroso que não acredito como pôde esconder seus sentimentos de mim!

— Mas do que...? - Alvo olhou para Una e o olhar que recebeu foi o suficiente para desarmá-lo. - Estamos juntos, prima. Não vai dar parabéns?

— Eu deveria ficar sem falar com você, isso sim.

— Estamos juntos? - Una arqueou uma sobrancelha ao ser puxada pela mão de Alvo. - Não lembro de ter sido pedida é de ter aceitado nada. Só comentei com Rose como nossos destinos... Se cruzaram, por assim dizer. - Una soltou-se da mão de um Alvo surpreso demais para retrucar. - E se me permitem, irei buscar minha mala para sairmos de férias.

— Uau, ela ficou...

— Chateada por algo? Eu acho que sim. - Alvo também fitava as costas de minha amiga que tinha nos abandonado. Ele suspirou. - Rose, sabe que é minha amiga, mas Una também é uma sua, logo... Eu achei difícil que pudesse desabafar sobre o verdadeiro novelo de sentimentos que ainda estão emaranhados em mim, e...

— Eu sei, Alvo, não fica assim, vem cá. - puxei meu velho primo para um abraço que me fazia sorrir por recordar tantos momentos. - Fico feliz com a união entre vocês, principalmente em um momento que ela precisa tanto de pessoas que se importam com ela. Nessas férias, acho que alguém deve fazer um pedido oficial, não é?

Alvo riu ao me soltar.

— Vou pensar em algo. Obrigado pelo apoio, priminha.

— Ah, que nada. Se quiser ajuda, estamos aqui. É pra isso que melhor amiga também deve servir.

— Se precisar, penso em te chamar. Quero tentar algo sozinho e ser reconhecido por meus esforços. - Alvo estufou o peito e rimos de sua performance. - Ela vai passar o Natal no apartamento em Londres? Sozinha?

— Eu já insisti bastante, mas você sabe como é teimosa. Na verdade, parece que ela está esperando uma resposta da prima que apareceu no enterro dos pais dela, não sei se eu te disse. Elas têm mantido contato e Una comentou sobre o desejo de fazer uma visita à Itália.

— Hmm.. Um bom cenário.

— Não se empolgue, ela me prometeu ir na noite de Natal ou Ano Novo lá para a casa da vovó.

— Certo, assim ainda tenho tempo pra pensar. - Alvo falou e fomos interrompidos por outra série de gritos de Lily pelo corredor, dessa vez, ela jogava suas folhas da bolsa.

— Dio Mio, Lily! Vou buscar aquela maluca ruiva e dizer ao papai, até depois, Rose!

— Alguém está andando muito ao lado de uma italiana! - gritei para Alvo que já tinha corrido para sair catando os pertences de Lily.

— O que tem o prazer de arrancar um sorriso dessa menina tão difícil?

— Scorpius! Você por aqui.

— Sempre seguindo seu rastro, furacão. Como foi de prova? - o loiro me perguntou e se pôs a andar pelos jardins, me convidando.

Relutei um pouco de início, mordi o lábio. Por que seguir Scorpius agora numa caminhada relaxante? Na verdade, por que não? Já dividimos tantos momentos, somos apenas amigos agora.

— Fui bem, graças, não aguentava mais. Mas quem deve te perguntar sobre provas sou eu, dei uma de professora e como anda meu pupilo? - olhei de relance para seu perfil ao meu lado, brilhando sob o sol. O cabelo platinado era só luz, o maxilar quadrado retratando um perfil tão bonito que doeu em meu coração.

— Graças a uma excelente professora, tenho certeza que consegui os pontos. Obrigado, Rose Weasley. Você é um anjo. - então ele se virou para me olhar e tive que colocar as mãos sobre meus olhos para fitá-lo bem. Sorria, um agradecimento mesclado a... Orgulho?

— Me sinto honrada, pupilo. As próximas aulas serão cobradas, ok? - tentei brincar para dissipar aquele clima íntimo, aquele ímpeto de ficar analisando seus traços, hipnotizada, mas não funcionou.

Scorpius continuou me olhando, dessa vez ficando mais sério. Passei a mão sobre seus olhos para chamar atenção e nada.

— Alô, tem alguém morando aí? Tô falando com você, Scorpius. - ri de nervoso, me envergonhando por ser fitada por tempo demais e sentindo o rubor tomar conta.

— Suas sardas, elas... - sua voz morreu e os olhos prateados piscaram várias vezes.

— Não gosto muito delas, mas já aprendi a conviver, tudo bem? Não pode sair dando sua opinião do nada, de repente, assim, Scorpius, acho melhor eu voltar e...

— Para, Rose, não quis dizer que são feitas. Não, longe disso. - ele puxou meu braço, me parando para olhá-lo, deixando a vergonha borbulhar dentro de mim. - São lindas, são encantadoras e estava pensando como nunca percebi cada uma delas aí no seu rosto, só isso. Não se sinta... Feia, desculpe.

— Não precisa se desculpar. - puxei meu braço de volta. Estava sem jeito, o que se espera que se responda depois disso tudo? - Eu... Obrigada. Pelos elogios, eu acho. Hm... Preciso buscar minhas malas, Scorpius, desculpe, depois nos falamos.

Ele suspirou. Eu sabia que ele estava pensando em como sempre estragamos um momento de amizade por não nos controlarmos, sempre voltando a algo de quando estávamos juntos. Eu sabia porque eu pensava o mesmo.

— Até depois, Rose Weasley. Quem sabe a gente se vê nas férias. - sua voz saiu baixa, os olhos nublados que rivalizavam com o sol brilhante que nos cobria.

— Até, Malfoy. E quem sabe...

Dei de ombros, olhei-o uma última vez antes de dar as costas para pegar o trem e voltar para casa.

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E eu estou de férias, meus queridos! Volto logo!!!! Quero saber quem ainda tá por aqui


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