Minha vida em pequenas Escalas escrita por Iset


Capítulo 28
Tudo ao mesmo tempo


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, primeiro desculpa a demora estava sem celular e sem um notbook decente pra digitar... Mas chegamos! Boa leitura...



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Eu confesso que parte de mim queria subir no apartamento, rir da cara do Sam, beber aquela garrafa de vinho chique que ele escondeu ao me ver e falar um sonoro: "Você perdeu bonitão". No entanto nos últimos anos da minha vida, tenho descoberto que até que sou um cara bem legal e tudo que consigo fazer quando vejo sua cara de derrotado, é pedir desculpas por ter estragado a noite dele.

— Você tinha razão, eu fui sacana? dando em cima de uma garota quem você gosta. É que... Bom, eu acho que eu fiquei com inveja de você. Eu só queria ser melhor que você em alguma coisa — ele diz e me sinto desnorteado.

— Queria ser? Cara você é melhor que eu, em praticamente tudo. Você é dono de uma empresa, tem um carro bacana, tá sempre bem vestido, as garotas te acham um Christian Grey e não um idiota como o Steve Stifler!

— Eu sirvo café, ainda nem paguei aquele carro, era o Lucca que comprava as minhas roupas e eu até curto umas algemas, mas não tenho vocação, nem grana pra Cristian Gray. E você tem um cargo importante, é engraçado, está construindo uma vida do nada e principalmente, você é um pai incrível. Você sempre sabe o que dizer e o que fazer pra Emma. Droga eu sou mais velho e pai há mais tempo que você e eu me sinto perdido todos os dias.

— Nossa, sério? Bom, eu também me sinto assim, perdido. Parece que eu tô sempre fazendo as coisas erradas, eu perdia a Emma dentro da tubulação, ela ainda não dorme a noite toda... E uns 70% das palavras que ela fala, são palavrões. Eu a entupo com fritas e vou ficar dez meses pagando uma boneca, só porque eu não consegui fazer ela parar de chorar... Então eu acho que é assim mesmo, talvez o Chuck Norris ache que não esta fazendo isso certo, porque eles são tão especiais e importantes pra gente, que nada vai parecer suficientemente bom pra eles. Nem nós mesmos. O importante e que a gente vai tentar todos os dias, pelo resto das nossas vidas, sermos bons o suficiente pra que eles nos amem. Por que é só isso que eles vão lembrar. — Falo com aquele nó dolorido na garganta ao pensar nos meus pais.

— Eu não disse? Você sempre sabe o que dizer...

— Diz isso pra minha mãe, ela acha que eu sou um desastre em tudo. E pior é que eu sei que ela não ta totalmente errada. Então é isso, a gente vai tentar não matá-los até que eles comecem a tentar se matar sozinhos na adolescência e depois na faculdade. Vão se casar, e levar netos pra destruir as nossas coisas nos fins de semana, ai vão nos botar em asilos e vamos os ver nas datas especiais e... Eu acho que eu vou ligar pra minha mãe — constato sentindo meu peito apertar.

— Eu também — fala Sam pensativo.

Me despeço de Sam e do corredor, ligo pra minha mãe. Ela atende com uma voz sonolenta e repete o "Alo" diversas vezes até que eu consiga falar.

— Mãe?

—Noah? Aconteceu alguma coisa?

— Não, eu só queria dizer que eu te amo, e que eu sinto muito por não ser o filho que você queria que eu fosse. E que eu sinto a sua falta.

— Ah querido, eu também sinto a sua. Você não está bêbado, está?

— Não, eu não to bêbado. E eu consegui aquela promoção.

— Ah meus parabéns Noah, estou orgulhosa. Talvez eu dê uma passada ai ver a Emma nos próximos dias, tudo bem pra você?

— Claro, nós vamos adorar. Boa noite mãe.

— Boa noite, meu menininho. Te amo.

Quando desligo o telefone, me sinto aliviado. Apesar de todas as brigas e mágoa, Susan era a minha mãe, e eu a amava demais. Queria poder acertar as coisas entre nós, ter uma relação bacana e poder ver a Emma crescer perto da avó. Minha mãe tinha um gênio forte, um pouco arrogante, mas era uma mulher admirável, inteligente e minha filha poderia aprender muito com ela.

