Infinity escrita por Lilly Belmount


Capítulo 3
Capítulo 3




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Hunter ficou durante horas se dedicando à sua nova composição. Depois de ter escrito a partitura era momento de tocá-la, de ouvir as notas se tornarem acordes maravilhosos. Todo o seu sentimento era expressado em suas músicas. Seus pais tinham o conhecimento de alguns de seus trabalhos, pois eles sempre pediam para que Hunter as tocasse. Depois de algum tempo as composições se tornaram pessoais, mostrava como ele se sentia, como via o mundo, foi então que tudo mudou. Seus pais compreendiam a sua mudança repentina e queriam que ele se sentisse livre para fazer as suas escolhas.

Olhou mais uma vez para o seu violão. Era de ouvir o resultado final. Pegou o instrumento e verificou a afinação. Precisou de poucos ajustes para aquela música. Respirou fundo e a melodia começou a preencher o quarto. Naquele momento havia uma fusão. Hunter e a música se tornavam um só. A magia dominava aquele quarto. Seu corpo tremia diante da ansiedade para chegar o refrão. Aquela parte era amais importante. Em poucos segundos viria à tona tudo o que ele sentia. Fechou os olhos e continuou tocando. A música falava por ele. Gostava do que via. Era uma visão única e prazerosa.

Assim que a música acabou, Hunter sentia seu corpo dominado por uma corrente elétrica. A mesma sensação de quando tocou pela perfeitamente para um publico seleto. Um sorriso orgulhoso surgiu em seus lábios. Esperou que toda aquela adrenalina diminuísse, pois ainda havia as tarefas da faculdade para serem feitas e depois iria para o restaurante de seus pais.

Logo o seu celular começou a tocar. Olhou rapidamente e notou que era Laura. Ele revirou os olhos. Ela era mesmo insistente demais. Não desistia nunca.

— Oi querido! Como está? — quis saber ela.

Hunter revirou os olhos.

— Oi Laura... estou bem. O que você quer?

Ela riu divertida.

— Queria tantas coisas vindas de você, mas eu prefiro esperar. Estava pensando no nosso encontro. Sexta seria a oportunidade perfeita.

— Como quiser — concordou ele prontamente — Se precisarem de mim no restaurante podemos remarcar.

— Até mais Hunter.

Ele logo desligou o celular. Precisava se concentrar nas atividades e em pouco tempo iria para o restaurante. Teria enfim mais uma oportunidade para tentar entender o que acontecia com aquela garota que fazia questão de ignorá-lo.

*****

Horas depois ele estava ajudando a deixar as mesas em ordem. Ainda faltava alguns funcionários chegarem para abrirem definitivamente o restaurante. Estava tudo tranquilo e não havia muito o que fazer, no entanto ele foi passar o tempo com Fernanda. Hunter conversava animadamente com Fernanda. Riam de alguma piada contada por ele, mas logo ficaram em silêncio ao verem Lilly entrando na copa. Estava mais séria que antes.

— E a rainha do mau humor chegou! — exclamou Hunter divertido.

Ela ignorou a sua presença e foi abraçar Fernanda. Aquela mulher era muito boa com ela.

— Novidades Fernanda?

— Não, querida. Espero que a sua mãe esteja melhor.

Lilly deu de ombros. Olhou para Hunter que estava de costas. Agradeceu por ele não estar prestando atenção em sua conversa. Não queria que ele soubesse de tudo o que acontecia em sua vida.

— Chamei um médico logo cedo e ele disse que é apenas uma virose. — ela respirou fundo — Ficarei no lugar dela até que ela se recupere.

Fernanda sorriu docemente para Lilly. A força e a determinação daquela garota era tocante demais.

— Conte comigo no que precisar, mesmo sendo algo simples, fale comigo.

— Conte conosco, querida — disse Hunter imitando Fernanda com a voz anasalada.

Fernanda não se conteve e riu, enquanto Lilly fechou a cara por contragosto.

— Vou assumir o meu posto antes que eu mate alguém. — resmungo Lilly já se retirando.

O clima no restaurante estava agradável demais. Não havia confusão de clientes, não havia sinal de Laura. Estava do jeito que Lilly gostava. Olhava para todas aquelas pessoas e imaginava o que cada um deles estava pensando. Seus pensamentos voavam para longe dali.

— Volta para esse mundo! — sussurrou Hunter em seu ouvido.

Lilly assustou-se com a abordagem. Sua vontade era a de estapeá-lo até que ficasse roxo. Seria bom poder extravasar toda a raiva que sentia, mesmo que fosse em um inocente.

— Você só pode ter problema mental. — resmungou ela saindo de perto dele.

— Os médicos ainda estão tentando descobrir. — ironizou ele — Agora é sério. Por que não se anima um pouco? Interaja mais com as pessoas.

Lilly cruzou os braços encarando-o seriamente.

— Não sou como você. — ela o olhou com desdém — Nem todas as pessoas merecem me conhecer.

— Mas para uma pessoa que ama artes deveria ser diferente. — murmurou ele.

Ela arqueou a sobrancelha. Hunter achava legal aquela expressão dela.

— Quando estou na minha zona de conforto eu permito que me conheçam, mas tudo o que estou vivendo aqui é passageiro... A arte não.

Um sorriso vitorioso brotou nos lábios do rapaz.

— Quer dizer que eu te tiro da sua zona de conforto?

Lilly ia responder, mas preferiu se retirar e foi fazer companhia para Fernanda, mas nem isso foi o suficiente para impedir que ele a seguisse.

— Agora eu preciso saber a resposta. — murmurou ele.

