Pov. Caspian

Dois meses antes...

O sangue escorria pelas minhas mãos, minha respiração estava descompensada, as roupas estavam rasgadas e no chão a prova de uma noite vazia, que havia sido destruída por um monstro.

— Você merece morrer Caspian! – me olhava no espelho e só via o reflexo de um monstro, um ser desprezível que não merecia felicidade.

Sai correndo daquele lugar, deixei o dinheiro do aluguel do quarto jogado sobre a cama. Andava pelas ruas de Boston esbarrando nas pessoas, que me olhavam assustadas, eu parecia um louco que havia saído do hospício, minha única salvação estava em achar um telefone, sozinho eu não conseguiria lidar com tudo isso. Quando encontrei o que procurava, liguei para o numero que sempre me ajudava, quando estava no terceiro toque ele atendeu.

— Pai, por favor, me ajuda.

— Meu filho, calma, o que houve?

— Aconteceu pai, aconteceu de novo. – disse com a voz embaçada pelo choro. – Eu matei, eu matei quatro pessoas pai. – continuei já chorando, relembrando as cenas daquela infeliz noite. – Eu preciso da sua ajuda pai! Eu te imploro por ajuda pai.

Pov Susana

Eu não acreditava que estava saindo de casa, que ia realizar meu maior sonho, estar na melhor universidade de Londres, cursando psicologia. Tudo parecia um sonho, uma coisa de outro mundo. Passei um ano da minha vida lutando por esse dia, sonhando, estudando e rezando muito para hoje poder dizer com todas as letras, eu consegui.

— Susana, você já arrumou todas as suas coisas? – disse minha mãe entrando no quarto me fazendo despertar dos meus pensamentos.

— Já sim mamãe. As coisas que faltavam eram meus livros e esses estão na caixa já. – respondi indo de encontro a ela. – Mãe nem acredito que realizei meu maior sonho!

— E eu não acredito que vou perder minha princesa. – ela já estava com lágrimas nos olhos, por ser filha única, me soltar não estava sendo uma coisa fácil.

— Mãe, você não está me perdendo, eu vou mudar de cidade, mas eu volto nas férias e ligo todo dia. – a abraçava enquanto as lagrimas já escorriam pelo seu rosto.

Logo meu pai chegou ao quarto nos abraçando também, ficamos um bom tempo assim, até que chegou a hora de pegar a estrada.  A viagem toda ninguém falava nada, apenas o rádio podia ser ouvido, conforme a paisagem ia passando pela janela do carro eu só conseguia pensar quais seriam as aventuras que aquele novo lugar me reservava.

— Desejo com todo o meu coração, que a minha felicidade esteja em Londres.

— Filha você disse algo? – perguntou minha mãe com uma sobrancelha arqueada mostrando toda a sua desconfiança.

— Não mamãe, eu só estava cantarolando.

O resto do caminho foi daquele jeito, quando chegamos à universidade, tudo estava parecendo um sonho, aquele campus, os adolescentes andando junto com seus amigos os pais procurando se acomodar, os prédios todos bem decorados a grama verde limpinha e macia me lembrando o jardim de casa.

— Su, você viu cada pãozinho que tem aqui? – perguntou minha mãe enquanto pegava a mala da minha mão, a olhei confusa sem entender o que ela queria dizer. – Meninos bonitos, agora você encontra seu príncipe filha.

— Helena! Susana não está aqui para namorar, ela está para estudar. – meu pai era muito amigo, mas quando o assunto era meninos, ele era um verdadeiro carrasco.

— Ela não veio para namorar, mas se arrumar alguém qual o problema? – minha mãe estava começando a provocar, eu sabia onde isso ia parar, então devagar sai de perto deles, indo explorar o novo lugar que eu iria morar e principalmente precisava encontrar à secretaria para fazer minha matricula.

Já estava sentindo muito calor, tinha atravessado metade do campus e até agora não havia encontrado a secretaria, quando estava disposta a pedir uma informação, uma pessoa esbarrou em mim.

— Ai! – cai com tudo no chão.

— Me desculpa moça. – disse um menino branco de cabelos pretos. – Eu sou meio atrapalhado e sou novo aqui ai junta tudo e eu acabo derrubando as pessoas. – continuou ele sorrindo de nervoso.

— Tudo bem, eu também estava distraída. – disse me levantando e ajudando ele a catar seus livros. – Prazer, sou Susana e também sou nova por aqui. – continuei sorrindo.

— O prazer é todo meu, eu sou Edmundo.