Desço pelo elevador e quando chego à rua, Lacey já esta dentro do taxi com Emma ainda adormecida em seus braços. Fico estático observando as duas, e penso na Carol. Seria muito cedo pra me envolver tão profundamente com alguém? Há nove meses, eu estava fazendo planos com a Carolina, jurando que cuidaria dela e do nosso filho pro resto da vida e agora estou apaixonado por outra garota? De certa forma isso me assustava, não apenas por aquela sensação de estar traindo a memória da Carol, mas também pelo medo de Lacey não estar tão envolvida quanto eu. Respiro fundo, entro no taxi e sou recebido com um sorriso.

Ao chegar no apartamento, enquanto ela coloca a Emma para dormir no seu berço, escondo toda a bagunça do meu quarto, pego meia garrafa de vinho, taças, coloco uma "musiquinha" romântica, pego as camisinhas, dou uma arrumada nos cabelos e uma reforçada no desodorante. Apesar de Lacey, não fazer o tipo garota romântica, como a Carol, sei que todo mundo curte um pouquinho de romance.

— Uauu — ela diz e eu a recebo com uma taça de vinho e um beijo.

— Só pra constar aquele negócio sobre apenas uma vez ainda está valendo? Porque eu sou viciante — digo com um sorriso.

— Você é um convencido.

— Só sou sincero.

— Sabe que isso vai ser complicado não é? O pai vai surtar e explicar pras pessoas...

— O Joseph vai acabar entendendo e você já pensou que é um ótimo jeito de puxar assunto? Hey esse é meu namorado e ele é filho do meu pai. Muito mais interessante que falar sobre o tempo.

— Eu não sei no Canadá, mas aqui em Roma, sugestionar um possível incesto não é um bom jeito de começar uma conversa — Ela fala revirando os olhos.

—Ah esses conservadores — digo imitando a expressão dela, enquanto envolvo meus braços pela sua cintura e aproximo nossos corpos. — Eu acho que eu estou apaixonado por você, e talvez seja um erro, mas eu não me importo em arriscar — confesso e ela responde com um beijo que me tira o fôlego. Minhas mãos sobem ate seu pescoço, meus olhos estão firmes nos dela, sinto sua respiração alterada enquanto desenho o contorno de seus lábios com a ponta do dedo. Mais uma vez nos unimos em um beijo repleto de ansiedade e paixão, minhas mãos exploram cada centímetro do corpo dela e habilmente vão se livrando de cada peça de roupa, ela também faz o mesmo comigo e dedicamos um longo tempo a carícias, beijos intensos intercalados com outros mais delicados. Acho que tinha esquecido de como era deliciosa a sensação de estar tão perto e intimo de alguém que você ama. Porque quando você gosta realmente de alguém, sexo é muito mais que apenas um ato físico prazeroso, é um momento sublime de corpo e alma, que traz quietude, paz e aquela sensação deliciosa de se sentir realmente amado. Não resisto a um gemido alto quando ela se encaixa sobre mim e encontramos um ritmo perfeito, e entre beijos e aqueleS olhares que se conversam sem palavras, chegamos ao ápice do prazer. Por minutos continuamos trocando carinhos, agora mais calmos e logo me sinto novamente excitado.

— Ei, acabamos de cometer um erro e já quer fazer outro? — Ela diz com um sorriso lindo.

— Enquanto não levantarmos da cama, tecnicamente é o mesmo erro e não dois. Por isso sugiro a gente persistir nesse erro antes que a gente tenha que cometer outro erro, porque sabe que vamos — Retruco subindo sobre ela e depositando vários beijos no pescoço, quando persebo Emma sentada no chão na porta do quarto e dou um pulo pro outro lado da cama puxando os lençóis sobre nos.

— Ah meu Deus! A quanto tempo ela ta ali? E como ela escapou do berço?

— Eu deixei ela na cama auxiliar, tentava por no berço e acordava. — Diz Lacey despreocupada e Emma nos olha e sorri.

—Será que ela viu a gente...? — Questiono em pânico.

— Não, e se tivesse visto, ela é só um bebê Noah, não entende nada.

