Proibida Pra Mim escrita por TessaH


Capítulo 49
42. Fim de Um Ato




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Scorpius Malfoy

Temo ter que confessar que preocupação é um negócio parecido com Progressão Geométrica, como vimos nas aulas de matemática.

Não sei se vocês sabem, e perdoem a comparação com cálculos mas minha cabeça anda desconectada, mas PG (como isso é conhecido carinhosamente) é uma forma de sequência que cresce exponencialmente, ou seja, é cada vez maior, no meu caso, já que preocupação só faz aumentar com o passar dos minutos, das horas, dos dias e das incertezas.

Desculpe confundir tudo, mas os últimos dias foram terríveis. Primeiro porque fui chamado tantas vezes à direção, com Minerva, para algum esclarecimento com os policiais da cidade para que obtivessem dados de motivos/suposições para Scott ter ido confrontar a turma que nem sei se entenderam algo do que eu disse. Claro que aproveitei pra falar bem mal daquele imbecil dado tudo que ele já tinha aprontado.

Segundo, foram dias horríveis porque não me liberavam de forma alguma para ficar perto de Kellen no hospital na cidade mesmo que eu gritasse até para os limpadores do hospital que eu era o que se podia chamar de parente mais próximo dela. E também teve o showzinho de Thomas, dizendo que ele iria ficar sim lá com ela, porque o pai dele era a porra de um político que bancava uma parte do hospital e ninguém quer problema com doador, não é?

Acontece que eu também fui teletransportado para uma realidade em que meu melhor amigo piranha confessava um amor ultrassecreto e profundo pela minha melhor amiga introspectiva com quem sempre arrumou briga. Fiquei tão confuso e puto com toda a situação, que até agora não sei o que achar disso tudo e só abandonei aquele idiota no hospital com ela.

Pelo menos fiz um barraco com a Minerva para que eu pudesse ao menos visitar minha amiga todo dia e deu certo.

O resto, a situação, na escola e suas atividades, estava péssima porque as provas estavam batendo na porta, eu não tinha cabeça para nada e meu pai fez o favor de me mandar um recado relembrando que iríamos nos ver nas férias de fim de ano.

Estava uma merda. Exceto, é claro, pelo novo bonde dos super amigos que me cercavam 24hrs por dia. Sendo a única parte boa disso tudo: Rose Weasley, meu maior consolo.

Falando nela, ela tentava todas as tardes me ajudar a estudar para as provas porque eu não estava rendendo nada.

— Scorpius, por favor, vamos tentar só mais uma questão. Olha aqui. Lê pra mim.

— Não, Rose, não consigo mais. Estou esgotado, nem consigo ler, meu Deus, as letras estão embaçadas, socorro estou ficando cego! - apertei meus olhos fortemente e quase bati a cabeça contra a mesa se não fossem as mãos de Rose para me amparar.

— Para com isso, garoto - ela riu e o som aqueceu meu coração, fazendo minha própria boca sorrir sozinha. - Você precisa passar de ano, não é? Quer ser reprovado e nem tentar uma faculdade?

— Acho que é um bom destino pra mim. Eu mereço - tratei de me auto-lamentar porque eu estava amargo e às vezes soltava uma daquelas pra mostrar a Rose como eu me odiava por tê-la feito sofrer.

— Para, Scorpius. Não vai estragar a sua vida por um erro que cometemos quando estávamos juntos. - ela era toda fofa comigo, por compaixão pela minha tristeza profunda. Deu de ombros levemente e mordeu a ponta da caneta. - Você sabe que curso pretende fazer quando sair daqui?

— De como não ser um idiota. Será que existe em Harvard? - resmunguei e percebi que meu eu ranzinza a fazia sorrir com frequência.

— Fala sério, idiota. Estamos falando do seu futuro.

— Não sei, Rose. Não penso em nada que consiga me prender por anos em uma Universidade. Eu gosto mesmo é de jogar. Rugby faz parte de mim.

Os olhos azuis me perscrutaram, silenciosos.

— Desculpa falar do esporte que justamente nos juntou por causa da minha imbecilidade quanto uma aposta.