Lilly virou bruscamente para ele.

— O que você está pensando? Até parece que eu saio da minha zona de conforto quando você está por perto.

Ele gargalhou.

— Então porque está nervosa?

— Eu sou nervosa. Essa é a diferença!

— Quer um calmante? Sei muito bem onde encontrar. — ofereceu ele.

— Pega esse calmante... — ela foi interrompida.

— Estão precisando de você, Lilly! — chamou uma das garçonetes.

Era a saída perfeita. Ela saiu andando em direção ao salão. Estava mais confiante. Hunter conseguia deixá-la fora de si, mas ao mesmo tempo sabia que esse era o seu jeito de agir. O observou durante um tempo na faculdade e não haviam diferenças. Não demorou para que ele começasse a atender as mesas. Ele estava sendo simpático demais com todas aquelas pessoas. Ele tinha que ter algum problema, mesmo que ela amasse a arte e ter que lidar com publico, nem sempre conseguia ser simpática.

*****

Era hora de fazerem uma pausa. Lilly sempre levava o seu caderno para anotações importantes. Não poderia perder nada que surgisse em sua mente brilhante. Estava sentada enquanto tomava o seu refrigerante. O silêncio reinava. Sempre conseguia elaborar os seus textos com muita facilidade e gostava das criticas que Soraya apontava. Não tinha medo de arriscar.

Infelizmente nem todos respeitavam o seu momento de tranqüilidade. Tinha que ter muita paciência.

— Não acredito que está escrevendo no seu intervalo. — disse Hunter simplesmente sentando-se à sua frente — Ninguém faz isso.

Lilly bufou.

— Me dá isso, Hunter! Por favor! — implorava ela — Eu faço o que você quiser, mas me devolve o meu caderno. Minha vida está dentro dele, noites em claro, desabafos, mundos criados... está tudo ai.

Hunter queria ver até onde ela era capaz de ir por aquele caderno. Ele abriu o caderno em uma página qualquer e começou a vasculhar com o olhar. Não iria continuar invadindo a privacidade daquela garota.

— É claro que eu te devolverei o caderno, mas desde que você consiga pegá-lo de mim.

Aquele maldito sorriso de atrevimento fez com que Lilly estremecesse. Hunter estava declarando guerra de uma vez por todas. Em passos calculados ele começou a se afastar. Exalava confiança e Lilly não gostou nada. Péssima ideia. Conforme ele se afastava, ela sentia que o seu mundo poderia vir à tona. Ela respirou fundo e começou a ir atrás dele, mas pelo jeito, Hunter não pretendia parar tão cedo. O restaurante estava se tornando pequeno para tantas travessuras daqueles dois. Hunter corria em direção ao vestiário dos funcionários.

— É sério... preciso desse caderno para terminar os meus trabalhos com a Soraya. — gritava ela a plenos pulmões.

Hunter parou e a encarou seriamente.

— Vai conversar comigo como mereço?

— Não — respondeu ela prontamente.

— Ora Lilly, eu sou uma pessoa legal. — insistia ele.

Ela arqueou a sobrancelha.

— Persuadir uma pessoa não é a melhor maneira de cativá-la. E pessoas legais não pegam as coisas dos outros e saem correndo.

Ele parou para pensar um pouco.

— Por que você não gosta de mim? Eu te fiz algo, Lilly?

— Vai a merda. Estou cansada dos seus joguinhos.

Hunter se deu por vencido.

— Tudo bem... eu devolvo. Mas eu aposto que ainda teremos muito o que conversar durante todo esse ano durante as aulas.

— Sonha... — disse ela arqueando  a sobrancelha — Nós não temos nada para ser conversado.

— Eu não diria isso se fosse você. O mundo dá  muitas voltas e quando uma dessas voltas estiverem completas um de nós  estará  esperando pelo o outro.

A respiração da jovem ficou acelerada. Hunter definitivamente gostava de deixá-la desconfortável nessas situações.  Ela por sua vez pegou o caderno de suas mãos  e se retirou. Tinha que voltar para o salão.  Queria manter a sua respiração estável, mas quanto mais tentava mais ficava difícil.

Ao passar pela copa, Lilly olhou para Fernanda, mas nada disseram. Sentia que Fernanda queria rir e dizer muitas coisas a ela. Estava cansada de ter que lidar com o jeito louco de Hunter.  Não  podia pensar em nada que ele logo aparecia.

— Lilly! — chamou Fernanda — Posso falar com você? Sei que pode achar que a minha opinião não tenha valor algum, mas tenho que lhe dizer antes que eu fique louca.

Lilly arregalou os olhos assustada. Não poderia ser coisa boa. Fernanda sempre tinha uma opinião formada sobre tudo. Não queria ter medo do que ela fosse lhe dizer, mas sentia que o assunto era sério demais.

— Claro que pode falar...

Fernanda mostrou-lhe uma cadeira. Rapidamente Lilly entendeu qual era a sua missão. Até parecia que estava diante de sua mãe.

— Estava analisando todas essas brincadeiras que o Hunter faz com você... — Fernanda foi interrompida.

— Ah por favor, não diga que ele faz tudo isso porque gosta de mim. Isso é a vida real e não um filme ou livro de romance. — reclamava ela — Ele é só mais um idiota que gosta de fazer da minha vida um inferno assim como a Laura. Estou cansada dessas pessoas.

Elas não imaginavam que  mesmo de longe Hunter conseguia ler os lábios delas. Mais do que nunca ele estava disposto a mostrar uma outra realidade para Lilly. A faria vê-lo  com outros olhos. Ele a teria como ela nunca imaginaria.









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