— Ela não é só um bebê, ela é "O BEBÊ". Ela entende das coisas Lacey, e se ela ficar traumatizada? E se ela quiser iniciar a vida sexual antes do 30 porque viu pornografia na primeira infância?

— Ela não vai ficar traumatizada por ver sua bunda, até que é bonitinha. E se considere feliz se ela esperar até os 15! Agora vai pegar a sua filha porque pelo cheiro que ela ta exalando, o assunto é com você. — Ela retruca.

Me enrolo no lençol e fecho a porta empurrando a Emma gentilmente pra fora, me visto e vejo a Lacey dar risada e balançar a cabeça.

— Nossa, não sabia que os canadenses eram tão puritanos. Como acha que os nativos americanos tinham filhos vivendo em tendas se não conseguiam ficar nus na frente dos filhos?

— Tinham um, dois no máximo por conta das escapatinhas pra floresta. Por isso os colonos acabaram com eles em dois tempos.

— Touché, pai do ano. — Ela diz fazendo sinal de positivo.

— Viu, não é só você que entende de história — digo e ouço Emma chorar do lado de fora — Eu já estou indo!

Saio do quarto, pego Emma chorosa no chão e a levo até o trocador no seu quartinho. Dizem que os pais se acostumam com o cheiro de cocô, mas há dias que parece que aquela sua coisinha adoravelmente fofa, almoçou urubu com feijão, repolho, couve flor e de sobremesa saboreou um sorvete de enxofre. Mas hoje nem mesmo o produto tóxico de destruição em massa na fralda da Emma, conseguiu tirar o sorriso do meu rosto.

— Que acha de ao invés de lixeira a gente comprar um incinerador pras suas fraldas? — Questiono e ela ri.

— Você entende tudo não é? Você não viu nada que não deveria ver, viu? — Ela sorri em resposta e eu sinto meu peito acelerar.

(...)

— Eu sou o pior pai do mundo! — Falo quando retorno ao quarto e ouço a Lacey no chuveiro. Vou até o banheiro e ela abre uma fresta do box.

— Que foi dessa vez?

— Ela viu! Tenho certeza que ela viu, eu perguntei ela sorriu! Que tipo de pai deixa, quer dizer pior ainda faz pornôgrafia na frente da sua filha? Minha mãe tinha razão, eu vou acabar com a vida da Emma.

— Você não acha que ta exagerando um pouquinho não?

— Exagerando?

— Ela ri pra qualquer coisa que você disser pra ela e mesmo que tivesse visto, a gente fez um sexo bem comportado, não corre risco dela traumatizar não...

— O que você quer dizer com comportado?

— Ué, comportado! — fala fechando o box e voltando a cantarolar no chuveiro.

Volto pro quarto intrigado, enquanto vejo a Emma devorar o restante da mamadeira e depois cair no sono brincando com meus cabelos.

— Sabe que bebês deveriam dormir nas suas próprias camas né? — Fala Lacey invadindo o quarto de roupão secando os cabelos.

— Sei, todo mundo sabe tudo sobre criar filhos, até ter um. E descobrir que não sabe absolutamente nada — Respondo tentando desenredar meus cabelos dos dedinhos dela.

— Você ta bem?

— Estou ótimo, porque não estaria?

— Porque não estaria? — Ela repete.

— O seu "comportado", quis dizer ruim? Porque você parecia estar gostando e muito?

— Não quis dizer ruim, quis dizer que não fizemos nada que traumatizaria uma criança que nem se quer tem ideia do que seja sexo.

— Sério?

— Sério, acredite se tivesse sido ruim eu adoraria falar, afinal não tem coisa melhor do que acabar com um ego sexual de caras convencidos.

— Eu não sou convencido — falo jogando o travesseiro na direção dela que se esquiva.

— Convencido e com uma pontaria péssima — pego o outro e acerto no seu rosto — seu desgraçado. — Ela fala juntando um dos travesseiros e avançando na minha direção e eu imediatamente aponto pra Emma adormecida do meu lado.

— Você não vai querer acordar o bebê? Vai?

— Quando você menos esperar, pai do ano. — Ela promete com o rosto impregnado de malicia, enquanto desiste do ataque.