— Não, não se desculpe por isso. Acho bonito como você muda quando fala de rugby e fico pensando se falo com o mesmo amor sobre Medicina.

— Rose, você simplesmente nasceu pra isso. Não vejo uma pessoa melhor que você pra isso. - eu a elogio com toda minha sabedoria. - Sério, não fica vermelha da cor do seu cabelo, furacão, e não digo isso por ser seu ex-namorado.

— Ih, lá vamos nós. - ela reclama e sei que adentrei ao assunto não desejado.

— Sinto muito se estamos falando de limão e do nada consigo abordar o fato de que sou seu ex. Meu Deus, isso é tão amargo. Você não acha? Pelo menos combina com limão.

— Ah, Scorpius, me poupe - ela volta a sorrir e a desmanchar a careta porque minha idiotice é engraçada para ela. - Então estou diante do futuro jogador de rugby da Inglaterra e adorarei dar entrevistas sobre como ele não gostava de estudar no colégio.

— Não me desafie, Rose Weasley. E pra ser famoso vou ter que largar o rugby e ir atrás do futebol que dá mais dinheiro. - nós rimos e Rose parece desistir da questão que tínhamos que terminar.

— Eu até que dou pro gasto com o futebol também, sabia? Vou pra Copa e você vai me assistir de algum hospital ao redor do mundo.

Ela sorri, mas parece meio triste e me culpo por deixá-la dessa forma.

— Eu espero que bem conceituada nos EUA, que é onde pretendo cursar. Quer dizer, se você não me levar pro mau caminho de não querer estudar, não é?

— Ah, me desculpa, doutora - trato de buscar sua mão para brincar com seus dedos e um silêncio nos preenche.

Os últimos dias têm sido assim e posso ver que a única coisa positiva dessa reviravolta foi Rose voltar ao meu lado com as defesas derrubadas. Aproximou, conversou comigo, me consolou quando algumas lágrimas teimosas por Kellen me escaparam e tento, assim, intercalar esses momentos com pedidos de desculpa que ela sempre ignora e volta para algo banal.

— Me desculpa por ter perdido você, furacão. - traço lentamente a palma de sua mão, vendo-a se arrepiar com o ato. - Eu fui tão idiota e não sabe como eu estaria mortinho se arrependimento matasse.

— Acho que começo a compreender isso. - ela cochicha como se não quisesse quebrar o clima se falasse mais alto.

— Eu estou aqui e... Queria mais uma chance, Rose. Não tem jeito?

Eu a fito profundamente e nossa conexão com o olhar ainda está viva.
Até que os olhos cor de safira piscam e ela retira a mão da minha.

— Eu quero alguma coisa que ainda não sei o que é, Scorpius. Você me ajudou a me tornar o que sou hoje, a menina de Setembro não é a de Dezembro, mas sinto que o quê vem a partir de agora precisa ser de mim. Entendendo as coisas sozinhas e sendo capaz de lidar com tudo isso.

Rose suspira e me olha com pesar. Certamente meus ombros caíram por mais uma tentativa falha.

— Adolescência é uma merda. - ela xinga e dou um meio sorriso.

— Se apaixonar é uma merda.

— Você... Você não tem que se arrumar pra ir no hospital? - a ruiva olha o relógio no pulso e me lembra. - Daqui a pouco são seis.

— É verdade. Preciso ir, então. - começo a juntar meu material e Rose, o dela. Em silêncio, arrumamos tudo e estamos de pé cara a cara.

— Obrigado de novo por me ajudar com as provas, furacão. Gostaria de pagar essa um dia.

— Você fica me devendo uma. - Rose pisca um olho e então me dá dois tapinhas nas costas. - Manda um beijo pra Kellen.

— Mandarei. - afirmo e a puxo para meus braços para relaxarmos colados, da forma que parece um bálsamo pra mim. - Se cuida, Rose.

— Você também, Scorpius.

(...)

— Olha você por aqui de novo. - sou irônico quando abro a porta do quarto onde minha amiga está e vejo Thomas jogado no sofá do quarto.

— Sempre tão bem humorado, meu amigo. Sabe que não a deixo um segundo.