Por mais que eu tenha insistido, Lacey decide pegar um taxi e ir pra casa. Não queria que Joseph desconfiasse, pelo menos até termos chance de conversar com ele. Apesar de não achar que ele surtaria pelo nosso relacionamento, entendia o lado da Lacey. Não havia nada de errado ou condenável na nossa relação, mas algumas pessoas achariam isso e pelo que pude perceber Lacey tinha quase certeza de que nosso pai seria uma dessas pessoas.

Na segunda, tenho um dia cheio no trabalho, o novo cargo trouxe muitas novidades e responsabilidades que eu precisava cumprir dando o melhor de mim. Além de pai, eu também tinha esperança de conseguir ser um profissional bem sucedido? pra poder dar orgulho e uma vida confortável pra minha baixinha. (Um lado meu também queria esfregar na cara da minha mãe que eu conseguia fazer aquilo tudo, sem depender dela ou do seu dinheiro), mas deixamos isso de lado e voltamos as minhas boas aspirações. Não queria ser só mais um filho de pais ricos, que teve tudo facilitado na vida. Pelo menos não depois que a Emma nasceu. Já passava das sete e eu não havia terminado de analisar os projetos enviados pelos engenheiros, ligo pra Vick e peço pra ela pegar a Emma na creche, pois sei que hoje seria o primeiro dia da Lacey no Branch. Lá pelas oito, consigo terminar tudo e a semana passa na mesma vibe, todos os dias eu tentava acreditar que assim que eu me estabelecesse no cargo a jornada de trabalho ficaria menor, mas a cada dia que passava as pilhas aumentavam. Além das horas extras, tinha de levar trabalho pra casa, o que era um sufoco, pois Emma não tinha nenhuma noção de que eu precisava trabalhar. Na sexta vendo a minha cara de estressado, Lacey e Vick se oferecem pra ficar com Emma, pra Derek e eu irmos beber um drink num barzinho chique que o meu irmão adora. Decido convidar o Sam também e depois de passarmos um bom tempo assustando o Derek com tudo que ele teria de enfrentar com a chegada da Katherine, decido pedir união sobre o assunto eu vinha-me "encucando" a semana toda.

— Na opinião de vocês, quando uma garota diz que a transa foi comportada, ela quis dizer que foi sem nada muito depravado ou que foi ruim?

— Porque ta perguntando isso? — Questiona Sam com ares de desconfiança.

— Só quero saber o que vocês acham... — Falo dando gole na cerveja.

— Sem nada depravado, se foi ruim as mulheres dizem: — Enh... foi bom. E a gente finge acredita porque nenhum cara vai admitir que é ruim de cama.

—Concordo com ele, mas porque da preocupação irmãozinho?

— Nada... — E eles ficam me encarando — Okay, Lacey disse isso e bom eu fiquei anos com a Carol a gente sabia exatamente como cada um gostava e elas são completamente diferentes, e eu to sempre ocupado com a Emma e agora o trabalho, namorada, tudo ao mesmo tempo! Sei la, fiquei só meio preocupado. Eu realmente gosto dela e quero que tudo dê certo entre a gente, só isso.

— Eu me ofereceria pra ficar com a Emma pra você ter uma noite de paz com a Lacey, mas o bebê ta pra chegar a qualquer hora então, fica meio difícil.

— Não olhe pra mim, graças a você meu filho voltou a ser o aprendiz de Charles Manson e eu não posso tirar os olhos dele por um segundo sequer, imagina ficar com um bebê — Diz Sam — Mas, você não está na lista negra das agências de babá da cidade e se quiser te empresto minha edição moderna do kamassutra, de 69 a borboleta paraguaia.

—Borboleta paraguaia? Que diabos é isso? E 69 é coisa de adolescente que quer fazer tudo ao mesmo tempo, antes dos pais chegarem. — Falo e Derek quase se engasga de rir — Mas você tem razão, quanto a termos uma noite só nossa, sem toda a bagagem de bebê e preocupações e mamadeiras e fraldas fedorentas.


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Notas finais do capítulo

Bom sei que tinha gente que esperava um hot super detalhado, mas bom nao acho que faça parte da premissa dessa história, espero que tenham curtido e até o proximl cap!