— Mas eu queria ficar sozinho com ela. Até isso quer roubar de nós? - um tanto amargurado e  ciumento, resmungo, pondo as mãos dentro da jaqueta apenas para não torcê-las no pescoço de Thomas.

— Não tô aqui pra roubar nada seu, Scorpius. Ela ainda é sua amiga.

Melhor amiga.

— Tá certo. Melhor amiga. Só agora também é a pessoa mais especial pra mim, que sou seu melhor amigo.

— Amigo só. - dou de ombros pra fingir indiferença e sei que pareço uma criança porque Thomas só ri da minha cara.

— Só queremos o bem dela, não é? Aceita isso e pronto, as coisas não mudarão.

— Ah, pronto. Até parece. Ela por acaso já disse sim a você? Acho bem difícil, viu.

— Eu disse, Scor. - a voz dela nos interrompe e paraliso.

— Ele ainda não quer acreditar em mim, babe. É um idiota. - Thomas sorri e alisa a mão dela, depois voltando a sentar no sofá para nos observar.

— Vem cá, ser estranho. Eu acordei, não foi?

— Eu... Como... Por que não me disse que ela tinha acordado? - pergunto a Thomas porque meu novo hobbie é irritá-lo.

— O que importa é que estou aqui. Vem - Kellen soa fraca, mas tenta sorrir pra mim e me estende a mão.

— Nem acredito que esteja acordada e.... Tudo bem? Digo, como se sente?

— Também estou feliz em te ver, hein. - ela me responde e aperta meus dedos.  - Acho que você quer me perguntar algumas coisas, né?

— Claro, muitas, mas... Você parece tão dodói. Meu Deus, é um alívio te ver aqui, sério. Estranha, quase me matou.

Meu coração parece se expandir em vê-la sorrindo e me acalento por estar ao seu lado mais uma vez. Aprendendo a valorizar quem esteve sempre ao meu lado.

— Me desculpa. Não foi proposital.

— Com certeza não. - Thomas ousa nos interromper de seu sofazinho e o fuzilo com os olhos. - Ah, ok, é pra fingir que não estou aqui, desculpa.

— Por que não nos deixa?

— Scorpius, ele fica. - Kellen me interrompe. - Depois explicamos como nos aproximamos e como viramos... Isso. Mas agora não é o momento.

— E você quer fazer o quê?

— Quero esclarecer tudo sobre mim e sobre o episódio da briga.

— Sinceramente, sei que ele fez merda pra poder conseguir ganhar um soco de você, Kellen. Não precisa justificar nada pra mim.

— Não, não é isso... Quero explicar como isso me libertou de um trauma do passado.

— Você... Babe, vai contar tudo a ele?

— Como assim tudo?

— Thomas, Scorpius... Só fiquem aqui do lado e não existirá segredos entre nós. Não mais. Estou pronta pra lidar com isso.

Minha melhor amiga me olha, decidida. Vejo o apoio de Thomas em segurar sua outra mão e somente permanecer ao seu lado e eu do outro. Finalmente nos desnudamos de modo completo e passo a amar mais ainda a pessoa que Kellen construiu apesar de toda sua história de vida.

É orgulho, é compaixão, é raiva do mal que a atinge. Mas é a força que flui de seu corpo, mesmo imobilizado naquela cama, é a força que parece ganhar quando fraqueja nas palavras e olha para Thomas e ganha vida, é tudo isso que me fragiliza e me desarma.

É, finalmente, um ato encerrado de uma peça para o começo de outro.

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Notas finais do capítulo

Olá, meus lindos! Muito feliz em voltar e em resolver esse dilema!
Acredito que a recaída Scorose se confirma pra o próximo capítulo e depois vamos para as férias desses meninos!!!!!!

Tão lembrados que o ex da Rose disse que ia procura-la nas férias? Que o Draco e a nova namorada querem resolver as coisas com Scorpius?

Que Rony foi um forte motivo para separação do casal e saberemos pq ele  desgosta dos Malfoys?
Vamos superar os lutos, para seguirmos em frente! É isso! Obrigada!!!!!!!



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